segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Sábado Da XXX Semana Comum,30?10?2021

SER HUMILDE É VIVER CONFORME O PRÓPRIO SER

Sábado Da XXX Semana Comum

Primeira Leitura: Rm 11,1-2a.11-12.25-29

Irmãos, 1 eu pergunto: Será que Deus rejeitou o seu povo? — de modo algum. Pois também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim... 2ª Deus não rejeitou o seu povo, que ele desde sempre considerou. 11 Eu pergunto: Acaso eles tropeçaram para cair? — Não, de modo algum. De fato, o passo em falso que eles deram serviu para a salvação dos pagãos, e a salvação dos pagãos, por sua vez, deve servir para despertar ciúme neles. 12 Ora, se o passo em falso deles foi riqueza para o mundo e o pequeno número de crentes dentre eles, foi riqueza para os pagãos, que riqueza não será a adesão de todos eles ao Evangelho! 25 Irmãos, para não serdes presunçosos por causa da vossa sabedoria, é importante que conheçais o mistério, a saber: o endurecimento de uma parte de Israel é para durar até que a totalidade dos pagãos tenha entrado na salvação. 26 E então todo o Israel será salvo, como está escrito: “De Sião virá o libertador; ele tirará as impiedades do meio de Jacó. 27 Essa será a realização da minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados”. 28 De fato, com relação ao Evangelho, eles são inimigos, para benefício vosso, mas com relação à escolha divina, eles são amados, por causa dos patriarcas. 29 Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.

 

Evangelho: Lc 14,1.7-11

1 Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7 Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8 “Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9 e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11 Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”.

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Deus Quer Salvar Todos Os Homens Em Jesus Cristo 

Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”.

São Paulo continua com sua reflexão sobre a sorte de seu povo de onde ele veio e a pena ou lamentação sobre seu povo pela obstinação contra Cristo. Esta lamentação se baseia sobre a incredulidade do povo judeu do qual são Paulo faz parte diante de Cristo. Uma parte importante do povo judaico continua com o problema de incredulidade. Com isso, são Paulo quer colocar em destaque que o resto fiel, o resto de Israel, não é a única meta da ação salvífica, pois o objetivo final de Deus é sempre a salvação de todo o povo israelita e, em última instância, de toda a humanidade (cf. Rm 1,16; 3,21-30; 1Tm 2,4).    

Apesar disso, São Paulo enxerga algo positivo no seu povo. Ele mesmo lança a seguinte pergunta: “Será que Deus rejeitou o seu povo? — de modo algum!”. São Paulo está convencido de que Deus continua sendo fiel a Suas promessas, “Pois os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).

Duas considerações de São Paulo que nos surpreendem sobre o povo eleito. Ele afirma que, ainda que pareça que a recusa de Cristo é definitiva, chegará finalmente a conversão de Israel: “Todo o Israel será salvo, como está escrito: ´De Sião virá o libertador; ele tirará as impiedades do meio de Jacó´”. São Paulo sublinha aqui que não foi Deus quem tomou a iniciativa da ruptura. Ele não deixa de ser fiel a sua esposa infiel. Em segundo lugar, para São Paulo a queda de Israel pode ser considerada providencial para outros povos: “O endurecimento de uma parte de Israel é para durar até que a totalidade dos pagãos tenha entrado na salvação”. Recordemos que, segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, os discípulos tiveram que sair de Jerusalém e de Judeia, e essa saída foi a ocasião para anunciarem a outros povos a Boa Notícia de Jesus. E as migrações hoje em dia que é o fruto da expulsão dos religiosos radicais?! 

O Concilio Vaticano II publicou uma Declaração chamada Nostra Aetate na qual se fala da postura da Igreja com outras religiões. Em seu número 4 a Declaração fala do povo judeu: “A Igreja de Cristo reconhece que os primórdios da sua fé e eleição já se encontram, segundo o mistério divino da salvação, nos patriarcas, em Moisés e nos profetas. Professa que todos os cristãos, filhos de Abraão segundo a fé, estão incluídos na vocação deste patriarca e que a salvação da Igreja foi misticamente prefigurada no êxodo do povo escolhido da terra da escravidão”. Portanto, a Igreja reconhece e tem uma postura respeitosa para o povo judeu ao qual devemos no terreno da fé. Nesse número a Declaração cita expressamente estes capítulos da Carta de São Paulo aos Romanos. Respeitamos o povo judeu de coração e seguimos o exemplo de São Paulo e jamais perdemos a esperança de que um dia o povo judeu acabará aceitando Jesus como desejava o próprio São Paulo. Com o Salmo Responsorial (Sl 93) dizemos: “O Senhor não rejeita o seu povo e não pode esquecer sua herança”.

