quinta-feira, 11 de outubro de 2018

13/10/2018
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SOMOS BEM-AVENTURADOS NA VIVÊNCIA DA PALAVRA DE DEUS
Sábado da XXVII Semana Comum


Primeira Leitura: Gálatas 3,22-29
Irmãos, 22 a Escritura pôs todos e tudo sob o jugo do pecado, a fim de que, pela fé em Jesus Cristo, se cumprisse a promessa em favor dos que creem. 23 Antes que se inaugurasse o regime da fé, nós éramos guardados, como prisioneiros, sob o jugo da Lei. Éramos guardados para o regime da fé, que estava para ser revelado. 24 Assim, a Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25 Mas, uma vez inaugurado o regime pela fé, já não estamos na dependência desse pedagogo. 26 Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. 27 Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28 O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo. 29 Sendo de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.


Evangelho: Lc 11, 27-28
Naquele tempo, enquanto Jesus assim falava, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse: Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram. Ele respondeu: Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.
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A Graça Nos Torna Livres e Disciplinados, Mas a Lei Não Produz a Graça


A Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Mas, uma vez inaugurado o regime pela fé, já não estamos na dependência desse pedagogo”.


Continuamaos a acompanhar a leitura da Carta de são Paulo aos Gálatas. No texto da Primeira Leitura de hoje, são Paulo coloca sua argumentação sobre a razão ou a função da Lei.


Os judaizantes haviam entendido mal a posição de são Paulo sobre a Lei, como se, para ele, a Lei não tivesse nenhuma função. De fato, são Paulo nunca pretendia declarar a Lei desnecessária, pois sabia que a Lei desempenhava um papel essencial no própsito de Deus. A função da Lei não era, no entanto, conceder salvação e sim convencer os homens da necessidade desta. Em Gl 3,19 são Paulo fez a seguinte declaração: “Por que, então a Lei? Foi acrescentada para que se manifestassem as transgressões...”. São Paulo explica isso na sua Carta aos Romanos: “Pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm 3,20); “Onde não há Lei, também não há transgressão” (Rm 4,15); e “Eu não conheci o pecado senão através da Lei” (Rm 7,7). Assim o papel principal da Lei era denunciar o pecado. A Lei confirma, ao mesmo tempo, a existência dos maus e dos bons. Geralmente, o princípio da lei é proteger os bons e punir os maus.


A segunda descrição metafórica da Lei feita por são Paulo está em Gl 3,24: “A Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé”. Aqui são Paulo usa a plavra “pedagogo”. Em grego a palavra “pedagogo” é “paidagogos”. Pedagogia vem de duas palavras gregas “pais, paidos”, “crianças”, e “agôgê”, “direção”. Trata-se de ciência prática da educação. A palavra “pedagogo” (“paidagogos”) significa literalmente um “tutor”, isto é, um guia e guardião de crianças. O tutor era geralmente um escravo cuja obrigação era conduzir a criança à escola e de volta dela, e supervisar a sua conduta de um modo geral. O “paidagogos” não era o professor da criança, e sim, aquele que a disciplinava. Era geralmente  severo a ponto de ser cruel, e apresentado comumente nos desenhos antigos com uma vara ou bengala na mão. O pedagogo, nas famílias romanas, era o escravo que levava as crianças à escola e se encarregava de sua disciplina. Era, portanto, um personagem, em princípio, não muito simpáticos e, sobretudo, provisional. Ao chegar à adolescência, já não precisava mais de um pedagogo.


O que significa a descrição metafórica da Lei como “pedagogo”? A lei expressa a vontade de Deus para o seu povo, dizendo-nos o que devemos fazer e o que não devemos fazer. E nos adverte das penalidades da desobediência. Todos nós estamos “sob o pecado” (Gl 3,22) e, portanto, estamos “sob a tutela da Lei” (Gl 3,23). Como um “paidagogos”, a Lei nos repreende e castiga pelas nossas más ações.


São Paulo aplica esta metáfora da seguinte maneira: durante nossa “infância” (AT) necessitamos de um “pedagogo”, mas quando Jesus Cristo chegou, já somos como filhos na família de Deus, e é uma insensatez querer voltar ao domínio do pedagogo, que seria a Lei de Moisés com suas práticas meticulosas (circuncisão, sábado, comidas, festas, etc.).


Quantas vezes, Jesus teve que criticar os fariseus por seu legalismo exagerado, que tornava o sábado, em vez de ser um dia de liberdade e gozo, o motivo de casuística e de angúsitias. Como a Primeira Comunidade cristã teve que esforçar-se por encontrar os caminhos justos em sua abertura ao mundo pagão, libertando-se, pouco a pouco, da formação legalista herdada do Antigo Testamento.


Cada um de nós saberá se se sente filho(a) na casa de Deus ou prisioneiro; se dirige-se a Deus como Pai ou somente como Criador ou como Juiz. Se cumpre com as regras do jogo, em sua família, em sua paroquia, em sua comunidade, em seu trabalho, por amor ou somente por interesse ou por medo de castigo. Se educa os filhos ou os jovens a cumprirem as normas da vida cristã: a oração, a participação na Eucaristia dominical, por mera tradição, por medo, por interesse comercial com Deus, ou, por convicção e amor.


A Lei nos diz o que temos que fazer, mas não nos dá vida. A vida nos vem de Cristo Jesus (Jo 10,10). Ao crer n´Ele e ser batizados n´Ele, recebemos sua Vida e seu Espírito, somos revestidos d´Ele, e então, desparecem de nós todas as divisões provenientes da etnia, da condição social ou do sexo. Unidos todos a Cristo, a humanidade inteira, se faz uma só em Cristo para se apresentar como filhos de Deus no único Filho amado do Pai. Deus não nos quer somente fieis cumpridores de preceitos ainda estes venham diretamente d´Ele. Ele quer unidos a Ele mediante o único Caminho que nos leva ao Pai: Cristo Jesus (Jo 14,6). Buscar outros caminhos equivale a desprezar a salvação que Deus nos oferece em seu Filho amado, feito um de nós e constituído em nossa Salvação.


