quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Segunda-feira Da XXVI Semana Comum,27/09/2021

VIVER COMO JUSTO COM AUTORIDADE E SER PARCEIRO DO BEM

Segunda-Feira da XXVI Semana Comum

Primeira Leitura: Zc 8,1-8

1 A palavra do Senhor dos exércitos foi manifestada nos seguintes termos: 2 “Isto diz o Senhor dos exércitos: Tomei-me de forte ciúme por Sião, consumo-me de zelo ciumento por ela. 3 Isto diz o Senhor: Voltei a Sião e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém será chamada Cidade Fiel, e o monte do Senhor dos exércitos, Monte Santo. 4 Isto diz o Senhor dos exércitos: Velhos e velhas ainda se sentarão nas praças de Jerusalém, cada qual com seu bastão na mão, devido à idade avançada; 5 as praças da cidade se encherão de meninos e meninas a brincar em suas praças. 6 Isto diz o Senhor dos exércitos: Se tais cenas parecerem difíceis aos olhos do resto do povo, naqueles dias, acaso serão também difíceis aos meus olhos? — diz o Senhor dos exércitos. 7 Isto diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu vou salvar o meu povo da terra do oriente e da terra do pôr do sol; 8 eu os conduzirei, e eles habitarão no meio de Jerusalém; serão meu povo e eu serei seu Deus, em verdade e com justiça”.

Evangelho: Lc 9,46-50

Naquele tempo, 46 houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47 Jesus sabia o que estavam pensando, pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48 e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”. 49 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lho proibimos, porque não anda conosco”. 50 Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor”.

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Deus Quer o Novo Recomeço Conosco

Com o profeta Zacarias (que já começamos a ler no sábado passado) continuamos com a série de profetas que falaram nos tempos da volta do exílio da Babilônia.

Em Zc 8,1-23 encontram-se dez oráculos messiânicos (promessas). Pela fórmula “assim diz o Senhor todo-poderoso”, o profeta Zacarias introduz promessas de mudança, pois o Senhor tem zelo e paixão por Sião (Jerusalém), e o Senhor fixará sua morada nela e atrairá uma população de todas as idades.

Estes dez oráculos que contém dez promessas podem ser resumidos em quatro pontos importantes:

1.    Em busca de Deus no Templo de Jerusalém. O Deus invisível do Templo ocupa o lugar central. “Deus está convosco” (Elohim immakem), assim diz o profeta Zacarias (Zc 8,23): a frase colocada na boca dos estrangeiros, como confissão dos estrangeiros,  o que em Isaías é confissão dos próprios judeus: “Deus está conosco”/Immanu-el (Is 7,14; 8,8.10). Deus é convocado como o Deus todo-poderoso, pois nele se encontra uma proteção total.

2.    A entronização do Senhor. O Templo terreno simboliza a entronização do Senhor (Cf. 1Rs 8,27; Sl 29,10). Esta entronização de Deus no Templo de Jerusalém tem como condição a fidelidade de Israel à Aliança, pois o Senhor abandonou o Templo (destrução do Templo) por causa da maldade de Israel (Cf. Ez 10,18-19); 11,22-25), e voltou a morar nele por causa da grande misericórdia do Senho (Cf. Ez 43,1-5). Na verdade esta promessa é a confirmação do anúncio do profeta Ageu (Ag 2,6-9).

3.    Zelo pelos pobres e necessitados. A fidelidade de Israel a Deus e a sua Alainça se expressa na ajuda pelos pobres e necessitados: idosos/idosas,meninos/meninas de rua (nas ruas e nas praças de Jerusalém. Dentro disto tudo é necessária a prática da justiça inter-humana (Zc 8,14-16).

4.    Um convite universal para renovar a Aliança. Primeiramente, o convite é dirigido aos israelitas da diáspora (Zc 8,7-8). Recolhe-se a fórmula da aliança: eles, meu povo/ eu, seu Deus. Os estrangeiros também são convidados para ir a Jerusalém que dirão: desejamos ir convosco, porque ouvimos que Deus está convosco (Zc 8,23). 

No texto da Primeira Leitura de hoje lemos cinco breves oráculos cheios de esperança, porque partem da convicção de que Deus ama a Sião apaixonadamente até zelosamente. 

O quadro que o profeta Zacarias faz da nova Jerusalém é expressivo: em suas ruas os idosos voltarão a se sentar para tomar sol e as crianças e os jovens voltarão a brincar cheios de alegria. Segundo o profeta, para Deus tudo isto é possível e realizável, pois Deus decidiu libertar seu povo e renovar a Aliança: “Eles serão meu povo e Eu serei seu Deus”. E o Salmo Responsorial Sl 101) prolonga o tom de esperança: “O Senhor edificou Jerusalém e apareceu na sua glória! Ele ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará a sua prece”. 

