O DIZER
E O FAZER NA VIDA
CRISTÃ
16 de Dezembro de 2014
Naquele tempo ,
disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos
do povo : 28 “Que vos parece? Um homem
tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar
hoje na vinha!’ 29 O Filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião
e foi. 30 O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este
respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade
do pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”.
Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo, que os publicanos e as
prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32 Porque João veio até vós num
caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e
as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes
para crer nele”.
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A parábola
dos dois filhos
tem uma função similar
à parábola do filho
pródigo no evangelho
de Lucas (cf. Lc 15,11-32) embora cada evangelista
a desenvolva diversamente . Para o evangelista Mateus a mesma
parábola é também
o eco do Sermão
da Montanha que
enfatiza o fazer do que
o dizer (Mt 7,21-23; cf. Mt 12,50;23,3-4). Atrás da parábola
está Aquele que
uma vez disse “sim ”
à vontade de Deus
jamais mudou para
um “não ”.
Ele é Jesus Cristo
em quem
devemos nos espelhar
para nossa vida de cristãos .
Jesus é o Filho fiel
e obediente à vontade de Deus. Ele está entrelinhas nesta parábola. “O terceiro
filho existe, mas não somos nós. Só o Filho de Deus, Jesus Cristo, não foi um ‘sim’
e ‘não’, mas n’Ele houve somente um ‘sim’. Todas as promessas de Deus se
tornaram n’Ele ‘sim’ (cf. 2Cor 1,19). Ele é o único que sempre disse: ‘Sim,
Pai, porque assim foi do teu agrado’ (Mt 11,26)” (Giuseppe Casarin).
Mt começa
a parábola com
a pergunta : “Que
vós parece?” (v.28a). Esta pergunta é típica de Mateus (cf. Mt 17,25;18,12;22,17;26,66). A pergunta não é mais dirigida aos discípulos ,
mas aos sumos
sacerdotes e aos anciãos
do povo , os mesmos
interlocutores da unidade
anterior (cf. Mt 21,23-27). A pergunta obriga os ouvintes
a comprometer-se e a tomar posição .
A resposta à pergunta
torna-se um julgamento
para os ouvintes .
E no fim da parábola ,
mais uma vez ,
os mesmos interlocutores
são obrigados
a escolher “qual
dos dois fez a vontade
do pai ?” (v.31). A resposta
dada a estas perguntas
pelos ouvintes
será sua salvação ou
seu juízo .
Os ouvintes
de Jesus não tiveram dificuldade de dar uma resposta exata
à pergunta de Jesus: “Qual
dos dois fez a vontade
do pai ?”. Sem
hesitarem os ouvintes responderam: o primeiro filho , isto é, aquele que falou que não iria, mas
de fato foi e fez o que
o pai pedia.
A mensagem ,
portanto , é muito
clara . Entre
palavra e ação ,
a primazia é dada
á ação . Entre
intenção e ação ,
a primazia é dada
à ação . O homem
se salva não
pelas palavras , intenções ,
palavras estéreis e descompromissadas, mas por fatos concretos
e precisos .
O fazer ou o agir é tão importante que Jesus Cristo
pede aos discípulos o seguimento .
Seguir a Jesus é agir com ele e como ele ,
acompanhá-lo no seu agir .
Jesus chama os discípulos
convidando-os a segui-Lo (Mt 4,19-22; 8,22; 9,9; 16,24; 19,21.27). O que conta diante de Deus não são as aparências , nem
as boas intenções ou
palavras , mas
a PRÁTICA . Deus
olha para o que de fato
fazemos, não importa o que pensamos ou
dizemos. Aquele que
honra a Deus ,
não é aquele
que observa uns ritos
exteriores , mas
sim aquele
que põe em
prática a vontade
de Deus . Por
isso , devemos ficar
sempre atentos
para que a nossa prática religiosa ou nossos ritos exteriores , não
seja mais importante
do que nosso
Deus e nosso
próximo .
Numa ocasião
o Papa Paulo VI disse: “O grande pecado
da moderna cristandade
é o vazio entre
a fé e as obras .
É o pecado de ser
ilógico , inconsciente e infiel ”. O maior
escândalo de nossos
tempos é a separação
da religião da vida .
Reza-se, mas não
se vive o que se reza. Canta-se mas não se vive
o que se canta .
Recebe-se a Eucaristia , mas não se vive
a comunhão fraterna .
Dobra-se os joelhos diante
do sacrário , mas
despreza-se o irmão , o corpo vivo e imagem de Cristo .
A pergunta de Jesus “O que vos
parece?” é dirigida a cada um de nós. Você se parece com quem dos dois filhos?
O que Jesus não aceita são aqueles que se crêem melhores do que os demais sem
necessidade de mudança alguma. Prefere o longo caminho, cheio de liberdade e de
fracassos, de buscas de novos horizontes a causa de seu inconformismo com a
vida que os rodeia à comodidade dos que dizem “sim” a tudo, mas não se
comprometem com nada. “Se serves ao Verbo de Deus, tu estás no Santuário”, dizia Orígens.
P. Vitus Gustama,svd
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