O REINO DE DEUS ESTÁ EM NÓS E ENTRE
NÓS
NOSSA
RESPONSABILIDADE EM CADA INSTANTE
Quinta-feira, 15 de
Novembro de 2012
Texto de Leitura: Lc
17,20-25
Naquele tempo, 20os
fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus.
Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se
poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre
vós”. 22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um
só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão:
‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois,
como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o
Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito
e ser rejeitado por esta geração”.
******
Os fariseus voltaram a fazer sua
pergunta para Jesus, e desta vez sobre o quando da vinda do Reino de Deus (o
momento exato da vinda do Reino de Deus). Trata-se de uma pergunta
apocalíptica. Este tipo de pergunta normalmente surge no momento de crise como
no da perseguição ou no momento da ocupação estrangeira em que o povo local
sofre bastante ou em outras situações semelhantes.
Na verdade, cada um de nós já passou
por um momento de crise (mas de outro nível) na vida familiar, matrimonial,
profissional, religiosa e assim por diante, em que começamos a questionar sobre
a existência de Deus e Sua justiça. Dentro deste tipo de questionamento o que
queremos é que Deus intervenha na questão para que sejamos livres de uma
situação sufocante. No meio de pessoas com tais crises cada um de nós como
cristão é, na verdade, a resposta de Deus na terra, como escreveu São Paulo: “Vós
sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo
Jesus” (Ef 2,19-20), e “Vós sois uma carta de Cristo... escrita não com
tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas
de carne, em vossos corações” (2Cor 3,3). Os que perguntam sobre Deus devem
conseguir ler algo de Deus em cada um de nós, em nosso modo de viver e
conviver, em nossa maneira de agir e reagir, na maneira de fazermos as coisas como
seguidores de Cristo. Que as pessoas possam dizer sobre nós: “Eles são de Deus,
pois são muito humanos e fraternos”.
Era assim a experiência do povo
eleito. No tempo de perseguição e de domínio estrangeiro na Palestina o povo
começou a se interessar sobre a chegada do Reino de Deus para acabar com a
perseguição e o domínio do poder estrangeiro que era considerado como um poder
pagão (impuro). Na mente dos fariseus estava viva a memória da libertação da
escravidão do Egito que despertava a esperança de acontecer a mesma libertação,
que desta vez, do poder estrangeiro (romano) instalado na Palestina.
A memória nos ajuda a encurtarmos a
distância e o tempo. A memória nos leva, mentalmente, para os acontecimentos
passados. A memória, se for usada corretamente, nos ajuda a renovarmos as
forças para continuar nossa luta ou para melhorar a qualidade de nossa vida.
Dizia o filósofo Sören Kiekergaard: “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser
vivida olhando-se para frente”. Muitas vezes começamos a entender o
sentido de uma experiência depois que nos distanciamos do seu acontecimento e
depois que criamos um momento de silêncio e de reflexão. Para quem acredita em
Deus não há a coincidência e sim a providência. Por incrível que pareça, Deus
nos fala sobre muitas coisas de nossa vida em todos os momentos. A vida e o universo são o livro
divino em que Deus escreveu algo sobre nós e obviamente sobre Ele próprio.
Basta termos tempo para lê-lo na tranqüilidade de nossa meditação. Talvez
sejamos ainda “analfabetos” na fé e por isso, não somos capazes de ler algo escrito
por Deus na vida e no universo.
E na época de Jesus havia bastante
movimentos apocalípticos ou uma verdadeira febre sobre o fim do mundo que
tentavam calcular o tempo através da leitura ou interpretação dos
acontecimentos extraordinários como guerras, doenças epidêmicas e assim por
diante, e fixar uma data no calendário sobre a vinda do Reino de Deus. Creio que
não estamos longe deste tipo de pensamento. Quantos movimentos, na nossa época,
que marcam até a data do fim do mundo, no entanto, o mundo continua a girar. Por
isso, Jesus nos alerta hoje: “Não deveis ir, nem correr atrás”.
Jesus respondeu aos fariseus com as
seguintes palavras: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá
dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”. As
palavras de Jesus são muito profundas. O Reino de Deus é o Reino de amor, de
corações, de sentimentos fraternos, de fé, de fidelidade, de entrega pelo bem
de todos a exemplo do próprio Jesus e por isso, está ao alcance de todos. Em
Jesus se realiza o Reino de Deus: “O Reino de Deus está entre vós”. Jesus é o
Rei de amor, de fraternidade, de dignidade, de igualdade, de compaixão, de
reconciliação, de esperança e assim por diante. Vivendo como Jesus viveu será
cumprido em nós o que o Senhor nos disse hoje: “O Reino de Deus está entre
vós”. Se não vivermos como Jesus viveu, o Senhor e os outros vão nos dizer: “O
Reino de Deus não está entre vós”, pois “Não existem sinais premonitórios
extraordinários, externos à historia humana, que possam dispensar o homem da
liberdade e da responsabilidade pessoal.
O Reino de Deus diz respeito à história humana confrontada com a ação e
a presença de Deus, como revelado naquilo que Jesus faz e diz [cf. Lc 11,20]”
(Rinaldo Fabris).
Através de Sua Palavra de hoje
Jesus nos faz um apelo à responsabilidade humana de nos prepararmos, com toda a
liberdade e seriedade para o encontro com o Senhor diariamente, pois “O Reino
de Deus está entre vós”. A consciência da presença do Reino de Deus entre nós
muda nossa maneira de viver e conviver, nos coloca na ordem das coisas e da
escala de valores e de prioridades, nos serena apesar de tudo, nos tira de
qualquer desespero, no nos faz correndo, de cá para lá, em busca de fatos
extraordinários. Observando as palavras de Jesus e sua maneira de viver faz com
que percebamos o senhorio absoluto de Deus na história humana. Quem deixar Deus
como Senhor de sua vida, será transformado em manifestação de Deus neste mundo
e todos vão perceber e dizer: “O reino de Deus está nele”.
P. Vitus Gustama,svd
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