sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Domingo, 04 de Outubro de 2020- SER VINHA DO SENHOR

UM DEUS QUE NOS AMA ATÉ O FIM E DE NÓS ESPERA BONS FRUTOS

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUMM “A”

BEM-VINDOS AO 27º DOMINGO COMUM! (Mês Missionário) - ppt video online  carregarEVANGELHO DO DIA - 04/06/2018 - A PARÁBOLA DOS LAVRADORES MAUS - MC 12,1-12  - YouTube

 

I Leitura: Is 5,1-7

1 Vou cantar para o meu amado o cântico da vinha de um amigo meu: Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. 2 Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens. 3 Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá, julgai a minha situação e a de minha vinha. 4 O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens? 5 Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha: vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. 6 Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela. 7 Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça — e eis a injustiça; esperava obras de bondade — e eis a iniquidade.

 

II Leitura: Fl 4,6-9

Irmãos: 6 Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. 7 E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus. 8 Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. 9 Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco.

 

Evangelho: Mt 21,33-43

Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: 33 “Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas, e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35 Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’. 38 Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39 Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” 41 Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”. 42 Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?’ 43 Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.          

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Um Olhar Geral Sobre As Leituras Deste Domingo

 

As  leituras deste Domingo nos apresentam a imagem da vinha. Uma vinha que simboliza Israel, uma vinha que é amada e cuidada por Deus. Mas, infelizmente e lamentavelmente, não produz os frutos que se esperavam dela. Deus espera frutos da vinha que Ele cultivou com amor: este é um dos temas importantes das leituras deste domingo.

 

A Primeira Leitura nos mostra o poema do amigo  e de sua vinha. Com palavras cheias  de solicitude, o poema nos apresenta o dono da vinha que se prodiga em cuidados por ela, cava em torno dela, monta uma torre, tira as pedars, planta boas videiras e cava um lagar. Este homem ama sua vinha e espera dela que produza boas uvas. Mas infelizmente, recebe uvas silvestres ou selvagens sem gosto, isto é, uvas que nunca amadurecem. Com razão o homem (dono) se lamenta.

 

O poema da vinha é uma das passagens mais surpreendentes do profeta Isaías. O profeta faz compreender o povo de Israel que Deus cuidou dele, o tratou com especial amor, se preocupou de seu crescimento, e, no entanto, o povo não correspondeu a este amor. Isarel não foi fiel ao amor de Deus. A pergunta feita pelo dono adquire tons tristes: “O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha e não fiz? Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens?”. Na verdade, parece que nos adentramos no próprio coração de Deus que ama a Israel. O que faltou no seu amor para com Israel? Deus se distanciou de seu povo? Deus abandonou seu povo em tempos difíceis? A resposta é esta: Na verdade, Deus é fiel a suas promessas e nunca deixou a um justo defraudado.

 

Esta vinha, apesar do cuidado do dono, que é o Senhor dos exércitos, não prospera, não dá fruto, não dá uvas dóceis; dá somente uvas imaduras e selvagens. Trata-se, certamente, de uma alegoria, pois, na verdade, não se pode culpar uma vinha de não querer produzir frutos. No entanto, os ouvintes do profeta compreendem que a vinha representa Israel e que o dono da vinha não é outo que o próprio Deus. Apesar de que Israel foi cuidado como um filho, apesar de que foi libertado, apesar de que o Senhor escolheu Israel como o povo de sua propriedade, infelizmente Israel não produz frutos de salvação. É surpreendente ver a tristeza profunda do dono da vinha e, ao mesmo tempo, sua firmeza diante da vinha improdutiva: “Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela”. De fato, mais tarde Israel experiemntará a amargura do exílio na Babilônia e a destrução total do Templo de Jerusalém.

