quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

20/01/2024-Sábado Da II Semana Comum

SEGUIR A JESUS PARA SER REFLEXO DE SEU AMOR PARA O PRÓXIMO

Sábado Da II Semana Comum

Primeira Leitura:  2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27

Naqueles dias, 1 Davi regressou da derrota que infligiu aos amalecitas, e esteve dois dias em Siceleg. 2 No terceiro dia, apareceu um homem, que vinha do acampamento de Saul, com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de pó. Ao chegar perto de Davi, prostrou-se por terra e fez-lhe uma profunda reverência. 3 Davi perguntou-lhe: “Donde vens?” Ele respondeu: “Salvei-me do acampamento de Israel”. 4 “Que aconteceu?”, perguntou-lhe Davi. “Conta-me tudo!” Ele respondeu: “As tropas fugiram da batalha, e muitos do povo caíram mortos. Até Saul e o seu filho Jônatas pereceram!” 11 Então Davi tomou suas próprias vestes e rasgou-as, e todos os que estavam com ele fizeram o mesmo. 12 Lamentaram-se, choraram e jejuaram até a tarde, por Saul e por seu filho Jônatas, e por causa do povo do Senhor e da casa de Israel, porque haviam tombado pela espada. 19 E Davi disse: “Tua glória, ó Israel, jaz ferida de morte sobre os teus montes. Como tombaram os fortes! 23 Saul e Jônatas, amados e belos, nem vida nem morte os puderam separar, mais velozes que as águias, mais fortes que os leões. 24 Filhas de Israel, chorai sobre Saul. Ele vos vestia de púrpura suntuosa e ornava de ouro os vossos vestidos. 25 Como tombaram os fortes em plena batalha! Jônatas foi morto sobre as tuas alturas. 26 Choro por ti, meu irmão Jônatas. Tu me eras tão querido; tua amizade me era mais cara que o amor das mulheres. 27 Como tombaram os fortes, como pereceram as armas de guerra!”

Evangelho: Mc, 3, 20-21

Naquele tempo, 20Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam: “Enloqueceu!” (que estava fora de si).

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É Preciso Contar Com Deus Nas Nossas Batalhas Diárias Para Sermos Vencedores

A Primeira Leitura nos relatou a morte do primeiro rei de Israel, Saul, e seu filho, Jônatas, amigo de Davi, na batalha no monte de Gelboé contra os filisteus (cf. 1Sm 31,1-13). Apesar de todas as dificuldades que Saul ocasionou para Davi, Davi está profundamente comovido por essa morte (2Sm 1,11-12; 19-27). Para Davi, Saul continua sendo o ungido de Deus, o rei consagrado pela unção divina. Davi amava Jônatas, seu amigo e “irmão”, e chorou sobre sua morte (2Sm 1,26). O próprio Jesus chorou sobre a morte do amigo Lázaro (cf. Jo 11,35-36). Profunda humanidade de Deus! O choro é uma linguagem perfeita para expressar nossos sentimentos profundos que nenhuma outra língua humana capaz de expressá-lo. Com nossas lágrimas podemos expressar nossa alegria e nossa tristeza. Quando não encontramos um meio para expressar nossas emoções ou sentimentos, espontaneamente as lágrimas vão expressá-los. 

A morte sempre nos deixa desamparados. A Bíblia é um espelho da humanidade onde se refletem todos os verdadeiros sentimentos humanos. Nossa vida inteira com suas alegrias e tristezas é que expressamos na oração dirigida a Deus. Com efeito, a história de nossa oração é a história de nossa vida. Quem reza, tem uma história com Deus que no fim ela terminará bem. A cruz de Jesus termina com a ressurreição-ascensão. 

Com um desastre militar termina o reinado e a vida de Saul, e também a de seus filhos, entre eles Jônatas, o amigo íntimo de Davi. Oito anos de reinado para deixar a história uma imagem bem patética. 

E ao mesmo tempo, é muito comovedora a reação de Davi que sempre respeitava o ungido de Deus, o rei Saul, ainda que este lhe perseguisse. Vale a pena hoje colher a Bíblia e ler inteiramente o poema que o Segundo Livro de Samuel põe nos lábios de Davi cantando os méritos do rei Saul e de seu amigo Jônatas sentindo a dor da morte deles (2Sm 1,19-27). Tudo isso reflete a nobreza do coração de Davi. 

Temos que olhar com carinho para nosso coração. Será que somos capazes de sentir a profunda dor diante da desgraça dos demais a exemplo de Davi, inclusive quando o falecido(a) nos fez algum mal? Será que somos capazes de reconhecer os valores que os outros têm e louvar tudo isso publicamente, como fez Davi? Jesus sim! Jesus era um homem que mostrava estes sentimentos de amor e de amizade, de tristeza e lágrimas. Chorou pela morte de seu amigo Lázaro (cf. Jo 11,35-36); chorou pela sorte de Jerusalém, a cidade que amava acima das demais cidades (Lc 19,41). Além disso, Jesus não nos ensinou o perdão pelos inimigos e não nos deu um exemplo magnifico em sua morte perdoando os que O crucificaram? (Cf. Lc 23,34). Será somos capazes de perdoar ainda algumas pessoas falam mal de nós? O exemplo de Davi nos estimula a termos sentimentos mais nobres em nossa vida. 

