segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Sexta-feira Da XXV Semana Comum,24/09/2021

JESUS NOS INTERROGA SOBRE QUEM ELE É PARA NÓS

Sexta-Feira da XXV Semana Comum

Primeira Leitura: Ag 1,15b-2,9

1,15b No segundo ano do reinado de Dario, 2,1 no dia vinte e um do sétimo mês, fez-se ouvir a palavra do Senhor, mediante o profeta Ageu: 2“Vai dizer a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote, e ao resto do povo: 3Há dentre vós algum sobrevivente que tenha visto esta casa em seu primitivo esplendor? E como a vedes agora? Não parece aos vossos olhos uma sombra do que era? 4Mas agora, toma coragem, Zorobabel, diz o Senhor, coragem, Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote; coragem, povo todo desta terra, diz o Senhor dos exércitos; ponde mãos à obra, pois eu estou convosco, diz o Senhor dos exércitos. 5Eu assumi um compromisso convosco, quando saístes do Egito, e meu espírito permaneceu no meio de vós: não temais. 6Isto diz o Senhor dos exércitos: Ainda um momento, e eu hei de mover o céu e a terra, o mar e a terra firme. 7Sacudirei todos os povos, e começarão a chegar tesouros de todas as nações, hei de encher de esplendor esta casa, diz o Senhor dos exércitos. 8Pertence-me a prata, pertence-me o ouro, diz o Senhor dos exércitos. 9O esplendor desta nova casa será maior que o da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e, neste lugar, estabelecerei a paz, diz o Senhor dos exércitos. 

Evangelho: Lc 9,18-22

Aconteceu que Jesus 18 estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19 Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20 Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21 Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22 E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.

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Recuperar AAliança Com Deus Para Ter Um Futuro Melhor 

No segundo ano do reinado de Dario, no dia vinte e um do sétimo mês, fez-se ouvir a palavra do Senhor, mediante o profeta Ageu...”. Estamos em  Outubro de 520 a.C. Depois de um longo período de desalento (desânimo) os repartiados da Babilônia começaram a reconstruir o Templo de Jerusalém. Mas muitos permanecem pessimistas. 

O profeta Ageu continua a encorajar os que regressaram do exílio da Babilônia a reconstruírem a sua identidade de forma equilibrada: sem descuidar dos valores religiosos, representados no Templo. O profeta Ageu recorda que Deus sempre esteve perto deles, tanto quando os libertou do Egito quanto agora, quando Ele os trouxe de volta da Babilônia para Israel. O profeta Ageu deve estimulá-los a levar em conta a Aliança em sua tarefa de reconstrução, pois o exílio na Babilônia é interpretado como fruto da desobediência à Aliança com Deus. Mas em nome do mesmo Deus o profeta Ageu lhes disse: “Toma coragem... ponde mãos à obra, pois eu estou convosco, diz o Senhor dos exércitos”. 

O profeta Ageu vai muito além disso. Ele promete que o futuro ainda será melhor do que o passado: “O esplendor desta nova casa será maior que o da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e, neste lugar, estabelecerei a paz, diz o Senhor dos exércitos”. Este Templo será menos esplêndido do que o de Salomão, mas ainda é o melhor símbolo da Aliança entre um Deus próximo e um povo que prometeu viver de acordo com a vontade de Deus. 

A mensagem do texto é muito clara para nós. Nunca devemos ser enganados pelos malfeitores sinistros, ou vencidos pela preguiça em nossa missão de testemunho cristão. 

A consciência de saber que Deus está conosco e estamos com Deus, jamais deixemos que o pessimismo tire nosso ânimo para o trabalho pela salvação de todos. “Os otimistas acreditam que este mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas suspeitam que os otimistas possam estar certos” (Zygmunt Bauman). Como cristãos não dependemos da dialética do otimismo-pessimismo e sim da fé profunda no Deus da Bondade. Mantemos nossa perseverança, pois Deus é bom. A bondade de Deus me mantém na perseverança. Cedo ou tarde o fruto da bênção de Deus chegará, mesmo que estejamos cercados  pelos inimigos como aconteceu com os israelitas durante o exílio na Babilônia. 

