23/08/2018
SANTA ROSA DE LIMA
(1586-1617)
Primeira Leitura: 2Cor 10,17–11,2
Irmãos,
17 quem se gloria, glorie-se no Senhor. 18 Pois é aprovado só aquele que o
Senhor recomenda e não aquele que se recomenda a si mesmo. 11,1 Oxalá pudésseis
suportar um pouco de insensatez, da minha parte. Na verdade, vós me suportais.
2 Sinto por vós um amor ciumento semelhante ao amor que Deus vos tem. Fui eu
que vos desposei a um único esposo, apresentando-vos a Cristo como virgem pura.
Evangelho: Mt 13,44-46
Naquele tempo,
disse Jesus à multidão: 44'O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no
campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai,
vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é
como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola
de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
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Isabel se torna Rosa
Santa Rosa de Lima,
a primeira santa canonizada da América (canonizada pelo Papa Clemente X em
1671), nasceu da descendência espanhola na capital de Peru, Lima, em 20 de
abril de 1586 do casal Gaspar de Flores e Maria de Oliva (um casal humilde. O
pai de Rosa fracassou na exploração de uma mina e a família se viu nas
circunstancias econômicas difíceis).
Rosa de Lima tinha
como nome de Batismo Isabel. Os anos passaram Isabel se revelou cada vez mais
bonita, sorridente e formosa como uma rosa. Por causa de sua beleza tão
encantada, em todos os sentidos, Isabel começou a ser chamada de Rosa. Na hora
de receber o sacramento da confirmação (Crisma) o arcebispo na época deu-lhe o
nome de Rosa definitivamente.
Uma Moça Que Se Preocupa Com Os
Pobres e Enfermos
Um dia em que sua mãe
lhe repreendeu por atender na casa aos pobres e enfermos, Santa Rosa de Lima lhe
contestou: “Quando servimos aos pobres e aos enfermos, servimos a Jesus. Não
devemos nos cansar de ajudar o nosso próximo, porque neles servimos a Jesus”
(veja Novo Catecismo Da Igreja Católica, 2449).
Tudo isso demonstra
a simplicidade e a humildade de Santa Rosa de Lima. A simplicidade e a
humildade são a porta de entrada ao conhecimento de Deus. Se não fizermos este
primeiro passo, avançaremos na direção da falsidade e ficaremos cheios de
vanglória. As pessoas simples, as de coração humilde, são as que sabem entender
os sinais da proximidade de Deus. Elas têm um coração sem demasiadas
complicações. Os humildes têm um coração limpo e simples que lhes permite ver
tudo com os olhos de Deus. É a pureza de coração, a ausência de todo interesse
distorcido é que nos permite discernirmos as coisas e os sinais de Deus na
nossa vida e na história. Jesus chama bem-aventurados os que têm o coração
puro: “Felizes os puros no coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).
Renunciando
a Um Amor
Um jovem de alta classe social se apaixonou pela Rosa e queria casar-se
com ela. Seus pais estavam muito entusiasmados porque eles eram pobres e isso
daria à jovem um porvir brilhante. Porém, ela falou para seus que havia
prometido a Jesus que seu amor seria totalmente para Deus e que renunciava
completamente ao matrimônio por brilhante que ele fosse. Podemos entender
porque Rosa rezava: “Meu Deus, podes
aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por Ti”.
Um dia rezando
diante de uma imagem da Virgem Maria apareceu a Rosa o Menino Jesus
dizendo-lhe: “Rosa, consagra-me a mim todo teu amor”. A partir de então, ela
dedicou sua vida só para amar a Jesus Cristo. Seu irmão lhe disse que muitos
homens estavam apaixonados perdidamente por causa de seus longos cabelos. Rosa
decidiu, então, cortar seus cabelos e usar o véu para cobrir o rosto para não
ser motivo de tentações para nenhum homem.
Desejo de ser monja agustiniana
Rosa queria ser
monja agustiniana. Um dia em que ela estava, de joelho, diante da imagem da
Virgem Maria para pedir-lhe a intercessão que a iluminasse se devia ir ao
convento das monjas agostinianas ou não. Naquele momento ela começou a sentir
que não podia levantar-se do lugar onde ela estava de joelho. Rosa chamou seu
irmão para que este a levantasse, mas nada aconteceu. Como se o joelho de Rosa
ficasse colado no chão firmemente. Então se deu conta de que não era a vontade
de Deus de entrar no convento. Rosa rezou, então, à Nossa Senhora: “Ó Mãe
celeste, se Deus não quer que eu vá a um convento, eu desisto agora desta
idéia”. Assim que terminou a oração, Rosa conseguiu se levantar.
Rosa continuava pedindo a Deus que lhe
indicasse a que associação religiosa deveria ingressar. Finalmente ela pediu
para ser admitida entrar na ordem terceira das dominicanas. E o pedido foi
aceito. A partir de então Rosa se vestia com túnica branca e manto negro e
levava a vida como a de religiosas, mas os membros viviam em suas próprias
casas.
