A EUCARISTIA É O BANQUETE
CELESTE ANTECIPADO PARA NÓS AQUI NA TERRA
Primeira Leitura: Is 25,6-10
Naquele dia, 6 o
Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de
ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais
finos vinhos. 7
Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os
povos, a teia em que tinha envolvido todas as nações. 8 O Senhor Deus eliminará para
sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra
do seu povo em toda a terra; o Senhor o disse. 9 Naquele dia, se dirá: “Este é
o nosso Deus, esperamos nele, até que nos salvou; este é o Senhor, nele temos
confiado: vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo”. 10ª E a mão do Senhor repousará
sobre este monte.
Evangelho: Mt 15,29-37
Naquele
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Com Deus Nossa História
Termina Com a Alegria Sem Fim
O texto da Primeira Leitura faz parte de
uma unidade literária do livro de Isaías, chamada "Escatologia ou Apocalipse de Isaías"
(Is 24-27). Estes capítulos são acrescentados muito mais tarde que o profeta
Isaías e foram inseridos nesta obra (livro de Isaías) em um tempo após o exílio
da Babilônia por um profeta anônimo. O profeta anônimo descreve neste
apocalipse o juízo de Deus.
Ao ler o texto, nunca devemos perder de vista
o fato de que nos defrontamos com uma explicação escatológica na qual as
afirmações são mais um produto da fé do que do conhecimento. O autor sonha com
um futuro, que ele acredita real, em que o Soberano Juiz da história inaugurará
seu verdadeiro reinado nos céus e na terra, por todo o universo. Quando isso
acontecerá? O escritor só sabe que se trata de um futuro.
“O
Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de
ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais
finos vinhos”, assim lemos na Primeira Leitura. Uma das palavras-chave é o banquete.
Nos costumes orientais bíblicos, o banquete faz parte do ritual de entronização
dos reis. Com frequência há uma abundância de alimentos, a qualidade dos
manjares e dos vinhos, pois eram o sinal do poder de um rei, e de modo muito
particular, eram o modo de celebrar a vitória. Também nós festejamos nossas
alegrias, sucessos, êxitos em família como uma comida mais ou menos extraordinária.
Para anunciar os tempos messiânicos, Deus anuncia que será o Anfitrião de sua
própria mesa. E Jesus faz da comida o sinal de sua graça (Eucaristia).
Nós sabemos também pela experiência diária,
que no banquete os laços de fraternidade se tornam estreitas e firmes.
Somente através da participação no banquete, são eliminados todos os tipos de
inimizade. Em todos os pactos no Antigo Testamento sempre há no fim desse pacto
um banquete. O egoísmo não permite o banquete, pois cada um quer saborear
sozinho o que se tem. No mundo animal não há banquete porque cada um por si. No
mundo animal, geralmente, onde há comida, há briga. Mas no banquete só há festa
e fraternidade, pois todos se alimentam do mesmo alimento.
Dentro do contexto do Advento podemos dizer
que o Cristo que esperamos no Natal para nos redimir é o Cristo que vai nos
julgar no fim dos tempos para separar quem faz parte do trigo e quem faz parte
do joio, de ovelhas e de cabritos. O momento de julgar é o momento de separar o
bem do mal, o amor do ódio, o trigo do joio, a justiça da corrupção e da
desonestidade, e assim por diante.
Embora o escritor do AT não mencione nenhum
Messias, visto que Deus em pessoa é o Soberano, esta profecia do AT nos leva a
uma era messiânica em uma leitura mais profunda e articulada de toda a Bíblia.
Com o cumprimento da profecia em Jesus de
Nazaré, a perspectiva muda. Ele é o Messias que estabelece o Reino do Pai, e
ressuscitando da morte triunfa sobre ela e suas consequências: dor e lágrimas.
Para aqueles que respondem ao seu convite para fazer parte de seu Reino, ele os
faz participarem em seu triunfo sobre a morte. Ele é o ser solidário com o
homem com amor total para com cada um dos membros da humanidade. Ele é o grande
Consolador que não apenas anuncia a futura extirpação da dor e da morte, mas se
entretém com a tarefa diária de consolar o momento presente.
