19/05/2018
SEGUIR A CRISTO PARA AMAR E
SERVIR
Sábado da VII Semana da Páscoa
16Quando entramos em Roma, Paulo recebeu permissão para morar em casa
particular, com um soldado que o vigiava. 17Três dias depois, Paulo convocou os
líderes dos judeus. Quando estavam reunidos, falou-lhes: “Irmãos, eu não fiz
nada contra o nosso povo, nem contra as tradições de nossos antepassados. No
entanto, vim de Jerusalém como prisioneiro e assim fui entregue às mãos dos
romanos. 18Interrogado por eles no tribunal e não havendo nada em mim que
merecesse a morte, eles queriam me soltar. 19Mas os judeus se opuseram e eu fui
obrigado a apelar para César, sem nenhuma intenção de acusar minha nação. 20É
por isso que eu pedi para ver-vos e falar-vos, pois estou carregando estas
algemas exatamente por causa da esperança de Israel”. 30Paulo morou dois anos
numa casa alugada. Ele recebia todos os que o procuravam, 31pregando o Reino de
Deus. Com toda a coragem e sem obstáculos, ele ensinava as coisas que se
referiam ao Senhor Jesus Cristo.
Evangelho: Jo 21,20-25
Naquele
tempo, 20 Pedro virou-se e viu atrás de si aquele outro discípulo
que Jesus amava, o mesmo que se reclinara sobre o peito de Jesus durante a ceia
e lhe perguntara: “Senhor, quem é que te vai entregar?” 21 Quando
Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “Senhor, o que vai ser deste?”. 22
Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te
importa isso? Tu, segue-me!” 23Então, correu entre os discípulos a
notícia de que aquele discípulo não morreria. Jesus não disse que ele não
morreria, mas apenas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te
importa?”24Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que
as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. 25 Jesus
fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não
caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos (Jo 21,20-25).
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Ser
Anunciador Da Palavra De Deus Em Qualquer Situação
As leituras deste dia nos apresentam as
conclusões do evangelho de João e do livro dos Atos dos Apóstolos. São
conclusões abertas, isto é, os cristãos têm, daqui para a frente, a tarefa de
continuarem o trabalho de evangelização.
A última passagem dos Atos dos Apóstolos que
lemos hoje na Primeira Leitura, resume os dois anos que Paulo esteve
em Roma em seu primeiro cativeiro. Em Roma, ele estava hospedado em uma casa,
com uma prisão domiciliar sob vigilância. Mas ninguém o impediu de fazer o que
sempre quis fazer: evangelizar, anunciar Cristo Jesus. E agora precisamente no
centro do império e do mundo: Roma.
Ele se torna um prisioneiro, mas quando se
trata de evangelização ele defende com inteligência para que a Palavra de Deus
não fique encadeada. Ele pode ficar preso, mas jamais ele deixa a Palavra de
Deus ficar presa. A fé inquebrável que tem em Jesus lhe move em todo momento e
dá sentido a toda sua atuação. É um verdadeiro apostolo incansável. Através da
Segunda Carta ao Timóteo ele nos dá o seguinte conselho: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar,
para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito, qualificado para toda boa obra... (Por isso), proclama a Palavra, insiste, no tempo
oportuno e no importuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e doutrina”
(2Tm 3,16-17; 4,2). Não há tempo certo para evangelizar, tem que ser o tempo
todo. São Filipe Neri dizia: “Se
quisermos nos dedicar inteiramente ao nosso próximo, não devemos reservar a nós
mesmos nem tempo nem espaço”. O cristão deve saber aproveitar cada momento
para evangelizar, para partilhar o que é bom para os outros ao seu redor para
que o número de pessoas de bem se multiplique.
Nós, no final da Páscoa (tempo pascal), e na
véspera de receber novamente a graça do Espírito no dia de Pentecostes, devemos
aprender mais a ter generosidade e determinação em nossas vidas como cristãos,
em nosso seguimento de Jesus, o Ressuscitado.
