quinta-feira, 1 de abril de 2021

Segunda-feira da Oitava Pascal,05/04/2021

SER CRISTÃO É SER ANUNCIADOR DA VIDA, DA ALEGRIA E DA ESPERANÇA

Segunda-Feira Na Oitava  Da Páscoa

Primeira Leitura: At 2,14.22-32

No dia de Pentecostes, 14 Pedro de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão: 22 “Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem aprovado por Deus, junto de vós, pelos milagres, prodígios e sinais que Deus realizou, por meio dele, entre vós. Tudo isto vós bem o sabeis. 23 Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz. 24 Mas Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse. 25 Pois Davi dele diz: ‘Eu via sempre o Senhor diante de mim, pois está à minha direita para eu não vacilar. 26 Alegrou-se por isso meu coração e exultou minha língua e até minha carne repousará na esperança. 27 Porque não deixarás minha alma na região dos mortos nem permitirás que teu Santo experimente corrupção. 28 Deste-me a conhecer os caminhos da vida e a tua presença me encherá de alegria’. 29 Irmãos, seja-me permitido dizer com franqueza que o patriarca Davi morreu e foi sepultado e seu sepulcro está entre nós até hoje. 30Mas, sendo profeta, sabia que Deus lhe jurara solenemente que um de seus descendentes ocuparia o trono. 31 É, portanto, a ressurreição de Cristo que previu e anunciou com as palavras: ‘Ele não foi abandonado na região dos mortos e sua carne não conheceu a corrupção’. 32 Com efeito, Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos nós somos testemunhas”.

Evangelho: Mt 28,8-15

Naquele tempo, 8as mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. 9De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. 10Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. 11Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos sacerdotes tudo o que havia acontecido. 12Os sumos sacerdotes reuniram-se com os anciãos, e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, 13dizendo-lhes: “Dizei que os discípulos dele foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. 14Se o governador ficar sabendo disso, nós o convenceremos. Não vos preocupeis”. 15Os soldados pegaram o dinheiro, e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, o boato espalhou-se entre os judeus, até o dia de hoje.

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Jesus Ressuscitou e Está Conosco

Através do livro dos Atos dos Apóstolos, são Lucas nos relata os trinta primeiros anos da Igreja até o ano 63 d.C. Nos cinco primeiros capítulos veremos o nascimento da Igreja em Jerusalém. Nos capítulos seis a onze contemplaremos a expansão da Igreja até Samaria e Síria. Finalmente, a partir do capitulo doze, graças à atividade missionaria de São Paulo, o Evangelho se estende por todo o Oriente Médio e Grécia. 

Mas atrás dos “atos” dos Apóstolos há somente um “ator” principal é o Senhor vivente, glorificado, ressuscitado que atua por sua Igreja. O dinamismo extraordinário da Igreja dos primeiros tempos provem por inteiro da convicção, da Fé, que animava os primeiros cristãos: Jesus ressuscitou, Jesus está vivo, Jesus está presente entre nós. Os apóstolos são testemunhas do Senhor Ressuscitado: "Deus ressuscitou este mesmo Jesus e disto todos nós somos testemunhas”. Esta convicção faz com que os Apóstolos percam o medo para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.

Por esta razão o livro dos Atos dos Apóstolos é lido como prolongamento da Páscoa. Durante os cinquenta dias do tempo pascal descobrimos que a ressurreição de Jesus Cristo não é apenas um maravilhoso fato do passado e sim que esta Ressurreição é um mistério atual que perdura sempre, um dinamismo vital que atua continuamente no nosso hoje. 

O discurso de Pedro, que lemos no texto da Primeira Leitura, como também outros discursos semelhantes (Cf. At 3,12-26; 4,8-12; 10,34-43; 13,16-41) tem como núcleo central o querigma primitivo resumido: apresentação de maneira breve sobre Jesus, anúncio de sua morte e ressurreição e a salvação que brota disso. Podemos dizer que este núcleo central é o conteúdo principal e fundamental da pregação cristã primitiva.

