NATIVIDADE DE
MARIA
Primeira Leitura: Mq 5,1-4a
Assim
diz o Senhor: 1“Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá,
de ti há de sair aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos
remotos, desde os dias da eternidade. 2Deus deixará seu povo ao abandono, até
ao tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os
filhos de Israel. 3Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a
majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora
estenderá o poder até aos confins da terra, 4ae ele mesmo será a Paz”.
Evangelho: Mt
1,18-23
18
A origem de Jesus Cristo
foi assim: Maria, sua
mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos,
ela ficou grávida pela
ação do Espírito
Santo. 19 José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar
Maria em segredo.
20 Enquanto José pensava nisso, eis
que o anjo
do Senhor apareceu-lhe, em
sonho, e lhe
disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como
tua esposa, porque
ela concebeu pela
ação do Espírito
Santo. 21 Ela
dará à luz um
filho, e tu
lhe darás o nome
de Jesus, pois ele
vai salvar o seu
povo dos seus
pecados”. 22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23
“Eis que a virgem conceberá e
dará à luz um
filho. Ele
será chamado pelo nome
de Emanuel, que significa: Deus está conosco”.
No dia
08 de setembro celebramos a festa da Natividade
de Nossa Senhora.
“Esta festa em honra de Nossa Senhora originou-se em Jerusalém, como a
solenidade de Assunção. Trata-se da festa da conhecida basílica, no fim do
século V, como basílica ‘Sanctae Mariae Ubi Nata Est’, e agora conhecida como basílica
de Sant´Ana. No século VII, no rito bizantino e em Roma, neste dia celebrava-se
a Natividade de Nossa Senhora” (Augusto Bergamini: Cristo, Festa Da Igreja, Ed.
Paulinas,2004, 3ª Edição p.468).
Nada nos
diz o Novo Testamento sobre
o nascimento de Maria. Nem sequer nos dá a
data ou
o nome de seus
pais, ainda
que segundo
a lenda se chamavam Joaquim e Ana. Segundo a Tradição, a Virgem, Mãe do Senhor, nasceu em Jerusalém. A Liturgia
oriental celebra o nascimento de Maria cantando
poeticamente que este
dia é o prelúdio
da alegria universal
em que
começaram a soprar
os ventos que
anuncia a salvação. por isso, nossa liturgia nos
convida a celebrarmos com alegria o nascimento de Maria, pois
dela nasceu o Sol de justiça, Cristo
Nosso Senhor.
Tudo o que
sabemos a respeito do nascimento de
Maria se encontra no evangelho apócrifo
de Tiago segundo o qual
Ana, sua
mãe, se casou com
um proprietário
rural chamado Joaquim, Galileu de Nazaré. Joaquim
significa “o homem a quem Deus
levanta”. Descendência da família real de
Davi. Levavam já vinte anos de matrimonio e o filho
tão sonhado não
chegava. Os hebreus consideravam a esterilidade como
uma prova do castigo
do céu. Eram, por
isso, menosprezados. No Templo, Joaquim ouvia as murmurações sobre os dois (Joaquim e Ana) como indignos de entrar na casa de Deus.
Ana intensificou suas orações, implorando a graça
de ter um filho. Joaquim e Ana
foram premiados com o nascimento de uma filha única,
Maria. Nasceu uma santa, fruto do presente de Deus pelas orações
assíduas de Joaquim e Ana.
O ponto forte no descobrimento da importância de
um nascimento, como o de Maria, está no descobrimento de que Deus é o
protagonista desse nascimento e do destino de Maria. A presença determinante e indispensável
de Deus como protagonista se encontra, como consequência, também no nascimento
e na vida de Maria. O oráculo do profeta Miquéias (Mq 5,2-5) se refere a uma
maternidade, isto é, se refere à fonte de um nascimento projetado por Deus,
como lemos mais adiante no evangelho de Mateus: “E tu Belém, terra de
Judá, não és, de modo algum, a menor entre as cidades de Judá, porque de ti
sairá o Chefe que governará Israel, meu povo” (Mt 2,6). Aqui denota uma
convicção messiânica traduzida pelo evangelista Mateus numa convicção cristológica
e contextualmente mariológica.