Mas tomemos cuidado diante da tentação das coisas imediatas e visíveis capazes de nos chamar muito atenção que nos fazem negligenciar as coisas espirituais. Neste contexto, o pessimismo costuma vir como pretexto para não trabalharmos na evangelização e na construção de uma sociedade ou de uma convivência melhor, mesmo que se trate de consertar paredes em ruinas.

Temos que escutar permanentemente as palavras de alento do profeta Ageu:  Coragem, povo inteiro... não temais... Deus está convosco e voltará a encher de glória este Templo”. A Igreja de Cristo tem futuro apesar de tantos crises existentes, pois a Cabeça desta Igreja é o próprio Cristo e seu Espírito continua nos inspirando e animando. Que a situação mundial, por mais decadente que pareça, nunca seja desculpa para a nossa preguiça. Quanto mais ruinoso, mais urgente é o nosso trabalho.

Sois vós o meu Deus e meu refúgio. Irei aos altares do Senhor, Deus da minha alegria. Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, meu Senhor e meu Deus. Espera em Deus! Louvarei novamente o meu Deus Salvador” (Veja o Salmo Responsorial: Sl 42). 

Quem É Jesus Para Mim? 

O evangelista Lucas volta ao tema do evangelho do dia anterior sobre a identidade de Jesus (cf. Lc 9,7-9). No texto do evangelho do dia anterior o interessado por saber quem era Jesus foi Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande. No texto do evangelho de hoje é o próprio Jesus quem dirige a pergunta a seus discípulos. Quem é Jesus para as pessoas em geral e quem é Jesus para os próprios discípulos?

A resposta do povo é múltipla: Elias, João Batista, um profeta que ressuscitou. Segundo os discípulos Jesus é o Messias. “Messias” é palavra hebraica que é em grego “Christos” que significa “Ungido”. Jesus é o Ungido de Deus, ou seja, Aquele sobre quem Deus derramou seu Espírito, ungindo-o com Sua força para que leve a cabo uma missão. Jesus está totalmente aberto à vontade de Deus a ponto de o Espírito divino repousar sobre Ele (cf. Lc 3,21-22; Mt 3,16-17) e se deixa guiar completamente pelo mesmo Espírito (cf. Mc 1,12). 

Mas que tipo de Messias Jesus é? Estamos aqui no centro da fé: crer em um Messias que será crucificado. A cruz de Jesus não é um incidente e sim uma consequência. A presença de Deus se manifesta no caminho da cruz, isto é, na entrega de si mesmo, na recusa de toda imposição, no amor que aceita ser contradito e aparentemente derrotado: “É necessário o Filho do Homem sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar”.

Mas a cruz de Jesus é saborosa, pois trata-se de uma vida vivida até o fim por amor aos homens como manifestação do amor a Deus (cf. Jo 3,16). Por isso, na sua cruz vemos com clareza o amor de Deus por cada um de nós. Deus encarnado é capaz de tudo, até o impossível, pois cada um tem um valor incalculável diante de Deus. Por você e por mim Deus se encarnou em Jesus e por amor a nós todos Jesus aceitou ser crucificado (cf. Mt 8,17; Jo 3,16). O caminho do amor é o caminho que nos leva à salvação. Fora do amor não há a salvação independentemente de nossas práticas religiosas. Por este caminho (amor) não há outro caminho para chegar até Deus que é Amor por excelência (1Jo 4,8.16).

O amor transforma tudo. Com amor levamos a carga sem carga, pois o amor torna tudo leve. O amor faz doce e saboroso o que é amargo. O amor nobre de Jesus nos impulsiona a desejar sempre o mais perfeito e a fazer o bem para todos. O amor não é detido por qualquer coisa deste mundo. O amor quer ser livre. Não há nada que seja mais doce, mais forte, mais alto, mais alegre, mais humano e mais divino do que o amor, pois o amor nasce de Deus, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). O amor sempre vela, e dormindo não se dorme; fatigado, não se cansa; angustiado, não se angustia; espantado, não se espanta; é forte na sua fraqueza.

