sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Domingo,14/10/2018
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ESCOLHER ENTRE OS BENS DE DEUS OU O DEUS DOS BENS
XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM “B


Primeira Leitura: Sabedoria 7,7-11
7 “Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. 8 Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; 9ª  ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama. 10 Amei-a mais que a saúde e a beleza, e quis possuí-la mais que a luz, pois o esplendor que dela irradia não se apaga. 11 Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos”.


Segunda Leitura: Hebreus 4,12-13
12 A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. 13 E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.


Evangelho: Mc 10,17-30
Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19 Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe”. 20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22 Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. 28 Pedro então começou a dizer-lhe: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29 Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna.
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Fará Parte Da Família De Deus, Na Vida Eterna, Quem Imitar a Bondade De Deus


No contexto da Igreja dos séculos I e II, o episódio do chamamento era relido à procura de uma resposta à interrogação: quais são as condições para salvar-se? Destaca-se no texto evangélico deste domingo o tema da posse dos bens: qual é o relacionamento entre a posse das riquezas, a vida eterna e o seguimento de Jesus? Esses problemas foram sentidos com muita seriedade e urgência nas primeiras comunidades cristãs.


O nosso texto começa com estas palavras: “Ao retomar o seu caminho...”. Jesus está no caminho que o levará a Jerusalém, à morte. O seguimento significa seguir ou trilhar o caminho de um Mestre até as últimas conseqüências de doação de si. Esse é o caminho de Jesus. Por isso, este texto pode ser colocado sob o título: o caminho rumo à vida para todos os discípulos.


Estando Jesus nesse caminho, “alguém (sem nome, que pode ser qualquer um de nós) correu e ajoelhou-se, em atitude de reverência, perguntando: ‘Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna ?’”. É uma pergunta que jovens faziam aos rabis, quando se apresentavam para iniciarem a formação acadêmica nas escolas hebraicas: que devo fazer? No evangelho de Mateus o jovem rico diz: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna ?” (Mt 19,16).


Antes de responder à pergunta desse rico, Jesus se cautela diante do apelativo “bom”: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus”. Essa precisão servirá para se compreender a resposta que Jesus fará a esse rico. Esta observação de Jesus corresponde perfeitamente à concepção bíblica e judaica segundo a qual só Deus é chamado bom, porque ele usa de misericórdia, socorre os pobres e defende os fracos (cf. Dt 10,18). Por isso, a única condição para entrar na vida eterna é imitar o único bom, Deus. A fidelidade a Deus é exercida no amor ao próximo, síntese dos mandamentos.


Jesus prossegue, indicando ao seu interlocutor o caminho para “herdar” a vida definitiva junto a Deus, e citou só os mandamentos que se referem aos deveres para com o próximo (v.19). O rico responde: “Mestre, tudo isso eu tenho guardado desde a minha juventude” (v.20). A palavra “juventude” ofereceu a Mateus a oportunidade para fazer do rico um “jovem” que inicia o caminho cristão (cf. Mt 19,16-30).


E os deveres para com Deus ? A resposta da tradição evangélica é conhecida: a maneira concreta de amar a Deus é amar e ser fiel ao homem no qual Deus se torna nosso próximo (cf. Lc 10,25-37: o bom samaritano). Neste caso, aquele que tem observado “todos” os mandamentos que dizem respeito ao próximo deveria estar no caminho da vida eterna.


No entanto, Jesus lhe propõe o teste definitivo. O texto prossegue: “Fitando-o, Jesus o amou e disse:’ uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’” (v.21).


Fitar” é o mesmo que cravar, admirar, fixar a atenção e o pensamento, ficar imóvel. Esse olhar intenso de Jesus é típico do evangelho de Marcos; ele é um sinal de amor para com um homem justo, disponível para o reino de Deus. Marcos apresenta algumas pessoas que se aproximam com simpatia de Jesus e estão no limiar do reino de Deus (cf. Mc 12,34). Mas eles ainda  estão no âmbito judaico. Quem observa os mandamentos é um bom judeu, mas ainda não entrou em comunhão com Jesus, não se tornou cristão. O sinal distintivo da identidade do discípulo é seguir a Jesus, isto é, ficar envolvido em seu destino, seu modo de amar e de ser fiel ao outro homem até o testemunho supremo da cruz. A diferença entre a renúncia aos bens como estilo de vida e o seguimento evangélico está nessas duas palavras de Jesus: “dá-os aos pobres”. Se nos detivermos na primeira: “vai e vende tudo o que tens”, ainda estamos no limiar do evangelho que para termos liberdade interior, nos afastamos de todas as coisas e preocupações materiais. A novidade evangélica é o convite: “dá aos pobres, porque assim imitas o único bom, Deus; depois vem e segue-me”. Trata-se de seguir aquele que, pelos pobres, deixou não só sua atividade, a segurança social e os laços de parentesco, mas também entrega sua própria existência como dom de amor pelos muitos, pela libertação deles (cf. Mc 10,45). Não simplesmente o estar livre dos bens, para não ter aborrecimento ou preocupação, para dedicar-se às coisas espirituais. Essa seria a escolha sapiencial. A escolha religiosa evangélica é amar como ama Deus bom e “perfeito”. Nessa perspectiva, dar os bens aos pobres é um gesto de amor. Para quem possui riquezas, esta fidelidade e amor para com o outro, no seguimento de Jesus, concretamente se realizam, não na renúncia estóica (sapiencial) ou ascética, mas no doar os bens aos pobres. Esta é a realização de seu amor para com o próximo. Nesta perspectiva, a observância dos mandamentos não é mais um meio para se garantir um privilégio espiritual ou uma dignidade moral, mas é a expressão de amor e fidelidade ao próximo. O próximo é a passagem obrigatória para chegar até Deus. Isto agora é possível no seguimento de Jesus, onde o rosto do único bom se tornou um rosto humano. Agora aquele que se põe a seguir Jesus não só sabe, mas tem também a real possibilidade de imitar o único bom, que socorre os fracos e se solidariza com os pobres (cf. Dt 10,18). Quem entra na vida eterna, então, não é aquele que não pratica o mal, mas aquele que pratica o bem (cf. Mt 25,31-46).


