quinta-feira, 24 de maio de 2018


26/05/2018
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A TERNURA DIVINA NOS FAZ MAIS HUMANOS E IRMÃOS
Sábado da VII Semana Comum


Primeira Leitura: Tg 5,13-20
Caríssimos, 13 se alguém dentre vós está sofrendo, recorra à oração. Se alguém está alegre, entoe hinos. 14 Se alguém dentre vós estiver doente, mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. 15 A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão. 16 Confessai, pois, uns aos outros, os vossos pecados e orai uns pelos outros para alcançar a saúde. A oração fervorosa do justo tem grande poder. 17 Assim Elias, que era um homem semelhante a nós, orou com insistência para que não chovesse, e não houve chuva na terra durante três anos e seis meses. 18 Em seguida tornou a orar, e o céu deu a chuva e a terra voltou a produzir o seu fruto. 19 Meus irmãos, se alguém de vós se desviar da verdade e um outro o reconduzir, 20 saiba este que aquele que reconduz um pecador desencaminhado salvará da morte a alma dele e cobrirá uma multidão de pecados.


Evangelho: Mc 10,13-16
Naquele tempo, 13 traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14 Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16 Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
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Oração e Fraternidade Nos Unem a Cristo


Caríssimos, se alguém dentre vós está sofrendo, recorra à oração. Se alguém está alegre, entoe hinos. Se alguém dentre vós estiver doente, mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o levantará”, escreveu são Tiago que lemos na Primeira Leitura de hoje.


No último capítulo de sua Carta são Tiago aborda um tema fundamental na vida comunitária: a oração. Em seis versículos (Tg 5,13-18) aparecem oito termos relativos à oração para sublinhar a importância e a necessidade da oração na vida de uma comunidade. Um membro de uma comunidade que reza por outro membro da mesma mostra a vida, o sofrimento e a dor compartilhados. Quando tudo for compartilhado, nada será pesado para uma comunidade. A fé profunda se expressa na oração pessoal, na oração pelos demais e na constância na oração, pois a fé e a oração são duas coisas inseparáveis. Quem reza porque tem fé e quem tem fé reza.


Nesta última página de sua Carta são Tiago mostra uma grande confiança no poder da oração. Ontem ele trouxe o exemplo de Jó para convidar à paciência. Hoje ele recorda o exemplo do profeta Elias para ilustrar o que a oração de um crente pode fazer: “Assim Elias, que era um homem semelhante a nós, orou com insistência para que não chovesse, e não houve chuva na terra durante três anos e seis meses. Em seguida tornou a orar, e o céu deu a chuva e a terra voltou a produzir o seu fruto”. Em ambas ocasiões a oração de Elias foi eficaz.


Para o cristão, a oração deve impregnar todas as circunstâncias de sua vida, ajudando-lhe a estar unido a Cristo nos momentos de alegria, de dor e de enfermidade.


A Enfermidade e a Unção Dos Enfermos


Além da importância da oração, a passagem que se refere, na leitura de hoje, aos presbíteros da comunidade que oram sobre um enfermo e o ungem com óleo, sempre foi interpretado como um primeiro testemunho do sacramento cristão da Unção dos enfermos: “Se alguém dentre vós estiver doente, mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão”.


O homem dificilmente pode fugir da enfermidade, da dor, do mal. De alguma maneira ou de outra eles afetam a vida de cada ser humano. Nossa existência inteira parece vulnerável, dependente, marcada pelo sinal da impotência, e pela necessidade de explicação sobre seu sentido. Em sua vida normal o homem está acostumado a ser senhor de si mesmo. Mas na enfermidade ele experimenta uma presença do corpo diferente de sua presença normal. O enfermo experimenta a si mesmo no meio de uma ruptura, de uma divisão. Além disso, a enfermidade suscita a incerteza do futuro imprevisível.  A morte é o horizonte sombrio que aparece frequentemente em conexão com a enfermidade.


