02/10/2019
SANTOS ANJOS DA GUARDA
02 de Outubro
SER
IRMÃO E FAZER-SE PEQUENO
Primeira Leitura: Êx 23,20-23
Assim diz o Senhor: 20“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que
te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. 21Respeita-o
e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas
transgressões, e nele está o meu nome. 22Se ouvires a sua voz e fizeres
tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus
adversários. 23O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá à terra dos
amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos cananeus, dos heveus e dos jebuseus, e
eu os exterminarei”.
Evangelho: Mt 18,1-5.10
Naquela hora, 1os discípulos aproximaram-se
de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos céus?” 2Jesus chamou uma
criança, colocou-a no meio deles 3e disse: “Em verdade vos digo, se não vos
converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos
céus. 4Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos céus.
5E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. 10Não
desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos
céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”.
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O que o Novo Catecismo Da Igreja Católica fala dos
anjos?
- “A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (Catecismo Da Igreja Católica, 328).
- “A Igreja venera os anjos, que a ajudam na sua peregrinação terrestre e protegem todo o género humano” (Idem n.352).
- “Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. Cada fiel tem a seu lado um anjo como protector e pastor para o guiar na vida. Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus” (Idem n.336).
- “Na sua liturgia, a Igreja associa-se aos anjos para adorar a Deus três vezes santo; invoca a sua assistência e festeja de modo mais particular a memória de certos anjos [São Miguel, São Gabriel, São Rafael e os Anjos da Guarda] (Idem n.335).
Quem são os anjos? Santo Agostinho respondeu:
“Anjo (mensageiro) é designação de encargo, não de natureza. Se perguntares
pela designação da natureza, é um espirito; se perguntares pelo encargo, é um
anjo: é espirito por aquilo que é, enquanto é anjo por aquilo que faz”. Anjo em hebraico “Mallak”, em grego “Angelos”,
significa mensageiro. É nome que significa ministério e ofício. Mas a perfeição
de sua natureza vai de acordo com esse sublime ofício que eles exercem de
maneira mais permanente que os demais seres da criação. São os “mensageiros” de
Deus, por excelência. São seres criados, intelectuais, superiores aos homens,
dotados de especial virtude e poder pelo Senhor.
“Há que saber que o nome de “anjo” designa a
função, não o ser. Com efeito, aqueles santos espíritos da pátria celeste são
sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados anjos, já que somente o são
quando exercem seu ofício de mensageiros. Os que transmitem mensagens de menor
importância se chamam anjos, os que anunciam coisas de maior transcendência se
chamam arcanjos. Por isso, à Virgem Maria não lhe foi enviado um anjo qualquer
e sim o arcanjo Gabriel, já que uma mensagem de tal transcendência reueria que
fosse transmitida por um anjo da máxima categoria” (São Gregorio Magno, Homilía
34 sobre os evangelios, 8-9 PL 76, 1250-1251).
O que faz os anjos (encargo)? Eles são
servidores e mensageiros de Deus. São aqueles que nos indicam o caminho do bem,
o caminho de Deus. São aqueles que nos alertam quando estivermos para praticar
a maldade. A missão dos anjos é amar, servir e dar gloria a Deus, ser seus
mensageiros, cuidar e ajudar os homens. Eles estão constantemente na presença
de Deus atentos a suas ordens. Pode-se dizer que são mediadores, custódios,
protetores e ministros da justiça divina. Eles nos comunicam mensagens do
Senhor importantes em determinadas circunstancias da vida. Em momentos de
dificuldade, podemos pedir luz para tomar uma decisão, para solucionar um
problema, atuar acertadamente, descobrir a verdade. Por exemplo, temos as
aparições à Virgem Maria (Lc 1,26-38), a São José (Mt 1,18-25; 2,13-23), a Zacarias
(Lc 1,11-22). Todos eles receberam mensagem dos anjos. Também os anjos
apresentam nossas orações ao Senhor: “Quando tu oravas..., eu apresentava as
tuas orações ao Senhor” (Tb 12,12-16). Além disso, os anjos nos animam a sermos
bons: “Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que
se arrependa” (Lc 15,10).
No dia 02 de Outubro a Igreja celebra a festa dos Santos Anjos da
Guarda. A missão dos anjos da guarda é acompanhar cada pessoa no
caminho pela vida, cuidá-la na terra dos perigos, protege-la do mal e guia-la
no difícil caminho para o Céu. Pode-se dizer que é um companheiro de viagem que
sempre está ao lado de cada pessoa, no bons e nos maus momentos. Não se separa
dela em nenhum momento. Está com ela enquanto trabalha, descansa, se diverte,
reza, quando pede ajuda e quando nãos e pede ajuda. Não se afasta dela nem
sequer quando perde a graça de Deus pelo pecado. Os anjos da guarda prestarão
auxilio para cada pessoa enfrentar com ânimo as dificuldades da vida diária e
as tentações que se apresentam na vida.