Por isso, dar os bens para pobres e seguir a Jesus não é um passatempo ou um luxo religioso proposto a um elite; não é um conselho para os mais generosos. É a condição básica para ter um tesouro no céu, para entrar no Reino, isto é, para herdar a vida plena e definitiva.


Esse chamamento tem uma resposta negativa, ao contrário de todos os outros chamamentos evangélicos recordados até agora, como o dos quatro irmãos pescadores, que tinham uma pequena empresa de pesca (Mc 1,16-20), ou o de Levi, o publicano, pertencia à classe média (Mc 2,13-17). O único episódio de chamamento de um rico teve um resultado negativo: “Ele, porém, contristado com essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens” (v.22; Cf. Mt 19,22). O evangelho de Lucas diz explicitamente: “era muito rico” (Lc 18,23). O homem rico, pelo seu apego à riqueza, não aceita o convite de Jesus. Seu amor aos outros é relativo, não chega ao nível necessário para um cristão. Não está disposto a trabalhar por uma mudança social, por uma sociedade justa; a antiga lhe basta. Prefere o dinheiro ao bem do homem.


A Avareza Torna o Coração Insensível Diante Da Necessidade Alheia


Segue-se a segunda parte do texto: o diálogo de Jesus com os discípulos, que impressionou os leitores de todos os tempos. A interrogação que domina o diálogo de Jesus com os discípulos é esta: “Pode um rico salvar-se?”. Essa pergunta se põe no âmbito da comunidade dos discípulos. Também as Igrejas que releem esse episódio devem abordar a questão dos ricos que se convertem e acham difícil perseverar. “Então Jesus, olhando em torno, disse a seus discípulos: ‘Como é difícil a quem tem riquezas entrar no Reino de Deus’ “ (v.23).


Jesus não condena a riqueza, mas a ansiedade de acumular fortunas de forma gananciosa. O ideal do cristão não é a pobreza, a fome, a nudez, mas a divisão fraterna dos bens que Deus pôs à disposição de todos. Pecado não é ficar rico, mas ficar rico só por si (cf. Lc 16,19-31: o mau rico e o pobre Lázaro) .


Os discípulos “se espantam com estas palavras”. Na crença popular, a posse de riquezas era sinal da bênção de Deus. No fundo, os próprios discípulos não eram livres da esperança de ganhar alguma recompensa tangível por ter seguido a Jesus (10,28.37.41). 


Aos discípulos, que perguntam “espantados”: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus fitando-os, diz: “Aos homens é impossível, mas não a Deus, pois para Deus tudo é possível” (v.27). Esse olhar intenso de Jesus aos discípulos corresponde ao que foi dirigido antes ao rico disponível. A sua resposta faz compreender que o seu seguimento é graça, dom de Deus. Não é uma questão de dosagem no uso dos bens, mas se trata de uma mudança radical de mentalidade, que pode ser pedida a Deus, porque só Deus pode realizá-la.


O alerta de Jesus sobre os perigos da riqueza não é somente para os ricos de fato, mas para todos quantos queiram ser seus discípulos e herdar a vida eterna. O dinheiro é o deus que tem seu altar em cada coração humano. Seria ingênuo negá-lo. Como o “Deus” em quem cada crença deposita sua confiança, cria briga, assim também o deus- dinheiro cria briga até causa a morte de tantas pessoas. O alerta de Jesus sobre os perigos da riqueza é para todos. É um ensinamento para todos, pois todos temos “alma de rico’, incluindo os pobres que são cobiçosos, avarentos e apegados ao pouco que possuem. Em todos os níveis sociais se busca o dinheiro/riqueza material, freqüentemente com espírito de cobiça, e se põe nele a confiança mais que em Deus. Jesus pede a todos os seus seguidores que tenham o desprendimento que sabe se conformar com o necessário e compartilhar com os outros o que se tem, sem entesourar nem incorrer na idolatria do dinheiro como bem supremo.