Mas na descoberta da verdade do homem através de suas limitações e enfermidades o próprio homem encontra o ponto de partida de uma descoberta da verdade de Deus que nunca nos abandona e que sempre vem ao nosso encontro misericordiosamente (Cf. Mt 28,20). Temos certeza de que Deus age e está presente em nossa vida cotidiana. Deus é a vida de nossa vida, “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28). Quando se descobre a verdade da vida e se invoca a Deus, Ele não está longe de nós. É no mistério da vida de cada dia que descobrimos a presença de um Deus insondável e irredutível a cálculos e categorias humanos. “Na medida em que temos experiência do mistério de nossa existência e reconhecemos que esse mistério está cheio d´Aquele a Quem chamamos Deus, nessa medida a graça constitui uma realidade próxima e presente, que dá resposta a nossas aspirações últimas” (Karl Rahner).


A Unção dos enfermos é um sacramento que a Igreja celebra na situação de enfermidade com a finalidade de significar a oferta e a presença da salvação de Deus no momento de dor e para mostrar a solidariedade da própria Igreja para com o enfermo. O sacramento da Unção dos enfermos é uma maneira de Deus nos dizer que até nos momentos de dor e sofrimento Ele está conosco (Cf. Mt 28,20).


Na Unção dos enfermos, por meio da Igreja, nos é comunicada a força salvadora de Jesus Cristo, Vencedor do mal e da morte. Pela graça do Espirito Santo este sacramento quer nos aliviar em nossa enfermidade. Isso se expressa através da palavra que o sacerdote diz no momento em que ele unge o enfermo na fronte e nas mãos: “Por esta santa Unção e pela sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espirito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos”. Palavras que nos convidam a não termos medo a este sacramento, pois ele é a ajuda que Deus nos dá em nossa enfermidade para transmitir a saúde do corpo e da alma ou pelos menos para nos aliviar de nossos males e nos dar a força para suportá-los.


De modo particular hoje somos convidados a revisarmos nossa postura diante do sacramento da Unção dos enfermos, que por desgraça, faz séculos, este sacramento está demasiado à ideia da morte. Por mais que tenha se mudado o nome de “Extrema Unção” pelo “Unção dos Enfermos”, muitos ainda estão presos na ideia de que este sacramento é para os que estão para partir deste mundo. Este sacramento não se chama mais de “Extrema Unção” e sim a “Unção dos Enfermos”. O Concilio Vaticano II afirma: “A ‘Extrema-Unção’, que também e melhor pode ser chamada ‘Unção dos enfermos’, não é Sacramento só dos que estão nos últimos momentos da vida. Assim, o tempo oportuno para o receber tem o seu início quando o fiel começa a estar em perigo de morte por doença ou por velhice” (SC n.73).


Somos Chamados a Viver o Espirito De Uma Criança


No texto do evangelho de hoje Jesus é apresentado cheio de ternura: “Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”. Ternura é um sentimento de afeto doce e delicado, de atenção carinhosa. É suave comoção. A ternura é sinal de maturidade e vigor interior. A característica de uma ternura é desejar amar e saber que é amado. Por isso, a ternura supõe a capacidade de participar na vida de si e dos outros, tanto nas suas alegrias como nas suas dores, vivendo uma relação de cordialidade (Latim: cor/cordis: coração). Deixar escapar a ternura é deixar escapar a vida. A ternura impede à caridade de reduzir-se a uma moral do dever fornecendo um coração palpitante, acolhedor capaz de afeto compassivo.


Mais uma vez Jesus insiste na importância de ter a ternura e de acolher ternamente na comunidade os que não contam, representados, desta vez pelas crianças, símbolo da total indefesa. As crianças eram sinônimas dos últimos, dos que não contam.


Antes Jesus nos convidou a acolhermos as crianças (Mc 9,37). No evangelho de hoje Jesus nos convida a fazermos como elas para acolher o Reino de Deus (Mc 10,15), isto é, a vontade de Deus no mundo.


