segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

13/12/2023-Quartaf Da II Semana Do Advento

FÉ EM UM GRANDE E PRÓXIMO DEUS ME CONSOLA E DÁ FORÇA PARA CAMINHAR

Quarta-feira da II Semana do Advento

Primeira Leitura: Is 40,25-31

25 “Com quem haveis de me comparar, e a quem seria eu igual?” – fala o Santo. 26 Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto? – Aquele que expressa em números o exército das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de Deus que nenhuma delas falta à chamada. 27 Então, por que dizes, Jacó, e por que falas, Israel: “Minha vida ocultou-se da vista do Senhor e meu julgamento escapa ao do meu Deus?” 28 Acaso ignoras, ou não ouviste? O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra; ele não falha nem se cansa, insondável é sua sabedoria; 29 ele dá coragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco. 30 Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, 31 mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar.

Evangelho: Mt 11, 28-30

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

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Um Profeta Que Nos Recorda a Grandeza de Deus Em Quem Devemos Acreditar, Independentemente de Nossa Situação

Na Primeira Leitura há dois poemas. Primeiro, o poema sobre a grandeza de Deus de Israel (vv. 25-26). Segundo, o poema sobre a esperança (vv. 27-31). 

Os israelitas deportados na Babilônia se sentem pequenos e ameaçados diante do culto dos deuses da Babilônia, especialmente o deus Marduc (deus da Babilônia). O sentimento de pequenez é o fruto do esqueceimento da grandeza do Deus em quem eles acreditam. Diante do sentimento de inferioridade o profeta recorda aos israelitas sobre a grandeza do Deus no plano da criação: “´Com quem haveis de me comparar, e a quem seria eu igual? ´, fala o Santo. Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto                                                         ? – Aquele que expressa em números o exército das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de Deus que nenhuma delas falta à chamada.”  O profeta proclama para os israelitas na Babilônia o poder de Deus capaz de criar o céu, e a terra: as montanhas e o mar. O poder cósmico de Deus supera o poder de qualquer rei, príncipe e juiz sobre a face da terra, pois todos eles morrem. Através da contemplação do universo e de todas as criaturas chegaremos até o Criador de todas as coisas. Não há criatura sem seu Criador. Nada surge do nada. Tem causa e efeito. Tem o princípio e tem o fim. Se Deus me criou é porque Ele sabe como Ele deve cuidar de mim através de sua providência diária. Mas eu devo ficar aberto diante da providência divina e atento para os sinais de sua presença.

Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto?”. Não podemos ficar só olhando para a terra. É preciso olharmos para o céu para entender o que se passa aqui na terra. Não podemos fixar os olhos somente nas coisas criadas; é preciso olharmos para o Criador das coisas.Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto?”. Esta frase serve para qualquer um de nós quando a fé for ameaçada pela nossa fraqueza ou por outros motivos.  Basta olharmos para o céu com suas estrelas, ficamos perguntando: “Quem é o homem para o Seenhor se lembrar dele?” (veja Salmo 8). “Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto?”. Precisamos olhar para o céu para entender o sentido de tudo que se passa na terra. Precisamos olhar para o universo para perceber a grandeza de Deus em Quem não podemos pôr nenhuma dúvida. É preciso olharmos para cima manter nossa dignidade como filhos do Criador do céu e da terra. Precisamos olhar para cima para não ficarmos agarrados às coisas daqui de baixo, na terra. Só ass im nossa força para seguir adiante será renovada. Eu tenho que sentir minha grandeza como coroa da criação: o ser humano foi criado por último, depois que Deus preparou tudo para minha felicidade: plantas, animais, água, sol, lua, estrelas e assim por diante. Esta grandeza divina em mim fortalece minha caminhada. Sou pequeno dentro do universo, mas sou amado, de maneira especial, por Deus (Cf. Jo 3,16). 

Este Deus transcendente está próximo do homem e deseja comunicar-lhe uma parte de Sua força: “Ele dá coragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco”.  Precisamos depositar nossa esperança no Deus que o profeta proclamou, pois “O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra; ele não falha nem se cansa, insondável é sua sabedoria; elecoragem ao desvalido e aumenta o vigor do mais fraco”, assim disse o profeta.