 

No Evangelho se recorre novamente o tema da videira em uma espécie  de alegoria: o dono da videira a arrenda para uns trabalhadores e depois viajou. O dono envia, depois de algum tempo, seus embaixadores para recolher os frutos, mas os trabalhadores maltratam os enviados e, quando vem o filho do dono, concebem a ideia de matá-lo. Novamente, o dono da vinha não é correspondido à solicitude mostrada pela vinha. Os arrendadores  não produzem os frutos que se esperavam deles. Em ambos os casos, o tema dos frutos que Deus espera de Israel e dos homens se sublinha de modo especial: o homem recebeu muito de Deus: vida, tempo, talento, natureza, ar e assim por diante e deve oferecer frutos da vida eterna, da verdadeira santidade, da caridade sincera como enfatiza o Evangelho.

 

Na parábola do Evangelho os culpáveis da falta de frutos são os lavradores que recebem a vinha em arrendado. São pessoas sem esrúpulos, gente que não serve para a vinha. Esses lavradores se servem da vinha para seu próprio proveito. Eles não pensam como devem cultivar a vinha e oferecer ao dono o fruto merecido. Ao contrário, eles abusam da vinha do dono para se enriquecer e viver em abundância ilicitamente. Em seu coração não há o amor pela vinha, nem o amor pelo dono da vinha e sim o amor a si mesmos. Seu interesse é aproveitar-se o melhor possível daquela vinha, e por isso, ao ver os enviados do dono, eles o maltratam, dão golpe forte e matam. Qualquer coisa que se interpuser a seu bem-estar e o melhor usufruto da vinha em seu favor, deve ser eliminado. Esses lavradores não eram somente ladroes, mas também eram homicidas. Quem rouba, também é capaz de matar. Eram pessoas sem alma e coração. As palavras finais da parábola são dramáticas: “Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?. Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.  

 

Será que contribuímos alguma coisa de nossa vida (tempo, talento, bens etc.) para o bem da Igreja do Senhor? Ou nós nos aproveitamos da Igreja para nosso próprio proveito: enriquecer-se ilicitamente, autopromoção e ambição?

 

O poema do profeta Isaías e a parábola de Jesus põem em destaque a importância de produzir fruto. Não se pode viver inutilmente nem morrer inutilmente. É preciso fazer algo para melhorar um pouco o mundo ao nosso redor com nossa presença ou nossa passagem. No poema de Isaías, é a vinha que não produziu o que se esperava dela. No segundo caso (evangelho), são os vinhateiros homicidas que não entregam os frutos devidos ao dono. Há frutos da vinha, mas são os trabalhadores que consomem tudo para o próprio proveito.

 

O tema espiritual é importante: Deus oferece ao homem múltiplos   dons: a vida, a fé, a vocação profissional, família, eligiosa, sacerdotal e assim por diante, e o Senhor espera por parte do homem uma resposta, espera uns frutos de santidade, espera que o homem se transfome interiormente e dê frutos apostólicos para o bem de seus irmãos. A partir dos dons recebidos de Deus, o homem existe para fazer o bem, para partilhar os dons pelo bem comum. É um tema profundo que requer muita reflexão e exame da própria vida.

 

O cristão é uma pessoa inserida em Cristo pelo Batismo e por isso, deve dar frutos de vida eterna. Se Deus é Amor (1Jo 4,8.16), logo o fruto maior para a vida eterna é o amor que se expressa na bondade, no bem, na solidariedade, na partilha, na preocupação pela salvação do próximo, no perdão mútuo e assim por diante. Assim como o Pai enviou ao mundo Cristo Jesus para cumpriri a missão redentora (missão para salvar a humanidade), assim Cristo envia os cristãos, especialmente os apóstolos, a cumprirem uma missão redentora. A alma desta missão é, portanto, o amor (Cf. Jo 3,16). Nem sempre os frutos do cristão serão manifestos ou imediatos, mas não cabe duvidar que a alma que permanece unida a Cristo, como o ramo permanece unido ao tronco (Cf. Jo 15,1-5), produzirá frutos a seu tempo, como diz um canto: não se preocupe com a colheita, plante irmão! O que se planta, o que se rega, Deus vai fazer crescer (Cf. 1Cor 3,6).