Em certas ocasiões, também podemos nos sentir
parcialmente constrangidos pela sociedade ou por suas leis, ou mal
interpretados em nossas intenções. Mas se realmente acreditamos no
Ressuscitado, que continua a estar presente, e se nós confiamos em seu
Espírito, que continua sendo vida, fogo, seiva e alegria da comunidade
eclesial, a força da Páscoa deve permanecer em nós e deve ser notada em nosso
estilo de vida ao longo do ano. Somos chamados a ir ao encontro dos irmãos,
especialmente dos mais necessitados para transmitir-lhes a mensagem da
esperança, a Palavra de vida eterna do Ressuscitado.
O Salmo Responsorial (Sl 10/11) nos afirma
que Deus se deleita nos justos a quem Ele vê como Seus filhos amados, em quem
Ele se agrada. Mas este mesmo Deus não se esquece dos pecadores. No seu grande
amor por nós Deus nos enviou o seu próprio Filho para o perdao de nossos
pecadores e para nos fazer partilhar de Sua Vida e de Seu Espírito,
tornando-nos assim seus filhos. Ele veio para buscar as ovelhas perdidas. Vamos
ao Seu encontro com a justiça no coração. Vamos voltar a viver na retidão e na
justiça, pois Deus ama a justiça e a retidão: “Deus está no templo santo, e no céu tem o seu trono; volta os olhos
para o mundo, seu olhar penetra os homens. Examina o justo e o ímpio, e detesta
o que ama o mal. Porque justo é nosso Deus, o Senhor ama a justiça. Quem tem
reto coração há de ver a sua face”.
Ser
Cristão É Ser Seguidor Permanente De Cristo Para Continuar Sua Missão Salvadora
Neste Mundo
E nos versículos anteriores do texto do evangelho
lido hoje, Pedro havia recebido uma insinuação de Jesus sobre o
seu futuro pessoal: seria pelo martírio. A partir desta insinuação de Jesus,
Pedro entrou em curiosidade para saber o futuro de João, seu companheiro:
“Senhor, o que vai ser deste?”. Com isto Pedro caiu em tentação de saber do
futuro dos demais, descuidando assim de seu papel de evangelizador. Quem fica
olhando para a vida alheia acaba não cuidando da própria vida.
Por isso, a resposta de Jesus a Pedro sobre o
destino de João é sábia. Jesus não revela a Pedro o destino de João. Desta
maneira, Pedro deve se preocupar com o amor, com o serviço, e com a ajuda
diária que há que prestar para os irmãos sem saber o caminho que a história vai
tomar. Viver no amor e por amor é a melhor maneira de viver na incerteza do
tempo. Mario Quintana nos relembra: “Esta vida é uma estranha
hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas
estão prontas. E a nossa conta nunca está em dia”. A incerteza da
história dá espaço para a certeza de Deus. Como diz a Carta aos Hebreus: “A
fé é uma certeza a respeito do que não se vê” (11,1).
Como Pedro, muitas vezes, nós caímos também
na tentação de saber demais da vida alheia. Olharmos apenas para a vida alheia,
acabaremos não cuidando de nossa própria vida. Uma curiosidade sem freio sempre
termina no abismo, na destruição da própria vida e da vida alheia, na criação
do ambiente pesado, na convivência de mútua suspeita. Quem fica curioso demais
sobre a vida alheia é porque não está cuidando da própria vida. Em última
analise, é porque a própria vida não está bem. Por isso, precisamos ouvir
repetidas vezes o que o Senhor nos diz hoje: “Se eu quero que ele permaneça
até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me” (Jo 21,22). Segundo Jesus,
o discípulo amado não é menos discípulo nem menos seguidor de Jesus que Pedro.
Há diferentes maneiras de seguir Jesus. Há várias vocações para viver os
ensinamentos de Jesus. O importante é o imperativo de Jesus: “Tu, segue-me!”. O
importante é seguir a Jesus vivendo seus ensinamentos. A maneira para segui-Lo
pode ser diferente.
