05/02/2018
DEUS ESTÁ NO MEIO DE NÓS: É PRECISO TOCAR
E DEIXAR-SE TOCAR POR
ELE
Naqueles dias, 1 Salomão
convocou para junto de si, em Jerusalém, todos os anciãos de Israel, todos os
chefes das tribos e príncipes das famílias dos filhos de Israel, a fim de
transferir da cidade de Sião, que é Jerusalém, a arca da aliança do Senhor. 2 Todo
o Israel reuniu-se em torno de Salomão, no mês de Etanim, ou seja, no sétimo
mês, durante a festa. 3 Vieram todos os anciãos de Israel, e os sacerdotes
tomaram a arca 4 e carregaram-na junto com a tenda da reunião, como também
todos os objetos sagrados que nela estavam; quem os carregava eram os
sacerdotes e os levitas. 5 O rei Salomão e toda a comunidade de Israel, reunida
em torno dele, imolavam diante da arca ovelhas e bois em tal quantidade, que
não se podia contar nem calcular. 6 E os sacerdotes conduziram a arca da
aliança do Senhor ao seu lugar, no santuário do templo, ao Santo dos Santos,
debaixo das asas dos querubins, 7 pois os querubins estendiam suas asas sobre o
lugar da arca, cobrindo a arca e seus varais por cima. 9 Dentro da arca só
havia as duas tábuas de pedra, que Moisés ali tinha deposto no monte Horeb,
quando o Senhor concluiu a aliança com os filhos de Israel, logo que saíram da
terra do Egito. 10 Ora, quando os sacerdotes deixaram o santuário, uma nuvem
encheu o templo do Senhor, 11 de modo que os sacerdotes não puderam continuar
as funções porque a glória do Senhor tinha enchido o templo do Senhor. 12 Então
Salomão disse: “O Senhor disse que
habitaria numa nuvem, 13 e eu edifiquei uma casa para tua morada, um templo
onde vivas para sempre”.
Evangelho: Mc
6, 53-56
Naquele
tempo , 53tendo
Jesus e seus discípulos
acabado de atravessar
o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e
amarraram a barca . 54Logo
que desceram da barca ,
as pessoas imediatamente
reconheceram Jesus. 55Percorrendo
toda aquela região ,
levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde
ouviam falar que
Jesus estava. 56E, nos povoados , cidades e campos
onde chegavam, colocavam os doentes nas praças
e pediam-lhe para tocar ,
ao menos , a barra
de sua veste .
E todos quantos
o tocavam ficavam salvos .
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Templo De Jerusalém e a Arca
Da Aliança: Momento Da União Nacional Na Presença De Deus
“Naqueles
dias, Salomão convocou para junto de si, em Jerusalém, todos os anciãos de
Israel, todos os chefes das tribos e príncipes das famílias dos filhos de
Israel, a fim de transferir da cidade de Sião, que é Jerusalém, a arca da
aliança do Senhor. Todo o Israel reuniu-se em torno de Salomão...”.
O mais característico do reinado de Salomão é
que construiu o Templo de Jerusalém, o que Davi tinha querido edificar, mas que
as circunstancias e a voz do profeta, aconselharam para deixar mais tarde.
Este templo, inaugurado uns mil anos antes de
Cristo, foi destruído por Nabucodonosor quatro centos anos mais tarde, e logo reconstruído
várias vezes. Nos tempos de Jesus o Templo estava em seu esplendor (cf. Mc
13,1-2; Mt 24,1-2; Lc 21,5-6). Mas logo no ano 66 d.C, os exércitos de Tito o destruíram
novamente. Agora em seu lugar há uma grande Mesquita (muçulmana).
