sexta-feira, 11 de maio de 2018

15/05/2018
Imagem relacionadaResultado de imagem para Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti,
REZAR MELHOR  E COM SENTIDO QUEM AMA O PRÓXIMO
Terça-Feira da VII Semana da Páscoa

Primeira Leitura: At 20,17-27
Naqueles dias, 17 de Mileto, Paulo mandou um recado a Éfeso, convocando os anciãos da Igreja. 18 Quando os anciãos chegaram, Paulo disse-lhes: “Vós bem sabeis de que modo me comportei em relação a vós, durante todo o tempo, desde o primeiro dia em que cheguei à Ásia. 19 Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri por causa das ciladas dos judeus. 20 Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar publicamente e também de casa em casa. 21 Insisti, com judeus e gregos, para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus nosso Senhor. 22 E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá. 23 Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. 24Mas, de modo nenhum, considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o serviço que recebi do Senhor Jesus, ou seja, testemunhar o Evangelho da graça de Deus. 25 Agora, porém, tenho a certeza de que vós não vereis mais o meu rosto, todos vós entre os quais passei anunciando o Reino. 26 Portanto, hoje dou testemunho diante de todos vós: eu não sou responsável se algum de vós se perder, 27 pois não deixei de vos anunciar todo o projeto de Deus a vosso respeito”.


Evangelho: Jo 17,1-11ª
Naquele tempo, 1Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti, 2e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste.3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.6Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus, e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram, e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste.9Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11aJá não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.
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Ser Evangelizador é Viver Totalmente Sob o Impulso Do espirito Santo


A Primeira Leitura de hoje (e a Primeira Leitura de amanhã) fala da despedida de São Paulo de Éfeso. Como em todo discurso de despedida, encontramos aqui um olhar ao passado, outro para o presente e outro ainda para o futuro da comunidade. São Paulo, antes de tudo, faz um resumo global de seu ministério no qual ele se apresenta como modelo de apóstolo e de responsável de comunidade: “Servi ao Senhor com toda a humildade”, “Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito”, “ensinei publicamente e também de casa em casa”.


São Paulo foi realmente um gigante como apóstolo e como dirigente de comunidades. O retrato que temos acompanhado da leitura dos Atos dos Apóstolos justifica tudo que se fala dele: sua entrega à evangelização, sua generosidade e seu espirito criativo, sempre ao serviço do Senhor e deixando-se levar em todo momento pelo Espirito Santo. É um missionário excepcional e um líder nato. As constantes perseguições dos judaizantes obrigam São Paulo a modificar continuamente seus planos de viagem. Ele está sempre acusado pelos judaizantes.


O discurso de despedida de São Paulo que lemos hoje é um verdadeiro testamento pastoral, está destinado especialmente aos que exercem um cargo ou uma responsabilidade na Igreja. Há aqui o retrato do “apóstolo” segundo São Paulo.


Em primeiro lugar, o serviço na humildade: “Servi ao Senhor com toda a humildade”. O que diz não é sua própria palavra. São Paulo é servidor do Senhor na humildade. Por causa desta humildade, São Paulo se desprende de qualquer suficiência, de qualquer orgulho para estar sempre e exclusivamente ao serviço do Senhor.


Em segundo lugar, toda vida cristã autentica está marcada pela cruz: “Servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações...”. O servidor não está acima do seu Senhor: “Se o mundo vos odeia, sabeis que me odiou a mim antes que a vós” (Jo 15,18). O apostolado não é um tranquilo entretenimento. Toda responsabilidade na Igreja, toda vida cristã autentica estão marcadas pela cruz.  Cada um de nós tem sua cruz. Cada cruz tem sua história e cada história ou apostolado tem sua cruz. Mas toda prova, toda cruz tem valor, quando sabemos associá-la à redenção. A redenção do mundo se faz da maneira que Jesus Cristo estabeleceu.


Em terceiro lugar, um cristão evangeliza com valentia, segurança e audácia: “Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós, nem de vos ensinar publicamente e também de casa em casa. Insisti, com judeus e gregos, para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus nosso Senhor”. “Nunca deixei de anunciar”. Esta fórmula deixa supor que alguma vez, São Paulo tenha sentido a tentação de acovardar-se, de fugir, de calar-se, de renunciar.


