terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Sábado Da VI Semana Comum,19/02/2022

ESCUTAR JESUS, PALAVRA DO PAI, É VIVER UMA VIDA GLORIFICADA

Sábado Da VI Semana Comum

Primeira Leitura: Tg 3,1-10

1 Meus irmãos, não haja muitos que queiram ser mestres! Sabeis que nós, os mestres, estamos sujeitos a julgamento mais severo, 2 pois todos nós tropeçamos em muitas coisas. Aquele que não peca no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo. 3S e pomos um freio na boca do cavalo para que nos obedeça, conseguimos dirigir o seu corpo todo. 4 Reparai também nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeníssimo leme na direção que o timoneiro deseja. 5 Assim também a língua, embora seja um membro pequeno, se gloria de grandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia! 6 Ora, também a língua é um fogo! É o universo da malícia! Fazendo parte dos nossos membros, a língua contamina o corpo todo e, atiçada como está pelo inferno, põe em chamas o ciclo de nossa existência!  7Com efeito, toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais marinhos pode ser domada e tem sido domada pela espécie humana. 8 Mas a língua, nenhum homem consegue domá-la: ela é um mal que não desiste, e está cheia de veneno mortífero. 9 Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à imagem de Deus. 10 Da mesma boca saem bênção e maldição! Ora, meus irmãos, não convém que seja assim.

Evangelho: Mc 9,2-13

Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.  6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-O!”  8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos. 11Os três discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que antes deve vir Elias?”  12Jesus respondeu: “De fato, antes vem Elias, para pôr tudo em ordem. Mas, como dizem as Escrituras, que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado? 13Eu, porém, vos digo: Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como as Escrituras falaram a respeito dele”.

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É Preciso Ter O Controle Da Língua Na Convivência Cotidiana 

No texto anterior (Tg 1,21-25) são Tiago enfatiza a importância da escuta e da vivência (colocar emprática) da mensagem da Palavra de Deus. Agora, no texto de hoje (Tg 3,1-10) aparece o mesmo tema da palavra, porém do ponto de vista de quem fala.

O órgão da fala é a língua e ressalta a exortação, sobretudo os aspectos negativos da língua, seu caráter destrutivo e indomável: é como fogo que consome toda a pessoa e destrói a sua existência. 

As considerações de São Tiago continuam muito atuais. Como é difícil, mas também importante, dominar a própria língua. É difícil dominar a língua. São Tiago faz quatro comparações muito expressivas. A língua, apesar de sua pequenez, é importante no comportamento humano ou na conduta humana:

·       É importante colocar o freio na língua para direcionar bem a vida como colocar freio na boca do cavalo para poder conduzi-lo.

·       Assim como o leme para guiar um navio, a língua precisa ser direcionada para um objetivo construtivo.

·       Uma faísca, mesmo sendo pequena, mas dá origem para um incêndio. A língua não dominada dá origem para uma destruição total.

·       Reconhecemos que é quase impossível para nós domar nossa língua, ainda que consigamos domar todos os tipos de animais. 

Mesmo assim, precisamos manter as seguintes perguntas para que aos pouco consigamos dominar a língua: Dominamos nossa própria  língua? Será que podemos afirmar que, ao final de uma jornada de um dia, conseguimos controlar nossas palavras para uma direção certa? Caso consigamos, são Tiago nos felicita: “Aquele que não peca no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo” (Tg 3,2).

A língua é a expressão mais condensada de nossa admirável faculdade de dizer, de falar, de expressar como palavras nosso pensamento interior. A experiência nos diz que muitas vezes perdemos nosso controle sobre nossa língua, por crermos sábios e mestres, como os contemporâneos de são Tiago, e pretender que sempre temos a razão. Também porque temos nossa tendência de ferir, de criticar, de murmura, de castigar o irmão. 

A língua, nossas palavras, pode matar uma fama, provocar o fogo do ódio ou aumentar a esperança para nosso redor de acordo com o modo como usamos a língua. Com a mesma língua podemos louvar e caluniar, bendizer e maldizer, rezar a Deus e provocar o próximo que é filho de Deus. Nossa palavra pode ser um serviço à verdade ou uma manipulação da mesma. Como diz o Salmo Responsorial (Sl 11): “Não há mais fidelidade em meio aos homens! Cada um só diz mentiras a seu próximo, com língua falsa e coração enganador”.

Um exame de consciência ao final dia nos ajudaria a ir dominando nossa língua. De quais palavras temos que nos arrepender, por imprudência ou por ofensas. As nossas palavras foram palavras que ajudam, louvam, animam, produzem paz? Ou palavras que difamam, caluniam e desanimam? O domínio da língua é como um termômetro para saber se somos ou não pessoas equilibradas e bons cristãos. 