 

O Senhor nos enviou para este mundo para que produzamos frutos e que nossos frutos permaneçam (Cf. Jo 15,16). Trata-se de os frutos que não conhecem estações: sempre dar frutos durante a vida inteira. Nisto Deus é glorificado: nos frutos que produzimos. Tudo isso quer nos dizer que nosso dever não é pequeno na história da salvação. Cultivemos com cuidado nossa “vinha”, saibamos acolher as chuvas da bênção de Deus para possibilitar o crescimento a fim de que possamos dar frutos para Deus.

 

Por sua parte, são Paulo na Carta aos Filipenses, que lemos na Segunda Leitura, continua sua exposição e exorta aos Filipenses a terem em conta tudo o que é verdadeiro, nobre, justo e os convida a fazerem as obras boas.Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor”.

 

Portanto, este Domingo nos convida a fazermos uma reflexão sobre o tempo e sobre os dons que Deus nos concedeu na vida. O tempo de nossa vida vai passando, pois o próprio tempo é livre de nosso controle. Não podemos possuir tempo, mas podemos usá-lo. Não podemos guardar tempo, mas podemos gastá-lo. Porque uma vez perdê-lo, jamais podemos trazê-lo de volta. E no fim nós poderemos  somente lamentar sobre as oportunidades que não aproveitamos. O tempo que passa, fugindo de nosso controle, quer nos mostrar, de modo maravilhoso, o que nos importa na vida em cada momento. Consequentemente, se o tempo é incalculável seu valor, logo o grande presente que podemos dar aos outros é nosso tempo e nosso dom. Porque  quando oferecemos nosso tempo aos outros para seu bem, na verdade, damos uma porção de nossa vida.

 

Ficam para nós as seguintes perguntas: O que já passou na vida em que o tempo passou sozinho sem nenhum proveito? Aproveitamos com inteligência e vontade os talentos recebidos? Temos vivido como uma vinha distraída sem dar-se conta de que sua missão era produzir uvas dóceis? Temos vivido como vinhateiros ou lavradores que pensaram mais em si mesmos do que no amor do dono da vinha? O tempo continua passando, mas enquanto há vida, há esperança de conversão, de transformação, de renovação e inovação.

 

Estejamos conscientes de que Deus espera muito de nós. Somos sua vinha, sua vinha preferida, e Ele se alegra e é glorificado quando produzimos muito fruto de acordo com as nossas condições e possibilidades: 30%, 60% ou 100%. Os frutos estão em relação à docilidade à ação de Deus. Para dar frutos é preciso ser dócil ao Plano de Deus. Cada um tem sua própria vocação e foi colocado em um lugar preciso da Igreja. Portanto, cada um tem uma missão pessoal e intransferível. Consequentemente, não podemos desempenhar de qualquer modo ou segundo nossos caprichos a missão recebida através dos talentos recebidos. O êxito da fecundidade espiritual radicaliza na obediência ao Plano de Deus. O segredo enraíza na identificação com Cristo obediente que sofre e oferece sua vida em resgate pela salvação dos homens. O cristão existe para salvar e para fazer o bem, pois ele se configura com Cristo Jesus. A fecundidade espiritual passa sempre pela Cruz e pela dor, como uma planta que luta para ser fecundo. Quem quer ser fecundo, mas foge desta lei da salvação, se equivoca e um dia ficará amargamente desiludido.

 

Portanto, “irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco”, disse são Paulo na Segunda Leitura de hoje.