Para que a relação da pessoa com o anjo da
guarda seja eficaz, cada pessoa necessita falar com ele, chama-lo, trata-lo
como o amigo que é. Assim ele poderá converter-se num fiel e poderoso aliado
nosso. Recordemos que os anjos os anjos não podem conhecer nossos pensamentos e
desejos íntimos se nós não os expressamos, já que somente Deus conhece
exatamente o que há dentro de nosso coração. Os anjos somente podem conhecer o
que queremos, intuindo-o por nossas obras, palavras, gestos e assim por diante.
Por que se fala, especificamente de uns anjos que nos acompanham
pessoalmente, que nos protegem na caminhada cotidiana?
Poderíamos responder, em primeiro lugar, que trata-se de símbolos
para falar do amor providente de Deus que cuida de sua criatura para que esta
chegue à sua plena realização quando houver colaboração da própria criatura ou
das circunstâncias nas quais se encontra. Era normal expressar, através de
recursos literários provenientes de um contexto, as realidades misteriosas de
Deus usando uma linguagem figurativa.
Em segundo lugar, os anjos são um
reflexo misterioso do rosto de Deus e de sua bondade em nossa realidade. De
fato, quando alguém nos trata bem, nos ajuda sem reservas etc. logo lhe
dizemos: “Você é um anjo!”. Isto
significa que a bondade de Deus se reflete naqueles que fazem o bem, chamados
de mensageiros de Deus ou anjos de Deus no nosso dia a dia.
Em terceiro lugar, Os anjos da guarda
nos revelam a presença transcendente de Deus em cada pessoa, especialmente nos
mais pobres. O maior no Reino de Deus é a criança e quem se faz pequeno como
criança, porque representa em forma paradigmática o despojamento de todo poder.
O despojamento da soberba e da prepotência do poder é a condição para entrar no
Reino de Deus. Alguém entra nele, quando descobre o poder de Deus: o poder de
seu amor, o poder de sua Palavra e o poder de seu Espírito. Reino de Deus é
Poder de amor de Deus. Esta presença de Deus nos mais pobres, que são os
maiores no Reino, é o que dá aos pobres essa transcendência.
Cada pessoa, cada família, cada comunidade,
cada povo, tem seu próprio anjo da guarda. O Livro de Êxodo (Cf. Ex 23, 20-23)
nos mostra o Povo de Deus conduzido diretamente pelo anjo de Deus. O povo deve
comportar-se bem na sua presença, escutar sua voz e não ficar rebelde. No anjo
está o Nome de Deus. O Nome é o que Deus é. O anjo é essa presença de Deus no
Povo de Deus.
Também cada um de nós deve descobrir nosso
próprio anjo da guarda, sentir sua presença e escutar sua voz. Devemos viver
conforme a esta presença transcendente em nós e refleti-la continuamente em
nosso rosto. Para isso, é preciso ler, meditar e colocar em prática a Palavra
de Deus. Estar em sintonia com a Palavra de Deus nos faz sensíveis para a
presença de Deus na nossa vida cotidiana e nos torna conscientes de nossa
tarefa como mensageiros de Deus na convivência com os demais.
Deus como Pai Providente, sempre vela por nós
e se faz próximo de nós por meio de Jesus, seu Filho feito Homem. Ele sempre
manifestou e continua manifestando seu amor para com os pobres e os enfermos,
para com os pequenos e os pecadores. Ele nunca permaneceu indiferente diante do
sofrimento humano. Seu amor preferencial para aqueles que são considerados como
as crianças desprotegidas de tudo e necessitados de tudo, nos recorda qual deve
ser também o caminho preferencial no amor da Igreja. Deus nos enviou aos
necessitados e aos desprotegidos para que lhes manifestemos de um modo rela e
efetivo, o amor misericordioso do Senhor que nos concedeu e que quer que chegue
a todos esse amor misericordioso por meio de sua Igreja, isto é, por meio de
todos os batizados. Quem vive unidos a Cristo se preocupa em cuidar dos irmaos
necessitados como Deus vela por nós. Não podemos, portanto, buscar segurança,
sem dar segurança; não podemos esperar receber sem dar, pois há mais alegria em
dar do que em receber. Socorramos aqueles que necessitam de nossa proteção, de
nossa ajuda, de nosso amparo.
Santo Anjo do Senhor, meu zeloso
guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me
governa me ilumina. Amém
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O texto do evangelho lido neste dia é
escolhido em função da festa dos santos anjos da guarda. É tirado de Mt 18.
O capítulo 18 do evangelho de Mateus é o
quarto dos cinco grandes discursos de Jesus neste evangelho. E este quarto
discurso é conhecido como “discurso eclesiológico” (discurso sobre a Igreja) ou
“discurso comunitário” onde se acentua a vida na fraternidade, isto é, cada
membro da comunidade é considerado como irmão. Este capítulo (Mt 18,1-35) foi
escrito para responder aos problemas internos das comunidades cristãs: Quem é o
primeiro na comunidade? O que fazer se acontecem escândalos? E se um cristão se
perde ou se afasta da comunidade, o que fazer? Como corrigir um irmão que erra?
