O
Nascimento
de João Batista
23
de Dezembro

Primeira
Leitura: Ml 3,1-4.23-24
Assim fala o Senhor Deus: 1 “Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar
o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Dominador, que tentais
encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos
exércitos; 2 e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem
poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a
barrela dos lavadeiros; 3 e estará a postos, como para fazer derreter e
purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro
e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. 4 Será
então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros
tempos e nos anos antigos. 23 Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes
que venha o dia do Senhor, dia grande e terrível; 24 o coração dos pais há de
voltar-se para os filhos, e o coração dos filhos para seus pais, para que eu
não intervenha, ferindo de maldição a vossa terra”.
Evangelho: Lc 1,57-66
57 Completou-se
o
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Depois das anunciações dos nascimentos, contemplamos agora os próprios nascimentos. Hoje o texto fala do nascimento de João Batistas, e depois amanhã (25/12), o nascimento de Jesus.
João Batista foi um personagem conhecido em seu tempo. O historiador Flávio Josefo não se esqueceu de citá-lo. Para a fé cristã supõe o fim do Antigo Testamento (AT) e o prelúdio do Novo Testamento (NT). João Batista é, nada mais e nada menos que Precursor. Seu nome o indica: João quer dizer “Deus se compadeceu”, enquanto que Jesus significa “Deus salva”. No entanto, nada disto impede que as atitudes fundamentais de sua personalidade possam nos servir perfeitamente como esquema de reflexão. Através de sua pregação, os homens descobrem o verdadeiro Messias. Seu objetivo, como na passagem da Samaritana (Jo 4,1-42), é facilitar que as pessoas digam: “Já não é por causa daquilo que contaste que cremos, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Conseguido isto, já podem decapitá-lo, pois sua missão estará cumprida.
João Batista é o Sacerdote-Profeta
“Eis que envio meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho para mim...”
A Primeira Leitura é tirada do Livro do Profeta Malaquias (século V a.C). As profecias de Malaquias acontecem na época em que o templo é reconstruído. O culto de Templo é muito deficiente. A casta sacerdotal está longe de ser reformada/renovada. Segundo a profecia de Malaquias, a vinda de Javé será a oportunidade para uma profunda renovação da casta sacerdotal para que a casta sacerdotal possa voltar ao ideal de fidelidade de seus antepassados (cf. Ex 32,26-29; Nm 25,7-13; Dt 33,8-11): a perfeição no culto e a purificação moral ou uma justiça social. O sacerdote precisa ser homem de rito e homem de palavra (cf. Mal 2,6-7).
Da parte de Deus há anúncio de reformas e sobretudo, o envio de um mensageiro que prepare o caminho do próprio Senhor. Sua vinda será graça e juízo, ao mesmo tempo, será um fogo que purifica para que a oferenda do Templo seja dignamente apresentada diante do Senhor. Uma das características da missão deste mensageiro será que “converterá o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais”.
Os traços do sacerdote ideal se encontram em João Batista. O profeta João Batista é um membro da família sacerdotal (Lc 1,5). Porém, João Batista nunca exerceu um ministério sacerdotal, propriamente dito. Ele prefere, antes, um ministério profético. Na descrição de Malaquias, João Batista é o sacerdote-profeta.
A vinda de Messias inaugurará uma reforma profunda da “função sacerdotal” que a família de Levi exerce até aqui. O Homem-Deus, o Deus-Conosco vem para fundar o culto definitivo. A oferenda não será mais animais. Cristo Jesus é a oferenda agradável e justa. Jesus não oferece um cordeiro pascal e sim se oferece a si mesmo, sua própria vida e sua própria morte. Ele derrama seu sangue na cruz para salvar a humanidade. O valor da minha vida é o sangue de Jesus derramado na cruz. A Eucaristia é o sacrifício espiritual pelo qual os cristãos se oferecem eles mesmos em união com Cristo.