O ser humano tende por natureza ao desenvolvimento de si mesmo para melhorar suas condições. Trata-se de uma aspiração legítima. Porém, se a cobiça dos bens for exagerada, excessivo o apego aos bens materiais, então ele não estará mais exercendo um direito, mas sendo vítima de um vício hediondo: a avareza.


A avareza é um desvio do significado de infinito, uma transposição absoluta para o que é relativo. Para um avarento, a riqueza não é um meio para se viver, e sim a própria razão de ser da vida. O varento está sendo vítima de um prazer em possuir as coisas que jamais será satisfeito, mas o estimulará cada vez mais numa espiral sem fim. Para o avarento, a satisfação em possuir os bens é tão grande que até torna o medo de perdê-los maios que o desejo de aumentá-los. O avarento é a pessoa mais pobre e mais escrava que existe.


Não é fácil conciliar a riqueza excessiva de alguns com os direitos que os outros têm ao necessário. A posse pode isolar e quem tem posse acaba sendo contado entre os bens. Mas no leito da doença e da morte todos se nivelam. A igualdade imposta é sentida por todos nessa altura. Demora para cada um entender esta dura realidade.


Jesus Nos Convida a Ser Generosos Com Os Necessitados


Uma só coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”.


A alma do projeto de Jesus Cristo está na partilha, na generosidade, na compaixão com os necessitados. Na partilha e na generosidade todos participam da multiplicidade da alegria. A alegria verdadeira está no dar e no receber.


A generosidade que se concretiza na partilha e na solidariedade não empobrece, mas é geradora de vida e de vida em abundância. Quando repartirmos com generosidade e amor aquilo que Deus colocou à nossa disposição, não ficaremos pobres, mas os bens repartidos tornam-se fonte de vida e de bênção para nós e para todos aqueles que deles são beneficiados.


A generosidade é um sinal de gratidão e de liberdade interior. Na generosidade mostramos ao mundo a verdade de que podemos possuir as coisas, mas jamais as coisas podem nos possuir. Na generosidade mantemos nossa liberdade. Ser generoso significa dar-se a si próprio por amor de Deus que criou tudo generosamente para nós todos e por amor do próximo, pois o próximo é nosso irmão, filho de Deus como o somos. A virtude de genrosidade é libertadora tanto para o generoso como para quem é favorecido. Aquilo que faz ou dá aos outros redunda também em seu próprio benfício. Sem a generosidade, nem sequer pode existir a liberdade como virtude.


Viver na partilha e na generosidade é uma sabedoria que Jesus nos ensinou no Evangelho. A Primeira Leitura tirada do livro da Sabedoria antecipa aquilo que Jesus ensina no evangelho de hoje: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e, diante dela, a prata será como a lama” (Sb 7,8-9). O jovem rico do Evangelho não chegou a viver ainda esta sabedoria.


A sabedoria é a arte de viver e de conviver bem. O saber é algo que todos apreciam. Ninguém gosta da denominação de “nécio”, “ignorante”. No entanto, o ter razão, o ser doutor, o conhecedor das coisas nos agrada. Contudo, há muitas formas de saber. Existe o sábio naturalista que classifica as plantas pela qualidade de suas flores e frutos. É sábio o filósofo. É sábio o arqueólogo. Mas sua sabedoria é parcial.


A sabedoria que se apresenta o texto da Primeira Leitura de hoje é, ao mesmo tempo, mais humana e mais divina. Tem algo de ciência e algo de arte; algo de especulativo e algo de prático. Certo conhecimento das coisas em sua relação com Deus, como Último e Fim nosso, e a arte de viver segundo Ele. A sabedoria de que fala o autor do livro de Sabedoria é a sabedoria que dimana de Deus. ela nos dá o conhecimento preciso das coisas em sua relação com Deus, seu Criador, e em sua relação com nós, seus usufrutuários. Ela nos dá o reto conhecimento de Deus e de nós mesmos. É a arte de viver segundo o ver e o querer de Deus. É a arte de viver usar as coisas, de apreciá-las, e a arte de conduzir-se segundo a vontade divina. É a arte de chegar ao Último Fim que é o próprio Deus, Criador de todas as coisas.


O jovem rico recusou o convite de Deus pelos bens de Deus e não quer seguir o Deus dos bens. Diariamente temos que escolher entre os bens de Deus ou o Deus dos bens. Se escolhemos apenas os bens de Deus e não o Deus dos bens, acabaremos perdendo Deus que significa viver sem a salvação. É preciso termos muito discernimento!
P. Vitus Gustama,SVD
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