30/05/2018
SER
BATIZADO É SER FILHO NO FILHO DE DEUS PARA RESGATAR O PRÓXIMO
Quarta-Feira da VIII Semana Comum
Caríssimos, 18
sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio
de coisas perecíveis, como prata ou o ouro, 19 mas pelo precioso sangue
de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito. 20
Antes da criação do mundo, ele foi destinado para isso, e neste final dos
tempos, ele apareceu, por amor de vós. 21 Por ele é que
alcançastes a fé em Deus. Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu a glória, e
assim, a vossa fé e esperança estão em Deus. 22 Pela obediência à
verdade, purificastes as vossas almas, para praticar um amor fraterno sem
fingimento. Amai-vos, pois, uns aos outros, de coração e com ardor. 23 Nascestes
de novo, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a palavra
de Deus, viva e permanente. 24 Com efeito, “toda a carne é como erva,
e toda a sua glória como a flor da erva; secou-se a erva, cai a sua flor. 25 Mas
a palavra do Senhor permanece para sempre”. Ora, esta palavra é a que vos foi
anunciada no Evangelho.
Evangelho: Mc 10, 32-45
Naquele
tempo, 32discípulos estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus
ia na frente. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam
com medo. Jesus chamou de novo os Doze à parte e começou a dizer-lhes o que
estava para acontecer com ele: 33“Eis que estamos subindo para
Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos
doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. 34Vão
zombar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele
ressuscitará”. 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e
lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. 36Ele
perguntou: “Que quereis que eu vos faça?” 37Eles responderam:
“Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda quando estiveres na
tua glória!” 38Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis.
Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o
batismo com que vou ser batizado?” 39Eles responderam: “Podemos”. E
ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados
com batismo com que eu devo ser batizado. 40Mas não depende de mim
conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi
reservado”. 41Quando os
outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. 42Jesus
os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes
as tiranizam. 43Mas entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser
grande, seja vosso servo; 44e quem quiser ser o primeiro, seja o
escravo de todos. 45Porque o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
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Através
do Batismo Somos Resgatados Do Nosso Passado Pelo Precioso sangue De Jesus
Cristo
São Pedro continua sua catequese sobre o
“Batismo” que lemos no texto da Primeira Leitura de hoje. Esta Carta é uma das
melhores preparações ao Batismo para os pais que querem batizar sua criança e
que confiam já sua oração ao Senhor.
É também uma das melhores meditações para
avivar em nós a graça de nosso Batismo: “Caríssimos,
sabeis que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por meio
de coisas perecíveis, como prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo,
como de um cordeiro sem mancha nem defeito”. São Pedro recorda
aos batizados e aos recéns-batizados a sorte que eles têm, porque, agora creem
em Jesus Cristo, foram resgatados de
sua vida antiga e voltaram a nascer de Deus.
Ser “resgatados” significa que alguém pagou o
preço, a fiança, por sua libertação. Esse Alguém foi Jesus Cristo que não pagou
com uma quantidade de dinheiro e sim com seu próprio sangue.
Com isso mudou a situação dos neófitos: agora
põem sua fé e sua esperança em Deus, que ressuscitou Jesus Cristo da morte. Eles
voltaram a nascer, não de um pai mortal, e sim do próprio Deus, de sua Palavra
viva e duradoura, o Evangelho: “Nascestes
de novo, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a palavra
de Deus, viva e permanente”.
Por esta imensa graça do Batismo queremos
louvar e glorificar nosso Deus com o salmista do Salmo Responsorial de Hoje (Sl 147): “Glorifica
o Senhor, Jerusalém! Ó Sião, canta louvores ao teu Deus! Pois reforçou com
segurança as tuas portas, e os teus filhos em teu seio abençoou. A paz em teus
limites garantiu e te dá como alimento a flor do trigo. Ele envia suas ordens
para a terra, e a palavra que ele diz corre veloz. Anuncia a Jacó sua palavra,
seus preceitos suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho, a nenhum
outro revelou os seus preceitos”.
Porém, São Pedro quer que os cristãos tirem
desta convicção uma consequência concreta: “Pela
obediência à verdade, purificastes as vossas almas, para praticar um amor
fraterno sem fingimento. Amai-vos,
pois, uns aos outros, de coração e com ardor”. Se todos nós nascemos do próprio
Deus, então todos nós somos irmãos. Deus é o Pai-Nosso.
