20/04/2015
O SENTIDO
DE NOSSA EXISTÊNCIA
SE ENCONTRA SOMENTE
EM DEUS
Segunda-Feira da III Semana da Páscoa
Evangelho: Jo 6,22-29
Depois que Jesus saciara os cinco mil homens, seus
discípulos o viram andando sobre o mar. 22No dia seguinte, a
multidão que tinha ficado do outro lado do mar constatou que havia só uma barca
e que Jesus não tinha subido para ela com os discípulos, mas que eles tinham
partido sozinhos. 23Entretanto, tinham chegado outras barcas de
Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado
graças. 24Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem os
seus discípulos, subiram às barcas e foram à procura de Jesus, em Cafarnaum. 25Quando
o encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste
aqui?” 26Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, eu vos digo:
estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e
ficastes satisfeitos. 27Esforçai-vos não pelo alimento que
se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do
homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. 28Então
perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” 29Jesus
respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”.
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Continuamos a acompanhar a conseqüência ou
a reação da multidão
diante da multiplicação
dos pães e peixes
(Jo 6,1-15). A multidão saciada pelos pães
multiplicados quer fazer
Jesus de rei . Mas
Jesus se afastou da multidão . Jesus não se deixa cair nas garras do poder mundano . Ele quer manter ser Filho
de Deus até
o fim . Por
isso , Jesus se afasta para
entrar em comunhão com o Pai na oração e
meditação . Jesus somente
se deixa conduzir
pelo Espírito
do Pai .
O texto do evangelho deste dia
quer enfatizar ,
precisamente , o problema
da pessoa de Jesus e da capacidade
da fé da multidão
para descobrir o mistério que está por trás dos sinais operados por
Jesus. João convida os ouvintes a estarem
sempre em
estado de busca
autêntica da pessoa
de Jesus para entender suas palavras e
obras .
“Em verdade, em verdade, eu vos digo:
estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e
ficastes satisfeitos”.
O evangelista João
mantém as duas principais perguntas no seu
Evangelho : O que
estais procurando? (Jo 1,38) e Quem
estais procurando (Jo 20,15). Não basta procurar o quê na nossa passagem
deste mundo . É importante
perguntar “quem
estamos procurando”. É importante melhorar nossa
vida profissional
para garantir o pão na mesa . Mas precisamos estar conscientes de que
no fim de nossa
passagem neste mundo
não vamos ficar
mais com
as coisas que
conquistamos. O que da terra
fica aqui na terra .
A vida do ser
humano é muito
além das coisas
materiais . Por
isso , é importante
procurar a razão
pela qual
vivemos neste mundo . Por que
vivemos? Para que
vivemos? Para quem
vivemos? Por quem
vivemos? É preciso que
cada um
de nós interrogue, interrogue-se e
deixe-se interrogar , pois
nisto encontraremos o sentido da vida . Cada resposta encontrada na vida
sempre produz nova (s)
pergunta (s).
Jesus alerta à multidão que o que ela busca é apenas algum benefício
imediato , um
puro consumismo ,
coisas passageiras e efêmeras: “Em verdade , em verdade , eu vos digo:
estais me procurando não porque
vistes sinais , mas
porque comestes pão
e ficastes satisfeitos ”. No imediatismo , na superficialidade ,
no consumismo procura-se um Deus
utilizável; um Deus
que sirva para
nossos pequenos
interesses e caprichos ;
um Deus
comerciante que
distribua seus benefícios
para os homens ;
um Deus
padeiro que
multiplica os pães de maneira mágica sem nenhum esforço da parte
do homem ; um
Deus à nossa
pequena medida
para satisfazer nossos pequenos
desejos e prazeres .
O Deus que
nos tira
do comodismo e da passividade afastamos imediatamente . O imediatismo ,
o consumismo nos
deixa vazios
por dentro .
O consumismo nos
leva a buscarmos o nosso
próprio bem-estar
e abandonarmos o bem comum
que deveríamos fazer .
