23/05/2018
QUEM PRATICA O BEM ESTÁ
COM O DEUS DA BONDADE
Quarta-feira da VII
Semana Comum
Caríssimos, 13 e agora, vós que dizeis: “Hoje ou amanhã iremos a tal
cidade, passaremos ali um ano, negociando e ganhando dinheiro”. 14 No entanto,
não sabeis nem mesmo o que será da vossa vida amanhã! Com efeito, não passais
de uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece. 15 Em vez de dizer:
“Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo”, 16 vós vos
gloriais de vossas fanfarronadas. Ora, toda a arrogância deste tipo é um mal.
17Assim, aquele que sabe fazer o bem e não o faz incorre em pecado.
Evangelho: Mc 9,38-40
Naquele
tempo, 38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios
em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39 Jesus
disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar
mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor”.
---------------------------------
A Brevidade Da Vida
e a Sabedoria De Viver Com Deus
“Não
sabeis nem mesmo o que será da vossa vida amanhã! Com efeito, não passais de
uma neblina que se vê por um instante e logo desaparece”. São Palavras sábias
de são Tiago que lemos na Primeira Leitura de hoje.
São Tiago se interessa tanto pelos pobres que
nada possuem e gostariam de possuir (Tg 4,1-12), como pelos comerciantes que
possuem e queriam ampliar sua fortuna (Tg 4,13-17) e pelos ricos que são incapazes
de ajudar os pobres (Tg 5,1-6).
Na Primeira Leitura de hoje São Tiago se
dirige aos comerciantes cristãos provindos do judaísmo. São Tiago não condena a
profissão de comerciantes e sim a presunção que por vezes nela se instala e em
cujo nome se fazem projetos de investimentos e de lucros sem se pensar que a
vida é breve: “Não sabeis nem mesmo o que
será da vossa vida amanhã! Com efeito, não passais de uma neblina que se vê por
um instante e logo desaparece” (Tg 4,13-14; cf. Lc 12,16-21). A presunção
consiste na falta de espirito de dependência para com Deus, oposta ao espirito
de fé: “Em vez de dizer: ‘Se o Senhor
quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo’” (Tg 4,15). Na medida em
que se confirma esta atitude preçunsosa, o pecado se instala na vida: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz
incorre em pecado” (Tg 4,17). Na medida em que o apego à profissão, à
condição social ou ao trabalho se absolutiza e se torna um fim em si, já não há
mais lugar para a atitude de fé. É o alerta de são Tiago para todos os
cristaos, para não dizer para todos os homens.
Do texto da Primeira Leitura temos um bom
costume de dizer: “Se Deus quiser!” quando falamos do futuro. Estamos nas mãos
de Deus. Não vale a pena absolutizar nada: nem os negócios nem os projetos nem
nosso futuro. Tudo depende de Deus ou seja, “Se Deus quiser!”. A Palavra de
Deus nos ensina a sermos menos autossuficientes e um pouco mais humildes.
O Salmo Responsorial de hoje (Sl 48/49) está em sintonia com o tema da
Primeira Leitura de hoje: “Por que temer
os dias maus e infelizes, quando a malícia dos perversos me circunda? Por que
temer os que confiam nas riquezas e se gloriam na abundância de seus bens?
Ninguém se livra de sua morte por dinheiro nem a Deus pode pagar o seu resgate.
A isenção da própria morte não tem preço; não há riqueza que a possa adquirir,
nem dar ao homem uma vida sem limites e garantir-lhe uma existência imortal.
Morrem os sábios e os ricos igualmente; morrem os loucos e também os
insensatos, e deixam tudo o que possuem aos estranhos”.
Trata-se de um Salmo que fala da instabilidade material. O autor do Salmo reflete, por uma pergunta retorica inicial, afirmando que não tem por que temer o ataque dos maus, pois eles morrerão: nem suas riquezas, nem seu poder, podem livrá-los do destino humano comum. Perante a morte todos morrerão nus; ninguém levará nada do que possui. Quem tem Deus se sente seguro e tranquilo, pois Deus o recolhe.
Trata-se de um Salmo que fala da instabilidade material. O autor do Salmo reflete, por uma pergunta retorica inicial, afirmando que não tem por que temer o ataque dos maus, pois eles morrerão: nem suas riquezas, nem seu poder, podem livrá-los do destino humano comum. Perante a morte todos morrerão nus; ninguém levará nada do que possui. Quem tem Deus se sente seguro e tranquilo, pois Deus o recolhe.
Viver
Como Cristão É Passar a Vida Fazendo o Bem
Jesus continua ensinando seus discípulos.
Desta vez Ele lhes ensina que não têm que ser pessoas zelosas nem cair na
tentação do ponopólio de nada. Os discípulos pecam muitas vezes na impaciência
e no zelo. Queriam arrancar logo o joio do campo. Desejam que caia a chuva de
fogo do céu sobre o povo que não quer acolhê-los. Com muita paciência e com um
coração generoso Jesus vais instruindo seus discípulos.
“Mestre, vimos um homem que não nos segue, expulsando demônios em teu
nome, e o impedimos porque não nos seguia”, são palavras de
João, um dos discípulos de Jesus, no texto do evangelho de hoje.
