27/01/2018
FÉ
NO SENHOR EM TODOS OS MOMENTOS!
Naqueles dias,
1 o Senhor mandou o profeta
Natã a Davi. Ele foi ter
com o rei
e lhe disse: “Numa cidade havia dois
homens, um
rico e outro pobre. 2 O rico possuía
ovelhas e bois
em grande
número. 3 O pobre
só possuía uma ovelha
pequenina, que
tinha comprado e criado.
Ela crescera em
sua casa
junto com
seus filhos,
comendo do seu pão,
bebendo do mesmo copo,
dormindo no seu regaço.
Era para ele como uma filha. 4 Veio um hóspede à casa do homem rico, e este não quis tomar uma das suas ovelhas ou um dos seus bois para preparar um banquete e dar de comer ao hóspede que
chegara. Mas foi, apoderou-se da
ovelhinha do pobre e preparou-a para o visitante”.
5 Davi ficou indignado contra esse homem e
disse a Natã: “Pela vida
do Senhor, o homem
que fez isso
merece a morte! 6 Pagará quatro
vezes o valor
da ovelha, por
ter feito o
que fez e não
ter tido compaixão”.
7 aNatã disse a Davi: “Esse homem és tu! Assim
diz o Senhor, o Deus
de Israel: 10 Por isso,
a espada jamais
se afastará de tua casa, porque me
desprezaste e tomaste a mulher do hitita
Urias para fazer dela a
tua esposa. 11 Assim
diz o Senhor: Da tua própria
casa farei surgir
o mal contra
ti e tomarei as tuas mulheres, sob os teus olhos, e as darei a um
outro, e ele
se aproximará das tuas mulheres à luz deste sol.
12 Tu fizeste tudo
às escondidas. Eu,
porém, farei o que
digo diante de todo
o Israel e à luz do sol”.
13 Davi disse a Natã: “Pequei contra o Senhor”. Natã respondeu-lhe: “De sua
parte, o Senhor
perdoou o teu pecado,
de modo que
não morrerás! 14 Entretanto,
por teres
ultrajado o Senhor com
teu procedimento o filho
que te
nasceu morrerá”. 15 E Natã voltou para a sua casa. O Senhor feriu o filho que a mulher de
Urias tinha dado
a Davi e ele adoeceu gravemente. 16 Davi implorou a Deus
pelo menino e
fez um grande
jejum. E, voltando para
casa, passou a noite
deitado no chão.
17 Os anciãos do palácio
insistiam com ele
para que se
levantasse do chão; mas
ele não
o quis fazer nem
tomar com eles alimento algum.
Mc 4,35-41
35Naquele dia ,
ao cair da tarde ,
Jesus disse a seus discípulos :
“Vamos para a outra
margem !” 36Eles
despediram a multidão e levaram Jesus consigo , assim como estava na barca .
Havia ainda outras barcas
com ele .
37Começou a soprar uma ventania muito forte e
as ondas se lançavam dentro da barca ,
de modo que
a barca já
começava a se encher . 38Jesus estava na parte
de trás , dormindo sobre
um travesseiro .
Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre , estamos perecendo e tu
não te
importas?” 39Ele
se levantou e ordenou ao vento e ao mar : “Silêncio !
Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria .
40Então
Jesus perguntou aos discípulos : “Por que sois tão medrosos ? Ainda não
tendes fé ?” 41Eles sentiram um
grande medo e
diziam uns aos outros : “Quem é este , a quem até o vento e o mar
obedecem?”
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Esse Homem És Tu
2Sm 11 em que se narra o caso extraconjugal entre
Davi e Betsabéia (esposa de Urias) termina com a seguinte afirmação: “O procedimento
de Davi desagradara o Senhor” (2Sm 11,27c).
A fraqueza de Davi consiste numa curiosidade
sensual, uma fraqueza humana que não é alheia a nenhum homem. Mas de modo
relativamente rápido, o mal evolui aqui num homicídio completo: ao fim da
narrativa, Urias (marido de Betsabéia) é eliminado. Assim é que o mal vai
crescendo na nossa vida. Começa com uma trivialidade: é humano. Mas humano é
também crescimento. É precisamente por causa disso que o mal se torna real.
