sábado, 4 de setembro de 2021

Quinta-feira Da XXIII Semana Comum,09/09/2021

VIVER NA MISERICÓRDIA DIVINA É VIVER NO AMOR SEM FRONTEIRAS

Quinta-Feira da XXIII Semana Comum

Primeira Leitura: Cl 3,12-17

Irmãos, 12vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. 14Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. 15Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. 16Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. 17Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele dai graças a Deus, o Pai.

Evangelho: Lc 6,27-38

Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27 “A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28 bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29 Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 30 Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31 O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32 Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33 E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34 E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36 Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será posta no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

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Sincera Misericórdia, Bondade, Humildade, Mansidão e Paciência São “Uniformes” Dos Cristãos

Hoje encerramos a leitura da carta aos Colossenses, com um lindo programa de vida cristã diariamente que Paulo apresenta aos Colossenses e a nós todos. 

Para falar do programa de vida cristã, são Paulo usa uma comparação com o vestido, o “uniforme” que os Colossenses deveriam vestir-se como “povo eleito de Deus, povo santo e amado”. E este “uniforme” vale também para todos os cristãos.  O uniforme do qual são Paulo fala, se refere, sobretudo, às relações de uns com os outros na vida da comunidade: “a sincera misericórdia, a bondade, a humildade, a mansidão, a compreensão, a paciência e a  paz”. Tudo isto é a manifestação de nosso amor vivido profundamente. 

Por isso é que todos os dias devemos aprender a ser misericordiosos, bondosos, humildes, mansos, pacientes, capaz de suportar os demais e sempre dispostos a perdoar aos que nos ofendem, como Deus continua a nos perdoar toda vez que nos arrependemos, pois Deus é amor. 

Se “Deus é amor” (1Jo 4,8.16), precisamente é o amor que dará sua autêntica perfeição para a vida do cristão.  Sem o amor, nossa vida ficaria muito longe de se converter em um sinal do Senhor para os demais homens. Esse amor deve nos levar a proclamar a Palavra de Cristo de um modo eficaz, pois não somente falaremos com a Sabedoria que procede de Deus e sim que toda nossa vida se converterá em uma contínua Ação de Graças e louvor do Nome do Senhor. Por isso, nossas obras e nossas palavras hão de ser feitas no nome do Senhor, isto é, com amor. Com isto, por meio de nós, o Senhor continua passando fazendo o bem a todos e proclamando sua Boa Notícia de amor e de misericórdia em favor de todos. 

Este programa é elevado, porém concreto: em duas direções. A primeira direção é para com as pessoas que encontramos ao longo do dia. Para as pessoas que encontramos ao longo do dia, somos incentivados a usar de misericórdia, ser compreensivos, bondosos, "ter paciência uns com os outros e perdoar uns aos outros quando um tem reclamações contra o outro." O motivo é convincente: “o Senhor nos perdoou: façamos nós mesmos para os outros, como rezamos no Pai: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...”.

A segunda direção é a relação com Deus. Somos convidados a uma abertura cada vez maior: Sobretudo ouvir a sua Palavra: “Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós”:

1.    Com uma atitude de ação de graças, que é aquela que atinge a sua expressão mais densa na Eucaristia: “Celebrai a Ação de Graças, Cantai a Deus e dai-lhe graças... oferecendo a Ação de Graças a Deus”;

2.    Com a nossa oração, que aqui parece aludir ao que desde o início se organizou na Igreja como Oração das Horas pela manhã e de tarde: “Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças”;

3.     E, sobretudo, na própria vida: “Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo”. Jamais podemos nos aparecer mais do que o próprio Cristo. Somos cristãos, isto é, nosso dizer e fazer devem refletir o próprio Cristo. Jamais apagar em nós a imagem de Cristo.

Paulo estabelece um padrão muito alto para que possamos nos amadurecer na vida de fé. Neste amadurecimento devemos ajudar-nos fraternalmente: “Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria”. Trata-se de um quadro muito completo da vida cristã. O que acontece é que é difícil para organizarmos nosso dia nesta chave espiritual, porém não é impossível. Tudo está ao nosso alcance. Um pouco de esforço de cada dia chegaremos a viver de acordo com este programa espiritual. 

Somos Chamados a Ser Sinal Do Amor Misericordioso de Deus Neste Mundo 

Estamos acompanhando o Sermão da Planície do Evangelho de Lucas (Lc 6,20-49). Na passagem do evangelho de hoje o evangelista Lucas resumiu vários conselhos dados por Jesus, e que Mateus agrupou no Sermão da Montanha (Mt 5-7). Esses conselhos são umas atitudes evangélicas essenciais para qualquer cristão ou qualquer pessoa de boa vontade.

Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”.

O evangelho não inventou novos valores. O próprio perdão, expressão máxima do amor, faz parte de toda vida numa sociedade que queira ser duradoura. Mas o exemplo de Cristo é um estímulo poderoso que pode nos dar fortaleza de chegar ao extremo no amor que perdoa. Sem amor os mais formosos valores podem degenerar em orgulho, em autossuficiência, em farisaísmo, em exibicionismo, em intolerância, em fanatismo, em legalismo e assim por diante (cf. 1Cor 13,1-13). O amor nos impede de cairmos em moralismo e rigorismo sem flexibilidade. 

Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”, disse Jesus.

Inimigo” é uma palavra muito forte. Geralmente se refere àqueles que estão em estado de guerra. Pode também ser usada para descrever grupos ou indivíduos que oprimem outros, que algemam sua liberdade e impedem seu crescimento. Inimigo também é alguém que se coloca no caminho da nossa liberdade e dignidade. É alguém a quem evitamos e com quem nos recusamos comunicar. São os que nos odeiam, nos amaldiçoam, nos injuriam, os que nos roubam a alegria de viver, os que nos comentam com maldade e assim por diante. Todas essas pessoas não são ideias nem fantasmas irreais, e sim são pessoas de carne e osso. Nem sempre temos coragem de dizer que temos inimigos, pois esta palavra é muito forte. 

Porém, consciente ou conscientemente a atitude de alguém de não querer se comunicar com seu rival/inimigo vai virar a antipatia e a antipatia pode se transformar em mágoa; a mágoa se torna raiva e a raiva vai virar ódio. O ódio é como uma gangrena: devora a pessoa. O ódio é igual alguém a tomar o veneno e espera que o outro morra. Todas as nossas recusas em nos comunicarmos com os outros e nos abrirmos a eles encerram-nos na prisão. Em vez de nos ajudar a crescermos no amor, no perdão e na abertura, esse processo pode nos fechar em formas sutis de depressão e inércia. Nesse caso somos prisioneiros de nós mesmos ou do nosso grupo. 

Amai... Fazei o bem... Desejai-lhes o bem... Rogai por eles... Daí... etc.”. Tudo isso não são ideias nem sentimentos e sim atos reais e atitudes concretas. Nisso percebemos que não é fácil viver o evangelho. É preciso fazer e ter a experiência pessoal com Cristo para podermos viver tudo isso.

O ensinamento essencial de Jesus é que nosso amor há de ser universal libertando-nos das comunidades naturais: a família, a nação, a etnia nas quais se exerce ou se vive o amor quase espontaneamente. É preciso nós irmos além das fronteiras, pois o amor sempre vai além das fronteiras: “Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim”, disse Jesus. A solidariedade, o amor, a compaixão, não é um bem em si, há que praticá-los também para os pecadores, os malvados, os egoístas, pois o amor é o valor que convence até os ateus, os desesperados e desesperançosos. O amor sem fronteiras é muito mais exigente do que todas as leis psicológicas e sociais. O amor deve alcançar as dimensões de toda a humanidade: inimigos, adversários, maldosos, maliciosos e assim por diante. É um amor desinteressado e gratuito: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca”. É amar como Deus ama, imitando o amor infinito de Deus, pois “Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus”, e ser um sinal de amor do Pai que ama todos os homens que “faz nascer seu sol igualmente sobre maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45).

Portanto, o texto do evangelho de hoje é uma chamada a construirmos uma nova relação com Deus a partir de um novo comportamento com os demais. O primeiro mandamento que Jesus deu aos seus seguidores é superar o ódio, a vingança e o rancor: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam”. Nenhum cálculo humano deve orientar a pratica do amor autêntico e eficaz. Os seguidores de Jesus, ao amar os inimigos, imitam a bondade de Deus de Quem recebe o perdão de seus pecados e este amor é a resposta agradecida ao Deus da misericórdia. O amor dos seguidores de Jesus deve ser uma ação e uma tarefa, o amor deve ser eficaz e alcançar, inclusivo, aqueles que não o merecem: os inimigos. As palavras de Jesus supõem uma nova atitude, supõe a conversão e a aceitação plena do conteúdo dos ensinamentos de Jesus, supõem construir um novo modelo de sociedade porque não pode haver uma comunidade autêntica sem a justiça e o perdão necessário para restabelecer a comunidade. No entanto, o perdão nunca pode servir de pretexto para ocultar a ausência de justiça. Nosso amor não pode encobrir injustiças e desigualdades. Amar, verdadeiramente, é andar na verdade. 

É bom nos relembrarmos novamente que o estilo de atuação que Jesus pede a todos os cristãos é:

·      Amem seus inimigos.

·      Façam o bem aos que os odiaram.

·      Abençoem aqueles que os amaldiçoaram.

·      Rezem pelos que os injuriaram. 

O que nos custa é cumpri-los, adequar nosso estilo de vida a estes ensinamentos de Jesus. Somos chamados a ter bom coração com todos: não julgar, não condenar, não injuriar, não agredir, mas rezar, perdoar e ser compassivo. A misericórdia é um especial poder do amor, que prevalece sobre o ódio, a infidelidade, a deslealdade, a ingratidão. Como diz São João Paulo II: “Esse amor misericordioso é capaz de curvar-se ante o filho pródigo, ante a miséria humana e, sobretudo, ante a miséria moral, ante o pecado. A misericórdia se manifesta em seu aspecto verdadeiro e próprio quando valoriza, promove e explicita o bem em todas as formas de mal existente no mundo e no homem” (Dives in misericórdia, no.6).

P. Vitus Gustama,svd

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