 

Um Olhar Específico Sobre o Evangelho De Hoje

         

A parábola dos vinhateiros homicidas é uma versão atualizada do cântico da vinha de Is 5,1-7 que lemos na Primeira Leitura, onde o dono é Deus, e a vinha, Israel. A imagem da vinha aplicada ao povo se enconta bastantes vezes no Antigo Testamento (Is 3,14; 27,2-5; Jr 2,21; 12,10; Ez 17,6; etc.). Expressava bem a aliança de Deus com seu povo, aliança comparada com a união conjugal (Cf. Os 1,6-14; 2,14; 8,12). Deus espera da vinha uvas boas, mas são produzidas uvas selvagens. Deus quer que o povo correponda ao amor que Deus tem por ele através da prárica do amor com os demais.

 

A parábola dos vinhateiros homicidas constitui um compêndio ou síntese de toda a história da salvaçã desde a Aliança do Sinai até a fundação da Igreja por Jesus como novo Povo de Deus (cf. Mt 16,18-19), passando pelos profetas e pela pessoa de Cristo que anunciou o Reino de Deus e que foi constituído pedra angular de todo plano salvador de Deus (cf. Mt 21,42 mediante seu mistério pascal (paixão, morte e ressurreição).

           

Os profetas comparavam Israel a uma vinha que pertencia a Deus (cf. Is 5,1-7). Na parábola, o dono da vinha é Deus. A vinha é manifestamente Israel. Os vinhateiros representam os maus líderes religiosos (os fariseus, sacerdotes e os escribas etc. na época), cuja responsabilidade era a de cultivar a fé do povo. Os servos enviados eram todos os mensageiros (profetas) que Deus tinha enviado a Israel para que se convertesse. O filho do dono representou Jesus Cristo. A rejeição e a matança recorda a maneira com que Israel (os responsáveis) tratava estes mensageiros de Deus (cf. 2Cr 24,20-22;36,15-16). A punição dos vinhateiros figura a rejeição de Israel. O “outro povo” (Mt 21,43) é a Igreja dos pagãos.

          

Ao contar a parábola dos vinhateiros homicidas, o próprio Jesus quer preanunciar seu fim trágico representado pelo filho assassinado nesta parábola. Jesus mais do que um profeta, ele é o Filho de Deus enviado ao mundo, e Jesus está consciente plenamente disso. A sua missão é o gesto salvífico extremo e decidido do Pai.

 

Mas a morte de Jesus não é o fim de tudo. De fato, ele ressuscitou. O fim trágico prepara um lugar para a celebração da glória do Ressuscitado. A Igreja cristã primitiva, como a Igreja cristã em todos os tempos e lugares, encontrou, como encontra, nesta parábola um motivo para confessar a sua fé no Senhor Jesus que triunfou sobre a morte e por isso, ele oferece à Igreja uma esperança certa que é ele mesmo. A nossa vida, a partir de Jesus ressuscitado, tem futuro. O mundo, por isso, deve saber que não estamos condenados a um fim sem sentido.

          

Matando Jesus, os líderes selam seu próprio fim, pois Deus tirou a vinha (o Reino) de Israel e a entrega a um povo (ethnos) que produza frutos, isto é, um povo que crê em Jesus vivendo como irmãos.

 

A parábola termina com uma pergunta dirigida aos ouvintes: “Quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”.

 

A resposta a esta pergunta se encontra em dois acontecimentos: a ressurreição de Jesus e o nascimento da Igreja cristã.

 

Diante do desprezo da pessoa de Jesus feito pelos líderes da época, a resposta dada por Deus é a ressurreição de Jesus. A ressurreição de Jesus mostra que ele estava com a verdade. O tempo eterniza o que é certo e verdadeiro. O mal não eterniza nada. O mal não tem futuro mesmo que tenha uma aparência poderosa.

