DEIXAR-SE
20 de
Primeira Leitura: Is 7,10-14
Naqueles dias, 10 o Senhor falou com Acaz, dizendo: 11 “Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da profundeza da terra, quer venha das alturas do céu”. 12 Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o Senhor”. 13 Disse o profeta: “Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? 14 Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”.
Evangelho: Lc 1,26-38
26No
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Nosso Deus É Emanuel
“Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”.
Todos os exegetas concordam em colocar essa profecia no seguinte contexto histórico: o rei Acaz, cercado pela coalizão do rei de Damasco e do rei de Samaria, está totalmente fora de si e prestes a sacrificar seu próprio filho. Isaías vai vê-lo e pede que ele não se preocupe porque: se ele mantiver sua "fé" em Deus, sua dinastia estará assegurada por uma promessa divina ... O próprio Deus pretende intervir: um "filho" é anunciado a ele, um novo herdeiro do trono de Davi. Aquele filho prometido por Deus será Ezequias, o rei piedoso que reinará em Jerusalém. Mas por trás desse contexto histórico, o Messias é descrito.
A solenidade desse oráculo, o nome dado à criança: "Deus conosco" ... o termo que designa para sua mãe, a "Virgem" ... o fato de que é um sinal de Deus ... Tudo isso orientou os teólogos para uma interpretação messiânica. O Evangelista Mateus vai citar precisamente esta profecia no seu evangelho (cf. Mt 1,22-23).
O Deus-conosco ou Emanuel é um dos nomes de Deus na Bíblia. O Deus-conosco (Mt 28,20) é um dos atributos de Deus. Ou seja, Deus é Onipresente. Deus não se afasta de nós. O homem é que se afasta de Deus. Santo Agostinho dizia: “Deus de quem separar-se é morrer, a quem retornar é ressuscitar, com quem habitar é viver. Deus de quem fugir é cair, a quem voltar é levantar-se, em quem apoiar-se é estar seguro” (Soli. 1,1,3).
“Naqueles dias, o Senhor falou com Acaz, dizendo: ‘Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da profundeza da terra, quer venha das alturas do céu’”.
“Acaz” é forma abreviada de “Jeoacaz”, (hebraico), que significa “o Senhor tem possuído”. O rei Acaz foi sucessor de seu pai Jotão, e reinou por dezesseis anos (16) em Judá, durante o final conturbado do reino de Israel, no Norte (742-727 a.C). Seu governo foi caracterizado por muitos problemas e ele mesmo recebeu esse epitáfio: “Não fez o que era reto aos olhos do Senhor, seu Deus, como Davi, seu pai” (2Rs 16,2). Ele deixou de ser possuído por Deus conforme o sentido de seu nome. Acaz conquistou essa reputação por aprovar a colocação das imagens dos ídolos no Templo de Jerusalém (2Rs 16,10-16). Ele até ofereceu sacrifícios aos deuses de Damasco (2Crônicos 28,23). Trata-se de sincretismo religioso.
O profeta Isaías estava em atividade nessa época e os capítulos 7 a 10 de seu livro nos dão uma visão do estado do governo de Acaz. O rei Acaz e o profeta Isaías ficam frente a frente. Acaz solicita a ajuda a Síria para vencer seus vizinhos inimigos. Sob uma falsa religiosidade oculta uma absoluta falta de fé na intervenção divina. O profeta Isaías lhe oferece um sinal: o nascimento de um menino, encarnação da benevolência de Deus, de sua presença salvadora: Emanuel, Deus-conosco. O menino pode ser historicamente o próprio filho do rei, próximo a nascer. Mas no contexto profético designa já o Messias. E com ele, como parte inseparável do próprio sinal, se associa a mãe (Virgem). O menino é puro dom de Deus, fruto da fé. Aquela maternidade (de Maria) se entenderá dentro das maternidades prodigiosas do Antigo Testamento.
Porém, Acaz não está disposto a mudar sua política de pacto com Assíria e cheio de hipocrisia recusa o sinal. O profeta Isaías não aguenta mais. E reprovando sua conduta faz este maravilhoso anúncio de que a fidelidade e a garantia de Deus estará sempre com o povo que acredita n´Ele. Uma promessa foi feita por meio do profeta Isaías, que seria suficiente para fortalecer sua confiança: “Se não o crerdes, certamente não ficareis firmes” (Is 7,9b). No entanto, o rei Acaz não quer pedir um sinal. Ele tem planos de alianças militares que ele não quer confrontar com a vontade de Deus.
A verdade, contudo, é que, com essa confiança já comprometida, a queda de Judá se tornou inevitável e Deus usou a babilônia como seu instrumento para trazer o juízo divino. Mesmo assim, o profeta Isaías fala com ele e assegura-lhe que os planos de Deus para a dinastia davídica serão cumpridos: uma Virgem dará à luz um filho e eles o chamarão Emanuel, Deus conosco.
Como foi dito anteriormente, o filho do qual se fala o texto é provavelmente Ezequias. Mas, como lemos no profeta Isaías, já se refere ao futuro Messias, o Rei perfeito do fim dos tempos. A versão grega já traduziu a palavra "menina" por "virgem", para sublinhar a miraculosa intervenção divina.