O discurso de Pedro começa com o seguinte relato: “No dia de Pentecostes, Pedro de pé, junto com os onze apóstolos, levantou a voz e falou à multidão”.          

Pedro põe-se de pé”. Esta expressão é uma expressão com alto conteúdo simbólico. Ela mostra a transformação de um estado de prostração e de temor num salto decisivo para frente. Esta expressão mostra que as situações são encaradas a partir de agora por mais difíceis que elas sejam, pois a força do Ressuscitado entrou ou penetrou profundamente na vida de Pedro e na dos outros Apóstolos que faz com que nenhum obstáculo posso impedi-los de testemunha o Senhor Ressuscitado que viram. O Espirito do Ressuscitado é o que dá a força e inspira as palavras e as atitudes oportunas de tods os Apóstolos. 

Anteriormente, há poucos dias, Pedro, assustado diante dos guardas e criadas do palácio de Pilatos, jura não conhecer Jesus Cristo. Mas agora, depois do acontecimento de Pentecostes, Pedro começa a dar uma série de testemunhos diante do povo e logo diante das autoridades sem nenhum medo, que lemos ao longo desta semana. Pedro e os demais apóstolos cresceram muito na fé por causa da ressurreição de Jesus e o envio de seu Espirito em Pentecostes. 

Esta primeira pregação de Pedro é uma catequese clara e contundente sobre a pessoa de Jesus dirigida precisamente aos habitantes de Jerusalém, os que haviam estado diretamente implicados na morte de Jesus: “Vós matastes Jesus, pregando-o numa cruz. Mas Deus ressuscitou a Jesus, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse”. Com valentia, Pedro proclama a ressurreição de Jesus diante do povo no dia de Pentecostes. Pedro quer recordar os israelitas o que eles fizeram com Jesus de Nazaré. Apesar do juízo injusto, a morte ignominiosa e a difamação pública de seu nome, Deus quis realizar seus desígnios em Jesus. Pela ressurreição a autenticidade da prática de Jesus é confirmada. 

Quantas pessoas na história e atualmente, homens e mulheres, que seguindo o exemplo de Jesus estão dispostas a dar sua vida pelos necessitados em nome Jesus ressuscitado. A experiência profunda e o encontro pessoal com o Senhor sempre resulta na obtenção de força para dar testemunho incansável sobre os ensinamentos do Senhor. A fé madura nos permite abrirmos mãos de nossos privilégios em função da salvação de outros irmãos que se encontram em séria necessidade de viver dignamente. 

Viver Na Alegria Da Ressurreição Para Poder Dar Testemunho Do Amor Deus Por nós 

Estamos na festa da ressurreição. Através da ressurreição de Jesus, Deus quer nos dizer que quem ama, acaba sempre vencendo, como Jesus; e que não fomos feitos para as lágrimas com tristeza sem fim, pois somos chamados à vida ressuscitada. Que a morte não destrói nossa vocação de vida plena, pois Jesus venceu a morte. A ressurreição é a morte da própria morte (cf. 1Cor 15,55). Que a em Jesus Cristo não é absurda. Que o testemunho da comunidade primitiva é verdadeiro. Quem ama, como Jesus amou, sabe e tem certeza de que sempre há futuro. Que nós temos um futuro com Deus desde que vivamos de acordo com os ensinamentos de Jesus. Que a palavra chave para nossa vida não é a morte e sim a ressurreição; não é a violência ou ódio e sim o amor que nunca morre, poisDeus é amor” (1Jo 4,8.16). Que andar atrás de Jesus significa ter um futuro garantido. Deus sempre prepara o melhor no fim para quem caminhar atrás de Jesus apesar das cruzes encontradas no caminho.  

Hoje através do evangelho lido neste dia escutamos a voz do ressuscitado. São três palavras de futuro que vão ser repetidas com acentos diversos durante os próximos dias: 

1. “Alegrai-Vos”. 