É um tema muito atual e sempre atual. Este
tema nos convida a olharmos para além dos confins da comunidade cristã, da
Igreja e perceberemos que há muita gente que faz o bem independentemente de
pertencer ou não a uma crença, a uma Igreja ou a uma religião. Fazer o bem não
é exclusividade dos que pertencem a uma religião. Quem sabe, os que não
pertencem a uma Igreja ou a uma religião fazem muito mais o bem do que os que
se dizem crentes. Precisamos tomar parte dos que praticam o bem, pois eles são
reflexos do Bem Maior que é o próprio Deus (cf. Mt 25,40.45). Quando está em
jogo o bem, o primeiro dever daqueles que têm “poder” na comunidade ou dos que
simplesmente pertencem à comunidade é não impedir o bem, mas ser parceiro do
bem ou dos que o praticam. Ninguém pode ficar alheio do bem ou aleijado do bem,
muito menos ser inimigo do bem. Não podemos odiar quem pratica o bem nem os que
não o praticam. É preciso sermos parceiros do bem, da verdade, da
solidariedade, da bondade, da compaixão, da caridade e dos demais valores
semelhantes. Temos que ser educados ou instruídos no bem e temos que desistir
da inveja diante de quem pratica o bem.
A reação de João, que é um dos discípulos de
Jesus, é uma reação de domínio, uma vontade de poder, uma preocupação de
conservar um monopólio. Anteriormente, os discípulos foram enviados por Jesus a
pregar e a expulsar demônios (Mc 6,7-13).
João quer guardar para si só, monopolizar para o grupo dos Doze o poder
de Cristo. É uma das tentações “dos bons”: monopolizar Deus, monopolizar seus
dons e seus bens, sentir ciúmes porque os outros fazem algo melhor. João quer
ver a atuação do Espírito de Deus enquadrado em um grupo definido para evitar a
perda de prestigio, de poder e de influência.
Jesus rejeita esta tendência de monopólio ou
a de exclusivismo: “Não o impeçais, pois não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo
depois possa falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós”,
responde Jesus a João. Para Jesus o bem não tem fronteiras, nem religiosas nem
sagradas nem denominacionais nem ideológicas.
Quem não atua como inimigo da comunidade na
qual vive Jesus já é, em certo sentido, parte da comunidade. Se alguém, que não
é cristão, faz o bem invocando o nome de Jesus, isto significa que Jesus já
está atuando nele e que um dia o unirá também visivelmente à sua comunidade
(cf. Mt 25,34-40). Jesus não é monopólio da comunidade e sim construtor da
comunidade mediante o Espírito e para fazer isto tem que atuar também fora
dela. Temos que descobrir a presença de Jesus também fora da Igreja através do
bem que as pessoas praticam.
“Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim”, disse Jesus.
Homem nenhum tem o direito de encurtar a mão de Deus e de projetar como
instrumento exclusivo dele. Não somos os únicos bons. Não somos donos do
Espírito de Deus. Quem é de Deus reconhece o que é divino no outro. Todos os
homens de boa vontade, os que querem salvar a humanidade, embora não pisem
nossos templos ou igrejas, são de Deus porque eles fazem aquilo que tem a marca
divina: a bondade e o amor. Todos aqueles que amam seu próximo e lutam por um
mundo melhor e mais fraterno e pelos direitos dos homens, especialmente pelos
menos favorecidos fazem parte da família de Deus embora não pertençam a nenhuma
Igreja e religião. Quem é de Deus é identificado não pela sua pertença
religiosa, mas pelo modo de viver, pelas suas opções diárias. Mas quem pertence
a uma Igreja ou a uma religião tem obrigação maior de fazer o bem. Se não fizer
o bem, estará contra a própria Igreja ou a própria religião.
Quem de nós não teve alguma vez o sectarismo
de grupo ou monopólio de grupo? Muitas vezes usamos a capa da solidariedade, da
defesa pelo bem comum, mas escondemos nossos próprios interesses? Quem de nós
não teve alguma resistência diante de uma capacidade dos outros, só porque não
gostou deles? Não exageramos algumas vezes nossa tendência de monopolizar a
verdade, o poder ou a razão?
A partir do ensinamento de Jesus no evangelho
de hoje , nós
devemos saber aceitar a parte ou a total razão dos outros, reconhecer seus
valores, admitir que os outros possam e podem atuar de acordo com o Espírito de
Deus. O Espírito de Deus não é propriedade de nenhum grupo, de nenhuma
estrutura. Ele sopra para onde e por quem quer. Precisamos ter discernimento
para ler as marcas onde o Espírito de Deus passa. Hoje em dia convivemos como
vizinhos próximos de outras religiões e crenças. O Espírito ecumênico de Jesus
deve nos levar a aceitarmos e reconhecermos com gozo a presença de Deus que
atua em todos os povos. “Quem não é contra nós é a nosso
favor”. O bem praticado nos faz mais humanos, mais irmãos, mais próximos,
mais solidários e consequentemente, mais divinos, pois praticar o bem nos
identifica com o Bem Maior que é o próprio Deus. “O
defeito moral não se define pelo mal que se isenta, mas pelo bem que se
abandona” (Santo Agostinho: De civ. Dei. 2,8). "Todo
homem é culpado por todo bem que ele não fez” dizia o filósofo Voltaire.
Portanto, faça todo o bem que puder. Por
todos os meios que puder. De todas as maneiras que puder. Em todos os lugares
que puder. Em todas as ocasiões que puder. Por todas as pessoas que puder. Por
tanto tempo que puder. A bondade é o único investimento que nunca falha.
P. Vitus
Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário