01/05/2017
SÃO JOSÉ OPERÁRIO
01 de Maio
Primeira Leitura: Gn 1,26–2,3
26 Deus
disse: “Façamos o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança, para que
domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, e sobre todos os répteis
que rastejam sobre a terra”. 27 E Deus
criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou: homem e mulher os
criou. 28 E Deus os abençoou e lhes disse: “Sede fecundos e multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, sobre os pássaros
do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra”. 29 E Deus disse:
“Eis que vos entrego todas as plantas que dão semente sobre a terra, e todas as
árvores que produzem fruto com sua semente, para vos servirem de alimento. 30 E
a todos os animais da terra, e a todas as aves do céu, e a tudo o que rasteja
sobre a terra e que é animado de vida, eu dou todos os vegetais para alimento”.
E assim se fez. 31E Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito
bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. 2,1 E assim foram concluídos o céu
e a terra com todo o seu exército. 2 No sétimo dia, Deus considerou acabada
toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que
fizera. 3 Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nesse dia descansou
de toda a obra da criação.
Evangelho:
Mt 13,54-58
Naquele
tempo, 54 dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo
que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses
milagres? 55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e
seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs não moram
conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57 E ficaram escandalizados por
causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria
pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles
não tinham fé.
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O Homem É a Imagem De Deus No Mundo
“Façamos
o homem à nossa imagem e segundo a nossa semelhança, para que domine sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu, e sobre todos os répteis que rastejam
sobre a terra”.
O relato do Livro de Gênesis apresenta a
criação do homem como o ponto alto de toda a criação. Depois que criou tudo,
Deus, finalmente, criou o ser humano. No mar Deus deixou os peixes e outros
semelhantes e na terra criou as plantas e os animais terrestres. Tudo foi feito
para o bem do homem.
Entre as criaturas, o homem possui uma característica
singular e única. Ele é o único ser, entre todas as criaturas, criado à “imagem
de Deus”. O conceito bíblico de “imagem de Deus” leva a uma reciprocidade na relação
Deus-homem. Deus é o tudo do homem. No âmago do humano está a abertura construtiva,
inexorável para Deus. Dentro de si o homem tem algo de Deus, pois ele é o fruto
do sopro de Deus. Por ter sido feito do barro da terra, à semelhança dos
animais, é mortal. Mas por ser vida da vida de Deus é transcendente. O sopro
divino é o que coloca o homem no âmbito humano e o distingue dos animais e de
outras criaturas.
O homem é a imagem e a semelhança de Deus. Por
isso, o homem é o tu de Deus. Quando olha para a criatura humana, o próprio Deus
se vê refletido no homem. Deus não criou o homem como objeto qualquer, mas Ele
o criou como um ser correspondente, capaz de responder ao “tu” divino.
O homem é “imagem de Deus” por sua
autoridade sobre o universo, por sua inteligência criadora com que foi posto em
condições de dominar a natureza, desenvolvê-la e transformá-la.
Como “Imagem de Deus” o destino terreno do
homem não é viver por viver; trabalhar, amar, reproduzir-se ou dominar a criação
e sim conviver, compartilhar a vida com Deus e caminhar juntos. O homem jamais
perderia a consciência de ser “Imagem de Deus”. Tudo que o homem fizer, deve refletir
o querer de Deus.
Por isso, vem a pergunta: será que minha
maneira de viver revela ao mundo que sou imagem de Deus? Será que o mundo
percebe que sou imagem de Deus? será que eu faço morrer a imagem de Deus em mim
que leva o mundo a crer sobre a “morte” de Deus no mundo?
O Trabalho É Sagrado Porque Mantém a Vida Do Homem
O livro de Gênesis nos relatou que Deus “trabalhou”
seis dias. Quando o homem trabalha, ele reproduz a imagem de Deus que trabalhou
seis dias e no sétimo dia descansou. Pelo trabalho o homem toca Deus. O trabalho
enobrece o homem e ele pode consagrar a Deus qualquer atividade por simples que
ela seja.
Para a Bíblia, o trabalho é uma função
sagrada, é algo que de certa forma pertence ao mundo e ao próximo, é aquilo que
deve ocupar o tempo do homem. O trabalho é sagrado
porque mantém a vida do homem, e Deus é sensível ao sofrimento da vida e ao
trabalho do homem. O trabalho é o meio de subsistência do homem. A Bíblia não tem uma única palavra de
louvor para o preguiçoso e a pobreza, quando é consequência da preguiça. A preguiça
nunca é considerada virtude. São Paulo nos recorda: “Quem não quer trabalhar,
também não há de comer” (2Ts 3,10).
O trabalho é também um caminho de realização
da pessoa, o meio pelo qual o homem atualiza suas possibilidades e exercita
suas capacidades. O trabalho é um elemento de personificação e de humanização. O
que importa na vida do homem é o esforço sempre renovado. É o amor que se
coloca em tudo aquilo que faz.
Mas o homem precisa estar consciente de que
o trabalho deve possibilitar viver e desfrutar a vida. Jamais podemos ser
escravos do trabalho. O homem trabalha para viver e não viver somente para
trabalhar. Todos condenam a preguiça, mas nem todos estão conscientes dos
perigos do excesso de trabalho.
Na Bíblia, Deus se manifesta como Aquele que
trabalha, mas que depois descansa. Deus quer que o homem interrompa seus
afazeres, recupere suas energias e encontre tempo para elevar seu olhar mais
para o alto. O preceito sabático, na Bíblia, existe para libertar o homem de
seu próprio trabalho. O significado profundo do preceito sabático está em
romper a alienação do trabalho. O preceito sabático existe para impedir que o
homem pense que ele somente vale aquilo que produz. O homem deve saber que o
seu “ser” e aquilo que ele “faz” ou “produz” são coisas completamente
distintas. Um mundo que valoriza somente segundo o critério de desempenho não pode
ser considerado um mundo humano e sim um mundo mecanizado.
Paralelamente, o preceito cristão do
descanso dominical existe para libertar o homem de seu próprio trabalho. É o
homem que dá valor ao seu trabalho ou à função que desempenha, e não o contrário.
O trabalho em excesso pode embotar a mente e oprimir o espirito, convertendo
assim o trabalho numa espécie de ídolo.
Em Nazaré Jesus Ajuda José No Trabalho Como Carpinteiro
“De onde lhe vêm essa sabedoria e esses
milagres? Não é ele o filho do carpinteiro?”.
Jesus começa o relato dos “fatos” da vida
terrena de Jesus com a rejeição/recusa pelos nazarenos: “Acas não é este filho
do carpinteiro?”.
A palavra “carpinteiro” (tékton) somente aparece
em Mc 6,3 e Mt 13,55 em todo o Novo Testamento. Em grego “tékton” não significa
somente uma pessoa que trabalha com madeira, mas também com ferro (serralheiro)
e pedra (pedreiro). Jesus trabalhava com essas coisas acompanhando seu pai
adotivo, José.
No texto de Marcos (Mc 6,3) o termo “carpinteiro”
(tékton) se aplica a Jesus: é a única passagem bíblica em que se menciona o ofício exercido por Jesus: “Não é este o carpinteiro?”. Em Mateus o termo se aplica
a José: “Não é ele o filho do carpinteiro?”.
José trabalha (carpinteiro) e Jesus
(carpinteiro/filho do carpinteiro) também como sua Mãe, Maria, dona de casa. O trabalho
é a expressão cotidiana do amor na vida da família de Nazaré. O tipo de
trabalho para manter a família é carpintaria. A simples palavra “carpinteiro”
abarca toda a vida de São José.
Para Jesus, os anos em Nazaré (antes de sua
vida pública) são os anos da vida escondida da qual fala o evangelista Lucas
atrás do episódio no Templo: “Em seguida,
desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso” (Lc 2,51ª). Esta “submissão”
quer dizer, primeiramente, a obediência de Jesus na casa de Nazaré. Em segundo
lugar, esta “submissão” é entendida também como participação no trabalho de José.
O que era chamado o “filho de carpinteiro” aprendeu o trabalho de seu pai
adotivo, José.
O trabalho humano, especialmente o trabalho
manual, tem no Evangelho um significado especial. Junto à humanidade do Filho
de Deus, o trabalho faz parte do mistério da encarnação. Graças ao seu trabalho,
sobre qual exerce sua profissão com Jesus, São José aproxima o trabalho humano
ao mistério da redenção. No crescimento humano de Jesus “em sabedoria, idade e
graça” representou uma parte notável a virtude da laboriosidade. O trabalho faz
o homem, em certo sentido, mais homem.
O trabalho humaniza o homem e através de seu
trabalho honesto ele se diviniza e potencia sua humanidade. Trabalhando com
Jesus, são José se diviniza, pois Jesus é o Deus-conosco. São José Operário,
interceda por nós para que através de nosso trabalho possamos nos humanizar
mais a fim de que consigamos ser divinizados. Assim seja!
P. Vitus Gustama,svd
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