A catequese do profeta Deutero-Isaías quer enfatizar que o verdadeiro conhecimento de Deus consiste muito mais em adotar certas atitudes concretas do que em afirmar uns princípios teóricos. Essa catequese parte do drama do exílio de Babilônia que suscita o sentimento de que a fé é insuficiente para afrontar os problemas da vida. Porém, por outro lado, Deus não está para satisfazer as pequenas ou grandes curiosidades do homem. A tentação contra a fé parte de uma tremenda solidão (no exílio de Babilônia). No entanto, a certeza da fé não está em função das verificações que dela podemos fazer. Somente uma adesão global pode responder a uma questão global. As razões da fé não podem ser menores do que o próprio Deus. Mesmo que algum problema ou alguma dificuldade seja grande, mas Deus continua sendo maior de tudo e de todos. Por isso, nesta catequese o profeta leva o leitor para um ato de fé no amor e na vida: “Os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar” (Is 40,31).

O profeta Deutero-Isaías acredita no Grande Deus. Para ele este grande Deus é um Deus surpreendente. Ele se preocupa com cada um de nós, especialmente com os pequenos, os débeis, os cansados, os desamparados e os desesperados. O profeta quer nos dizer que o Deus grande e transcendente, Criador das estrelas e do cosmos é também o Deus próximo, o Emanuel (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20) que comunica sua força aos que se abrem a Ele, aos que põem nele sua confiança. Este Deus próximo devolve cada manhã a cada homem o vigor de existir, de empreender, de começar de novo, e de vencer sempre o desespero e desesperança: “Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar” (Is 40,30-31).  Para isto, o único requisito é a que é o reconhecimento simultâneo do próprio desamparo e a aceitação do poder salvador de Deus.

Diante deste grande Deus, o profeta nos convida: “Levantai os olhos para o alto e vede: quem criou tudo isso? Aquele que expressa em números o exército das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de Deus” (Is 40,26). Se nós somos capazes de admirar o poder e a inteligência do homem, por que seríamos cegos diante da obra de Deus tão vasto como o próprio universo e infinitamente maravilhoso? Se a inteligência humana é tão desenvolvida capaz de enviar cosmonautas à lua (e a outros planetas) e naves espaciais tripuladas ou não tripuladas, por que não seríamos capazes de admirar a grandiosidade do cosmos com suas galáxias e bilhões de estrelas criados por Deus?  Esta citação nos chama a contemplarmos a “inteligência” de Deus. Neste exato momento bilhões de estrelas está se movendo e girando em suas respectivas órbitas. A terra gira neste momento e sempre. O sol se levanta em algum lugar, e suscita a vida. E tudo isto não nos faria maravilhados, não renovaria nossas forças e nossa esperança?

Em Deus Encontramos Força e Ânimo Para Seguir Adiante                                                                     

Diante deste Deus tão grande e, ao mesmo tempo, tão próximo ninguém tem mais razão para se desesperar, ninguém pode se sentir pequeno ou desprezado ou desvalorizado, ninguém tem mais desculpa para dizer que está .  Ao contrário devemos ouvir no silêncio Seu suave convite: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Você está cansado de quê? Por que você está fatigado? Qual peso desta vida que você está carregando? Será que voicê está com os ouvidos atentos para ouvir o convite do Senhor para ir ao encontro d´Ele nessas situações?

Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Trata-se aqui da opressão moral e religiosa, provocada pelo formalismo de uma religião estéril e de um moralismo legalista. Os “cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardosaqui são os pobres e famintos, ignorantes e pequeninos, os míseros/miseráveis e os doentes. O legalismo é sufocante, é uma moral sem alegria. Assim, a religião fica longe de ser motivo de liberdade e alegria, pois ela é reduzida a uma carga pesada. O ser humano se torna animal, pois a quem se impõe “jugo” e “carga”, senão aos animais?          

Pelo contrário, o cristianismo e a moral cristã não são uma imposição. A lei de Cristo é amor (Jo 13,34-35; 15,12), lei do Espírito quevida, lei de relação filial com Deus, Pai Nosso, e amigo da vida. Ao lado de Jesus Cristo, todas as fadigas se tornam amáveis e tudo o que poderia ser mais custoso no cumprimento da vontade de Deus se suaviza. Quem se aproxima de Jesus, encontrará repouso para suas aflições. Jesus veio, certamente, para libertar o ser humano de todo tipo de escravidão, mostrando-se manso e humilde de coração e recusando-se a multiplicar normas religiosas. Jesus reduziu tudo ao essencial: amor e misericórdia. A religião torna-se, assim, prazerosa por respeitar a liberdade e por ser humanizadora.          