Maria, cheia
de graça (Lc 1,28), vivia como perfeita filha
de Deus, entre
homens que
havia perdido a filiação divina
por causa do pecado.
Maria como cheia
de graça não
pecou jamais.
Esforcemo-nos a viver
como Maria, criança,
adolescente, jovem,
mãe carinhosa
e solícita, trabalhadora, paciente na pobreza,
nas perseguições e humilhações e nas adversidades. Educadora com
a palavra e a vida
de seu Filho,
de seus filhos
e filhas que somos nós
todos. Assim
seremos motivo de consolo,
de força e de gozo
para todos ao
nosso redor.
A festa da
natividade de Maria é uma das festas mais
arraigadas na tradição popular cristã, pois o que se contempla biblicamente é o esplendor
da aurora, do nascimento, do auge da maternidade do Redentor
que nos
salva. Maria é, hoje,
com efeito,
como a aurora
que anuncia a aparição
do Sol da justiça,
da vida, do amor.
No plano de Deus,
Maria faz parte dos segredos
de Deus, e será a mulher
que acompanha o Messias
em seu
caminho de salvação de toda a humanidade.
Esta festividade
nos situa no marco
de uma história na qual
surge a ação divina
a partir de baixo
e proclama a fé
num Deus que
não tarda
em cumprir Suas promessas.
A partir deste acontecimento
o cristão descobre em
cada momento
um momento
de salvação. O krónos (tempo medido pelos segundos)
se transforma em kairós (tempo da graça divina). O tempo
é carregado da ação
salvífica de Deus. A história carrega consigo
os sinais de Deus
que o ser humano precisa decifrar seu sentido. Deus
atua em cada
passo do campo
humano de cada
dia suscitando homens
e mulheres, como
Maria, Mãe do Senhor,
que fazem possível
e sacramental o atuar
de Deus em
função da salvação da humanidade. Assim
foi Maria, com seu
nascimento, fez possível a ação de Deus no mundo. De fato,
percebemos que Deus
não abandona
a humanidade.
Nos textos
litúrgicos escolhidos para
honrar hoje
a Maria não se fala
na natividade de Maria: um fato que ficou no anonimato. Nos
desígnios de Deus,
a humildade, o silêncio,
o passar desapercebido,
é uma atitude habitual.
Somente os acontecimentos
posteriores vão
iluminando em cada
passo o mistério
escondido no nascimento.
A liturgia
se fixa no grande
acontecimento da natividade
de um Menino,
de um Eleito, Predestinado: Jesus que, provindo da casa
e da família de Davi, dá cumprimento
a quanto na Bíblia
se disse sobre o Messias,
o Salvador.
Mesmo assim,
pelos mesmos
textos que
nos propõe a liturgia
desta festa não
cabe dúvida de que
existe uma estreita relação
entre nascimento de Jesus e o de Maria.
A importância desta festa
é assinalada pela
figura e pelo
papel desta Mulher.
Por seu
“Sim” ao projeto
de Deus, por
seu amor
e seus cuidados,
por sua
fé no Deus
libertador é que
Deus põe nela Sua
morada. E por
sua esperança
é que Maria encarna as esperanças de seu
povo.
Para explicar
a origem de Jesus, no evangelho lido neste dia,
o evangelista Mateus
emprega um
recurso literário
utilizado na antiguidade que é a genealogia.
As genealogias serviam para
conhecer os antepassados
de uma pessoa, e isto
era de suma
importância na cultura
dos povos do oriente
antigo, na qual
o indivíduo se entendia a si mesmo, e era
visto pelos
demais como
parte de um
grupo com
que estabelecia uma relação
de parentela pelos laços
de sangue e da carne.
A família era
o depósito de honra
acumulado por todos
os antepassados, e cada
um de seus
membros participava da dita honra e era obrigado a
defendê-la.
A intenção
de Mateus ao começar
seu evangelho
com a genealogia
é dar a conhecer a ilustre ascendência de
Jesus, que se remonta
nada menos
que a Davi e a Abraão, apresentando-o assim como um personagem muito importante
e honrável para os olhos
de seus contemporâneos.
Através da genealogia Mateus
quer nos
dizer que
Jesus é da descendência de Davi. Em outras palavras,
Jesus é o Filho
de Davi. Mais tarde este título sairá da boca
dos dois cegos:
“Filho de Davi, tem piedade de nós!”