Davi procura agora repudiar a sua culpa. Tem
apenas uma intenção: a de salvar as aparências. Não pensa em reconhecer a sua
culpa. Torna-se cada vez mais fanático e raivoso, impaciente e intolerante. Vai-se
formando uma obcecação respectivamente a todo o resto. Todo o poder do trono é usado para este único fim: salvar a sua
honra mesmo que a culpa seja muito óbvia e evidente. Sem nenhum motivo,
Davi dá a ordem de que Urias pode voltar para tirar férias e manda para a casa
para estar com a mulher. Mas Urias não se deixa enganar. O mal fatal começa quando
alguém procura reprimir a sua culpa, como aconteceu com Davi. Duas vítimas:
Betsabéia grávida e Urias morto no combate por vontade de Davi.
O profeta Natã abre o diálogo com Davi
através de uma parábola (veja também 1Rs 20,35-43). A parábola deu resultado. A
Palavra de Deus é dirigida a Davi por meio do profeta Natã: “Tu és esse homem rico!” (2Sm 12,7).
Davi necessita de outra pessoa para chegar a conhecer a sua culpa. Depois da
parábola e de sua interpretação (2Sm 12,1-12), Davi se arrependeu e disse a
Natã: “Pequei contra o Senhor”.
Enquanto continuarmos a reprimir a nossa
culpa, mostramos que não nos sentimos aceitos totalmente. Somente quando
aceitamos realmente o sermos aceitos por Deus e cremos que sua aceitação é
total e sem limites, somos capazes de reconhecer a nossa culpa. Já o próprio
fato de reprimirmos a nossa culpa é uma sinal claro de que não cremos
plenamente no amor de Deus, o que é o aspecto mais grave em nossa repressão. Encontramos
às vezes pessoas incapazes de reconhecer as suas faltas e de arrepender-se de
certas coisas. Tais pessoas merecem a nossa compaixão, por causa de sua
insegurança interior como aconteceu entre Davi e o profeta Natã. A resposta
certa não se encontra na repressão e sim no perdão. Somente o homem que
encontrou a coragem de reconhecer a sua culpa e confiar na misericórdia de Deus
é realmente capaz de se aceitar a si mesmo e de encontrar a paz que o mundo não
pode dar nem tirar.
Também nós somos débeis e fracos. Não matamos
nem cometemos adultério (talvez). Somos convidados a reagir como Davi. Toda vez
que celebramos a Eucaristia começamos com um ato penitencial que quer ser como
um exercício simples de humildade diante da santidade infinita de Deus,
enquanto que nós somos tão imperfeitos e débeis. No Pai-Nosso voltamos a pedir
a Deus que perdoe nossas ofensas e que não nos deixe cair nas nossas tentações.
E sobretudo, no Sacramento da Reconciliação expressamos nossa conversão a Deus,
lhe pedimos perdão e nos deixamos comunicar com confiança o triunfo de Cristo
na Cruz sobre o pecado.
“Tu és ess homem!”. Sou eu? Qual é meu
pecado? Qual é minha culpa? Qual é minha forma de opressão sobre os demais? Eu
uso os outros para minha próprio vantagem? De que maneira eu exerco meu poder,
cargo, coordenação?
Evangelho e Sua Mensagem
A imagem
de Jesus que contemplamos na leitura dos quatro
milagres é esta: Jesus tem um poder supremo sobre
as forças da natureza
(Mc 4,35-41) e derrota uma legião de demônios
(Mc 5,1-20); cura e salva
uma mulher e vence a morte
(Mc 5,21-43). Os dois últimos
milagres se entrecruzam no relato. Ao relatar esses milagres Marcos
quer nos
transmitir uma certeza :
Só Jesus pode salvar .
Entram aqui os temas
da fé e da salvação. Por isso , Marcos não se
limita a contar os milagres .