A alegria é um sinal de harmonia interior, de equilíbrio e saúde psicológica. “A alegria é sinal inequívoco de que a vida triunfa” (Henri Bérgson). Isto nos indica também que a falta de alegria é sinal de que a vida está bloqueada.  A alegria é um “sim” espontâneo para a vida que brota de dentro de nós; é um sim para aquilo que somos. 

“Alegrai-vos!”. O convite de Jesus à alegria não é um conselho e sim uma ordem para ser cumprida. Na verdade, toda a mensagem de Jesus é uma mensagem de alegria. A alegria do Evangelho é o próprio Jesus crucificado-ressuscitado em que Deus se mostra como Aquele que nos ama apesar de tudo. A alegria do homem é a alegria de Deus. 

No meio de nossas tristezas, o Ressuscitado nos chama à alegria. A nossa alegria consiste em ter certeza de que com Jesus tudo termina na vitória, na ressurreição apesar de tudo. Temos muita necessidade de estar conscientes desta certeza. A alegria tem uma relação com o amor. Nossa alegria correra como um riacho enquanto não deixarmos secar sua fonte, que é o amor. 

Alegria! Este é o grito que atravessa os séculos e cruza continentes e fronteiras. Alegria, porque Jesus crucificado ressuscitou e o homem começa a ter um futuro seguro em e com Deus. Alegria para as crianças que acabam de nascer para começar sua jornada de vida, e para os anciãos que se perguntam para onde vão seus anos; alegria para os que rezam na paz das igrejas e para os que cantam nas discotecas; alegria para os solitários que consomem sua vida no silêncio e para os que gritam seu gozo na cidade.

2. “Não Tenhais Medo”. 

Sentir medo não é errado porque somos criaturas expostas a perigos e ameaças. Os nossos medos são um sinal de alarme que podem nos ajudar a evitarmos o perigo. O imprudente suprime o medo e se atira inutilmente ao perigo. O covarde teme tudo, se paralisa e não se atreve a correr nenhum risco. O homem sadio sabe usar seus medos para agir prudentemente. Aqueles que, para educar e governar, despertam o medo, não educam nem governam; submetem. 

Não há nada que nos paralise mais do que o medo. Muitas vezes somos dominados pelo medo. Quem pode nos transmitir a confiança da qual necessitamos? Somente o Ressuscitado: “No mundo vocês terão tribulações, mas tenha coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Quando colocarmos nosso medo nas mãos de Jesus Ressuscitado, nos tornaremos mais prudentes do que paralisados: “Sejam prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas” (Mt 10,16). A prudência é a capacidade de ver, de compenetrar-se e de ajustar-se à realidade. Segundo sua origem latina a palavra “prudência” (prudens-entis) significa precavido, competente. A prudência oferece a possibilidade de discernir o correto do incorreto, o bom do mau, o verdadeiro do falso, do sensato do insensato, para guiar o bom rumo de nossas ações. O homem sábio é sempre guiado pela prudência.       

3. “Ide Anunciar...”.

A ressurreição inaugura uma urgência. Acomodados em nossas seguranças de sempre significa que cavamos nossa própria tumba. Quando nos pomos em caminho, a força do Ressuscitado nos restaura.

O evangelho nos relatou que diante do Ressuscitado as mulheres se prostraram reconhecendo a divindade em Jesus. Prostrar-se significa adorar. Jesus transformou essas mulheres em anunciadoras da Boa Notícia da ressurreição. Isto significa que a adoração e a missão, a oração e o anúncio são uma moeda de dois lados, sempre andam de mãos dadas. Aquele que adora a Deus deve ser ao mesmo tempo um anunciador e parceiro da Palavra de Deus, do bem, seja através de palavras, seja através do modo de viver, seja através das boas obras. Sejamos missionários da vida ressuscitada e vitoriosa. Não tenhamos medo das cruzes, pois a vitória já está anunciada antecipadamente. Estar consciente disso significa não faltará força para lutar até o fim em nome da vida que é o próprio Deus (Jo 11,25; 14,6).                                

P. Vitus Gustama,svd

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