Ganhando Pão Com o Próprio Suor
O pai de Rosa
fracassou no negócio de uma mina e a família ficou em grande pobreza. Rosa se
dedicou, então, durante várias horas de cada dia a cultivar uma horta e várias
horas da noite a fazer costuras para ajudar o orçamento da casa.
Suas Penitências
É difícil encontrar
na América outro caso de mulher que fez maiores penitências. A primeira
penitência de Rosa era mortificar seu orgulho, seu amor próprio, seu desejo de
aparecer e de ser admirada e conhecida.
A segunda
penitência de Rosa de Lima foi a dos alimentos. Seu jejum era quase contínuo. E
sua abstinência de carne era perpétua. Ela comia o mínimo necessário para não
desfalecer de debilidade. Mesmo nos dias de maiores calores ela não tomava
bebidas refrescantes de nenhum tipo mesmo que, às vezes, a sede a atormentava.
Ela olhava apenas para o crucifixo e recordar a sede de Jesus na cruz para
continuar agüentando sua sede, por amor a Deus.
Ela dormia sobre
duras tábuas com uma madeira que servia como almofada. Uma vez ela teve desejo
de mudar suas tábuas por um colchão e uma almofada, mas ela olhou para o
crucifixo e lhe pareceu que Jesus lhe dizia: “Minha cruz era muito mais cruel
do que tudo isso”. A partir de então Rosa de Lima nunca mais voltou a pensar em
buscar uma leito mai cômodo.
Distintas
enfermidades atacaram Rosa de Lima por muito tempo. Quando as pessoas a
criticavam por suas demasiadas penitências, lhes respondia: “Se vocês soubessem
o formoso que é uma alma sem pecado, estariam dispostos a sofrer qualquer
martírio para manter a alma na graça de Deus”.
Os últimos anos
Rosa de Lima vivia continuamente num ambiente de oração mística com a mente
quase já mais no céu do que na terra. Sua oração e seus sacrifícios e
penitências conseguia numerosas conversões de pecadores, e o aumento de fervor
em muitos religiosos e sacerdotes. Não é por acaso que o Papa Inocêncio IX
dizia: “Provavelmente não teve na
América um missionário que com suas pregações alcançou mais conversões do que
as conversões que Rosa de Lima obteve com suas orações e suas mortificações” . Na cidade de Lima havia já uma convicção geral de que a moça Rosa de
Lima era uma verdadeira santa.
Desde 1614 já cada
ano ao chegar a festa de São Bartolomeu (24 de agosto), Rosa de Lima demonstra
sua grande alegria. E explica o porquê deste comportamento: “É que numa festa
de São Bartolomeu irei para sempre a estar perto do meu Redentor, Jesus
Cristo”. E assim sucedeu. No dia 24 de agosto de 1617, depois de terrível e
dolorosa agonia, Rosa de Lima expirou com alegria, pois estava indo para estar
eternamente com o amadíssimo Salvador. Tinha 31 anos de idade.
Desde pequena Rosa de Lima teve uma grande inclinação para a oração e a
meditação. “Se os homens
soubessem o que é viver em graça (de Deus), não se assustariam com nenhum
sofrimento, e padeciam de bom grado qualquer pena porque a graça é o fruto da
paciência”, dizia Santa Rosa de Lima.
A graça é aquilo
que nos dá alegria. A graça é também a razão principal de nossa coragem. O que
foi que Deus respondeu a São Paulo, quando se queixava do aguilhão em sua
carne? Deus respondeu: “Basta-te a minha graça” (2Cr 12,9). Todos podem
abandonar-nos, também pai e mãe, diz um Salmo, mas Deus nos acolhe sempre (cf.
Sl 27,10). Por isso, nós podemos afirmar com o salmista: “A graça e a
fidelidade hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida” (Sl 23,6).
O amor de Santa
Rosa de Lima a Deus era tão ardente que, quando falava d’Ele, mudava o tom de
sua voz e seu rosto se acendia como um reflexo do sentimento que embargava sua
alma. Esse fenômeno se manifestava, sobre tudo, quando Rosa se falava na
presença do Santíssimo Sacramento ou quando na comunhão unia seu coração à
Fonte de Amor. Na linguagem do evangelho lido na festa desta Santa, Santa Rosa
de Lima encontrou sua perola preciosa que é seu amor total por e para Deus.
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O evangelho lido na festa de Santa Rosa de
Lima fala do tesouro ou de pérola preciosa. Do ponto de vista de um homem que
busca o sentido de sua vida, o tesouro de sua existência ou de sua vida é como
uma utopia: não sabe onde está, nem sequer sabe se está em algum lugar ou em
nenhum lugar. A busca é um esforço para encontrar algo que não se tem. Quem
busca reconhece uma carência de algo. É uma atitude humilde por si mesma.