(Mt 9,27). E na sua entrada
em Jerusalém Jesus será aclamado de “Filho de Davi”: “Hosana
ao Filho de Davi! Bendito
seja aquele que
vem em nome
do Senhor. Hosana
no mais alto
do céu!” (Mt 21,9). Hosana
(hebraico) = Salva, eu te peço!
(cf. Sl 118,25).
Mas Mt não pára na identidade
de Jesus como “Filho
de Davi”. Através deste capítulo primeiro do seu evangelho
Mt quer realmente
nos mostrar
que Jesus
é o Filho de Deus,
o Emanuel, que ele
explicará nos vv. 18-24. Para
explicar que
Jesus é o Filho de Deus,
Mt usa na genealogia
a palavra “GERAR”:
“Abraão gerou... Jacó gerou... Judá gerou...
e assim por
diante”.
A palavra “gerar”
na linguagem bíblica significa transmitir não
apenas o próprio
ser, mas também a própria
maneira de ser
e de comportar-se. O filho é a imagem do pai. Por esta razão,
a genealogia se interrompe bruscamente no versículo
16 para dizer que José não é
o pai natural
de Jesus, mas apenas
é o pai legal:
“Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual
nasceu Jesus, que é chamado o Cristo”. (Nos
vv 18-24 Mateus vai explicar
detalhadamente esta questão). Isto
quer nos
dizer que a
Jesus pertence toda
a tradição anterior,
mas ele
não é imagem
de José. Seu único
pai será Deus;
seu ser e sua ação e atividades vão
refletir os do próprio Deus. O Messias não é um produto da história e sim uma
novidade na história.
A lista de pessoas nesta genealogia
contém alguns dos mais
significativos nomes
como também
alguns nomes
que têm má fama;
contém tanto pecadores
como santos.
Dos 14 reis
judeus que
Mateus elenca
entre Davi e a deportação
somente dois (Ezequias e
Josias) poderiam ser considerados fiéis aos padrões de Deus.
O resto não
passou de um estranho
bando de idólatras, assassinos,
incompetentes e adoradores
de poder e prodígios.
O próprio Davi foi uma surpreendente
combinação de santo
e pecador. Houve naturalmente
o assassínio premeditado do marido
de Betsabé (Urias) de modo que Davi pudesse possuir legalmente a viúva.
Mas Deus
é aquele que
cumpre seus propósitos
através daqueles que
outros considerariam como não importantes e facilmente esquecíveis. Deus se serve tanto
de instrumentos fracos
como de instrumentos
saudáveis, pois
o agente principal
da salvação é o próprio Deus.
Além dos reis fracos e pecadores, a escolha
de mulheres mencionadas na genealogia é surpreendente.
Nada ouvimos ou
lemos a respeito das santas esposas patriarcais como
Sara, Rebeca ou
Raquel. Mt coloca na genealogia quatro mulheres
de má fama:
· Tamar: Uma cananéia, estrangeira que
teve caso com
o sogro, Judá.
· Raab: Era
uma verdadeira prostituta, mas que
protegeu os espiões israelitas
que tornou possível
a conquista de Jericó (Josué 2).
· Rute: Foi outra estrangeira,
uma moabita que se relacionou com Booz cujo resultado foi o nascimento de uma criança
que seria o avô
do Rei Davi.
· Betsabé: É uma vítima da luxúria
de Davi, de quem nasceu Salomão, sucederia
Davi na monarquia.
Todas estas mulheres
tinham, então, uma história
conjugal com elementos
de escândalo e desespero
humano. No entanto,
eram instrumentos ativos
do Espírito de Deus
na continuação da sagrada
linha do Messias.
Mateus quer
nos relembrar
e transmitir um
Deus que
não hesitou em
usar a torpeza
tanto quanto
a nobreza, a impureza tanto quanto a pureza, homens
a quem o mundo
ouviu atentamente e mulheres
que o mundo
censurou. Este Deus
continua a trabalhar com
a mesma mistura
e continua a nos surpreender.
Tudo isso
mostra que
Deus está no comando
da história. Ele
é o agente principal
e o homem é apenas
um colaborador.
