sexta-feira, 25 de agosto de 2017


Domingo,27/08/2017
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QUEM É JESUS PARA MIM?


XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM “A”


Primeira Leitura: Is 22,19-23
Assim diz o Senhor a Sobna, o administrador do palácio: 19 “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo. 20 Acontecerá que nesse dia chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias, 21 e o vestirei com a tua túnica e colocarei nele a tua faixa, porei em suas mãos a tua autoridade; ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá. 22 Eu o farei levar aos ombros a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém poderá fechar; ele fechará, e ninguém poderá abrir. 23 Hei de fixá-lo como estaca em lugar seguro e aí ele terá o trono de glória na casa de seu pai”.


Segunda Leitura: Rm 11,33-36
33 Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! 34 De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35 Ou quem se antecipou em dar-lhe alguma coisa, de maneira a ter direito a uma retribuição? 36 Na verdade, tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória para sempre. Amém!


  Evangelho: Mt 16,13-20        
Naquele tempo, 13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e aí perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. 20 Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.
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Quem É Jesus Para Mim?


Nos momentos críticos ou decisivos de nossa caminhada, normalmente fazemos algumas perguntas decisivas ou importantes, por exemplo: por que tanto sofrimento? Por que os outros não compreendem minha situação? Por que eles me abandonam? Por que tanta insensibilidade em muitas pessoas?  Por que tanto vício que faz o viciado sofrer e os outros que o amam? Por que tanta injustiça e desigualdade? Por que tanta corrupção? Por que algumas pessoas vivem colocando as cruzes no caminho dos outros? Ou talvez mais existencial: Para que viver? Por que estou vivo? Qual é o sentido da minha vida? O que é a vida? O que é que o homem está procurando? Qual é o desejo mais profundo de um homem? Para onde o homem vai? Ainda podemos acrescentar mais a lista de perguntas.


Estamos conscientes de que é mais fácil fazer perguntas do que respondê-las. Mas mesmo que seja difícil uma pergunta, isto não significa que ela não tenha uma resposta certa. Mesmo que não obtenhamos respostas claras para muitas das nossas perguntas da vida, é vital continuar a recordar quais são as nossas perguntas. Perder perguntas é certamente perder-se no caminho a ponto de perder o caminho. O homem é um ser que interroga a vida. Ele não deixa que a vida o viva, mas faz-se senhor de sua existência.


A nossa caminhada aqui nesta terra não passa de busca sem fim. Busca mais busca, pergunta mais pergunta, que só podemos encontrar respostas no encontro íntimo com Deus. Quanto mais se mergulha no mistério da vida, mais se descobre o mistério do homem e o de Deus. A vida, consequentemente, não é apenas um problema para ser resolvido, mas um mistério para ser descoberto todos os dias. Quem procurar este mistério, a vida se torna sempre uma caixa de surpresas.


Muitas vezes não estamos preparados para as surpresas desta vida ou das interrogações que a vida nos traz e ou nos faz. Por isso, sai sempre de nossa boca este tipo de pergunta: “Por que aconteceu isso comigo, meu Deus?” Em cada pergunta que fazemos esconde sempre uma busca de resposta. Às vezes a resposta vem cedo, mas muitas vezes só vem pouco tarde. Aquilo que acontece hoje conosco, somente mais tarde entenderemos seu sentido. A grandeza de um ser humano se mede através de sua resposta sincera para suas perguntas e interrogações. A grandeza do homem começa na maneira como ele encara a si mesmo e a vida. A grandeza do homem mede-se pelas interrogações que ele se faz a si mesmo e sobre a vida que ele vive e pela honestidade com que vive procurando ser coerente com as respostas que vai encontrando ao longo de sua caminhada terrena.