Em meio de suas preocupações de rei e de homem político atacado por seus inimigos, Deus continua a estar no comando para cumprir suas promessas. Isto significa que a história não é unicamente profana. A história é o lugar em que “Deus dá um sinal”. O próprio Jesus reprovará os judeus de seu tempo por não saber reconhecer os sinais que Deus lhes fazia (cf. Mt 16,1-4).
Na verdade, não há nenhum dia da vida de cada um de nós que não tenha apelos ou sinais de Deus. Basta parar para identificar esses apelos e seus sentidos para nossa vida. Esses sinais não são vistosos nem milagrosos, mas muito cotidianos que necessitam lê-los e interpretá-los.
No Evangelho de hoje, guiados por Lucas, nós interpretamos a passagem do profeta Isaías com gozosa convicção: a Virgem é Maria de Nazaré, e seu filho é o Jesus Cristo (Messias).
Deus Quer Salvar o Mundo Através De Cada Um De Nós como Maria
O relato da “Anunciação” de Jesus é paralelo ao do dia anterior que anunciava o nascimento de João Batista. Este relato está cheio de reminiscências bíblicas que podem ser verificadas nas “notas” do rodapé das Bíblias publicadas recentemente. É conveniente deixar-se levar pelo encanto dos detalhes e a contemplação do mistério da fé que se esconde neles.
Nazaré da Galileia. Nazaré: povoado ou vila insignificante, desconhecido do AT. A simplicidade da casa de Maria contrasta com a solenidade da anunciação a Zacarias, no marco sagrado do Templo, em Jerusalém, a capital. Galileia: província desprezada pela mistura de judeus e pagãos.
Uma jovem desposada cujo nome é Maria. É uma moça do povo muito simples que nada a distingue de suas companheiras. A moça do povo. Maria, uma humilde moça é eleita por Deus para ser a Mãe do Esperado, do Emanuel, do Deus-Conosco. O anjo a chama de “cheia de graça”, “bendita entre as mulheres” e lhe anuncia uma maternidade que não vem da sabedoria ou das forças humanas e sim do Espírito Santo, porque seu Filho será o Filho de Deus altíssimo.
Maria é desposada com certo varão da descendência de Davi cujo nome é José. José é, então, de etnia real despojado de toda grandeza: é um artesão, um carpinteiro, sem nenhuma pretensão de ocupar um trono. No entanto, através dele será cumprida a promessa feita a Davi.
A moça simples, Maria, mostra sua atitude de disponibilidade para Deus apesar da pouca experiência como jovem, mas que acredita plenamente na Palavra de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra!”. Esse “Faça-se” não é somente no momento da anunciação e sim será para toda a vida, inclusive será na sua presença dramática ao pé da Cruz do seu Filho, Jesus (cf. Jo 19,25-27).
Maria aparece já desde agora como a melhor mestra da vida cristã. O mais acabado modelo de todos os que têm disponibilidade de dizer “sim” à vontade ou ao plano de Deus. Maria é o melhor espelho no qual cada cristão pode se espelhar. É possível ser instrumento do Senhor desde que saibamos nos deixar fecundar pela Palavra de Deus para que possamos fazer nascer o Salvador para nosso mundo.
Não é por acaso que de todas as
Na anunciação do nascimento de João Batista (Lc 1,5-25), o anjo aparece num lugar sagrado, por excelência, no Templo de Jerusalém. A aparição do anjo a Maria acontece em Nazaré, uma cidade desprezada de uma terra desonrada e desconhecida. Até Natanael, o futuro apóstolo do Senhor perguntou: “De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo 1,46). Esta diferença sublinha uma nova economia onde Deus se oferece, não mais na economia do templo de pedra, o lugar sagrado, a sacralidade, mas num lugar pobre, vulgar, até desprezado, naquilo que os homens desprezam e julgam insignificante e humilde e na pessoa simples, como Maria. Como disse o Papa Bento XVI: “Deus não habita num móvel, e sim numa pessoa, num coração: Maria, Aquela que trouxe no seu ventre o Filho Eterno de Deus que se fez homem, Jesus, nosso Salvador”.
A eleição de Maria como Mãe do Salvador não é fruto de uma obra humana, e sim o fruto da complacência gratuita de Deus, da pura graça, pois Deus se antecipa à obra do homem e é o pressuposto absoluto de toda a iniciativa humana.
A graça é benefício absolutamente gratuito, livre e sem motivo (cf. Ex 33,12. 19; 34,6). Por isso, a graça é o espaço, é o lugar onde a criatura pode encontrar o seu Criador e ao encontrar o Criador o ser humano se encontra. Pela graça de Deus nós somos o que somos (cf. 1Cor 15,10). Pela graça, Deus baixa-se em direção à criatura.
Lucas coloca esta
Maria É
A
A
Maria É
Duas
Maria é
Quantas
A
Maria vem
P.
Vitus Gustama,svd
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