TUDO SERÁ DESTRUÍDO, MAS A PALAVRA DE DEUS
PERMANECE
Terça-feira, 28 de
Novembro de 2012
Texto: Lc 21,5-11
Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do Templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” 8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”.
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A
partir de hoje até o sábado lemos o “discurso escatológico” de Jesus: fala-se
dos acontecimentos futuros e os acontecimentos relacionados ao fim do mundo. É
coerente porque estamos na ultima semana do Ano litúrgico “B” durante o qual
refletimos o evangelho de Marcos. A partir do domingo que vem (I Domingo do
Advento) começaremos a entrar no Ano litúrgico “C” durante o qual meditaremos
sobre o evangelho de Lucas. O Ano Novo liturgicamente começa no primeiro
Domingo do Advento e não no primeiro dia do mês de Janeiro (Ano Novo civil).
Como
os dois outros evangelhos sinóticos (Mt 24-25;Mc 13), também o evangelho de
Lucas encerra a atividade de Jesus em Jerusalém (Lc19,29-21,38), antes de sua
prisão, com o discurso sobre o fim ou discurso escatológico (Lc 21,5-38). Em seu
lugar atual na tradição sinótica esse discurso é considerado como um discurso
de despedida de Jesus que deixa à sua comunidade os últimos conselhos e
advertências. Para Lucas a destruição de Jerusalém era um fato e as
perseguições à comunidade primitiva uma realidade. Tanto Mateus como Lucas
inspiram seu discurso escatológico do evangelho de Marcos capítulo 13.
No texto do evangelho deste dia, o
evangelista Lucas nos relatou que alguns discípulos de Jesus comentaram sobre a
beleza do Templo pela qualidade da pedra (mármores) e das doações dos fiéis.
Nos tempos de Jesus, o Templo era
recém-edificado. Sua construção começou 19 anos (dezenove anos) antes de
Cristo. O Templo de Jerusalém era considerado uma das sete maravilhas do mundo
antigo. Seus mármores, seu ouro e toda a ornamentação eram admirados pelos
peregrinos.
Diante da admiração dos discípulos
Jesus pronuncia algo profético: “Dias
virão em que não ficará pedra sobre pedra”.
Nesse mesmo lugar foi construído o Templo por Salomão até o ano 1.000
a.C e destruído por Nabuconosor em 586 a.C. Logo em seguida foi construído
outro Templo por Zorobabel em 516 a.C. O Templo contemporâneo de Jesus foi
destruído por Tito em 70 d.C e foi construído novamente em 687 por Mesquita de
Omar no mesmo local.
Quando Jesus afirmou: “Tudo será
destruído”, algumas pessoas perguntaram sobre o quando desse acontecimento: “Mestre,
quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para
acontecer?”. A maioria dos movimentos judeus populares na época de Jesus
acreditava que o mundo se aproximava para seu fim. Para eles era iminente uma
inevitável catástrofe universal. Todos viviam agitados.
Jesus estava por dentro dessa
situação de inquietude e a aproveitou para fazer uma chamada especial. Para
Jesus, o importante não era a data em que o mundo haveria de sucumbir. Para ele
o importante era a finalidade deste mundo: “Para que estamos aqui neste mundo?
O que podemos e devemos fazer? O que quer Deus de nós? Qual é o destino da
humanidade e de cada um dos homens?”. Para Jesus o tempo presente e o futuro se
abriam como esperança: era o tempo definitivo da salvação com sua presença.
Para isso era preciso ter uma mudança de mentalidade para ter uma mudança na
maneira de viver. Em cada momento cada homem é chamado a transformar o mundo de
morte em um mundo de vida.
“Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra”. É o símbolo da
fragilidade, da caducidade das mais esplêndidas obras humanas. Precisamos refletir sobre a grande
fragilidade de todas as coisas, sobre “minha” fragilidade, sobre a brevidade da
beleza e da vida na história. Todos têm olhar para a verdade desta realidade,
pois tudo será destruído. Mas São Paulo nos consola: “Sabemos que, se a nossa morada terrestre, esta tenda, for destruída,
teremos no céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos
humanas” (2Cor 5,1). O próprio Jesus nos promete: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... vou preparar-vos um lugar e
quando vos for preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo a fim
de que onde eu estiver, estejais vós também” (Jo 14,2-3).
Se tudo for destruído, então,
somos chamados a estar vigilantes. Somos chamados a viver com sabedoria, com
prudência, com fraternidade, com justiça, com verdade, com caridade, com
compaixão, com amor, com fé e esperança que são valores que permanecem e que
nos salvam. Quando tudo for destruído, estes valores permanecerão. A beleza
sólida destes valores permanecerá, mesmo quando tudo o mais estiver reduzido a
escombros.
Cada cristão, como templo de Deus
(cf. 1Cor 3,16-17), adornado com as belas pedras das virtudes cristãs, pode e
deve perseverar no bem, resistindo às diversas provações e tentações. Nós
cristãos temos um dever de ler os sinais dos tempos e de fazer um verdadeiro
discernimento do bem e do mal, do verdadeiro e do falso, para não nos deixar
enganar pelos falsos profetas e afastar do seguimento de Jesus Cristo, o único
Salvador. Concretamente, devemos viver cada dia sob o influxo do Espírito de
Deus, deixando-nos guiar pelos Seus dons, irradiando os Seus frutos, exercendo
os Seus carismas, vivendo as bem-aventuranças.
Portanto, cada dia nós temos que
voltar a começar tudo de novo com Deus, pois cada dia é o tempo de salvação, se
estivermos conscientes da provisoriedade da vida humana na história. Fazer a
história com Deus é fazer a história de salvação. Por isso, tudo terminará
feliz.
P. Vitus Gustama,svd
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