A cena do Evangelho de hoje recolhe um momento decisivo da vida de Jesus. Abandonado pelo povo e rejeitado e perseguido pelos donos do poder religioso, Jesus afasta-se do contato direto com as multidões e concentra-se na formação do pequeno grupo dos discípulos que lhe pertencem. Diante do abandono e da rejeição, Jesus não se fecha no isolamento nem faz algum tipo de fuga da realidade e muito menos se endurece no ressentimento. No momento decisivo de sua vida faz aos discípulos a pergunta decisiva sobre sua pessoa e sobre sua missão: “Quem sou eu para vocês?”.


E por revelação do Pai, Pedro confessa sua fé em Jesus como Messias, Filho de Deus vivo: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.  Ser o Deus vivo e vivificante, possuir a vida e comunicá-la, é a característica do Deus verdadeiro, à diferença dos deuses, dos ídolos que não têm vida própria e por conseguinte, não podem comunicá-la. Pelo contrário, exigem sacrifícios humanos e acabam escravizando e devorando todos os que se tornam seus adoradores. Será que você tem este tipo de deus? quais são seus ídolos?


Em resposta, Jesus declara Pedro bem-aventurado e a seguir faz a promessa solene de edificar a sua Igreja sobre Pedro que é declarado rocha-alicerce da Igreja de Jesus: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”.  Apesar de toda a debilidade da carne e o sangue de Pedro, a Igreja de Jesus nunca será destruída pelos poderes e potestades deste mundo nem pelas portas do inferno.


Até neste ponto, devemos fazer uma dupla petição ao Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, porque entramos aqui nos dois mistérios: o mistério de Cristo e o mistério da Igreja: Em primeiro lugar, devemos pedir a graça do “conhecimento interno” da pessoa de Jesus Cristo e da sua missão. Quem é este Jesus? O que é que ele faz neste mundo? Em segundo lugar, devemos pedir a graça, inseparável da primeira, do conhecimento do mistério da Igreja de Jesus, da Igreja que, na sua fraqueza e impotência, na sua debilidade, ela é o sacramento, a manifestação da força de Deus na história neste mundo. Cada um de nós é a Igreja de Jesus. E apesar de nossa debilidade, cada um é uma manifestação de Deus para o mundo, é um sacramento de Deus. Este é um mistério que devemos tentar descobrir todos os dias.


Por isso, o texto do Evangelho enfatiza também o “VÓS” da pergunta: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”. Esta pergunta serve para descobrirmos quem é Jesus para nós e descobriremos também quem somos nós e nossa missão neste mundo. A certeza de nossa fé cristã depende da resposta a essa questão.


Sabemos que normalmente nossa resposta é condicionada mas deve ser também condicionante. Nossa resposta é condicionada porque depende de nossa cultura, nossa experiência, nossa estrutura psicológica com suas preocupações vitais e seus centros de interesse. Mas não por isso, ela deixa de ser condicionante. Nossa resposta deve ser condicionante porque Jesus não nos pede uma definição meramente objetiva e teórica de sua pessoa; não está nos submetendo a “exames” sobre nossos conhecimentos intelectuais. A pergunta de Jesus, que por certo deve ser feita a um cristão, tem um caráter tão pessoal que ninguém pode responder por nós nem “soprar” a resposta. Além do mais a resposta dada nos compromete muito seriamente. Nenhum de nós é grande vivendo a idéia dos outros. Nós somos grandes vivendo a nossa idéia.


Se confessamos a Cristo como Filho de Deus, sua palavra e seu estilo de vida nos julgam, pois ele é o nosso Mestre e modelo a ser seguido em sua doutrina, critérios e conduta. Se O reconhecemos como nosso Salvador e Libertador do homem, nossa fé não pode contentar-se em receber passivamente a salvação de Deus em nossa vida individual, mas devemos responder pessoalmente a esse amor que nos precedeu (cf. 1Jo 4,19) e devemos colaborar missionariamente para que esse amor de Deus se torne realidade presente no mundo (cf. Jo 13,35) e alcance todos os homens, nossos irmãos. Em outras palavras, cada resposta é uma missão e uma responsabilidade.


