domingo, 29 de setembro de 2019

01/10/2019
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CAMINHAR COM JESUS PARA A GLÓRIA
Terça-Feira da XXVI Semana Comum


Primeira Leitura: Zc 8,20-23
20 Isto diz o Senhor dos exércitos: Virão ainda povos e habitantes de cidades grandes, 21 dizendo os habitantes de uma para os de outra cidade: ‘Vamos orar na presença do Senhor, vamos visitar o Senhor dos exércitos; eu irei também’. 22 Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor. 23 Isto diz o Senhor dos exércitos: Naqueles dias, dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá, dizendo: ‘Nós iremos convosco; porque ouvimos dizer que Deus está convosco’. 


Evangelho: Lc 9, 51-56
51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53 Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55 Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.
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O Deus Salvador Da Humanidade Nos Chama A Salvar a Humanidade


Virão ainda povos e habitantes de cidades grandes... Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor... dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá”, é a profecia do profeta Zacarias que lemos na Primeira Leitura.


Esta profecia nos afirma o caráter universal da salvação no plano de Deus. “Virão muitos povos e nações fortes visitar o Senhor dos exércitos e orar na presença do Senhor”. Ou seja, todos reconhecerão que a Palavra Salvadora, a Verdade plena está em Jerusalém. “Dez homens de todas as línguas faladas entre as nações vão segurar pelas bordas da roupa um homem de Judá”. Em outras palavras, pediriam insistentemente que o homem de Judá lhes diga se vai a Jerusalém e que lhe admita no grupo dos que rendem culto ao seu Deus.


Nós escutamos estas palavras e damos conta de que não se trata de Jerusalém em seu sentido geográfico. Os planos de Deus são “católicos”, universais. E nós somos católicos, irmãos e irmãs da humanidade inteira. E estes planos se realizam plenamente em Jesus, pois Ele é o Salvador do mundo e quer eunir todos numa fraternidade universal, pois o Deus que ele revelou é o Pai de todos. É fácil descobrir que somos irmãos e irmãs da mesma Terra e do mesmo Deus. Esta é a nova Jerusalém.


A nova Jerusalém é a Igreja de Jesus. Jesus é o Deus-Conosco, o Emanuel (Mt 1,23; 18,20; 28,20). Sejamos esta presença de Deus na vida dos outros. Se todos iam a Jerusalém a fim de consultar a Palavra de Deus, agora Jesus é a Palavra vivente de Deus que faz sua tenda no meio de nós (Cf. Jo 1,1-3.14).


Quando temos uma convicção firme de que o Deus em Quem acreditamos é o Deus-Conosco, será que nós, que formamos a Igreja de Jesus, somos um sinal lúcido da presença de Deus para atrair os outros a ouvir a Palavra proclamada e vivida por nós? Nós que atuamos na Igreja atraem os que se encontram fora da Igreja para unir as forças para o bem comum? Será que lutamos pelo bem comum, para salvar “as almas” ou lutamos para nossas próprias vantagens egositas?


Se Jesus Cristo é o Salvador universal, da humanidade toda, logo todos os cristãos devem ser missionários do bem para toda a humanidade. Cada cristão/cristã deve ser irmão/irmã da humanidade, parceiro/parceira do bem. A busca de Deus da parte da humanidade nunca termina. Diante desta busca o cristão que está com o Deus-Conosco deve ser uma resposta.


Com o texto do evangelho de hoje Jesus começa seu caminho (êxodo) para Jerusalém. Durante o caminho para Jerusalém Jesus vai dando suas lições importantes para seus discípulos (Lc 9,51-19,28).


Quem Quer Chegar à Glória De Deus Deve Superar Todos Os Sentimentos Destrutivos


O texto do evangelho começa com a seguinte frase: “Jesus tomou a firme decisão de partir para Jerusalém...”. Em Jerusalém Jesus será morto e de Jerusalém sairá o novo movimento de evangelização para o mundo inteiro (cf. Lc 24,47-48; At 1,8) que chegou até nós hoje.


Todos os três evangelhos (Mt, Mc e Lucas) falam desta viagem. Mas somente Lucas usa esta viagem de Jesus com o motivo catequético básico, de que a vida de Jesus foi também um longo caminhar para uma meta: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. O “caminhar” de Jesus é um êxodo permanente até chegar à glória. Ele luta até chegar à meta: até à glória.