Hoje lemos como Salomão organizou a solene e
festiva trasladação da Arca da Aliança para dentro do Templo na festa da
dedicação do Templo recém-construido. A Arca da Aliança acompanhou o povo em sua
época nômade pelo deserto e que logo havia depositado em vários templos e
casas. A Arca da Aliança com as duas tábuas da Lei de Moisés é agora levada ao
Templo, como símbolo da continuidade com o período das peregrinações, apesar de
que o povo já tinha se assentado definitivamente. A trasladação da Arca da
Aliança coincide com a festa dos Tabernáculos ou a festa das tendas (1Rs 8,2.
Cf. Lv 26,29-43).
Quando a Arca é introduzida no Templo, Deus
toma posse de sua casa. A nuvem (1Rs 8,9), associada à glória de Deus, é a manifestação
sensível da presença do Senhor (cf. Ex 14,20; 19,16; 24,15-17). A partir dai, o
povo de Israel está consciente de que o Templo é a sede da presença divina; o
Templo é a “casa” de Deus. Essa fé do povo isarelita na presença de Deus em seu
Templo é a razão do culto que aí é celebrado e das iniciativas dos fieis. A certeza
de que Deus residia no Templo, a devoção para com a “casa de Deus”
frequentemente são expressas nos Salmos, cujas ligações com o culto e com o
Templo são evidentes. Mas essa presença de Deus no meio de seu povo é uma graça
e será retirada se o povo for infiel.
Deus, que tomou posse de seu santuário com a
entrada da Arca, se apresenta, ao mesmo tempo, como um Deus escondido (na
nuvem) e um Deus manifestado (na luminosidade da glória).
Além de toda a assembleia de Israel que se
encontra presente nesta festa (1Rs 8,2.5.13.22), têm um papel preeminente o
conselhos de anciãos, os chefes de tribos, os chefes de famíliase,
teoricamente, os sacerdotes e o rei (1Rs 8,1). Eles representam “todo o Israel”
e legitimam o templo de Salomão como santuário nacional. O Templo, a santa
Habitação, continuará o centro da piedade judaica.
Se os judeus estavam orgulhosos de seu Templo
e da Arca da Aliança, nós temos, todavia, mais motivos para apreciar nossas
igrejas como edifício sagrado onde podemos conversar com tranquilidade com
Deus. É preciso respeitar o silêncio sagrado. Somente fala com autoridade quem
aprende a calar-se no momento certo e quem aprecia o silêncio. Todas as obras
primas são fruto de um longo silêncio.
Sabemos e temos consciência de que Deus está
presente em todas partes do universo. Mas ter um espaço adequado,
convenientemente separado do espaço profano nos ajuda para nossa oração e para
a reunião da comunidade e para nosso encontro com Deus.
Além disso, a presença eucarística de Jesus
Cristo que quer que participemos sacramentalmente de seu Corpo e seu Sangue na
comunhão, e que prolonga esta presença no sacrário, sobretudo, para a comunhão
dos enfermos ou moribundos, dá a nossas igrejas uma dinidade nova e entranhável.
Cristo Jesus eucarístico é uma presença privilegiada, um sacramento visível de
sua contínua e invisível proximidade como Senhor Ressuscitado. É nosso “viático”,
alimento para o caminho.
Portanto, Deus não somente habita no Templo. Sua
morada especial somos nós mesmos (cf. 1Cor 3,16-17). Ele nos consagrou como
seus. Por isso, a glória de Deus deve resplandecer desde nosso próprio
interior. A partir de sua encarnação, Deus veio viver entre nós. Já não é a
nuvem que O representa e sim ele próprio no meio de seus. A partir de Sua
presença em nós, nós nos convertemos em um sinal d´Ele no meio de nossos irmãos.
O Evangelho e Sua Mensagem
O texto
do evangelho de hoje
pode ser qualificado na categoria
de “sumário ” ou
síntese que
o evangelista Marcos
faz, de vez em
quando , para resumir um período de atividade
de Jesus e para unir as
distintas partes de seu
relato. Nesse sumário Jesus não toma
nenhuma iniciativa nem
se põe, como tantas outras vezes , a ensinar (cf. Mc
6,34). As pessoas se aproximam de Jesus para ser curadas por Ele .