Esta deve ser a atitude da Igreja, de todo
cristão: anunciar o final glorioso desta limitação humana, mas, ao mesmo tempo,
não ignore as lágrimas do nosso mundo. Não vamos fechar os olhos ou tapar os
ouvidos! O banquete eucarístico é um sinal do banquete escatológico. O Senhor é
um anfitrião generoso que nos oferece tudo de melhor, sem excluir ninguém. O
Papa, os bispos, a Igreja devem ser generosos com todos e em tudo, sem tratar
de excluir ninguém. E a razão é muito simples: nenhum deles é o anfitrião e
deve respeitar a vontade do Amo. Não vamos cair em teologias baratas de "alter Christus"!
O Amo é apenas um (cf. Mt 23,8).
O Advento não é para os perfeitos, e sim para
aqueles que se reconhecem fracos/débeis e pecadores e recorrem para Jesus, o
Salvador. Ele, compadecido, como as leituras de hoje nos asseguram, enxugará
lágrimas, dará de comer, anunciará palavras de vida e festividade e também
acolherá os que não estão muito preparados nem motivados. Os saudáveis não
precisam de um médico, mas os doentes.
A
O
“Naquele dia, o Senhor dos exércitos dará neste monte,
para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro,
servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos” (Is 25,6). Que
descrição bonita! O profeta Isaias fala dos tempos messiânicos, cheios de
felicidade e se celebrará com o banquete com comidas deliciosas (Is 25,6). A promessa
da vida de Deus é dirigida a todos e promete uma plenitude que é alegria,
libertação de todo mal, ternura. O banquete é mais do que uma boa refeição: é
saber que todos os males desaparecem, o drama de uma história desordenada
desaparece e o drama de toda lágrima em cada olho humano termina
definitivamente. Trata-se de um texto para ser meditado e saboreado frase por
frase.
O próprio Jesus utilizará também essa
metáfora para ilustrar a natureza do Reino que ele vem estabelecer (cf. Mt
22,1-14; Lc 14,16-24). A Última Ceia que Jesus vai instituir está em relação
direta com o banquete escatológico no Reino celeste (cf. Mt 26,29; Lc 22,15),
banquete no qual participarão os apóstolos nos lugares de honra na qualidade de
chefes da comunidade (cf. Lc 22,29-30). E a Igreja primitiva considerava a
Eucaristia como banquete (cf. At 2,24-46; 1Cor 11,17-34).
Nos costumes orientais e bíblicos, o banquete
faz parte do ritual de entronização dos reis. Com frequência a magnificência no
enfeite, a qualidade dos manjares e a dos vinhos eram o sinal do poder de um
rei, e muito particularmente eram o modo de celebrar a vitória. Preocupava-se,
então, com qualidade de comida e de bebida e a do enfeito da sala do banquete. Também
nós festejamos nossas alegrias em família com uma comida especial, pouco
diferente da normal por ocasião de alguma festa ou de alguma comemoração.
Para anunciar os tempos de salvação, Deus
anuncia que será o anfitrião de sua própria mesa. E Jesus também faz da comida
o sinal de sua graça. Jesus antecipa para nós o banquete celeste através da
instituição da Eucaristia. A Eucaristia é, com efeito, o banquete celeste
antecipado para nós na terra por Jesus Cristo. É o céu aqui na terra. Ir à
missa é ir ao céu. “A Eucaristia é verdadeiramente
um pedaço do céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém
celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso
caminho” (Papa João Paulo II: Ecclesia de Eucharistia n.
19). A Eucaristia”
une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação” (Idem n. 9). ”Sempre que descobrimos de novo a dimensão escatológica
presente na Eucaristia, celebrada e adorada, somos apoiados no nosso caminho e
confortados na esperança da glória (Rm 5, 2; Tt 2, 13)” (Bento XVI: Sacramentum
Caritatis: Exortação Apostólica n. 32).