O Salmo Responsorial (Sl 79) nos aponta para outra lição. Em situações catasroficas para o povo, o salmista nos convida a pormos nossa confiança em Deus: “Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós, que a José apascentais qual um rebanho! Vós, que sobre os querubins vos assentais, aparecei cheio de glória e esplendor ante Efraim e Benjamim e Manassés! Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação!”. Deixe-nos ser amados por Deus e permitamos que Deus nos use para levar adiante Sua obra de salvação.   

Evangelho e Sua Mensagem Para Nós

”Jesus voltou para casa com os discípulos” (Mc 3,20).

Jesus se encontra “em casa” (Mc 3,20). Para o evangelista Marcos estar dentro ou estar fora desta casa implica uma separação de profundo significado teológico. Quem está dentro e em torno de Jesus formam a sua verdadeira nova família (Mc 3,34ss). Os discípulos estão com Jesus formando uma nova família com Ele. Quem está com Jesus e está em torno de Jesus tem condições para entender o “mistério do Reino de Deus” (Mc 4,11). Mas para aquele que estã fora, tudo será explicado em parábolas porque não têm convivência com Jesus. Por isso, o profeta Isaías dizia, que Mc cita: “Olham mas não veem, escutam, mas não entendem, a menos que se convertem e sejam perdoados” (Mc 4,11s; Is 6,9-10). 

Por isso, podemos entender que o relato de Mc começa com um dado surpreendente: os parentes de Jesus, ao saber que ele estava fora de si, ou estava louco, eles foram até Jesus para retirá-lo do seu lugar de missão. A loucura era considerada como sinal de possessão diabólica.  Qualificar alguém de louco era uma forma de excluí-lo, anulá-lo e condená-lo. Em relação a Jesus seus inimigos  queriam aplicar também essa tática para anulá-lo, e os parentes de Jesus simplesmente acreditavam sem nenhuma verificação.

Por que tudo isso? Porque Jesus quis construir uma comunidade cimentada nos valores do amor e da justiça. Viver de acordo com a igualdade, a solidariedade e a fraternidade universal significa romper com o modelo de família tradicional e com sistema vigente que oprime e discrimina. Para Jesus todos têm que se sentir irmãos daqueles que até então eram considerados excluídos, impuros, forasteiros, inimigos, pecadores. Para a mentalidade de então essas pessoas teriam que ser afastadas. Jesus fez o contrário: a casa onde ele se encontrava estava lotada de gente pobre e empobrecida que ele tratava com respeito. Por isso, Jesus não podia estar de acordo com seus parentes que, se deixando levar da qualificação de louco que lhe davam seus inimigos, tratavam de retirá-lo de sua missão. O Evangelista não exclui a mãe de Jesus deste episódio, pois ela se entrega totalmente à Palavra de Deus e sua vontade: “Eis aqui a Serva de Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). 

Sempre sucede o mesmo. O plausível para os homens não é em todo momento o honesto para Deus. O politicamente correto não coincide em muitas ocasiões com eticamente justo. Um profeta diz a seu tempo e contra seu tempo o que Deus lhe manda dizer aos homens mesmo que os homens não concordem. Não é fácil ser profeta. Há que estar muito identificado com Jesus para sê-lo de verdade. Um profeta de verdade sempre termina sua vida como mártir. Ele é crucificado, mas ninguém consegue crucificar a verdade porque a verdade mora na própria consciência do homem. O próprio homem sabe disso e tem consciência disso.

Os parentes de Jesus acreditaram nas fofocas ou comentários maldosos dos inimigos de que Jesus era louco. Às vezes, acontece o contrário: aquele que acha que o outro seja louco é muito mais louco do que todos os loucos de verdade. Precisamos nos perguntar também tanto pessoalmente como comunitariamente: Quem é Jesus em quem acreditamos? Será que estamos em torno d´Ele? Por que nos reunimos em Seu nome? Por que celebramos a Eucaristia? Só porque ele mandou fazer em sua memória? Mas que memória? Vale a pena continuar acreditando e esperando n’Ele? 

Viver o Evangelho tem umas consequências e exige de nós que sejamos consequentes. Seguie a Jesus Cristo não é uma tarefa para uns instantes ao dia e sim é uma tarefa para toda a vida, para cada instante. Jesus é considerado como louco por ser próximo para todos, por ajudar quem está em necessidade; por integrar numa família quem era excluído, por salvar a vida no dia de preceito (Sábado), por lutar pela igualdade, pois todos são filhos e filhas de Deus. Nós que amamos Cristo, nós que escutamos Sua voz e nos comprometemos a viver conforme Seu evangelho também nós podemos ser considerados como loucos, sonhadores e ilusórios pelo mundo. Mas somente aquele que vive verdadeiramente unido a Deus e comprometido na salvação de todos, poderá fazer seu o caminho de Cristo e jamais vai usar o Evangelho para o proveito próprio. Ao contrario, ele saberá ir ao encontro dos que falharam na vida moral ou eticamente para fazer todos eles aproximarem-se do perdão e do amor de Deus; saberá ir ao encontro das pessoas que sofrem para manifestar-lhes a misericórdia divina não somente com palavras e sim com a própria entrega, com obras que lhes ajudam a viver uma vida digna. Sejamos essa Igreja do Senhor que vive não para servir-se do Evangelho e sim para estar a serviço do Evangelho até as ultimas conseqüências. Deus espera de nós uma vida de fé totalmente comprometida com o Evangelho.

P. Vitus Gustama,svd

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