Tudo isto quer nos dizer que os projetos de Deus, projetos de vida e renovação são sempre salvadores mesmo que tenham que passar por tantos obstáculos e dificuldades. Deus está sempre disposto a começar tudo de novo e nos convida que colaboremos neste novo começo através de nossa conversão (a volta à fidelidade): o Senhor é nosso Deus e nós somos seu povo. Seja qual a situação em que nos encontramos pessoalmente ou como uma comunidade eclesial, sempre é possível, com a ajuda de Deus, a reconstrução da vida segundo a Aliança com Deus (Ele é nosso Deus e nós somos seu povo). Por isso, a bênção de Deus podemos também experimentar, desde que nos convertamos. 

Para nós, cristãos, tem maior sentido as palavras de Deus: “Habitarei no meio de Jerusalém”, pois “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Esta é a nossa maior alegria e o motor de nossa vida de cada: não somos abandonado, pois Deus está conosco todos os dias (Cf. Mt 28,20). 

É Preciso Ter a Autoridade e Não o Poder

O Evangelho deste dia nos narra a parte final da atividade de Jesus na Galileia. A partir de Lc 9,51-19,28 Jesus sairá da Galileia rumo a Jerusalém onde será crucificado, morto e glorificado. 

Na primeira parte do evangelho lido neste dia o evangelista Lucas nos relatou que entre os discípulos houve uma discussão sobre quem era maior ou quem tinha mais poder. Em outras palavras, eles tinham ambição de ter o poder na mão. Isso significa que até então eles ainda não captaram o essencial da mensagem de Jesus que é preciso pensar no outro e fazer tudo pela sua salvação. 

Quem tem o poder geralmente impõe aos outros suas decisões, muitas vezes através dos meios injustos como opressão, repreensão, tortura, ameaça, execução etc.. O poder não respeita a liberdade humana, por isso ele não faz que os homens se tornem bons.  O poder obriga e impõe o silêncio. Quem tem poder geralmente não se preocupa com a ética e com a humanidade. Aquele que tem poder sempre tem tendência de manipular as pessoas e dirigi-las para seus próprios objetivos e sua necessidade de poder. O ambicioso pelo poder, quando dominado pelo vício, não suporta competidores, nem admite rivais e por isso, ele procura todos os meios para humilhá-los e eliminá-los. Ele considera “justo” e “honesto” o uso da violência para atingir seus objetivos. Ele não tem consciência de que o poder é passageiro. Quem desejar ser o primeiro a todo custo não pensa na justiça e na honestidade nem na necessidade dos outros. O respeito aos outros está ausente na vida de um ambicioso. 

O contrário do poder é a autoridade. A autoridade está ligada ao crescimento. A palavra “autoridade” vem do latim “augere”, que quer dizer “crescer”. Exercer a autoridade significa sentir-se realmente responsável pelos outros e por seu crescimento sabendo que eles são pessoas que tem um coração, nas quais existe o Espírito de Deus (cf. 1Cor 3,16-17) e que são chamadas a crescer na liberdade da verdade e do amor. Na linguagem bíblica, a autoridade é uma rocha que dá apoio. É o pastor que conduz o gado para o bom pasto (cf. Sl 23 sobre o bom pastor; cf. Jo 10). Os membros da comunidade são essencialmente o rebanho de Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas” (cf. Jo 21,15-17). Os membros de uma comunidade logo sentem quando os responsáveis (autoridade) os amam e querem ajudá-los a crescer e não quando estão presentes apenas para administrar, impor sua lei e sua própria visão. A autoridade é o autêntico serviço para a comunidade. A crise de liderança geralmente surge da crise da autoridade. 

O grande não é reinar e sim servir no espírito de Jesus. Para Jesus servir é coisa grande e faz quem serve grande diante de Deus, pois servir o mais desprezado dos homens é servir a Deus (cf. Mt 25,40.45). É imitar Jesus. 

Os discípulos de Jesus, mesmo estando com Ele, nunca abandonaram suas pretensões de poder. E nós, será que também nós não abandonamos nossas pretensões de poder ao estar na Igreja? Ou usamos a Igreja para facilitar o alcance de nosso poder? 

Hoje necessitamos criar uma catequese que realmente cultive o conhecimento de Jesus e a prática de suas atitudes, pois o que Jesus queria era criar um grupo de pessoas que, ao atender a chamada de Deus, proporcionam novas alternativas de vida. 

É Preciso Ser Parceiro do Bem 

A segunda parte do Evangelho de hoje nos relata que o discípulo João se queixa por ter visto alguém “expulsando demônios” em nome de Jesus, mas esse alguém não pertence ao grupo dos discípulos. A reação de João é imediata: proibir que se faça o bem, pois não é membro da comunidade dos seguidores de Cristo. Com essa proibição os discípulos mostram seu comportamento incompatível com o Reino de Deus: arrogância, sectarismo, intransigência, intolerância, ciúmes, mesquinhez, pretensão de monopolizar Jesus e a sua proposta.          