Além disso, este texto da Carta de são Pedro,
cheio de uma perspectiva tão otimista, deve motivar nossa vida cristã. Colocamos
nassa fé e esperança em Deus, e temos motivos abundantes para esta confiança,
pois nascemos outra vez do amor do próprio Deus, não do amor de uns pais
mortais. Fomos resgatados pelo sangue de Cristo: valemos muito, cada um de nós,
aos olhos de Deus, porque pagou um preço muito alto por nós.
O texto da Primeira Leitura deve mudar
radicalmente também nossa vida. Essa Palavra viva de Deus que lemos, acolhemos
e meditamos nos quer regenerar dia após dia, ifundundo-nos sua força
transformadora. Outras palavras e doutrinas que podemos gostar são caducas “como a flor da erva; secou-se a erva, cai a
sua flor”. A Palavra de Deus é firme: Se construirmos nossa vida sobre ela,
edificamos para sempre: “A Palavra do
Senhor permanece para sempre. Ora, esta palavra é a que vos foi anunciada no
Evangelho”.
Será que tenho consciência plena da graça do
meu Batismo? Será que agredeço a Deus pelo dom do Batismo? Será que eu estou
consciente do valor que sou eu diante dos olhos de Deus?
Ser batizado é, no fundo, “estar disposto a
obedecer a Deus, a “fazer a vontade de Deus por amor”, a “adotar o projeto de
Deus sobre o mundo”, a “ser um verdadeiro filho para Deus e irmão para os
outros”. O Batismo, consequentemente não é tão somente um privilégio ou uma
graça, mas também é uma responsabilidade. O Batismo é um compromisso. Batizar é
viver adotando o projeto de Deus. Ser batizado é “corresponder” a Deus;
estabelecer uma “correspondência” entre nós e Deus. Corresponder a Deus é amar.
Ser batizado é deixar que a Palavra de Deus fique “semeada” em nós.
Somos
Chamado a Ir Atrás de Jesus Diariamente
1.
Jesus Que Está Na Frente de Nossa Caminhada Nos Chama Continuamente a Segui-Lo (Mc 10,32-34)
O texto do evangelho de hoje nos diz que
Jesus e os seus discípulos “estavam a caminho”. E a meta desta caminhada é
explicitamente mencionada: Jerusalém (11,11). Sem dúvida, Jesus já visitou
Jerusalém várias vezes, mas somente desta vez ele a visitou como Messias. E Jesus
é descrito como uma pessoa que está marchando determinadamente para seu
destino: “Estavam a caminho para subir a Jerusalém” (v.32). Com a descrição de
“estar a caminho”, Marcos quer nos dizer que seguir a Jesus significa
colocar-se em marcha e andar atrás de Jesus, pois quem anda na frente de Jesus,
se perde ou fica desorientado. Trata-se de um caminhar no qual há avanços e
retrocessos, clarezas e obscuridades.
O texto também nos relata que Jesus vai à
frente dos discípulos (v.32b). O verbo usado aqui por Marcos é “ir à frente”. Este “ir à frente” servirá para
expressar a promessa da ressurreição: Jesus Ressuscitado irá novamente à
frente dos discípulos, como guia e pastor, na Galiléia (14,28; 16,7). A
imagem de Jesus que “vai à frente” é a imagem do Servo que se entrega. É o
cumprimento daquilo que lemos no quarto canto do Servo de Deus: “Se ele oferece
a sua vida como sacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência,
prolongará os seus dias” (Is 53,10). Trata-se de um anúncio de morte, mas cheio
de esperança, pois fala-se da ressurreição.
Podemos ver também neste “ir à frente” de
Jesus uma mensagem de esperança e de certeza para quem acredita em Jesus. Para
tudo de bom que fazemos e queremos fazer Jesus abre o caminho apesar das
“subidas” que nos fazem perdermos fôlego. Mas tendo consciência de que Jesus
está andando na nossa frente, ganharemos novas forças ou renovaremos nossas
forças para continuar a acompanhar Jesus no seu caminho de salvação. O Jesus na
frente nos chama continuamente para caminhar sem desistência e sem desânimo
apesar de nossos medos e fraquezas: “Os discípulos estavam espantados, e
aqueles que iam atrás estavam com medo” (Mc 10,32b).
2.