Marcos se sente um
evangelista que
anuncia, à luz da Páscoa ,
o que o Senhor
fez e O anuncia para suscitar
a fé em
Jesus Cristo . Ainda
hoje esses
relatos são anúncios
de salvação, pois ao lê-los e ao meditá-los,
impõem-nos um exame
de nossa fé .
Temos fé em
Jesus ou nós
acreditamos mais na força
do mal ?
1. É Preciso
Sair Ao Encontro
Dos Outros
2. Só
Jesus Pode Salvar
Na travessia
Jesus parece ausente , pois
dorme e parece estar completamente
alheio à tragédia
do mar (v.38a). O sono
tranqüilo de Jesus simboliza uma confiança
total em
Deus .
A descrição
detalhada de Marcos sobre
o que estava acontecendo permite dar-se conta de que não há esperança
alguma: “Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas
se lançavam dentro da barca , de modo que a barca já começava a se encher ”.
A barca está se afundando. Somente então é que os discípulos
olham para Jesus que
dorme e com tom
de reprová-lo, o despertam com as seguintes palavras :
“Mestre , estamos perecendo e tu não te importas?”. Não
conheciam Jesus. Não conseguiram imaginar e acreditar que , com Jesus,
jamais podiam afundar-se. E Jesus se
levantou e com seu
poder Jesus acalmou o vento :
“Silêncio ! Cala-te!”.
A natureza
volta à calma ;
os discípulos não .
Ficam ainda mais
assustados e diziam: “Quem é este , a quem até o vento e o mar lhe
obedecem?”. E “eles
sentiram um grande
medo ”, isto
é, ficaram sob o efeito
do sentimento de grande
perturbação e medo : estáticos
e reverenciais que sentem diante do divino .
3. É Preciso
Ter Fé Em Jesus Em Todos Os Momentos
“Ainda
não tendes fé ?”,
Jesus
perguntou retoricamente aos discípulos . Segundo a Carta
aos Hebreus : ”A fé é a certeza
daquilo que ainda
se espera , a demonstração
de realidades que
não se vêem” (Hb11,1). Trata-se
de uma fórmula admirável !
A fé é um
paradoxo . Ela
nos faz “possuir ”
já o que
não temos e nos
faz “conhecer ” o que
está fora da capacidade
de nossos sentidos .
A fé é Deus
no homem que
nos leva
ao entusiasmo (entusiasmo =
Deus está dentro :
em + theos); é um inicio do céu ;
é a alegria eterna ,
presente já
no seio da monotonia
cotidiana . A fé
é um dinamismo
vital extraordinária ;
uma aventura em
companhia do Invisível ;
é a familiaridade com
um imenso
entorno de realidades invisíveis ; é um
novo modo de conhecimento , uns “olhos
novos ” para ver tudo com profundidade .
A fé é confiar
na palavra de alguém ;
é pôr-se em caminho ;
é atravessar a noite
até a luz ;
é viver e esperar uma cidade perfeita
onde tudo
será edificado sobre o amor . A fé é crer na fecundidade de minha vida com a ajuda divina , apesar
das aparências contrárias; é trabalhar segundo meus meios e confiar nas promessas
de Deus que
é muito fiel
a Si próprio .
“Ainda não
tendes fé ?” é a pergunta
dirigida a cada um
de nós que
nos chama
a verificarmos até que
ponto temos realmente
fé . "Quanto mais
um ser se
afasta de Deus , tanto
mais ele
se aproxima do nada . Quanto mais se
aproxima de Deus , tanto
mais se distancia do nada " dizia Santo
Tomás de Aquino.
No Evangelho
de hoje Jesus nos
convida a um ato
de fé nele. Talvez
seja necessário que
estejamos numa barquinha agitada pelo vento para
que percebamos a presença
de Deus . Há cristãos
que só
pensam em Deus
quando ficam doentes ,
quando atingidos por
alguma desdita (falta
de sorte ). Só
então rezam com
toda a devoção
e pedem a Deus para
que ele
venha socorrê-los. Quando tudo corre bem o ser humano corre o risco de se tornar auto-suficiente . É a pedagogia
da provação .
P. Vitus
Gustama,svd
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