Por isso, conhecer Jesus Cristo não é um passatempo ou um luxo e sim uma necessidade vital, porque é só através desse conhecimento que podemos alcançar também a compreensão de nós mesmos, do significado e da importância da nossa vida. Somente com o Senhor Jesus e Nele nós podemos esperar a realização de nós mesmos. O conhecimento do Senhor Jesus, com as nossas orações, é que alimenta a chama da nossa esperança.


E por isso é que o homem se distingue dos animais e dos robôs porque não se contenta em registrar experiências sensíveis, dados e informações; ele levanta as questões, propõe problemas e formula perguntas e procura explicações sob a luz de Deus.


Por isso, também, uma das tragédias da nossa vida é continuarmos a esquecer-nos de quem somos e quem é Jesus Cristo, e a perder tempo e energias a demonstrar o que não precisa ser demonstrado.


Precisamos, portanto, de muita oração. Porque a oração é o exercício para escutar a voz de amor de Deus. Sem oração, tornamo-nos surdos à voz do amor e ficamos confundidos com as muitas vozes competitivas que exigem a nossa atenção.


Por isso, a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” deve ser refletida por cada um de nós diariamente para direcionar nossa vida para o Senhor e para dar o sentido para nossas lutas de cada dia.


Pedro É a Rocha Sobre a Qual Cristo Edifica Sua Igreja


Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”, disse Jesus a Simão Pedro.


A Igreja é uma casa construída sobre a rocha, ainda que se apoie na fragilidade dos homens. Portanto é uma estabilidade atormentada e inquieta, como um barco agitado pelas ondas e ventos.


Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. O destino da Igreja é como o destino de Cristo: um caminho em contradição. Não se trata somente de inimigos externos. Dentro da Igreja haverá sempre pecadores. Por isso, a Igreja tem necessidade de “atar” e “desatar”. Continua o pecado; por isso, deve continuar o perdão.


A função de Pedro se define com três metáforas: a pedra (rocha), as chaves e atar e desatar.


Pedro é a rocha/pedra que mantém firme a Igreja (cf. Mt 7,24-27). Em outras palavras, Pedro é o fator da unidade para a comunidade/Igreja.


A segunda metáfora é mais clara: dar as chaves significa confiar uma autoridade verdadeira e plena.


A terceira metáfora é atar e desatar. Atar e desatar tem o sentido de permitir e proibir, de separar e perdoar.


Os evangelistas sublinham intencionalmente o contraste entre a autoridade confiada a Pedro e a reprovação que Jesus faz sobre ele; o contraste entre a debilidade de Pedro e seu caráter de ponto de referência; entre graça e debilidade.  Com este contraste os evangelistas querem acentuar que por graça divina, em virtude da eleição divina e não por dons naturais, Pedro é a rocha sobre a qual Cristo edifica Sua Igreja.


Em outras palavras, o texto atribui a Pedro títulos e prerrogativas que ao longo da Bíblia se atribuem ao Messias. Como quer nos dizer que Pedro é imagem do Outro que é Cristo que é o verdadeiro Senhor da Igreja. Mas, precisamente porque é imagem de Cristo, a autoridade de Pedro é plena e indiscutível.


Ao terminar esta reflexão eu gostaria de colocar aqui o pensamento de René Juan Trossero, psicólogo e escritor argentino:


Deus fez o homem para que andasse em pé, mas não o condena por começar engatinhando.


Se você está lendo só para pensar o que eu penso, ganhará muito pouco. Se lê para despertar o seu pensamento, mesmo que não pensemos a mesma coisa, estaremos crescendo juntos.


Não faça de seu cérebro um arquivo para pensamentos alheios, mas o laboratório de suas próprias convicções.


É preferível o erro de quem pensa por sua conta do que o acerto de quem repete o pensamento alheio.


Você não aprende a lição dos grandes pensadores quando memoriza e repete o que eles pensaram, mas quando tem a coragem de criar os seus próprios pensamentos”.


Então, “Quem dizeis que Sou?” pergunta Jesus a cada um de nós? Pedro já respondeu. E a sua resposta?


P. Vitus Gustama,SVD

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