Em quarto lugar, deixar-se conduzir até o fim pelo Espirito Santo: “Agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém sem saber o que aí me acontecerá. Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações”. Este é o motor profundo da ação apostólica de São Paulo: a força do Espirito Santo que habita nele. Ele disse que “prisioneiro do Espirito”. Isto quer nos dizer que São Paulo não faz o que quer. Ele vai para onde o Espirito de Deus o leva. É uma aventura integral, sem nenhuma previsão possível. Ele simplesmente e totalmente vive sob a direção do Espirito de Deus. Desta maneira é que São Paulo terminou sua missão. A força inegostavel de São Paulo para a evangelização se encontra em Deus.


O Salmo Responsorial de hoje (Sl 67/68) confirma tudo que diz a respeito de São Paulo. O Salmo Reponsorial nos afirma que Deus é nossa fortaleza, nosso poderoso protetor, nosso amparo, nosso auxílio. Deus jamais nos abandona em nossos sofrimentos, em nossas pobrezas e enfermidades. Como Pai cheio de amor por seus filhos, Deus nos encheu de seus favores. Além disso, vendo-nos desorientados como ovelhas sem pastor, ele enviou seu próprio Filho para que nós que cremos nele, possamos ter o perdão de nossos pecados e a vida eterna. Esses bens e essa herança é o que o Senhor preparou para os pobres, que somos nós. É por isso, seja Ele bendito agora e para sempre, porque Ele nos leva em Suas asas para nos salvar e nos libertar da morte. Com o salmista do Salmo Responsorial digamos ao Senhor: “Derramastes lá do alto uma chuva generosa, e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; e ali vosso rebanho encontrou sua morada; com carinho preparastes essa terra para o pobre. Bendito seja Deus, bendito seja cada dia, o Deus da nossa salvação, que carrega os nossos fardos! Nosso Deus é um Deus que salva, é um Deus libertador; o Senhor, só o Senhor, nos poderá livrar da morte!”.


Momento Da Morte De Quem Vive De Acordo Com a Vontade De Deus É o Momento De Glorificação


O Evangelho de hoje faz parte do discurso de despedida de Jesus dos seus discípulos no Evangelho de João (Jo 13-17). Nos grandes textos de despedida na Bíblia (cf. Dt 32-33; At 20,17-35), o herói termina seu discurso por uma prece, hino ou bênção. O evangelho de João segue esse modelo. Neste sentido Jo 17 é considerado como o ponto alto do discurso da despedida de Jesus neste evangelho.


Na presença dos discípulos Jesus se dirige ao Pai na oração. O dialogo de Jesus com o Pai nesta oração de despedida reflete, em toda a sua amplitude, o desígnio do Pai que motivou o enviou do filho (Jo 3,16).  E Jesus realizou esse desígnio ao manifestar o Nome para aqueles que o Pai lhe deu. Em outras palavras, nesta oração Jesus fala do cumprimento de sua missão que consiste em manifestar o nome de Deus aos homens, em transmitir-lhes a Palavra de Deus que tem como resultado a fé em Deus. Depois que cumpriu sua missão e parte visivelmente, Cristo deixa para a comunidade eclesial como “sacramento”, sinal eficaz de sua presença salvadora.


Agora chegaram a “hora” e a “glória” de Jesus (é uma forma de dizer a morte e a glorificação/ressurreição de Jesus). Os conceitos “hora” e “glória” têm em João (Quarto Evangelho) uma grande densidade. Trata-se do momento em que se manifestará mais palpavelmente a salvação, a vida divina que se oferece aos homens: a entrega obediente de Cristo à morte, Sua Ressurreição e Sua volta para a glória do Pai. Nesta “hora” pascal acontece quando Cristo participa mais plenamente da “glória” de Deus. E esta mesma “hora” pascal vai continuar ou vai acontecer também com os cristãos, se eles sofrerem por ser cristãos, seguidores de Cisto.   