Infelizmente, corremos risco de esvaziar a
Eucaristia de seu conteúdo uma vez que somos incapazes de relacioná-la com o
banquete messiânico, o banquete escatológico, o banquete celeste.
Vem a pergunta: Será que eu estou consciente
de que na Eucaristia Deus me recebe em sua própria mesa como um convidado
especial? Tenho algo a comemorar ou a celebrar quando vou participar da
Eucaristia? Será que sei valorizar a ação de graças? Será que estou consciente
de que a Eucaristia é o banquete celeste antecipado na terra e por isso, tem
penhor da glória futura?
“O
“O
Partilhar É a Alma Do
Projeto De Jesus
Na Eucaristia, Jesus nos oferece a melhor
refeição festiva: ele próprio se faz para nós presente e quer tornar-se
alimento para a nossa jornada. Se a celebramos bem, cada Missa é para nós
orientação e consolo, fortalecimento e vida. Nunca melhor do que na Eucaristia
podemos ouvir as palavras de Jesus: venham a mim todos os que estão cansados. E
sentir que o anúncio do banquete escatológico é cumprido: "Felizes são os
convidados para a ceia do Cordeiro". A Eucaristia é a garantia do convite
final no Reino: "Quem come minha carne tem a vida eterna, eu o
ressuscitarei no último dia".
Porém, o Evangelho de hoje quer nos relembrar
que precisamos
Jesus multiplica
Jesus multiplicou sete pães e alguns peixes oferecidos
pelos discípulos para alimentar os coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos
outros doentes. A atenção de Deus vai, em primeiro lugar, para estes. A
misericórdia amorosa de Deus se interessa primeiro pelos que sofrem, pelos
pobres e pelos enfermos. O Senhor nos convida a prestar atenção para o grave
problema da fome; para os que hoje têm fome; para todas as fomes: a fome
material, a fome espiritual, a fome da dignidade, a fome do mútuo respeito e
assim por diante. O tempo do advento e do Natal é o tempo propício para viver a
partilha intensamente, dividindo o que temos para os que nada têm. Muitas
crianças querem brinquedos no Natal, mas a maioria quer comida. A comida é
sagrada porque sustenta a vida que é sagrada, pois a vida é de Deus e Deus está
nela.
Ao comungar o Corpo e o Sangue do Senhor
devem crescer, em cada comungante, a união com Deus, a harmonia interior, e a
comunhão com o próximo. E cada comungante se torna sinal e fator da união e da
unidade, da comunhão e da fraternidade. O estilo de vida dos cristãos,
discípulos missionários de Jesus deve ser o estilo eucarístico: viver fazendo o
bem como Jesus fez (At 10,38) e viver na permanente ação de graças.
P. Vitus Gustama,svd
Para Refletir:
1. SER
PÃO
·
SER PÃO
significa que eu devo cultivar a ternura e a bondade porque assim é o pão,
terno e bom.
·
SER PÃO
significa que devo estar sempre disposto ao sacrifício como o pão que se deixa
triturar.
·
SER PÃO
significa que devo viver sempre no amor maior capaz de morrer para dar vida,
como o pão.
·
SER PÃO significa
que eu preciso me deixar assar e triturar pelo fogo do amor e do Espírito para
que eu possa me oferecer a todos os que tenham alguma fome. Eu preciso me
deixar amassar pelas contrariedades, pelos trabalhos e pelos serviços a favor
dos demais irmãos.
2. Perigo Do Consumismo
desenfreado
“O grande risco do mundo actual, com sua múltipla e
avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do
coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais,
da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha
nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os
pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu
amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e
permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em
pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta não é a escolha duma vida digna
e plena, este não é o desígnio que Deus tem para nós, esta não é a vida no Espírito
que jorra do coração de Cristo ressuscitado”. (Papa Francisco: Exortação
Apostólica Evangelii Gaudium no.2)
P. Vitus Gustama,svd
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