03 de Janeiro
SER TESTEMUNHA DE JESUS,
CORDEIRO QUE TIRA O PECADO DO MUNDO
29No dia seguinte, João
viu Jesus aproximar-se dele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo. 30Dele é que eu disse: Depois de mim
vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim. 31Também eu não o
conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a
Israel”. 32E João deu testemunho, dizendo: “Eu
vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele. 33Também eu não o
conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre
quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito
Santo’. 34Eu vi e dou testemunho: Este é o
Filho de Deus!” (Jo 1,29-34)
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O texto deste dia fala do
testemunho de João Batista sobre a pessoa de Jesus, O Verbo feito carne (Jo
1,19-36). Um dos temas preferidos do evangelista João é, certamente,
testemunho. O evangelista usa o verbo “testemunhar” (martyrein) em 33
ocasiões e o substantivo “testemunho” (martyria)
15 vezes. O testemunho de João Batista ilustra concretamente o que foi dito em
Jo 1,6-8.15 de sua missão que era dar testemunho de Jesus para que todos
pudessem crer nele. Dar testemunho é muito importante neste evangelho. O
testemunho, neste evangelho, tem sempre por objeto a pessoa de Jesus, seu significado
profundo para a vida dos homens. Em outras palavras, o testemunho aqui é sempre
cristológico. É isto que João Batista faz a respeito de Jesus.
Antes de proferir o seu testemunho,
João vê Jesus vir na sua direção.
João Batista, no Quarto Evangelho, perceba a presença de Deus em Jesus Cristo
como Aquele que tira o pecado do mundo. Quando Jesus aparece pela primeira vez
no Quarto Evangelho, ele é mostrado no ato de “vir”. Com isso, se realiza o
anúncio de Isaías: “O Senhor vem” (Is 40,10).
Jesus continua vindo em nossa
direção, como aconteceu com João Batista. Somos convidados a olhar para ele com
fé. É o olhar da fé que descobre a realidade sob as aparências, e confere seu
verdadeiro sentido a todo o mundo visível no qual Jesus aparece. João Batista
passou pela escola do deserto, onde se exercitou na humilde docilidade
interior. A sua figura é, no início do Evangelho, o símbolo de todos os crentes
que se põem em seguimento do Verbo encarnado. Ele realiza as condições da busca
e da descoberta. Não se deixa enganar por nenhum poder, nem sequer o dos
fariseus; procura a Deus só e, livre de todo o preconceito, reconhece-o tal
como vem aos homens, na humildade da encarnação.
Diante de Jesus que está vindo em
sua direção, João reage em profundidade: “Eis
o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Palavras que se repetem seis vezes na
celebração eucarística (2 na Glória, 3 depois da saudação da paz e a sexta vez,
imediatamente antes da comunhão). Somente João está disposto a reconhecer
Aquele que Deus envia, não obstante afirmar que não o conhecia (v.31.33). Não
conhece de vista ou por contato, mas já conhece interiormente, pela ação do
Espírito Santo que o envia e que ele não pára de interrogar.
João Batista vê Jesus que vem. Mas
não guarda para si como seu segredo, como propriedade privada, o que viu. Ele
quer que todos vejam o que ele vê: “Eis...”, João diz, o que implica um convite
a olhar. João Batista não chama a atenção para um messias ausente e vindouro,
mas para um messias que está no meio de nós e que não o conhecemos. A primeira
condição de toda busca da fé é, certamente, o senso de observação das pessoas,
das coisas e da vida em geral.
“Eis
o Cordeiro que tira o pecado do mundo”! Infelizmente, o pecado é uma realidade
onipresente entre nós e dentro de cada um, ontem, hoje e sempre. Em qualquer
lugar encontramos a exploração que gera a fome, a pobreza, a violência,
marginalização. As pessoas são dominadas pela soberba, avareza, luxúria,
inveja, ódio, rivalidade, vingança, rancor, falta de perdão e assim por diante.
Apesar de tudo isso, ser cristão hoje é ser testemunha entre os homens que
Jesus venceu o pecado em nossa vida, porque ele nos fez filhos de Deus e nós
adotamos seus sentimentos e atitudes evangélicas na vida cotidiana, e queremos
viver os valores evangélicos do amor, da fraternidade humana, da justiça e da
solidariedade com os mais necessitados. Basta alguém aceitar Jesus o poder do
mal não tem vez nenhuma, pois Jesus vem para tirar o pecado do mundo.
Apesar de sabermos que o pecado é a
“mercadoria” global cuja produção nunca entra em crise e cuja demanda
desconhece limites e que não temos balança em condição de calcular seu peso,
nós acreditamos que pecado nenhum consegue esgotar a paciência de Deus em Jesus
Cristo, nenhum pecado consegue cansar a misericórdia de Deus e bloquear seu
perdão e pôr limites a seu amor infinito. Por isso, Jesus é nossa vitória,
nossa libertação e nossa paz. Por ele e com ele somos capazes, e é nosso dever
de vencer o pecado cada dia, dentro de nós mesmos, dentro de casa, em nossa
vida e no ambiente que nos cerca através da construção do Reino de Deus e Sua
justiça na nossa vida.
P. Vitus
Gustama,svd
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