A pergunta de Jesus é repetida para nós em todos os momentos: “Quem é Jesus para nós?”. Não se trata de uma pergunta supérflua. É claro que “sabemos” já quem é Jesus. Não somente cremos em Jesus como o Filho de Deus e Salvador da humanidade, mas queremos segui-Lo com fidelidade na vida de cada dia. Mas temos que refrescar ou renovar com freqüência esta convicção, pensando se realmente nossa vida está orientada para Ele, se nossas opções de cada dia estão de acordo com seus critérios. Quem é Jesus para mim agora, nesta etapa concreta da vida que estou vivendo? Não podemos responder a esta pergunta com palavras magistrais nascidas do estudo. Nossa resposta deve ser muito simples, nascida da vida de cada dia com o próprio Senhor.

O segundo ponto que Lucas quer nos transmitir através do texto do evangelho de hoje é a importância da oração. Lucas nos mostra Cristo em oração toda vez que ele toma uma decisão importante ou quando se compromete em uma etapa de sua missão (Lc 3,21; 6,12; 9,29; 11,1; 22,31-39). Lucas é o único evangelista que menciona a oração de Cristo antes de obter a profissão de fé nos seus e de anunciar-lhes sua Paixão. Assim cabe pensar, como em cada uma das demais circunstâncias mencionadas por Lucas, que Jesus reza pelo cumprimento de sua missão cujos contornos ele não vê mais que na obscuridade. Através da oração vemos a realidade da humanidade de Jesus. “Para ser um bom orador é necessário ser um bom orante”, dizia Santo Agostinho (De doc. christ. 4,15,32).

Se a oração de Jesus demonstra a realidade de sua humanidade, não deixa de ser um sinal de sua divindade. Que Jesus pode reunir em sua oração a profundidade de sua pessoa, onde se estabelece sua vocação como o Ungido de Deus, é o indício de que dispõe do Espírito do Pai. Com feito, a oração não é um discurso que se dirige a Deus como um objeto e sim ter Deus por sujeito que conhece a profundidade de nosso ser. Não podemos alcançar esta profundidade sem a ajuda do Santo Espírito (cf. Rm 8,26-27). Do ponto de vista humano podemos dizer que somente aquele que reza profundamente é que reconhece os próprios limites e fraquezas, pois diante de Deus tudo fica iluminado. Rezar é deixar Deus iluminar nossa vida e nossas decisões de cada dia. Com efeito, sem oração a vida se torna escura. Quem não reza, obscurece a própria vida. A história de nossa oração é a história de nossa vida, pois na oração contamos para Deus tudo o que acontece na nossa vida embora Ele saiba de tudo. Erraremos o caminho se pararmos de orar, pois Deus é a Luz de nossa vida (Jo 8,12).

“Mas para vós, quem sou Eu?”. A pergunta sobre Jesus é a pergunta sobre nós mesmos. É uma pergunta fundamental, porque implica a nossa própria identidade cristã. Jesus agora não pede uma opinião, mas uma opção; não uma teoria, mas uma confissão; não uma conclusão de um discurso, mas uma tomada de posição, porque a questão: “O que significa seguir a Jesus” não pode ser separada da questão sobre a identidade de Jesus: “Quem é Jesus(para mim)?” A resposta do povo já não serve. A pergunta exige uma resposta sem meias-palavras. A pergunta exige uma tomada de posição. Estar com Jesus em pessoa não era suficiente. Ter o conhecimento da multidão não era suficiente. É necessário que seja Deus quem nos revele a cada um o conhecimento da verdadeira identidade de Jesus. 

Jesus continua dirigindo esta pergunta à Igreja e aos cristãos de todos os tempos. Todos são chamados a não contentar-se com uma opinião, uma teoria, um curso, uma pesquisa ou uma doutrina a respeito de Jesus, por nova e moderna que ela seja. Podemos até perguntar se temos realmente consciência da importância e da seriedade de nossa fé no Deus que Jesus Cristo nos revelou. 

Quem é Jesus para nós? Não podemos responder a essa pergunta com palavras magistrais nascidas do estudo. Nossa resposta deve ser muito simples: nascida da vida, daquilo que realmente temos ou tivemos a experiência com Ele; de como permitimos que ele entrasse em nossa vida e mudasse nosso ser e agir; ou, infelizmente, como O ignoramos ou, pior, como o expulsamos de nossas vidas para levar uma existência de acordo com nossos caprichos e inclinações erradas.

P. Vitus Gustama,svd

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