Para tudo isso se tornar possível, há uma chave principal: o amor, tanto como um dom recebido de Deus, pois ele nos amou primeiro (1Jo 4,19), como uma responsabilidade, a exemplo de Jesus Cristo que se dá a si mesmo a Deus e aos irmãos (Jo 15,12-14; cf. Jo 13,1). Quem ama não sente a lei de Cristo como uma obrigação pesada. Pela experiência sabemos que quando se ama de verdade muitas coisas se tornam fáceis e suportáveis que seriam difíceis e até insuportáveis sem o amor. 

Ir ao encontro de Jesus é descarregar o fardo aos seus pés, olhá-lo nos olhos, renunciando às nossas pequenas ideias sobre a questão e preferindo seu pensamento ao nosso.

A pessoa fatigada encontra em Jesus a força necessária para continuar o caminho porque Ele cura todos os males e enfermidades, perdoa todas as culpas, sobretudo, cumula de graça e de ternura, como diz o Salmo 103 (102),3-5: “É Deus quem perdoa todas as tuas faltas, e cura todos os teus males. É Ele quem redime tua vida da cova e te coroa de amor e compaixão. É Ele que renova tua juventude”. As palavras de Jesus são uma proclamação da esperança. Dar esperança é o aspecto principal da figura de Jesus. Esta imagem acolhedora de Cristo deve ou deveria ser também a imagem que cada cristão ofereceria a todos.

“... aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração...” (v.29). O humilde é aquele que tem noção da própria capacidade e da própria fraqueza e está aberto totalmente a Deus; e o manso é a pessoa boa nas relações com os outros. Jesus se proclama o Mestremanso e humilde de coração”, pois ele é totalmente aberto a Deus e extremamente bom para com os outros a ponto de compartilhar de sua existência. Por isso, a palavramansidão” é fruto do Espírito (Gl 5,23) e é sinal da presença da sabedoria do alto (Tg 3,13.17). A simplicidade aproxima as pessoas e as pessoas se aproximam dos simples e humildes sem dificuldade. A simplicidade é o contrário do narcisismo, da pretensão, da autossuficiência, da duplicidade, da complexidade. Os simples são os que, ao se esvaziarem de si mesmos, se abrem a Cristo e aos irmãos. 

Todos nós sabemos como é fácil combater a ira com a ira, a cólera com a cólera, a raiva com a raiva. A mansidão, pelo contrário, rompe esse círculo vicioso, cumprindo aquilo que é justo diante de Deus. A mansidão é a força que resiste e domina a ira. A mansidão é a virtude que modera a ira e conserva a caridade. Quem a possui, é amável, prestativo e paciente. Até os pecadores mais endurecidos não resistem diante de quem tem a virtude de mansidão. A um coração manso e humilde como o de Cristo, os homens se abrem. Por isso, a mansidão não é característica dos fracos; pelo contrário, ela exige uma grande fortaleza de espírito. Aquele que é dócil a Deus, é manso para com os outros. A mansidão é a arma dos fortes. Da falta dessa virtude provém as explosões de mau humor, irritação, frieza, impaciência, violência e ódio entre as pessoas que vão corroendo gradativamente amor. 

Portanto, as leituras deste dia nos convidam a não duvidarmos de Deus, porque o nosso Deus é grande e está próximo de nós e conhece nossa debilidade. Sabendo de nossa fragilidade e debilidade, Deus se oferece como força, pois sem Ele nada podemos fazer (cf. Jo 15,5b). Ao mesmo tempo somos convidados a ser pessoas que acolham e que diante da dor que as pessoas encaram ou da busca da resposta de Deus para essa dor que não lhes respondamos com legalismo e exigências, e sim com amor e compreensão sabendo que Deus nos ama e cremos no Seu amor. Nos tempos atuais, talvez mais do que nunca, existe vazio de Deus, e pouca unidade e harmonia na própria existência. O cristão deve ser uma resposta de Deus para essa humanidade.

P. Vitus Gustama,svd

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