Com Jesus, Apesar Das Dificuldades, Tudo Termina Na Vitória 

A transfiguração é uma antecipação da ressurreição do Senhor Jesus que intenta levantar o ânimo dos discípulos, ratificando que o destino final não é a morte e sim a ressurreição. Por isso, em cada anúncio de sua Paixão (três anúncios), Jesus acrescenta esta frase: “... depois de três dias (o Filho do Homem) deve ressuscitar” (Mc 8,31; 9,31; 10,34). 

Por isso, um dos temas fundamentais que toma novo rumo no relato da transfiguração é o tema da morte e ressurreição. A morte deixa de ser o fim irremediável para o homem e a sombra do horror, para começar a ser entendida como o transladar-se para onde Deus está, isto é, na plenitude. Por isso, desde então, a morte está intimamente ligada ao triunfo, e não pode ser entendida sem a luz da ressurreição. A morte não terá a última palavra sobre a vida do homem. A partir da experiência da transfiguração tudo pode ser graça apesar de ter uma aparência da cruz, pois Deus envolve tudo na sua misericórdia. O mistério da glória ilumina o sentido ultimo da Cruz de Jesus. Mas o mistério da Cruz ilumina o caminha da glória. 

Podemos dizer que a transfiguração é o grito de Deus para não ficarmos desanimados em nos desistir na nossa luta pelo bem durante a nossa vida, pois a lógica de Deus não nos conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim. Cada um de nós precisa parar da agitação cotidiana para escutar esse grito de Deus. 

Pedro se extasia diante da luz da transfiguração. Ele sente como se estivesse no céu. Por isso, Pedro quer permanecer ali sem jamais voltar à realidade cotidiana. Para isso, ele propõe a Jesus construir três tendas. Mas o evangelista Marcos comenta: “Pedro não sabia o que dizer”. 

Podemos viver a experiência de transfiguração se nós negarmos a busca de interesses próprios e optarmos por assumir uma fé mais humanizada que produz uma nova forma de viver a realidade e renova nossa convivência de fraternidade.

A fé é o caminho da renúncia e da morte de nós mesmos para que Deus possa se manifestar através de nós. Somente com a morte de nós mesmos é que Deus pode anunciar e prometer uma vida nova para nós. Subir até Deus é morrer de nossos projetos pessoais, de tantos planos, esquemas e cálculos puramente humanos e pessoais para dar o lugar aos projetos de Deus. Certamente, nesta morte, Deus manifesta sua glória salvadora e sua eterna misericórdia. 

Contemplar a cena da transfiguração é seguir o Transfigurado, Jesus Cristo. Cristo chama sem cessar novos discípulos, homens e mulheres, para comunicar-lhes o amor divino, o ágape, sua maneira de amar, e para convidá-los a servir ao próximo, no humilde dom de si mesmos, longe de todo cálculo de interesse. 

Este é o meu Filho amado. Escutai-O!”. É a mesma voz do Batismo de Jesus no Jordão (Mc 1,11). Porém, há uma diferença. No Batismo a voz foi dirigida somente a Jesus. Agora é dirigida aos discípulos com o seguinte detalhe: “Escutai-O!”. A Palavra do Pai (voz) vem autenticar os ensinamentos de Jesus. Consequentemente, é preciso prestar atenção para tudo o que Jesus diz e ensina e vivê-lo logo em seguida para que a vida seja transfigurada desde já.

Por isso, contemplar a cena da transfiguração é seguir o Transfigurado, Jesus Cristo e viver seus ensinamentos, pois todos eles são reconhecidos por Deus Pai. E Cristo chama sem cessar novos discípulos, homens e mulheres, para comunicar-lhes o amor divino, o ágape, sua maneira de amar, e para convidá-los a servir ao próximo, no humilde dom de si mesmos, longe de todo cálculo de interesse. A vida dada é a vida recebida. Uma vida vivida para o bem dos outros é uma vida vivida para Deus e por isso, é reconhecida por Deus.

Portanto, com Jesus, a Palavra do Pai (Jo 1,1-3.14), a vida glorificada se inicia mesmo que estejamos ainda neste mundo. O cristão é aquele que vive na antecipação. A vida glorificada para a qual ele dirige seu olhar renova sua maneira de viver e de conviver de cada dia neste mundo. Tudo que ele faz e diz é sempre em função da vida glorificada.

Somos convidados a manter em dia nossas orações como expressão viva de nossa fé. A oração transforma. Ela muda nosso rosto, nosso aspecto, nosso ser. Quem diz que orar e não acontecer transformações, mudanças em sua vida, está se mentindo a si mesmo. A experiência de oração nos faz realmente sentir a sensação de estar no Tabor e de querer ficar lá. No entanto, a oração nos capacita para a vida e por isso, devemos descer do Tabor para viver. É orando que poderemos seguir adiante no mundo e ao mesmo tempo deixar que Deus atue em nós. Além disso, aprender a rezar é aprender a viver como filhos(as) de Deus na verdade plena da própria criatura. A oração diz à criatura humana a verdade mais complexa e mais simples que existe: não é ela o Absoluto, mas o Criador que é Nosso Pai.

P. Vitus Gustama,svd

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