Por que Jesus valoriza tanto as crianças, os que não contam?
  1. Por causa de sua humildade. Nenhuma criança é exibicionista. Ela ainda não aprendeu a ser orgulhoso e a ter privilégio. Ela também ainda não aprendeu a colocar a importância em si mesma.
  2. Por causa da sua obediência. Paradoxalmente a criança tem instinto natural para obedecer. Ela ainda não aprendeu o orgulho e a falsa independência que separa o homem do seu próximo.
  3. Por causa da sua confiança. É bastante claro ver que uma criança aceita a autoridade. Ela pensa que seu pai sabe de tudo e por isso, acha que o Pai está certo. A criança confia nas outras pessoas. Ela não pensa que outros sejam ruins, pois ela é pura de coração.
  4. Por causa de sua memória curta. Ela ainda não aprendeu a guardar rancor ou ressentimento. Ela é capaz de brincar novamente logo depois de uma briga. Embora ela tenha sido tratada injustamente, uma criança esquece logo tudo.
     
    “Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.
     
    Esta afirmação tem uma grande profundidade. É um convite para pormo-nos em relação com Deus em uma total “dependência” d’Ele. O verdadeiro discípulo não tem malícia no coração, confia totalmente em Deus e a ele se entrega à vontade de Deus, como as crianças fazem com seus pais.  Os principais beneficiários do Reino são os que sabem desapegar-se de si mesmos (Mc 10,23-31). Aqui a criança é símbolo da disponibilidade, da dependência, da obediência. A criança não calcula (não é calculista), não faz comentários nem discutir como os adultos. Ela depende vitalmente do amor de seus pais que para ela é uma questão de vida ou de morte.
     
    Quando os discípulos repreendiam as crianças de se aproximarem de Jesus, pronunciou Jesus a seguinte frase: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas... Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”.
     
    Jesus não quer uma comunidade na qual haja uns que contam e outros não; onde haja dominadores e dominados, senhores e escravos. Seus discípulos, no entanto, não estavam na linha da vida de Jesus. Jesus se indignou pela atitude discriminatória dos discípulos. O gesto de Jesus de tomar as crianças em seus braços, abençoá-las e impor-lhes as mãos é um gesto profético: Jesus quebra as estruturas rígidas da sociedade de sua época em que reina a desigualdade. Acolher e abraças as crianças significa que todos são iguais diante de Deus e recebam a mesma ternura de Deus.
     
    Através do símbolo de crianças Marcos quer nos transmitir também a ternura de Deus para todos os homens, seus filhos. Somos todos filhos e filhas de Deus independentemente de nosso modo de viver. Como um pai sente ternura por seus filhos, assim sente o Senhor ternura por seus fieis, todos nós. Deus fala, através do Livro do profeta Isaías, as palavras de muita ternura: “Pode a mãe esquecer-se do seu filhinho, pode ela deixar de ter amor pelo filho das suas entranhas? Ainda que ela se esqueça, Eu não Me esquecerei de ti. Eis que Eu te gravei nas palmas das minhas mãos; as tuas muralhas estão sempre diante de Mim” (Is 49,15-16). Estas palavras, com certeza, devolvem nossas confiança em Deus e nosso amor por Deus. De fato, somos amados. Somos crianças de Deus. Como tais precisamos manter nossa inocência e nossa infância espiritual: cheia de fé e de entrega total a fim de que possamos entrar no Reino de Deus. Se nao, Jesus terá que repetir as mesmas palavras para nós: : “Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”.
     
    Para Meditar:

  • Mais do que máquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido” (Charles Chaplin).
     
  • O amor é uma atividade, não um afeto passivo; é um ato de firmeza, não de fraqueza... é propriamente dar, e não receber” (Erich Fromm).
     
  • "As feridas da alma são curadas com carinho, atenção e paz" (Machado de Assis).
     
  • As palavras sem afeto nunca chegarão aos ouvidos de Deus (William Shakespeare).
     
    P. Vitus Gustama,svd

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