22 de Dezembro
Naquele tempo ,
46Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor , 47e
o meu espírito
se alegra em
Deus , meu
Salvador , 48porque
olhou para a humildade
de sua serva .
Doravante todas as gerações
me chamarão bem-aventurada ,
49porque o Todo-poderoso fez grandes
coisas em
meu favor . O seu nome é santo , 50e sua
misericórdia se estende, de geração em geração , a todos
os que o temem. 51Ele mostrou a força de seu braço : dispersou os soberbos
de coração . 52Derrubou do trono os poderosos
e elevou os humildes . 53Encheu
de bens os famintos ,
e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo ,
lembrando-se de sua misericórdia ,
55conforme prometera aos nossos pais , em favor de Abraão e de sua descendência ,
para sempre ”.
56 Maria ficou três
meses com Isabel; depois
voltou para casa .
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As leituras
deste dia nos
propõem um paralelo
entre o cântico
de Ana e o de Maria. As duas mulheres , a do Antigo
Testamento e a do Novo
Testamento , reconhecem a intervenção de Deus
em suas
vidas e louvam a Deus
por isso .
No cântico
de Ana se inspira o Magnificat de Lucas,
fragmento que
lemos hoje . Esta resposta
de Maria à saudação de Isabel, sua
prima , que
conhecemos tradicionalmente com o nome de Magnificat, é uma oração
de ação de graças
composta de citações
do Antigo Testamento . Depois de escutar
os louvores de sua
prima , Maria entoa um
cântico de admiração ,
alegria e gratuidade a Deus , o Magnificat, que
a Igreja tem cantado ou rezado de geração
em geração .
“Magnificat” (= engrandece) é, na verdade , a primeira palavra
latina da tradução
do texto na versão
latina : “Magnificat anima mea,
Dominum”. No canto , as expressões "minha
alma " e "meu
espírito " são
sinônimos e equivalem a "eu ". É o "eu "
de Maria, não simplesmente
psicológico , mas
ontológico e espiritual . O
Magnificat de Maria é uma das mais belas
orações do Novo
Testamento com
múltiplas reminiscências do Antigo Testamento
(cf. 1Sm 2,1-11; Sl 110,9; 102,17; 88,11;106,9; Is 41,8-9).
No
Magnificat, Maria aparece consciente de sua grandeza , mas , como humilde Serva
do Senhor , transfere-a para
Deus , reconhecendo, pois ,
sua pequenez ,
e dobrando-se diante do mistério
do Deus sempre
eterno e misericordioso. Maria sabe relacionar sua
maternidade divina
e messiânica com as promessas
antigas, feitas a Abraão e à sua descendência ,
ligando, assim , o favor
de Deus operante
nela ao cumprimento de tais
promessas . Maria se deixou ver por Deus , deixou-se amar por Deus com total transparência .
Nas palavras do Magnificat, a ordem
dos valores do mundo
sofre uma alteração radical , e aqui numa ressonância
também política ,
econômica e social ,
pois os pobres
e humildes são
exaltados; os soberbos , derrubados de seus tronos ; os
ricos , opulentos
e insensíveis , são
despedidos de mãos vazias.
O canto ou a oração que o evangelista Lucas põe tão
acertadamente nos lábios
de Maria e provavelmente provinha da reflexão
teológica e orante da primeira comunidade
é um magnífico
resumo da atitude religiosa de Israel na espera
messiânica e é também a melhor expressão
da fé cristã diante
da história da salvação que chegou à sua
plenitude com
a chegada do Messias ,
Salvador e Libertador
da humanidade . Jesus, com sua clara opção preferencial pelos
pobres e humildes ,
pelos oprimidos
e marginalizados, pelos abandonados e
excluídos, pelos doente
e pecadores , é o melhor
desenvolvimento prático
do que é dito
no Magnificat.
Maria
louva a Deus pelo
Natal de seu
Filho , nosso
Salvador , Jesus Cristo .
O Magnificat de Maria é o melhor resumo da fé de
Abraão e de todos os justos do Antigo
Testamento . É um
canto dos humildes
de todos os tempos ,
de todos os que
necessitam da libertação de suas várias opressões
que a vida
ou os outros
impõem. Através de Maria o Deus-distante
se torna o Deus-Conosco para
que vivamos o Natal
com convicção
de que Deus
está presente e atua em
nossa história
por difícil
que ela
pareça ser . Se soubermos apreciar
o Deus-Conosco, crescerão a paz interior e a atitude de esperança em nós . Ana nos ensina que com Deus não há nada que seja
perdido. Só o tempo
vai comprovar tudo
isso . Mas
o tempo de Deus
é o tempo certo
para nossa
salvação.
Estamos
chegando ao final do tempo de Advento,
um tempo de conversão e de purificação. Hoje Maria é quem nos ensina o melhor
caminho para chegar até Deus através do reconhecimento da intervenção de Deus
na nossa vida cotidiana e o agradecimento por tudo que Deus tem feito por nós.
Maria crê e espera no Deus que salva, no Deus que torna tudo possível, no Deus
que cumpre suas promessas, no Deus que é Amor, Ternura e Compreensão e que se
faz História na nossa própria história. Natal deve ser para cada um de nós a
celebração da inserção de Deus em nossa própria história. Esse Deus quer nos
transformar a partir de dentro de nós.
P. Vitus Gustama,svd
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