Seguir Jesus é viver aquilo que Ele viveu e
fazer aquilo que ele fez. Ele fez tudo com amor e por amor para que todos
pudessem conviver na paz e na fraternidade e alcançar a salvação. Isto é a
evangelização. O cristão não pode perder nenhum tempo para não enterrar nenhuma
oportunidade. Quem não valorizar o tempo, vai enterrar muitas oportunidades na
vida. É preciso seguir a Jesus em todas
as circunstâncias de nossa vida. É preciso amar e servir. O amor e o serviço
são inseparáveis no seguimento. É necessário servir com amor e amar através do
serviço.
“Tu, segue-me!”. Esta frase é
dirigida por Jesus a cada um de nós. A Igreja, que somos nós, tem obrigação de
fazer Cristo próximo das pessoas. Por meio de cada cristão, de cada um de nós o
mundo deve continuar a escutar Cristo. Através de cada um de nós Cristo deve
continuar tocando a vida das pessoas ao nosso redor. Para isso, cada um de nós
deve estar preparado para o contrário, pois muitos querem apagar a voz do
enviado e querem acabar com a vida da testemunha de Cristo. Duas colunas da
Igreja, Pedro e Paulo, foram martirizados em nome de Jesus e de seus
ensinamentos. Não tenhamos medo, pois o Senhor quer que sejamos testemunhas de
seu amor, de sua graça e de sua misericórdia. Tudo isso deve gerar uma
autêntica conversão naqueles que escutam Cristo por meio de cada um de nós, em
particular, e por meio da Igreja, em geral. “Tu,
segue-me!”.
Terminamos o Tempo
pascal com a festa de Pentecostes neste fim de semana; o tempo dos cinqüenta
dias da celebração gozosa da ressurreição do Senhor. Durante os cinqüenta dias
o Círio pascal, símbolo de Cristo, Luz do mundo é aceso nas celebrações. Na
solenidade de Pentecostes, o Círio pascal será apagado no fim da missa e só
ficará aceso novamente no batismo. Durante os cinqüenta dias Cristo
Ressuscitado nos iluminou. Agora chegou nossa vez para sermos luz para o mundo
(cf. Mt 5,14-16). A luz não é para ser olhada e sim para iluminar o caminho por
onde devemos passar seguramente.
A primeira
conseqüência da fé na ressurreição de Jesus é o começo de nossa missão, de
nosso seguimento: “Tu, segue-me!”. É seguir tudo que Jesus ordenou a fazer (Mt
28,20). Seguir é caminhar. Seguir é buscar. Seguir é perguntar. Seguir é ir
atrás daquele que nos salva ou daquilo que é essencial para nossa vida e
salvação. Seguir é não perder tempo para as coisas inúteis e não essenciais
para nossa vida e convivência. Seguir é
algo dinâmico. Se no seguimento houver uma parada é porque há algo errado na
caminhada ou há alguém que nos desvia nossa atenção do seguimento. Seguir é o
tempo de viver com sentido, pois, com a ressurreição do Senhor, a vida não
acaba na história, mas permanece eternamente, pois o Deus em quem acreditamos é
o Deus da vida e que esse Deus põe a vida onde o homem põe a morte e que a
morte tem seu contrapeso: a ressurreição. É o tempo de começarmos a acreditar e
a viver como pessoas ressuscitadas antecipadamente, pois o próprio Senhor nos
garante: “Quem crê em mim ainda que esteja morto viverá” (Jo 11,25). É o tempo
de anunciarmos ao mundo o Evangelho de amor misericordioso de Deus por todos os
seres humanos, o amor levado até a morte de Cristo na cruz. Quem vive no amor
fraterno não pára de existir, pois o amor é o nome próprio de Deus (cf. 1Jo
4,8.16). Jesus histórico não está presente fisicamente na história. No lugar
dele está cada cristão. Cada cristão deve ser “sacramento” de Jesus na terra.
Cada cristão deve servir como sinal ou seta que sempre aponta para Cristo.
P. Vitus Gustama,svd
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