Quando é que uma oração pode ser chamada de comunitária e partilhada? E quantas
vezes se deve perdoar?
Na comunidade de Mt (como também em qualquer
comunidade cristã) cresce a ambição e se cultivam sonhos de grandeza dos
membros que se acham mais importantes do resto. Há pouca consideração para com
os pequenos, até são desconsiderados ou desprezados. Estes pequenos correm
risco de se tornarem incrédulos e de afastar-se da atividade comunitária. Na
comunidade de Mt suscitam também pecadores notórios, inclusive as ofensas e os
ressentimentos que abalam a convivência fraterna.
Nesse capítulo, são dadas diversas
orientações e algumas normas que têm por objetivo desenvolver o amor e
favorecer a harmonia entre os membros da comunidade. Para isso, Mt coloca em
ordem o material transmitido pela tradição para regular as relações internas da
comunidade. Contra os sonhos de grandeza e de orgulho, Mt coloca a atitude de
humildade que agrada a Deus e aos outros (18,1-4). Para os pequenos, os fracos
na fé, é necessário ter uma acolhida cheia de caridade e de desvelo (18,6-7). O
desprezo é inadmissível para uma boa convivência. Para enfatizar mais este
tema, Mt fala dos anjos que sempre estão do lado dos pequenos (18,10). Se um
dos membros da comunidade afastar-se ou desviar-se do caminho reto, em vez de
condená-lo, a comunidade toda deve esforçar-se para que esse irmão volte para a
comunidade, pois Deus não quer que nenhum deles se perca (18,12-14). E para o
irmão pecador, a comunidade inteira deve usar todos os meios para recuperá-lo
(18,15-20). E para as ofensas, deve haver perdão, pois uma comunidade só pode
sobreviver se existe o perdão mútuo (18,21-35).
Ser Irmão e Fazer-se Pequeno
“Quem é o maior no Reino dos céus?”. “Quem é
o maior diante de Deus?”. “Quem vale mais diante de Deus?”. Assim inicia o
quarto discurso de Jesus sobre a vida comunitária baseada na fraternidade. A
pergunta é feita pelos discípulos para Jesus. Maior aqui significa proeminente,
superior aos outros por força de uma qualidade ou de um poder.
Atrás desta pergunta se esconde a ambição ou
a mania de grandeza dos discípulos. É a ambição de grandeza que pode ser
encontrada em qualquer comunidade cristã. É admirável a ambição de alguém que
deseja redimir sua humilde condição, valorizando todas as suas capacidades de
inteligência e de luta, pois um dos sentidos lexicais da palavra ambição é
anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração,
pretensão. A ambição só se transformará em vício quando a afirmação de si mesmo
for exagerada e os meios adotados para atingir a glória forem desonestos. Uma
pessoa de alma nobre não sai à procura das honras, e sim do bem. Ao contrário,
o ambicioso se sente totalmente envolto pela espiral da glória que o transforma
em vítima da própria tirania. O ambicioso, quando dominado pelo vício, não
suporta competidores, nem admite rivais. Quem desejar ser a todo o custo o
primeiro, dificilmente se preocupar com ser justo. “A soberba gera a divisão. A
caridade, a comunhão” (Santo Agostinho. Serm. 46,18).
Como resposta para a pergunta dos seus
discípulos Jesus faz um gesto muito simbólico: Ele chamou uma criança e a
colocou no meio dos discípulos. Ao ser colocada no meio de todos, a criança
chamada se torna um centro de atenção de todos. Imaginamos que todos os olhares
são dirigidos a essa criança e os ouvidos prontos para ouvir a palavra sábia do
Mestre Jesus. “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos
tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno
como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. E quem recebe em meu nome
uma criança como esta é a mim que recebe”, disse Jesus aos discípulos (Mt
18,3-5). Ser criança: frescor, beleza, inocência, não se basta a si mesma!
Esta é a primeira regra da vida comunitária:
cuidar dos pequenos e tratá-los como irmãos. E fazer-se pequeno. Fazer-se
pequeno, como exigência para viver a vida comunitária, significa renunciar a
toda ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para estar
em destaque e para oprimir os demais. Fazer-se pequeno é uma forma de
“renegar-se a si mesmo” para colocar a vontade de Deus acima de tudo. A
grandeza do Reino consiste no serviço humilde e gratuito ao próximo, na
solidariedade para com os necessitados, na partilha do que se tem para com os
carentes do básico para viver dignamente como ser humano e no esforço para
construir uma convivência mais fraterna. Trata-se de viver a espiritualidade
familiar onde cada membro se preocupa com o outro membro e sua salvação.
Vivendo desta maneira estaremos testemunhando para o mundo que estamos no Reino
de Deus já neste mundo.
P. Vitus Gustama,svd
Um comentário:
Bom dia! Que os santos anjos nos guardem, sempre, em nossos caminhos.
“Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”
(Mt 18,10).
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