Durante esse caminho Jesus vai instruindo a comunidade de discípulos de acordo com o próprio caminhar de Jesus. Os discípulos de todos os tempos encontram, então aqui, a regra perene de sua atuação cristã. Neste texto encontramos maneira sobre como os cristãos devem se comportar e viver como seguidores de Cristo. Trata-se de uma “caminhada” interior, isto é, a caminhada que parte do que somos até o esvaziamento completo de nós e até a vivência na plenitude da vontade de Deus que é a salvação ou glorificação de nossa vida em Deus.


O fundo do relato do texto do Evangelho lido neste dia é a inimizade e o ódio entre samaritanos e judeus que originalmente é de tipo racial, e depois de tipo político e religioso. O caminho habitual da Galiléia para Jerusalém passa por Samaria. Um grupo galileu de discípulos vai adiante para preparar a hospedagem para Jesus em Samaria. Mas os samaritanos não aceitam a presença de Jesus em Samaria, pois ele está a caminho para Jerusalém. Os samaritanos interpretam o caminho para o Templo de Jerusalém como infra-valorização do templo Garizim construído sobre um monte onde os samaritanos fazem suas atividades religiosas e não em Jerusalém (em 129 a. C João Hircano o destruiu).


Por essa recusa os discípulos disseram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”. Esta frase nos lembra do episódio entre o profeta Elias, defensor do monoteísmo, contra os mensageiros do rei Ocozias que consultava outros deuses sobre como curar suas feridas. Por isso o profeta Elias pediu o fogo do céu e o fogo caiu sobre esses mensageiros e morreram todos (cf. 2Rs 1,1-18). A atitude de Tiago e de João põe em evidência de que os Apóstolos não entenderam plenamente Jesus. Eles, por sua intolerância, não encontraram outro caminho para tratar aos outros, especialmente aos samaritanos sem o caminho da violência. Jesus repreende energicamente os dois apóstolos.


Diante da proposta dos discípulos Jesus enfatiza que qualquer discípulo, qualquer cristão não pode se mover por sentimentos de vingança, de violência, de ódio, de desafronta, de intolerância ou de intransigência. Quem é tolerante não vê a diferença e a alteridade como ameaça, e sim como estímulo para se aproximar e aprender do outro numa atitude de diálogo.


A atitude de Tiago e João continua presente em muitas religiões ou crenças do mundo. Por todos os meios os seres humanos, ao longo da história, buscaram a forma de acabar com os que pensam, atuam ou vivem de forma diferente. Como cristãos temos que respeitar os demais e fazer possível a paz entre as religiões e crenças. Para isso, primeiramente, deve haver diálogo entre as religiões. Mas antes disso, deve haver um intra-diálogo em cada religião, em vez de radicalismo.


O radicalismo de nossas atitudes, muitas vezes, é uma expressão de nossa pouca bondade. Com esta pouca bondade tomamos atitudes que violentam a história de Deus com os homens. A violência sempre gera um processo desumanizador que perverte radicalmente as relações entre os homens, introduz na história novas injustiças e impede o caminho para a reconciliação. O ódio é como uma gangrena: devora a pessoa. O ódio é igual alguém a tomar o veneno e espera que o outro morra. Todas as nossas recusas em nos comunicarmos com os outros e nos abrirmos a eles encerram-nos na prisão. Em vez de nos ajudar a crescermos no amor, no perdão e na abertura, esse processo pode nos fechar em formas sutis de depressão e inércia. Nesse caso somos prisioneiros de nós mesmos ou do nosso grupo.


O fogo que Cristo traz do céu não é aquele que queima e elimina as pessoas, e sim aquele que ilumina e purifica o mundo de suas impurezas. É o fogo do Espírito Santo. É o fogo de amor. O único fogo que nós cristão podemos usar é o fogo de amar aos demais até o fim como fez Jesus. Jesus nos libertou para sermos livres, como diz São Paulo (Gl 5,1). Liberdade em Cristo é para amar mais e melhor. Amar a Deus e ao irmão é condição para ser livre. A liberdade daquele que ama a Deus e ao irmão é a identificação total com a vontade de Deus, com o bem e com a verdade.


Por isso, o caminho que Jesus propõe para quem quiser segui-lo não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica. Implica uma adoção do espírito de Jesus que é o espírito de amor. Seguir Jesus não é uma viagem fácil; pode se converter em uma viagem sem retorno.
P. Vitus Gustama,svd

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