Nesta busca o homem somente conhece a
inquietude de seu coração, porque “onde está teu tesouro, ai estará também teu
coração” (Mt 6,21). Um homem que ainda não encontrou seu tesouro fica inquieto
e busca incessantemente um sentido para sua vida. O coração errático do homem,
sua vontade, pode, nestas circunstancias, fixar-se em qualquer coisa e
agarrar-se a ela como se tivesse encontrado seu tesouro. Mesmo assim, ele
continua inquieto, pois o tesouro do homem não é qualquer coisa. O homem pode
ter tudo, mas se carecer o essencial, ele continuará inquieto.
A busca do Reino de Deus é compreender uma
certa carência essencial em nossa vida, carência que nos impulsiona a sair de
nós mesmos e não repousará até que encontremos essa realidade que faz completo
nosso ser. Por isso, não é a riqueza, nem o êxito, nem o poder, nem a fama, mas
o próprio Deus é o tesouro supremo do homem que o faz completo. Escondido no
nosso mundo, coberto pela carne crucificada de Jesus de Nazaré, perdido entre
os pobres, identificado com eles, está o tesouro do homem. Jesus é o “lugar de
Deus”, e o irmão, o próximo é o “lugar” de encontro com Jesus. O próximo se
transforma, então, em ocasião de salvação. Não é nada que o homem pode alcançar
por si mesmo e somente para si mesmo, pois ele foi feito por Deus e para Deus
na convivência fraterna com os outros. Por isso, Santo Agostinho rezava: “...
Senhor, inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti” (Confissões
I,1). O homem só se encontrará a si mesmo, somente chegará à sua plena
realização na medida em que ele buscar e viver e conviver de acordo com o Amor
que é Deus (cf. 1Jo 4,8.16).
Somente o Reino de Deus, o Reino de amor,
descoberto como o supremo valor da existência, coloca o homem na possibilidade
de descobrir o sentido dos restantes bens que se possui. A vida em Deus ou ser
filhos e filhas de Deus é um valor incalculável, um dom do céu, e quem desfruta
dele, por meio da fé, é um autentico afortunado. A possessão, desta forma, se
apresenta como algo relativo. A experiência do amor de Deus relativiza o resto
sem desprezar seu valor no seu próprio lugar. A partir deste tesouro que é O
Reino de Deus, todo o resto se ordena e adquire o seu valor próprio. Como
aquele que encontrou a pérola preciosa foi capaz de colocar todas as demais
coisas em uma escala justa de valores, de relativizá-las em relação com a
pérola preciosa. E ele o fez com a extrema simplicidade porque, ao ter como
pedra de comparação, a pedra preciosa, sabe compreender melhor o valor de todas
as demais pedras. Quem encontrar um
valor supremo de sua vida, a experiência de fazer parte da família de Deus em
Jesus Cristo não desprezará outros valores, mas colocá-los em seu devido lugar.
O bem relativo pode ser, mais ou menos, importante para a satisfação das
necessidades humanas, porém, deve ser sempre confrontado com o bem supremo que
é a experiência do amor de Deus, a experiência de serem filhos e filhas de
Deus. Desta forma, as parábolas do tesouro escondido e a pérola preciosa
conectam com a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito
porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,3).
O homem que encontrou o sentido de sua vida
em Deus é um homem alegre e dinâmico, como os dois homens na parábola que
encontraram seu tesouro. Por este tesouro, ele é capaz de se desprender de
tudo, de se despojar de tudo, de compreender a fraqueza do outro, de perdoar,
de reconciliar-se com todos, de ser justo e honesto nos seus negócios, de ser
correto e coerente no seu modo de ser, pois sua vida é direcionada por este
supremo valor. A busca do Reino de Deus modifica nosso esquema de vida e não
pode ser levado adiante sem uma absoluta sinceridade de coração numa serenidade
de oração.
“Quem se gloria, glorie-se no Senhor. Pois é
aprovado só aquele que o Senhor recomenda e não aquele que se recomenda a si
mesmo”, escreveu São Paulo aos Coríntios que lemos na Primeira Leitura
(2Cor 10,17-18).
Julgar-se melhor do que os outros pode ser
uma expressão de vaidade e mentira, mas pode ser também uma franqueza. Para são
Paulo as qualidades que uma pessoa tem devem ser usadas ou utilizadas para o
serviço e a edificação da comunidade (cf. 1Cor 14,12). São Paula censura quem
finge ter qualidades e se faz passar por mestre, sábio ou entendido. Este tipo
de pessoa engana a comunidade, pois vive para aparecer e não para edificar a
comunidade. Todas as qualidades ou dons têm sua origem em Deus e por isso,
temos que colocá-los para a edificação da comunidade e não para a autopromação.
P.
Vitus Gustama,svd
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