O consumismo nos
leva a corrermos atrás
de nossos próprios
interesses para ,
depois , cairmos na indiferença
e sermos alheios para
o apelo de quem
necessita do básico para
viver . O consumismo
nos faz esquecermo-nos do amor . Quem se alimenta só do efêmero vive sem
raiz profunda
e fácil de ser
derrubado em qualquer
momento por
um pequeno
sopro do vento
da vida .
“Em verdade, em
verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque
comestes pão e ficastes satisfeitos”. “Eu
gostaria de falar de Deus não nos limites e sim no centro; não na debilidade e
sim na força; não a propósito da morte e da carência e sim da vida e da bondade
do homem” (Bonhoeffer). Somente Deus fala bem do próprio Deus e somente
Cristo é o verdadeiro interprete do Pai, pois Ele é a própria Palavra de Deus
feita carne e por isso, devemos acreditar n’Ele: “A obra de Deus é que
acrediteis naquele que ele enviou”. Ninguém pode manejar Deus.
“Esforçai-vos, não pelo
alimento que perece, mas pelo que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem
vos dará” (Jo 6,27).
O homem de hoje, ainda que não conscientemente, busca
felicidade, segurança, vida, verdade e o sentido da vida. Há boa vontade em
muita gente. O que essas pessoas necessitam é que alguém lhes ajude. Às vezes
tem uma concepção pobre da fé cristã por temor ou por um sentido meramente de
preceito ou por interesse. Alguns procuram Deus pelos favores que d’Ele
esperam, sem buscar o próprio Deus. Se nós cristãos ajudarmos as pessoas que
buscam Deus, com nossas palavras e obras, se formos sinais de Deus nesta terra,
creio que muitas pessoas vão procurar não somente alimento que se perde, mas
principalmente alimento que perdura para sempre que é Cristo que dá valor para
o resto. A partir de Cristo tudo ganha seu próprio valor.
É importante recordar que nem tudo que você quer é o que
você necessita e nem tudo que você necessita você vai conseguir no momento em
que desejar. Mas apesar de tudo, nunca renuncie a suas metas e por isso,
continue em frente! Não permita que as desilusões da vida abortem seu potencial
e o afastem de seus sonhos de dignidade. Procure fazer as coisas e estar com as
pessoas que acrescentam valor à sua vida. Não basta encontrar solução para a
necessidade material; há que aspirar para a plenitude humana e isso requer a
colaboração do homem: “Esforçai-vos”. O alimento que se acaba (o pão) dá
somente uma vida que perece. O que não se acaba, que é o amor, dá vida
definitiva. O pão há de ser expressão do amor. Precisamos ser sinais de amor
para os demais. Na ausência desse amor, perdermos nossa autoridade de cristãos
e não teremos nada para oferecer para as pessoas que buscam o sentido da vida.
“A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”,
disse Jesus à multidão
que o procurou. É curiosa a escolha dos termos laborais (termos que tem a ver
com o trabalho) no texto de hoje: a obra, o trabalho. Crer em Jesus para o
evangelista João é considerado como trabalho, como esforço. Por que crer em
Jesus é considerado como trabalho ou esforço? Porque a tradição, a mentalidade
herdada, as idéias que se tem são algo complexo. O mundo em que vivemos pode
nos dificultar muito a crer em Jesus Cristo. Em todos os momentos temos que
renovar nossa fé em Deus com muita oração, muita reflexão e muita atenção ao
que acontece ao nosso redor e no mundo. O que Deus quer de nós diante de tudo
isso? O que Deus quer que façamos diante dos acontecimentos. Em cada
acontecimento há sempre algum recado de Deus e há, ao mesmo tempo, uma chamada
da parte de Deus para que façamos algo.
“Esforçai-vos, não pelo alimento que perece, mas pelo que
dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27). Meditemos
e reflitamos bem sobre esta frase! Necessitamos reconhecer nossa necessidade de
Deus onde se encontra o sentido de nossa vida. Não deixemos que essa
necessidade seja coberta por algo efêmero.
Portanto, que Deus abra nosso coração, ilumine nossa mente e
aviva nosso amor para que possamos sentir ou experimentar Sua presença
indispensável para nossa vida e salvação.
P. Vitus Gustama,svd
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