Na Eucaristia, o Senhor nos convoca para que sejamos um com Ele. Com Ele formamos um só corpo, sendo Ele a cabeça e o princípio de toda a Igreja. unidos a Cristo, nosso Alimento, é fazer a vontade do Deus Pai. E a vontade de Deus é que acreditemos n´Aquele que Ele nos enviou. Todos nós somos filhos de Deus por ter sido incorporados a Cristo Jesus.


Ser Praticante Da Palavra De Deus Para Ser Feliz


Continuamos a acompanhar Jesus no seu caminho para Jerusalém para ouvir e meditar suas últimas e importantes lições para nós, seus seguidores. É preciso levarmos adiante esses ensinamentos. Hoje Jesus nos dá a lição sobre a importância da vivência da Palavra de Deus para sermos chamados de bem-aventurados.


“Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!”, disse uma mulher do meio do povo. O poder de Jesus, a autoridade de sua palavra, a integridade de sua existência provocam a admiração no povo simples representado por essa mulher. Essa mulher se faz porta-voz da bem-aventurança fazendo-a extensiva à Mãe que gerou Jesus e o criou. “Mas Jesus replicou: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!”.


Hoje escutamos a melhor das bem-aventuranças que Jesus podia ouvir para sua própria Mãe: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!”. Com sua resposta, Jesus não recusa o apaixonado elogio que aquela mulher simples dedicava à Sua Mãe e sim que o aceita, e vai mais além, explicando que Maria, a Mãe de Jesus é bem-aventurada, sobretudo, pelo fato de ter sido boa e fiel no cumprimento da Palavra de Deus: “Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus”. Quem pode ser exemplo de quem ouve e pratica a Palavra de Deus é Maria, Mãe de Jesus, quando ela diz: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38).


Através de seu evangelho Lucas mostra que Maria, a Mãe de Jesus, é um modelo de fé para os homens. Ela, como mulher e como símbolo de todos os seres humanos, recebeu o grande presente da presença transformante de Deus sobre a terra (Lc 1,28). Essa presença se concretiza como “Espírito criador” e se traduz no nascimento do Messias. Através da Palavra de Maria que se oferece e colabora (Lc 1,38: Fiat), se realiza o mistério primordial de nossa história: Deus feito homem; Deus que está conosco (cf. Mt 1,23; 18,20); Deus que vem nos visitar (cf. Lc 1,68.78; 7,16); e Deus que jamais nos abandona (Mt 28,20). Como diziam os antigos: Maria concebeu Jesus com fé antes de fazê-lo com o ventre. Maria é o sinal de uma nova forma de existência. A vida de Maria se converteu em fundamento de júbilo e de bênção para todos os que crêem como ela. Maria é modelo de mulher aberta diante do mistério da vida e modelo de crente que responde de maneira confiante e generosa à Palavra que Deus lhe dirigiu. Maria viveu a Palavra de Deus e da Palavra de Deus.


“Bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!”. Deus quer que sejamos felizes, afortunados, bem-aventurados (cf. Mt 5,2-12; Jo 20,29). Deus quer nossa felicidade, uma felicidade que começa já neste mundo, ainda que os caminhos para alcançá-la não sejam fáceis. O projeto de Jesus é a felicidade do homem. Para Jesus crer em Deus e viver conforme a Palavra de Deus é a chave para nossa felicidade. É a alegria de crer. Trata-se de uma felicidade que é maior que a própria alegria de viver, porque cremos em uma vida sem fim, eterna. Maria, a Mãe de Jesus não é somente afortunada por ter amamentado e criado Jesus, seu Filho, e sim, sobretudo, por ter sido ouvinte da Palavra de Deus e por ter posto em prática a mesma; por ter amado e por ter se deixado amar por seu Filho. Um poeta chegou a escrever: “Poder dizer ‘Mãe’ e ouvir-se dizer ‘filho meu’ é a sorte que nos invejava Deus”.


Muitas vezes procuramos nossa felicidade longe de nós, às vezes nos lugares errados. Por isso, como resultado é a crescente angústia e a desorientação na vida a ponto de poder chegar ao desespero. Jesus nos dá hoje uma dica simples para viver na alegria, na paz, na felicidade e na serenidade: ler, ouvir, meditar e viver de acordo com a Palavra de Deus. “Bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a observam!”. Será que sou bem-aventurado? 


A Palavra de Deus continuará a ser eficaz, curadora, e libertadora, se nós soubermos ouvi-la atentamente e vivê-la na nossa vida cotidiana. Se ela curou tantas pessoas, converteu tantos pecadores, libertou tantas pessoas de seus problemas, guiou a vida de tantos homens, esta mesma palavra continua tendo o mesmo poder e a mesma eficácia. A palavra humana pode errar e enganar, porque o homem é fraco. Mas a Palavra de Deus não erra nem engana. A Palavra de Deus é firme para sustentar a vida de quem nela se agarra e por ela se orienta.


Experimente a seguinte dica: antes de dormir leia e medite um texto da Bíblia e durma com a Palavra de Deus. Quando sua mente se deixar proteger pela Palavra de Deus, você vai dormir em paz e vai acordar, no dia seguinte, com outro ânimo. Deus nos ama e cremos no Seu amor.
P. Vitus Gustama,svd

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