Ambição Pelo Poder Obscurece o Seguimento e Mata o Espírito de serviço (Mc 10,35-45)
Apesar de Jesus estar na nossa frente não
faltam tentações de desviarmos do Seu caminho. Uma dessas tentações é a ambição
pelo poder mundano. Uma pessoa com a ambição viciada pelo poder é capaz de
recorrer à violência para alcançar seu objetivo. Este tipo de pessoa não se
preocupa em ser justo. Ele não suporta competidores nem rivais e tenta
eliminá-los de qualquer maneira. Poder é uma palavra mágica que encanta,
arruína e corrompe a tantos mortais. Os que são viciados pelo poder manipulam e
oprimem, especialmente, os débeis: “Vós sabeis que os chefes das nações as
oprimem e os grandes as tiranizam”. Quanta atualidade nesta imagem! Quanta
tristeza se muitos deles presumem de ser cristãos.
Depois que os discípulos ouviram o terceiro
anúncio da Paixão, novamente, como depois do segundo, surge uma discussão entre
os discípulos sobre o primeiro posto, sobre a preeminência na comunidade. Para
os discípulos esta discussão lhes importava. Eles estão como que cegos para
enxergar o caminho trilhado por Jesus e que eles devem trilhar também como
discípulos do Senhor: “Mestre, deixa-nos sentar um à tua direita e outro à
tua esquerda quando estiveres na tua glória!”.
Seguir a Jesus, fazer-se servo como Jesus se
torna difícil quando entra na vida de qualquer cristão a sede pelo primeiro
posto, pelo poder como poder, não como serviço entendido como doação de si
mesmo aos demais até o sacrifício total da própria vida a exemplo de Jesus.
“Na
sua glória”, glória (doxa) como em 8,38 e 13,26. Os dois irmãos são
motivados mais pela ambição egoísta do que pela idéia clara sobre o que eles
querem: “Vós não sabeis o que estais pedindo” (38b). Eles não sabem “o que
estão pedindo” (v.38), mas “sabem” de que modo a classe dirigente age (v.42).
Os dois pensam no prêmio e não no caminho. Além disso, seu pedido egoísta por
uma alta posição mostra que eles continuam concentrados mais em sua grandeza
pessoal do que no serviço humilde para qual Jesus chamou os Doze (9,33-50).
É uma ocasião apropriada para Jesus
transmitir lição sobre discipulado (42-45): “Entre vocês não deverá ser assim....”.
Em seguida ele propõe um outro tipo de autoridade, que é o anti-poder, mediante
imagens e modelos sociais inequívocos para seu tempo e o ambiente antigo: o
servo (diakonos: pessoa que serve à mesa) e o escravo (doulos:
pessoa na situação mais baixa do que um servidor). Quem “serve à mesa” e, mais
ainda, quem é “escravo de todos” tem como preocupação principal o atender às
necessidades dos outros.
Quando a Igreja é fiel a este modelo, a sua vida
comunitária reflete a própria vida de Jesus (cf. Fl 2,5-11). Assim, a Igreja se
torna uma presença profética no mundo, e tem força para denunciar estruturas
injustas e o uso do poder para dominar e tiranizar, da mesma forma que Jesus o
fazia naquela sociedade na qual vivia. Por isso, como é triste quando cristãos se
esquecerem desta exigência de Jesus na vida familiar ou na comunidade; ou
silenciam diante de injustiças na sociedade e compactuam com um poder
dominador. A grandeza dos cristãos-discípulos está na capacidade de servir e na
dedicação ao serviço. O essencial para qualquer autoridade ou responsável na
comunidade cristã é que ele seja mais servo do que chefe: um servidor de Deus e
das pessoas para que todos cresçam no amor e na verdade.
Em nosso íntimo, infelizmente, existe um
pequeno tirano que quer o poder e prestígio e que se agarra a isso; quer
dominar, ser superior, controlar. Teme qualquer crítica, qualquer controle: é o
único a ter razão, mandando tudo e em tudo, conservando ciosamente seu poder de
quere dominar. “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser
o primeiro, seja o escravo de todos” é o recado permanente de Jesus para
todos nós.
“O Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”,
concluiu Jesus no evangelho de hoje. São palavras bem pensadas que manifestam
com que consciência Jesus vai ao encontro de seu destino. Este estilo de vida é
que dá a Jesus o sentido de sua morte. O texto diz: “Como resgate para muitos”.
Jesus se vê como o “Justo Sofredor” cuja morte-martírio se converte em
sacrifício de salvação para todos. Jesus me resgatou sacrificando-se. Jesus me
salvou oferecendo sua vida como resgate. De que maneira eu posso “resgatar” meu
próximo? Sou capaz de me sacrificar para que o próximo possa viver?
P. Vitus Gustama,svd
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