“... levavam os doentes
deitados em suas
camas para o lugar onde
ouviam falar que
Jesus estava”,
assim relatou o evangelista
Marcos .
A enfermidade
e os sofrimentos acompanham a vida do homem permanentemente
e o situa numa terrível insegurança .
Tudo isso
simboliza a fragilidade da condição humana
submetida aos riscos inesperados e imprevisíveis .
A enfermidade contradiz o desejo de absoluto
e de solidez que
todos nós
temos. Por isso
é que a enfermidade
guarda sempre
uma significação religiosa mesmo para o homem moderno .
“Todos
quantos tocavam Jesus, ficavam salvos ”.
Esta frase tem um peso teológico . “Salvar ” é ato próprio de Deus em relação ao homem .
Por isso ,
esta frase vai muito
além de uma simples
cura . Toda
proximidade de Jesus possibilita a passagem do homem
para a nova condição de vida .
Trata-se de uma total restauração do homem
que se aproxima de Jesus com fé . A fé é simples :
as pessoas querem tocar
Jesus para ficar curadas
de seus males .
As pessoas dos contornos
levavam os enfermos para
Jesus para que
pudessem tocar , ao menos ,
a barra de sua
veste .
As pessoas , na sua simplicidade ,
acreditavam que somente
o contato direto
com Jesus é que
se sentiam afetadas pelo poder
de Jesus. Dessa maneira ficavam curadas.
O amor
gratuito , que
Deus nos
tem, desperta nossa consciência
de que vivemos num mundo
de gratuidade que nos
faz vivermos agradecidos e gratos permanentemente ou
nos faz vivermos uma vida eucarística. E essa consciência
nos leva
a ajudarmos gratuitamente os que se encontram “enfermos ”
nesta vida . Da experiência
cotidiana percebemos que os que
ajudam mais os outros ,
sem esperar nada de troca , são mais felizes do que
os demais . “Quando
perguntamos pela bondade
de um homem ,
não perguntamos por
suas crenças
ou esperanças ,
mas por
seus amores ”
(Santo Agostinho: De fide, spe et
char. 31).
“Todos
quantos tocavam Jesus, ficavam salvos ”. Nós ,
cristãos , temos que
aprender a “tocar ” Jesus,
a não perder
nenhuma maneira o contato
direto com
Jesus, porque Ele
é a fonte do que
somos e daquilo que dá sentido à nossa
vida . Somente
tocando Jesus, encontraremos a força para seguir adiante
nesta vida e para
segui-Lo pelos caminhos
da vida .
Há, pelo menos , dois caminhos para nos encontrarmos com
Jesus e tocá-Lo. Um é através da Eucaristia
e da leitura e da escuta
da Palavra de Deus .
Em cada
Palavra proclamada e meditada há sempre alguma palavra
para minha vida se eu
estiver aberto diante
dela. Há sempre uma palavra
que toca minha vida ou minha maneira de viver . Na Eucaristia a Palavra
de Deus se faz alimento
para minha peregrinação nesta terra rumo à casa do Pai , nosso lar definitivo . Outra maneira é nos
aproximarmos dos nossos irmãos e irmãs, especialmente
dos mais pobres
e desamparados, dos que sofrem. Eles são , hoje , sacramentos
viventes da presença
de Jesus no meio de nós
(Mt 25,40.45). O contato físico , real , diário , com eles nos fará experimentar , sem dúvida nenhuma, a humanidade
viva e real
de Jesus que nos
cura de nossas enfermidades .
O Senhor nos recebe em sua Casa e nos alimenta com sua Palavra e Seu Pão eucarístico. Mas ele nos envia para que demos testemunho
de nossa fé ,
alimentando os demais
com nosso
amor gratuito
para que eles possam voltar a viver com mais vigor como filhos e
filhas amados do Pai .
P. Vitus
Gustama,svd
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