Jesus, que está para voltar ao Pai (morte), reza pelos seus que estão ainda no mundo para que também realizem o desígnio do Pai: “Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. Já não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”. Nesta oração, Jesus, o Intercessor divino junto ao Pai e a comunidade cristã se entrelaçam como uma unidade espiritual.


Na sua oração que concluiu seu discurso, Jesus interpreta sua morte como passo para a vida, como um momento de glorificação, e seu aparente fracasso é considerado como o verdadeiro êxito. Jesus manifesta em sua oração uma confiança inquebrantável no Pai e um amor entranhável para seus discípulos, e uma esperança que sabe se sobrepor, e ninguém pode dominá-Lo. Jesus é livre e libertador. Somente quem é livre pode libertar os outros. Quem foge é porque não está livre.


A oração é sempre uma práxis de libertação, porque orar é recorrer ao Pai sem esquecer-se dos homens, nossos irmãos; orar é abrir-se ao Outro e conseqüentemente, a qualquer outro; orar é libertar-se do egoísmo para o amor, pois o outro é levado conosco na oração. Quem entra em oração está em comunhão com Deus. E quem está em comunhão com Deus, está em ligação com os demais homens. A comunidade que ama é a comunidade que reza melhor. Uma pessoa que ama é a pessoa que reza melhor. Depois da ascensão de Jesus ao céu, a pequena comunidade de seus discípulos se reúne em oração (Lc 24,50-53). A Igreja aprende na oração o caminho da liberdade e é uma das expressões da liberdade. Orar é estar em comunhão amorosa com Deus, pois Ele é o Pai de todos (cf. Jo 20,17). Quem ora, acredita e quem acredita, precisa orar


Na sua oração Jesus roga, primeiramente por si mesmo, para que se realize plenamente a missão que Deus lhe foi confiada (vv. 1-5). Por seis vezes Jesus repete a palavra “Pai” na oração. Neste sentido, a palavra “Pai” é um nome que qualifica Deus como origem, da qual tudo provem como dom, amor e proteção e por isso, a salvação. Jesus se sente inteiramente Filho e quer continuar vivendo esses momentos transcendentais de sua vida a partir de seu ser de Filho. Por isso, diante de sua morte iminente Jesus está completamente tranqüilo, pois ele sabe de sua vitoria sobre o mundo (cf. Jo 16,33).


Com esta oração Jesus nos ensina que o caminho da glorificação é a obediência aos mandamentos de Deus que se resumem na vivência do amor fraterno. Na cruz o amor de Deus por nós aparece em toda sua plenitude, seu esplendor e sua força vitoriosa. Só o amor justifica a cruz. Por isso, não é o poder que há no mundo e que normalmente se transforma em opressão e domínio de uns homens sobre outros que reina, e sim o poder-serviço (Jo 13,12-17) que surge do amor e se manifesta em obras em favor dos homens, o poder que brota do coração e cria comunidade de irmãos. O amor sempre resulta na formação de uma comunidade de irmãos. Sem amor não haverá comunidade e não haverá a salvação. No amor praticado em me vejo no outro. No verdadeiro amor eu sou o outro e o outro é eu próprio. Todos nós somos um.


Nesta oração Jesus pede: “A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo”. Aqui não se trata de um conhecimento intelectual e sim experiencial, imediato, pessoal e vital; um conhecimento que só pode ser adquirido na intimidade do amor; é um conhecimento que é vida. Neste sentido, conhecer Deus, plenitude de vida para sempre, se identifica com a vida eterna. Deus é o verdadeiro presente e futuro do homem, pois não há nada no mundo que possa encher e preencher seu coração. Conhecer Jesus significa imitar seu modo de viver, tê-lo como único modelo a seguir. Nesse seguimento, encarnado na vida diária, vamos conhecendo o único Deus: na completa entrega a Ele, demonstrada no serviço-amor aos que nos rodeiam.


Neste texto Jesus reza por nós todos e tenhamos consciência da força dessa oração: “Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. Já não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”. O Senhor reza por mim; Ele reza por nós. É a grande notícia para nós todos! Eu preciso continuar minha luta pela dignidade dos meus irmãos em Cristo, pois há alguém que reza por mim: o próprio Senhor Jesus Cristo.
 
P. Vitus Gustama,svd

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