Diante desse comportamento dos discípulos Jesus disse-lhes: “Não o proibais, pois quem não está contra vós está a vosso favor”. Com esta exortação Jesus quer que os discípulos superem o sectarismo na prática do bem.  A comunidade cristã deve ser colaboradora na prática do bem e acolher todas as pessoas que praticam o bem independentemente de pertencer ou não à Igreja. Cada cristão deve ser parceiro do bem e por isso, deve reconhecer o bem praticado por qualquer pessoa. Se realmente alguém pratica o bem é porque tem algo de Deus dentro dele, pois Deus é o Bem supremo. E tudo que Ele criou era bom (cf. Gn 1,1ss). 

O Espírito de Deus é livre e atua onde quer e como quer. Ele não está limitado por fronteiras, nem por regras, nem por interesses pessoais, nem por privilégios de grupo. Nenhuma Igreja ou religião ou grupo tem o monopólio do Espírito Santo, nenhuma instituição consegue controlá-lo nem prendê-lo. O Espírito não é privilégio dos membros da hierarquia; mas está bem vivo e bem presente em todos aqueles que abrem o coração aos dons de Deus e que aceitam comprometer-se com Jesus e o seu projeto de vida. 

Somos convidados a abandonar atitudes como o fanatismo, a intolerância, a intransigência, preconceitos, etc. , pois elas fazem fechar os olhos e o coração diante da manifestação do amor de Deus em tantas pessoas de boa vontade mesmo que se digam não acreditar em Deus, mas Deus acredita nelas por causa do bem que elas praticam. Não temos que sentir-nos ciumentos se Deus quer agir no mundo através de pessoas que não pertencem à nossa Igreja. É preciso ser parceiro deste tipo de pessoa. 

Os cristãos são chamados a constituir uma comunidade sem arrogância, sem ciúmes, sem presunção de posse exclusiva do bem e da verdade, pois estes sentimentos e atitudes são incompatíveis com a opção pelo Reino: “Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (1Pd 5,5b;Pr 3,34).

P. Vitus Gustama,svd

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SÃO VICENTE DE PAULO, PRESBÍTERO

Memória:  27 de setembro

Nasceu na Aquitânia em 1581. Completados os estudos e ordenado sacerdote, exerceu o ministério paroquial em Paris. Fundou a Congregação da Missão (Lazaristas), destinada à formação do clero e ao serviço dos pobres. Com a ajuda de Santa Luísa de Marillac instituiu também a Congregação das Filhas da Caridade. Morreu em Paris no ano 1660.

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Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero

(Cf. Correspondance, Entretiens, Documents, ed. P. Coste, Paris 1920-1925, passim)
(Séc. XVII)

Deve-se preferir o serviço dos pobres acima de tudo

Não temos de avaliar os pobres por suas roupas e aspecto, nem pelos dotes de espírito que pareçam ter. Com frequência são ignorantes e curtos de inteligência. Mas muito pelo contrário, se considerardes os pobres à luz da fé, então percebereis que estão no lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. De fato, em seu sofrimento, embora quase perdesse a aparência humana - loucura para os gentios, escândalo para os judeus - apresentou-se, no entanto, como o evangelizador dos pobres: Enviou-me para evangelizar os pobres (Lc 4,18). Devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar aquilo que ele fez: ter cuidado pelos indigentes, consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor.

Com efeito, Cristo quis nascer pobre, escolheu pobres para seus discípulos, fez-se servo dos pobres e de tal forma quis participar da condição deles, que declarou ser feito ou dito a ele mesmo tudo quanto de bom ou de mau se fizesse ou dissesse aos pobres. Deus ama os pobres, também ama aqueles que os amam. Quando alguém tem um amigo, inclui na mesma estima aqueles que demonstram amizade ou prestam obséquio ao amigo. Por isto esperamos que, graças aos pobres, sejamos amados por Deus. Visitando-os, pois, esforcemo-nos por entender os pobres e os indigentes e, compadecendo-nos deles, cheguemos ao ponto de poder dizer com o Apóstolo: Fiz-me tudo para todos (1Cor 9,22). Por este motivo, se é nossa intenção termos o coração sensível às necessidades e misérias do próximo, supliquemos a Deus que derrame em nós o sentimento de misericórdia e de compaixão, cumulando com ele nossos corações e guardando-os repletos.

Deve-se preferir o serviço dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oração for necessário dar remédios ou auxílio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta ação como se estivésseis em oração. Não vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa de abandono da oração em favor do serviço dos pobres. Deus não é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus, para realizá-la de outro modo.

Portanto, ao abandonardes a oração, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o serviço é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por conseguinte, prestemos com renovado ardor nosso serviço aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo à sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores.
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Oração

Ó Deus, que, para socorro dos pobres e formação do clero, enriquecestes o presbítero São Vicente de Paulo com as virtudes apostólicas, fazei-nos, animados pelo mesmo espírito, amar o que ele amou e praticar o que ensinou. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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