 

Mas em Mateus, o ponto mais importante da parábola não está na morte e ressurreição de Jesus, e sim na razão do ser da Igreja. Com esta parábola, o evangelista Mateus nos pretende explicar a ruptura entre o judaísmo e a Igreja cristã. Mas o evangelista não somente quer parar na ruptura ou no surgimento da Igreja cristã, mas ele vai além: ele quer alertar a sua comunidade para não ficar no comodismo espiritual e na autocomplacência. A comunidade deve se esforçar permanentemente para produzir bons frutos na convivência que são próprios do Reino: a justiça, a igualdade, o amor fraterno, o perdão mútuo, a correção fraterna, prudência, e assim por diante. A exigência da produção dos bons frutos está bem resumida nas palavras de São Paulo que lemos na Segunda Leitura: “Irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes de mim, ou que de mim vistes e ouvistes. Assim, o Deus da paz estará convosco” (Fl 4,8-9). É preciso ter uma conduta leal nas relações com o outro (2Cor 6,8). É ocupar-se com tudo que é verdadeiro. É necessário manter a boa reputação na convivência (1Tm 3,8-11). Trata-se de ser respeitável. É preciso viver no equilíbrio das relações humanas (Fl 1,7; Ef 6,1). Isto se chama viver na justiça segundo São Paulo. Além de viver na pureza e na amabilidade para ter uma convivência fraterna.

 

A parábola quer nos falar também da confiança que Deus tem em cada um de nós. O Deus revelado por Jesus, nesta parábola é Aquele que confia totalmente no homem. Este Deus não fica policiando se o homem faz ou não faz sua missão, porque ele acredita na capacidade que o homem tem. Por isso, o texto diz: “O proprietário arrendou uma vinha a vinhateiros e viajou para o estrangeiro” (Mt 21,33). Deus acredita na capacidade que cada homem tem para produzir algo de bom durante a passagem nesta vida. Para isso é que Ele criou cada homem e o colocou aqui neste mundo. Cada tarefa ou missão que o homem recebe é a tarefa ou missão dada por Deus. É bom cada um descobrir a própria missão dada por Deus. Merece cada um fazer esta pergunta: “Qual é a missão que recebi de Deus durante a minha vida neste mundo?”. “Será que acredito no Deus que acredita em mim?”. “Deus não condena quem não pode fazer o que quer, mas quem não quer fazer o que pode”, dizia Santo Agostinho (Serm.54,2).

 

Deus não só acredita em cada um de nós para cumprir a missão, mas também dá todos os meios para facilitar o cumprimento da missão dada. Por isso o texto diz: “O proprietário pôs uma cerca em volta da vinha, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou a vinha a vinhateiros” (Mt 21,33).

 

A parábola dos vinheteiros homicidas quer nos dizer também que Deus é o Senhor absoluto da história. Contra todas as infidelidades do seu povo, Deus persiste no seu plano de conduzir a humanidade para uma conversão e para uma descoberta de sua vocação de produzir o que é bom para a convivência a partir dos dons recebidos de Deus. Deus não se cansa de enviar seus mensageiros para o bme da humanidade. A persistência de Deus para nos conduzir para a convesão transforma nossa história em história da salvação. Eu sou salvo porque Deus me ama e me perdoa. Nossas infidelidades não impedem o amor de Deus de chegar até nós. Após cada castigo e grave sofrimento como consequência do pecado, a vitória final será da graça e do perdão de Deus quando nós decidirmos voltar para Deus e quando começarmos a praticar o bem. Deus que se revela como o único Santo e misericordioso, sempre denuncia o pecado e o ódio, julga o pecador, condena o impenitente, mas acolhe quem se converte, idependentemente da gravidade do pecado cometido (cf. Lc 23,42-43). A parábola dos vinhateiros homicidas é de uma tremenda seriedade. No fim, está a vitória da graça de Deus para os que hão de produzir os frutos do Reino.

 

Se meditarmos seriamente a parábola dos vinhateiros homicidas e o fim da vida dos vinhateiros que nada de bom produziram, seremos capazes de dizer profundamente: “Senhor, tende pidedade de nós, pois até agora produzimos muito pouco de bom para a convivência e para Sua Igreja!”.

 

Portanto, “Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor.... Assim, o Deus da paz estará convosco (Fl 4,8-9).

P. Vitus Gustama,SVD

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