“Eis que envio meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho para mim...”. O anúncio do profeta Malaquias de que Deus enviará um mensageiro, prepara em paralelo o relato evangélico do nascimento de João Batista. A figura de João Batista nos convida à conversão, a voltarmos para o Senhor que vem nos salvar e deixarmo-nos salvar por ele. A voz de João Batista, neste Advento, nos convida à vigilância com o olhar posto no futuro de Deus e ouvido atento para escutar a Palavra de Deus. Cada Advento é pôr-se em marcha ao encontro de Deus que sempre vem. Na nossa vida, como na sociedade e o Templo de Israel, há coisas que precisam urgentemente mudar, as atitudes que devem ser purificadas e os caminhos que necessitam de endireitar-se. No Natal basta abrir os presentes. Temos que abrir, principalmente, nosso coração e nos tornar presentes para os outros. Ser presente é ser dom para os outros.
Um dos sinais da proximidade de um Natal segundo o coração de Deus seria aquilo que o profeta Malaquias anunciava: a reconciliação entre os pais e os filhos, entre os irmãos, entre os vizinhos, entre os membros da comunidade. Esta é a melhor preparação para uma festa que celebra o Deus que se fez Deus-Conosco, e portanto, nos convida a sermos nós-Com Deus, por uma parte e nós-conosco, por outra, porque todos somos irmãos.
Nascimento
de João Batista
João significa o Senhor manifestou sua benevolência; “Zacarias”: “Deus se recordou”; “Isabel” (elíseba, Hbr): “Deus é plenitude, perfeição”.
O nascimento de João
Isabel viveu a
“Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: ‘João é o
Deus salva pela graça, gratuitamente. Esta tese da Carta de São Paulo aos romanos estava já escrita quando começou a redação dos evangelhos.
Todos se alegraram
“O
“De fato, a mão do Senhor estava com ele”. É uma bela imagem: mão. A mão de um homem é algo formoso. É algo que lhe permite atuar, ajudar, acariciar, trabalhar. No sentido metafórico a mão tem alguns sentidos na Bíblia. “Dar a mão” significa firmar uma aliança ou contrato. “Pôr a mão na boca” é sinal de querer ficar calado (Jó 21,5; Pr 30,32). “Pôr a mão na cabeça” significa tristeza (2Sam 13,19; Jr 2,37) “Tocar na mão do outro” significa prometer fidelidade a um pacto (Pr 6,1 ou exprime acordo (Gl 2,9) e amizade (2Rs 10,15). A mão é símbolo de poder, de força e posse
“A mão de Deus” significa, simbolicamente, o exercício de seu soberano poder, símbolo do poder divina (Dt 4,34; 5,15), especialmente na criação e na providência (Sl 8,7; Jó 10,8; Ex 13, 3.15). “A mão de Deus” repousa sobre alguns para abençoá-los, conceder-lhes o espirito prometido ou assinalar uma intervenção divina. “A mão de Deus”. Há em Deus algo que corresponde à mão. Que a mão do Senhor esteja conosco todos os dias.
O
Será
Além disso, a Palavra de Deus meditada neste
dia nos convida a confiarmos em Deus, a vivermos o tempo presente confiando nas
sendas do Senhor que são misericórdia e lealdade- fidelidade a exemplo de
Isabel e Zacarias. Tenhamos fé apesar das impossibilidades humanas, pois Deus tem
poder de transformar o impossível em possível (cf. Lc 1,37). Sejamos fies ao
nosso Deus em todos os momentos de nossa vida, pois Deus sabe o que fazer com
nossa vida.
P.
Vitus Gustama,svd
Para Refletir:
Isabel e Zacarias eram justos.
“As bênçãos descansam sobre a cabeça do justo, mas a boca dos maus
oculta a injustiça” (Provérbio 10,6).
“A
vereda dos justos é como a aurora, cujo brilho cresce até o dia pleno. A
estrada dos iníquos é tenebrosa, não percebem aquilo em que hão de tropeçar” (Provérbio 4,18-19).
“A vida
dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá... Os que em
Deus confiam compreenderão a verdade, e os que perseveram no amor descansarão
junto a ele. Pois a graça e a misericórdia são para seus santos e a visita divina
é para seus eleitos” (Sabedoria 3,1. 9).
“A boca do justo é fonte de vida, enquanto
a boca dos ímpios encobre a violência” (Provérbio 10,11).
“O justo, que anda na sua integridade,
deixará filhos felizes depois dele” (Provérbio 20,7).
P. Vitus Gustama,svd
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