BANQUETE DA FRATERNIDADE
Terça-feira, 06 de Novembro de 2012
Texto de Leitura: Lc 14,15-24
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O texto do evangelho lido neste dia
fala do banquete ou da comida comunitária. A comida, o banquete é, em todas as
culturas, um dos maiores símbolos de unidade comunitária e familiar. Na cultura
semita era símbolo da máxima comunhão. Participar do banquete significa
participar (fazer parte) da comunhão ou da comunidade ou da família em questão.
Jesus aproveita este valor cultural
para ressaltar os valores do Reino. Na verdade o Reino de Deus não é uma
realidade longe de nossa cotidianidade. O Reino de Deus é precisamente a máxima
realização dos ideais humanos de fraternidade, de solidariedade, de comunhão e
de justiça. E precisamente no comer comunitário ou na festa comunitária se
vivem os sinais que mostram como possível ou realizável o Reino de Deus entre
os seres humanos. Para isso, há que ter uma disponibilidade generosa e a
aspiração de construir algo maior do que os pequenos negócios e trabalhos
particulares ou individuais.
A parábola do banquete é muito
rica. Seus elementos recordam outros elementos. A recusa de alguns para o
convite do banquete e a aceitação de outros nos recordam, por exemplo, a
distinta sorte da semente na parábola do semeador (cf. Lc 8,4-8: algumas sementes
caíram à beira do caminho, outras no pedregulho, no meio de espinhos e em terra
boa). E
o convite que se estende aos pobres, aos cegos, aos coxos faz pensar na busca
dos perdidos. Na verdade, para o próprio Deus ninguém é perdido, pois Ele vai
atrás de cada um dos homens. Mas o homem precisa correr aos abraços de Deus
para sentir novamente a importância de uma comunhão no amor. O amor nos
humaniza e nos diviniza, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).
Vamos destacar alguns pensamentos
ou alguns elementos sobre a parábola do convite ao banquete:
1. O Reino de Deus é festivo, precioso e alegre. Ele é
semelhante a um banquete, a um tesouro, a uma pérola maravilhosa. Por isso, ele
é superior a qualquer valor no mundo. É preciso aprender a dar lugar para o
valor superior e largar o inferior. Aquele que não sabe pensar e agir
prioritariamente só encontra confusão e cria confusão para os demais. Quem vive
de acordo com o escala de valores tem sempre coragem de tomar decisões corretas,
pois decidir significa escolher, abandonar e preferir.
2. A entrada no banquete não é livre, pois não se trata de
direito; requer-se um convite. Um patrão chama, um rei convida. E o convite é
um ato de graça, e quem convida quer difundir sua alegria, manifestá-la e quer
que os outros participem na mesma alegria. É um ato generoso. Cada generosidade
é criadora, pois prolonga o ato criador de Deus que criou e cria tudo para nós
graciosamente e gratuitamente.
3. O convite é sério e exige empenho. O acento é muito forte
sobre este aspecto. É um convite de amor que compromete a vida. É evidente,
aqui, o salto de qualidade entre o humano e o divino. Um convite humano pode
ser aceito ou recusado. Se for recusado não haverá nenhum prejuízo para quem
recusa o convite. Também se for aceito, não há comprometimento existencial. Mas
o convite de Deus é diferente. Deus é tão misterioso, maravilhoso que, ao
convidar, compromete, e é um compromisso que muda totalmente a vida, transfigura-a
e faz a vida nova e renovada. Se o convite de Deus tem como objetivo mudar de
vida para a melhor a fim de alcançar a salvação que é uma alegria sem fim,
então, aquele que o recusa é considerado como insensato e irracional. É como
aquele que quer agarrar um dólar e recusa uma oferta de um milhão de dólares
gratuitamente. Só poderia ser um irracional e insensato.
4. O convite é dirigido a todos e não apenas para os
privilegiados ou elites ou para os santos ou os certinhos. Aqui encontramos o
amor de Deus dirigido aos perdidos da vida, aos coxos, aos excluídos da sociedade,
a todos, pois todos são os filhos e filhas do mesmo Pai: “Tomai todos
e comei. Tomai todos e bebei!”, assim Jesus nos convida em
cada banquete eucarístico. Trata-se do banquete celeste já na terra. Isto significa que o rei que é Deus quer
todos, ama a todos cujo único objetivo é salvar. Então, eu não sou excluído
desse amor. O amor de Deus me alcança e me abraça. Por isso, não há uma Igreja
de elites, há sim uma Igreja para todos onde há espaço para todos. O convite se
faz na primeira hora, nas horas intermediárias e nas ultimas horas. A santidade
não depende dos anos na Igreja e sim depende da renovação da chamada em cada
instante. Por isso, a Igreja é chamada santa e pecadora.
Cada um é chamado para o banquete
eterno, mas é tentado ao mesmo tempo pela aparência bela das atrações do mundo.
O pecado tem aspecto atrativo. Mas quando alguém estiver nos seus abraços, ele
o sufoca e o agarra. Para sair dos seus braços supõe a existência de uma força
maior e a vontade sem limite para sair desses abraços. Quem tem objetivo para
melhorar a vida, sempre arranja um jeito e somar forças para alcançá-lo. Como
quem ama loucamente encontra sempre jeito para agradar o outro.
Deus convida cada um de nós
diariamente à sua alegria que é redentora. Diante desse convite, você é
insensato e irracional ou sensato e racional?
P. Vitus Gustama,svd
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