terça-feira, 20 de novembro de 2012

TRANSFORMAR A FAMILIA HUMANA EM FAMÍLIA DE DEUS

FESTA DE APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA


Quarta-feira, 21 de Novembro de 2012

Texto: Mt 12, 46-50

 Naquele tempo, 46enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. 48Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. 
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Sobre a Festa:

Esta festa começou a ser celebrada na Igreja oriental, que sempre foi muito sensível à piedade mariana mais ou menos desde o século VI e oficialmente em 1143. Tardiamente foi incorporada ao calendário ocidental, romano, em 1472 pelo papa Sisto IV. Na verdade desde o século XII se celebrava no Sul da Itália e em alguns lugares na Inglaterra.

A apresentação de Nossa Senhora não é narrada nos evangelhos. Ela é uma tradição muito antiga (Evangelho Apócrifo do século II). Segundo esta tradição, os pais de Maria, Joaquim e Ana, piedosos israelitas, não conseguiram ter filhos até sua idade avançada por causa da esterilidade. Em sua angústia Ana fez uma oração fervorosa, prometendo ao Senhor oferecer-lhe o fruto de suas entranhas se lhe concedesse descendência. O nascimento de Nossa Senhora foi o resultado dessa oração e dessa promessa. Joaquim e Ana, fiéis ao seu voto, apresentaram a menina quando tinha três anos no templo e permanecia no templo dedicada à oração, em companhia das mulheres piedosas, até seu casamento com José.

A apresentação de Nossa Senhora é a festa de entrega voluntária a Deus; é a festa que nos ensina a renunciar a nossa própria vontade a fim de fazer somente a vontade de Deus para formar uma família com Deus: “Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”, diz Jesus (Mt 12,50).

A maior parte das religiões do mundo se apóia na família, comunidade natural. Jesus edifica sua religião ou sua comunidade não sobre as relações familiares e sim sobre uma comunidade de tipo seletivo em virtude da para elevar a família humana em família de Deus. Para divinizar a família humana é preciso que Deus seja de todos.

A evolução do mundo técnico tende a tirar o homem de suas comunidades naturais para submergi-lo em comunidades maisartificiaisoumais seletivas”. Por isso, a família vive, muitas vezes, de maneira dramática o conflito das gerações que caracteriza a nossa época. Os pais rezam melhor em companhia de seus amigos do que em família, com seus filhos e familiares. Mas se todos se preocuparem com a vontade de Deus ao praticar o bem, ao viver o amor fraterno, o único que nos edifica, humaniza e diviniza, acabarão salvar a comunidade natural que é a família humana. Por isso, Jesus afirma hoje: “Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50). Trata-se de uma família ou uma comunidade de Deus, e por isso, de uma comunidade de salvação.

Jesus, por sua encarnação, entrou no mundo e formou parte de nossa humanidade, de uma verdadeira humanidade, com os laços de sangue e de cultura. Ele se tornou humano para nos divinizar. Ele nasceu numa família para santificar a família. Ele viveu em um país determinado, Palestina; tinha uma mãe, Maria. Essas realidades humanas têm grande importância, constituem realmente o lugar de nossa vida.

Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”, pergunta Jesus. A pergunta não significa um desprezo de Jesus aos seus parentes ou familiares. Ninguém amou Sua mãe melhor que Ele. E nenhuma mãe amou melhor seu Filho, Jesus Cristo, Deus-Conosco do que a própria Maria, a mãe de Jesus.

Com esta pergunta Jesus quer nos revelar algo muito importante: o discípulo, cada cristão, cada cristã que vive os ensinamentos de Jesus é um parente de Jesus. Jesus oferece aos homens a qualitativa intimidade de sua família. A família humana de Jesus viveu conforme a vontade de Deus: José que criou Jesus era chamado de “o justo”, aquele que vive segundo os mandamentos de Deus (cf. Mt 1,19). Maria, a Mãe de Jesus foi chamada pelo anjo de “cheia de graça” (cf. Lc 1,28). Por isso, a família humana de Jesus serve de exemplo para todas as famílias humanas. Que é possível formar uma família de Deus nesta terra quando Jesus se torna centro de todos.

Acreditamos firmemente que basta Jesus ser o centro de uma família, ela, com toda certeza, vai adiante apesar de cada dificuldade. Uma família que expulsar Jesus do seu seio será vítima do próprio erro. Mas se matarmos a crueldade dentro de nós, Jesus voltará a habitar no nosso coração, conseqüentemente no nosso lar. O homem que quiser possuir Deus terá que estar disposto a deixar-se possuir por Ele. A única maneira de salvar a família humana é transformá-la em família de Deus, família que vive de acordo com os mandamentos de Deus resumidos no amor fraterno.

Com Jesus e n’Ele entre Deus e os homens nãomais relações frias de obediência e de submissão como entre o patrão e o empregado. Com Jesus entramos na família divina, como seus irmãos e irmãs, como sua mãe. Se em todos os meus atos e atitudes de cada dia, se em todos os minutos de minha vida procurar me manter unido a Deus, serei irmão de Jesus, farei parte da família de Deus desde aqui na terra junto aos outros irmãos e irmãs no mundo inteiro que fazem a mesma coisa.

Uma família que coloca Jesus como seu centro se torna um lugar privilegiado de encontro e de amor, um lugar privilegiado de compreensão e de perdão, lugar privilegiado de criatividade e superação, lugar privilegiado da presença de Deus, pois Deus se fez carne em uma família humana.

Todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Esta frase deve servir de orientação para nossa vida diária.

P. Vitus Gustama,svd

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