Deus pode nos usar como Seus instrumentos apesar
de sermos pecadores, fracos, incapacitados
e assim por
diante. Mas
que tenhamos uma disponibilidade
de Maria para servir esse Deus que nos
compreende profundamente nossos defeitos.
Servir é uma adoração
em ação, é
uma continuação da minha
adoração. Servir
é prestar ajuda
sem esperar recompensa e reconhecimento,
pois servir significa ser servo e o servo está sempre
à disposição de seu
senhor. Quem
serve com o Espírito
de Deus jamais
murmura, pois o tempo
é precioso para ele. Quem não vive para servir não serve para viver tanto
para si próprio como para os demais.
Nesta festa
e na Eucaristia o Senhor
se dirige a nós através
de Sua Palavra
pela qual
nos convida a nos
convertermos em fieis
discípulos Seus,
conhecendo, escutando Sua Palavra e pondo-a em
prática. Ele nos mostrou que
a vida da fé
não pode limitar-se à oração. Cristo,
o Senhor, entrega
sua vida
por toda
a humanidade sem
ter em conta classes sociais, etnias
nem culturas.
Se, nesta celebração do Mistério
Pascal de Cristo,
nós entramos em
comunhão de vida
com o Senhor,
deixemos que Seu
Espírito transforme nossa
vida e faça de nós
um sinal
do amor de Deus
nos diversos
ambientes em
que se desenvolve nossa
existência. Deus
nos chama
a dar a vida para que todos tenham vida
e a tenham em abundância
a exemplo de Jesus (cf. Jo 10,10). Deus quer que em nosso coração
tenha espaço para
todos como
o coração de Maria que
cabe para toda
a humanidade que
Deus quer
salvar.
Desejamos, neste dia 08 de setembro,
muitas felicidades e muitas bênçãos para todos os verbitas (SVD) no mundo
inteiro. Hoje
a Congregação do Verbo
Divino, SVD faz o aniversário
de sua fundação
(08/09/1875).
Sobre Maria, Mãe
de Jesus, a quem tinha
muito amor
e devoção, Santo Arnaldo Janssen, fundador da SVD (e mais duas congregações
femininas: SSpS e SSpS da Adoração Perpétua) dizia: “A relação
de Maria com a Santíssima
Trindade é a de filha,
mãe e esposa.
De todas as filhas da terra ela
foi a escolhida do Pai celeste.
O Filho Eterno
a elegeu como mãe
para que
pudesse assumir a carne
humana. O Espírito
Santo a amou como
esposa e fez dela um
vaso santo
e eleito das divinas graças. A humildade da Rainha
dos Anjos foi uma virtude
marcante. Ela
que disse: "Eis
aqui a escrava
do Senhor”. Temos de aprender
de Maria, de quem a escritura
fala:” Ela guardava todas estas palavras
em seu
coração” (Lc 2,19)”.
Santo Arnaldo Janssen levava a sério a vontade
de Deus, como
Maria que se entregou totalmente à vontade
de Deus através
do seu Fiat, “Faça-se!”: “Que a santa vontade
de Deus seja bendita
para sempre!
Temos que adorar
esta vontade e abraçá-la com amor, se
queremos agradar a Deus.
Peço ao bom Deus
que nos
permita reconhecer sua
santa vontade
e nos conceda uma alegre
serenidade em
cumpri-la”.
”Não
são as longas orações
e sim as ações
generosas que comovem o coração de Deus” (Santo Arnaldo Janssen). “A confiança é a chave do incomensurável
tesouro de Deus.
A confiança em
Deus é a virtude
da qual o missionário
deve haurir toda
força e todo
auxílio. O missionário
deve ser um autêntico herói
da confiança em
Deus” (Idem).
“Quem vive sempre
unido a Deus, o mundo
lhe pertence
e cada dia
é um milagre.
Quem reza, prende a Terra
ao Céu”. (Idem)
”Sempre
é necessário rezar muito. A vida sem oração é o caminho certo para o inferno. E A língua que todos entendem é a linguagem
do amor” (São José Freinademetz, um dos dois
primeiros missionários
da SVD enviado para a China aos 02 de março de 1879).
P.
Vitus Gustama,svd
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