sexta-feira, 30 de abril de 2021

Apóstolos Tiago Menor e Filipe, 03/05/2021

SÃO TIAGO MENOR E SÃO FILIPE, APÓSTOLOS, MÁRTIRES

 

São Tiago, o Menor, chamado assim pela estatura e pela idade, é parente do Senhor segundo a carne (Mt 13,55). Nasceu em Caná da Galileia, perto de Nazaré. Seu pai se chamava Alfeu; sua mãe, Maria, parente com Santíssima Virgem Maria. Logo, Tiago era primo do Senhor. 

Os Atos dos Apóstolos e a Carta aos Gálatas destaca que são Tiago ocupava um posto preeminente na Igreja de Jerusalém. A primeira vez que São Paulo subiu a Jerusalém, depois de sua conversão, diz que foi visitar São Pedro e acrescentou que não viu ninguém dos apóstolos a não ser são Tiago (Gl 1,18-19). Na mesma Carta, são Paulo chama apóstolo Tiago com Pedro e João “colunas da Igreja” (Gl 2,9).

Os evangelhos não nos falam da intervenção particular alguma do Apóstolo Tiago. Ele faz parte das listas dos doze Apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus, e é sempre especificado como "filho de Alfeu" (cf. Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 5; At 1, 13). Com frequência ele foi identificado com outro Tiago, chamado "o Menor" (cf. Mc 15, 40), filho de uma Maria (cf. ibid.) que poderia ser a "Maria de Cleofas" presente, segundo o Quarto Evangelho, aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de Jesus (cf. Jo 19, 25). Também ele era originário de Nazaré e provavelmente parente de Jesus (cf. Mt 13, 55; Mc 6, 3), do qual à maneira semítica é considerado "irmão" (cf. Mc 6, 3; Gl 1, 19). 

Foi o líder da primeira comunidade de Jerusalém (At 12,17). No Concílio de Jerusalém, o primeiro Concílio da Igreja, Tiago propôs que os gentios não fossem sobrecarregados da Lei judaica para serem cristãos (At 15,13-23). A sua proposta foi aceita. Ele contribuiu para a união de todos os cristãos, judeus e os cristãos vindos do paganismo.

Judeus e cristãos se inclinavam diante de Tiago pelo amor que tinha à Lei e pela sua grande austeridade. Conforme uma tradição (testemunhada por Hegesipo e recolhida por Eusébio), os judeus e os cristãos em Jerusalém chamavam Tiago com o apelativo de “o justoporque levou uma vida sem mancha e austeridade. A presença de são Tiago na Cidade Santa (Jerusalém) foi uma benção, especialmente para os judeus por causa de seu profundo amor e profunda observância da Lei, sua assiduidade em ir ao Templo para orar, seu grande parecido com os santos do Antigo Testamento que cultiva e facilita o caminho para a fé em Jesus Cristo. Tiago foi o primeiro apostolo a dar a vida pelo Reino de Deus. Foi martirizado no ano 62 d.C. 

A ele é atribuída a Carta de São Tiago dirigida às doze Tribos de diáspora (fora de Palestina). Nesta Carta São Tiago exorta a todos a terem a paciência nas provas e nas tentações pela qual conduz qualquer um à perfeição, a terem o amor fraterno sem acepção de pessoas. Ele instrui todos sobre a doutrina da e das obras: “A sem obras é morta”, diz São Tiago. Ele exorta a todos para que evitem os pecados da língua; ensina a discernir a verdadeira sabedoria da falsa sabedoria (da verdadeira humildade da falsa humildade). Nesta Carta a Igreja encontrou o fundamento do Sacramento da Unção dos Enfermos (na Quinta-Feira Santa o bispo abençoa o óleo para a unção dos enfermos) onde São Tiago escreveu: “Se um de vocês está enfermo, chame o presbítero da Igreja para ungi-lo em nome do Senhor; a oração da o salvará...” (Tg 5,14-15). E São Tiago terminou sua Carta com estas palavras: “Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e outro o reconduzir, saiba que aquele que reconduz o pecador desencaminhado salvará sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5,19).

Filipe era natural de Betsaida de Galileia, a cidade de André e Pedro, seus amigos (cf. Jo 1,44), uma pequena cidade pertencente à tetrarquia de um dos filhos de Herodes, o Grande, também ele chamado Filipe (cf.Lc3,1). Nas listas dos Doze, ele é sempre colocado no quinto lugar (assim em Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 6, 14; Act 1, 13), portanto substancialmente entre os primeiros. Apesar de Filipe ter origens hebraicas, o seu nome é grego, como o de André, e isto é um pequeno sinal de abertura cultural que não se deve subestimar. As notícias que temos sobre ele são-nos fornecidas pelo Evangelho de João.

Segundo o evangelho de São João Jesus o chamou a ser seu discípulo com estas palavras: “Vem e segue-me”. Filipe respondeu esse convite com generosidade e admiração. Mas Filipe não ficou contente em ser discípulo de Jesus. Ele levou Natanael para se encontrar com Jesus. Ao se encontrar pessoalmente com Jesus, Natanael confessou sua em Jesus: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1,49). Filipe apareceu na multiplicação dos pães onde ele se mostrou pessimista em dar comida para uma grande multidão com pouco dinheiro que tinha, sem ter consciência de que ele estava com o Senhor dos milagres (Jo 6, 5-7). Diante dos seus olhos Filipe presenciou a multiplicação dos pães. Filipe apareceu também, em outra ocasião, como mediador daqueles prosélitos (recém-convertidos) que se encontravam em Jerusalém com motivo da Páscoa e que queriam ver Jesus. Filipe e André se dirigiram ao Senhor para contar o desejo dos gregos em quererem ver o Senhor (Jo 12,20). A última intervenção de Filipe se encontra no evangelho deste dia (Jo 14,6-14). Para ele Jesus dirigiu estas palavras: “Quem me viu, viu o Pai”. Isto significa que conhecer Jesus, escutar suas palavras, viver seus mandamentos equivale a conhecer plenamente Deus, a contemplar seu rosto amoroso reflexo na bondade de Jesus Cristo, em sua misericórdia e amor para os pobres e simples. 

São três pontos dignos de menção aqui sobre Filipe. Primeiro, Filipe, assim como Pedro e André, é um bom exemplo daquelas pessoas que que “receberam” Jesus rápida e entusiasticamente numa época em que a maioria dos “seus não O receberam” (Jo 1,11). Segundo, embora existam indicações de que ele era tímido e fraco na fé (Cf. Jo 14,8-11), imediatamente testemunhou de Jesus quando falou sobre Ele para Natanael. Esse tema do testemunho sobre Cristo que é um mandamento dirigido a todos os cristãos, é desenvolvido extensivamente no Evangelho de João (Cf. Por exemplo Jo 5,31-36). Terceiro, o conteúdo desse testemunho se torna evidente quando Filipe testemunhou não somente sobre um homem surpreendente e sim sobre o que estava escrito na Lei de Moisés a respeito de Jesus (Cf. Jo 1,45). 

Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”, disse Filipe a Jesus. “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai”, respondeu Jesus. O mistério de Deus somente pode entrar na mente humana através da fé: “Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras”. 

Para nós cristãos, seguidores de Cristo é incompreensível não termos fé em Deus. É realmente maravilhoso o constatar como as portas do mal não prevalecem contra a Igreja de Cristo (Cf. Mt 16,18). Porém, a nossa união profunda com Cristo resulta nas obras boas que praticamos pelo bem de todos. As obras boas falam por si sobre Cristo que passou a vida fazendo o bem (Cf. At 10,38). Cada cristão unido a Cristo se torna reflexo de Cristo na convivência com os demais. O mundo tem quer ver Cristo na vida cotidiana de cada cristão. 

Se formos generosos ao chamamento do Senhor que nos sussurra: “Vem e segue-me”, seremos também, como Tiago e Filipe, instrumentos e reflexos do Senhor neste mundo para levar mais pessoas ao encontro do Senhor. Muitos continuam esperando palavras de esperança de cada um de nós. Esperar é crer que algo novo e melhor é possível através de cada um de nós e torcer para que aconteça. O Senhor não quer saber de nossas fraquezas nem de nossos limites. Os outros estão ai. Depende de você que se aproxime ou não para torná-los seus irmãos. 

Graças aos apóstolos chegou até nós a mensagem de Deus, a mensagem de salvação, a mensagem que nos garante que temos um futuro vitorioso com Deus. Por nossa vez, nós não devemos deixar morrer na nossa mão a semente da Palavra de Deus. Precisamos passar adiante todo bem que sabemos fazer e que devemos fazer. 

Jesus: Caminho, Verdade e Vida

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”, disse Jesus no Evangelho deste dia. 

Para o Evangelho de João e para todos nós cristãos, o caminho não é mais a Lei como no AT, mas é uma Pessoa. Esta pessoa é Jesus Cristo. Jesus é o único Caminho, porque Sua vida e sua prática conduzem a humanidade ao encontro definitivo com Deus. Ele é o Caminho para o Pai porque na sua pessoa nos revela Deus, e no exemplo da sua vida e na luz da sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos de Deus e irmãos dos homens. Para conhecer o caminho e encontrar sua trajetória certa que conduz à vida basta olhar para Jesus e sua prática e viver como Jesus viveu. Ele é o Caminho para o Pai porque na Sua pessoa nos revela Deus e no exemplo da sua vida e na luz da Sua palavra nos mostra o itinerário a seguir para a nossa realização definitiva como filhos e filhas de Deus e irmãos dos homens. Ele é o Caminho que caminha conosco.          

Ele é a Verdade em virtude de nele residir plenamente a realidade divina e que realizou nele a plenitude da realidade humana. Com sua atividade em favor do homem (Jo 10,37s), que manifesta o amor de Deus, revela ao mesmo tempo a verdade sobre Deus e sobre o homem. A verdade é, por isso, a lealdade absoluta de Deus frente aos homens, de maneira que o homem pode confiar cegamente na sua palavra, na sua promessa, na sua lealdade. Jesus é a Verdade no meio da mentira do mundo, porque ele é a revelação exata do Pai. Designando Jesus como a Verdade, a fé pascal pretende indicar que em Jesus apareceu a fidelidade de Deus, de uma vez para sempre e que esta fidelidade será estendida a todos os momentos do tempo pelo poder do “Espírito da Verdade”.          

Eu sou a Vida. No que se trata do termo “Vida” (Eu sou a Vida), no evangelho de João este termo tem um significado inesgotável. Jesus, que recebe a plenitude do Espírito (Jo 1,32s), possui a plenitude da vida divina e dispõe dela, como o Pai (Jo 5,21.26; 17,2). A missão de Jesus é comunicar vida ao homem e vida em abundância (Jo 10,10), vida definitiva e indestrutível (Jo 10,28;17,2). Por isso, Jesus é a Vida porque a possui em plenitude e pode comunicá-la para quem acredita nele. Ele é a Vida em plenitude e sem fim num mundo de morte e autodestruição, e, por isso, podemos entrar em comunhão com o Deus vivo através dele.         

A adesão a Jesus e à sua prática em favor da vida faz com que as pessoas se tornem filhas de Deus, formando só uma família com Jesus e o Pai. Para conhecer o Pai e para chegar até Ele faz-se necessário comprometer-se com a prática do Filho e viver de acordo com seus ensinamentos. 

Aceitar Jesus Cristo como a Vida nos leva a defendermos e protegermos a vida em todas as suas dimensões e seus setores, inclusive em algo tão relativo como a saúde. Por isso, a salvação se chama também “Salus” o que exige previamente uma cura. Não somente acreditamos em Deus, mas a questão fundamental é crer no Deus da vida. Por isso, muito mais que um problema moral, a salvação é um problema vital que tem a ver com a vida. Aceitar Jesus como a Vida nos leva a não desvalorizarmos a própria vida e a vida alheia. Neste sentido o cristão é o defensor da vida em todas as suas dimensões, pois ele acredita no Deus da vida. Somente assim poderemos dizer e acreditar que Jesus é a Vida.

P. Vitus Gustama,svd

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