DEUS ENTRA NA NOSSA VIDA PARA QUESTIONAR NOSSAS ATITUDES A FIM DE NOS SALVAR
Sexta-feira, 23 de
Novembro de 2012
Texto de Leitura: Lc 19, 45-48
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Jesus entrou no Templo e começou a
expulsar os vendedores. E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de
oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. Jesus ensinava
todos os dias no Templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis
do povo procuravam modo de matá-lo. Mas não sabiam o que fazer, porque o povo
todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar (Lc 19,45-48).
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O evangelista Lucas nos apresenta
Jesus expulsando os vendedores do Templo. Trata-se do primeiro gesto profético
de Jesus no Templo de Jerusalém. Jesus atua como os profetas clássicos que,
primeiro, faziam alguma ação simbólica e logo em seguida, pronunciavam seus
oráculos. A ação simbólica de Jesus no texto de hoje é expulsar os vendedores
do Templo. Logo em seguida Jesus pronuncia dois oráculos. O primeiro oráculo é
tirado de Is 56,7 sobre o caráter do Templo como casa de oração. O segundo oráculo
é tirado de Jr 7,1-15, um texto que inspira toda a ação e o pensamento de
Jesus. Para Jeremias e Jesus o Templo se transforma em uma cova de bandidos
porque nele encontram os assassinos e os idólatras que matam, oprimem e
exploram até os mais pobres.
A intervenção de Jesus no Templo na
expulsão dos vendedores é uma chamada de atenção para recolocar nossa atitude
religiosa em um plano de autenticidade e sinceridade. O espaço sagrado e o
tempo sagrado (momento de oração e de celebração) devem adquirir seu verdadeiro
sentido como forma de encontro com Deus.
Ambos (o espaço sagrado e o tempo sagrado) têm que assumir sempre a
forma da intercessão e da busca do perdão de Deus para um coração arrependido: “Minha
casa será casa de oração”.
Diante da intervenção de Jesus na
expulsão dos vendedores do Templo “Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis
do povo procuravam modo de matar Jesus”.
Enquanto que o povo, na sua simplicidade, não encontrou nenhuma
dificuldade para aceitar a mensagem de Jesus, como Lucas nos relatou: “o
povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar”.
O valor de nossa religiosidade e o de
nosso verdadeiro encontro com Deus que dão sentido para toda nossa existência
dependem da escolha que fazemos entre estas duas formas de receber a mensagem
de Deus.
Nem sempre estamos prontos ou
preparados diante da intervenção de Deus na nossa vida. Como os dirigentes do
povo de Israel podemos também assumir atitudes contraditórias diante da
intervenção de Deus na nossa vida. Deus quer expulsar de nossa cabeça ou de
nosso coração todas as atitudes que querem ocupar o lugar de Deus na nossa
vida. Mas por causa de nossos pensamentos pré-fabricados ou pré-estabelecidos
acabamos expulsando Deus de nossa vida e permanecemos na nossa vida sem
direção, pois vivemos sem escala de valores. Deus intervém na nossa vida com
intuito de recolocar nossa vida no seu eixo verdadeiro ou no caminho da
salvação. Mas quantas vezes eliminamos ou procuramos algum meio para eliminar o
plano de Deus para nossa vida ou tentamos esquecer Sua Palavra inquietante tal
como sucedeu na vida dos dirigentes do povo durante a atuação de Jesus em
Jerusalém.
A entrada de Deus e de Sua Palavra
na nossa vida quer colocar em questão as nossas atitudes religiosas. Esta
entrada serve para desmascarar nosso egoísmo e nosso jogo de interesse em nome
de uma vida sem sentido e sem rumo e para tirar de nós um falso sentimento de
segurança a fim de nos salvar. A entrada de Deus e de Sua Palavra na nossa vida
exige que coloquemos em revisão a nossa religiosidade se é autentica ou falsa.
Ninguém pode crer impunemente. A religião não pode nos assegurar a impunidade
em nossas más ações, e a religião nunca pode ser considerada como o refugio
seguro para malfeitores. Uma religião sem o compromisso de uma conduta coerente
em função da vivência dos valores humanos reconhecidos universalmente é um ópio
que faz adormecer a própria consciência. Precisamos questionar o questionável e
perguntar o perguntável. Precisamos ficar atentos para que nossa prática
religiosa não seja mais importante do que o próprio Deus e o ser humano. Onde
há o amor fraterno, ali Deus está, mesmo que se trate do ateísmo. Onde não há o
amor fraterno, não há o verdadeiro cristianismo, pois o amor fraterno é o
mandamento do Senhor (Jo 13,34-35; 15,12).
P. Vitus Gustama,svd
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