A Humildade Nos Torna Fecundos Na Vida

Jesus continua ainda com suas últimas lições/instruções dadas aos seus discípulos no seu Caminho para Jerusalém (Lc 9,51-19,28). A intenção de Jesus ao dar tais lições é preparar os discípulos para a futura missão na ausência física de Jesus nesta terra. E estas lições servem também como instrução catequética-catecumenal para todos os cristãos de todos os tempos e épocas. Por ser tratarem de lições importantes Lucas não tem pressa de relatar a chegada de Jesus em Jerusalém.                

A lição que Lc nos apresenta através da passagem do evangelho deste dia é sobre a humildade e a participação no banquete do Reino.        

Para falar destes temas Lc parte de uma refeição preparada por um fariseu para Jesus como seu convidado especial. Lucas nos relata que Jesus é convidado por três vezes para uma refeição na casa dos fariseus (cf. Lc 7,36-50; 11,37-53; 14,7-14).

No mundo semita o banquete ou a refeição é o espaço do encontro fraterno, onde os comensais partilham do mesmo pão (ser companheiro). E o pão/alimento é fruto dos processos do trabalho humano e é distribuído a cada membro da família para sua subsistência. A refeição é o espaço onde se manifestam e estabelecem laços de comunhão, de proximidade, de familiaridade e de fraternidade. Em qualquer povo, o primeiro gesto de hospitalidade e de fraternidade é o convite para a mesma mesa, a partilha daquele alimento que transforma estranhos em amigos. Sob o aspecto físico, a refeição é indispensável para a sobrevivência; no aspecto social, ela sela uma boa relação, uma aliança. Todas as alianças no mundo semita sempre se finalizam com uma refeição.

Ao falar do banquete, Lucas quer afirmar que a verdadeira grandeza está no temor a Deus, pois Ele reservará a cada um de nós os lugares no banquete escatológico do Reino.

Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar”. Em outras palavras, seja humilde!

O prestígio era um bem muito apreciado em Israel: tinha o mesmo valor e categoria que a riqueza e o poder. A pessoa de boa reputação gozava de uma aceitação generalizada e era convidada para todos os eventos importantes. 

Diante do orgulho e do interesse pessoal, Jesus proclama que a humildade é um dos valores do Reino. Por isso, Jesus nos ensinou uma e outra vez que seu estilo e, portanto, o de todos os cristãos, deve ser o contrário diante do orgulho e do interesse pessoas: a humildade e a simplicidade de coração. 

O vocábulo “humildade” deriva do latim humilis, que por sua vez, deriva de húmus: chão, terra. E o húmus é a parte nutritiva da terra. É o lugar em que, recebendo os cuidados adequados, calor e umidade, germina a semente saudavelmente.        

A humildade consiste em saber ocupar o próprio lugar de criatura; em reconhecer que o que somos e temos é um dom de Deus por causa de seu amor. Humilde é saber ser o que cada um é e saber lutar por ser o que Deus espera que sejamos. Humilde é aquele que se encontra bem consubstanciado com a terra. É aquele que está com os pés bem firmes no chão, é aquele que pisa firme, com segurança, e confiança. Ele não se despreza. Ser humilde significa assumir com simplicidade o nosso lugar, colocar/pôr os próprios dons ao serviço de todos com simplicidade e com amor sem nunca humilhar os outros com a própria superioridade. Por isso, a humildade é refúgio e alimento do ser. É na humildade que germinam nossos autênticos valores. A humildade é uma forma de ser por dentro. Por isso, Santo Agostinho nos alerta: “Simular humildade é a maior das soberbas”.        

A humildade é a virtude que atrai a simpatia dos homens e as bênçãos de Deus: “Filho, na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade, e assim, encontrarás graça diante do Senhor... pois é aos humildes que Ele revela seus mistérios e... é glorificado pelos humildes” (Eclo 3,20s). O caminho à verdadeira exaltação é a humildade: “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Mt 14,11).

A pessoa humilde é que estabelece relações que trazem a felicidade, que acabam com o egoísmo, com a competição, com a ostentação, e fazem reinar no mundo as atitudes de intercâmbio generoso dos dons de Deus.

P. Vitus Gustama,svd

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