SÃO JOÃO,
(+
27 de
1 Caríssimos, o
No
-----------------
1. Jesus Para o Evangelista João
Neste dia (27 de Dezembro) celebramos a festa
do evangelista São João. João,
A
2. Quem é o Evangelista João?
No seu evangelho o evangelista João nos apresenta que Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne (cf. Jo 1,14); é o Salvador do mundo por amor (Jo 3,16); é a Vida e a Ressurreição (Jo 11,25); é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6); é o Bom Pastor (Jo 10); é o Pão da vida que sacia plenamente a humanidade (Jo 6); é a Luz do mundo (Jo 8,12); é a Porta pela qual o homem se salva (Jo 10,6); é a verdadeira Videira com a qual o homem deve permanecer para produzir bons frutos (Jo 15,5) e assim por diante. Para o evangelista Deus não permanece calado, mas se comunica conosco. Deus não se revelou através de conceitos e doutrinas sublimes e sim se encarnou na vida entranhável de Jesus a fim de que todos nós, inclusive os mais simples, possamos entendê-Lo e nos comover diante do amor e da bondade de Deus (cf. Jo 3,16). Nos gestos e palavras de Jesus nos encontramos com o próprio Deus (cf. Jo 14,7-11). Jesus é o grande revelador e, é o único que pode revelar o Pai. Por isso, o evangelista nos diz que em Jesus “vimos Sua glória, glória de Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).
João, dentre os quatro o maior teólogo, é representado por uma águia, por causa do elevado estilo do seu Evangelho, que fala da Divindade e do Mistério altíssimo do Filho de Deus. Ele inicia seu Evangelho de cima pra baixo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus" (Cf. Jo 1,1-5). Daí a águia, por ser a ave que voa mais alto e faz os seus ninhos nos montes mais elevados. É a dimensão da liberdade do Filho de Deus diante das forças deste mundo. A águia é o símbolo de São João, porque ele começa seu Evangelho falando da geração do Verbo em Deus, alçando-se desde o começo a alturas divinas, como a águia que se eleva em seu voo.
3. O Evangelista João e a Veneração à Maria
A veneração por Maria já aparece no contexto do Novo Testamento (NT). Não há dúvida de que Maria ocupe um lugar importante na história da salvação. Obviamente o lugar central cabe ao Cristo.
No Evangelho de Mateus (cf. Mt 2,11.13.14.20.21) o evangelista se refere cinco vezes ao “menino e sua mãe”.
O evangelista Lucas, de modo especial,
testemunha esta veneração:
· Lc 1,29: “Cheia de
graça”, “encontraste graça diante de ti”.
· Lc 1,42: “Bendita és tu
entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”.
· Lc 1,43: “Donde me vem
que a mãe de meu Senhor me visite”.
· Lc 1,46-55: “Sim,
doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”.
· No Magnificat Maria se
coloca ao lado dos humildes, dos famintos, dos que temem a Deus (Lc 1,46-55).
· At 1,14: “Antes de Pentecostes, todos unânimes, eram assíduos à oração, com algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus”.
Em Jo 2,4 e Jo 19,26, Maria é chamada “mulher”, isto é a Nova Eva, mãe dos discípulos ou da comunidade cristã.
Estes textos mostram que pelo ano 85 ou 90 depois de Cristo, já existia na Igreja uma veneração de Maria, seja que aceitemos as palavras acima como históricas, seja que as aceitemos como fruto das comunidades mateana, lucana ou joanina.
4. Papa Bento XVI Sobre o Evangelista João- Teólogo
“Se existe um assunto característico que mais sobressai nos escritos de João, é o amor. Não foi por acaso que quis iniciar a minha primeira Carta encíclica com as palavras deste Apóstolo: "Deus é amor (Deus caritas est); quem está no amor habita em Deus e Deus habita nele" (1 Jo 4, 16). É muito difícil encontrar textos do género noutras religiões. Portanto, tais expressões põem-nos diante de um dado verdadeiramente peculiar do cristianismo. Certamente João não é o único autor das origens cristãs que fala do amor. Sendo este um elemento essencial do cristianismo, todos os escritores do Novo Testamento falam dele, mesmo se com acentuações diferentes. Se agora nos detemos a reflectir sobre este tema em João, é porque ele nos traçou com insistência e de modo incisivo as suas linhas principais. Portanto, confiemo-nos às suas palavras. Uma coisa é certa: ele não reflecte de modo abstracto, filosófico, ou até teológico, sobre o que é o amor. Não, ele não é um teórico. De facto, o verdadeiro amor, por sua natureza, nunca é meramente especulativo, mas faz referência directa, concreta e verificável a pessoas reais. Pois bem, João, como apóstolo e amigo de Jesus mostra-nos quais são os componentes ou melhor as fases do amor cristão, um movimento caracterizado por três momentos.
O primeiro refere-se à própria Fonte do amor, que o Apóstolo coloca em Deus, chegando, como ouvimos, a afirmar que "Deus é amor" (1 Jo 4, 8.16). João é o único autor do Novo Testamento que nos dá uma espécie de definição de Deus. Ele diz, por exemplo, que "Deus é Espírito" (Jo 4, 24) ou que "Deus é luz" (1 Jo 1, 5). Aqui proclama com intuição resplandecente que "Deus é amor". Observe-se bem: não é simplesmente afirmado que "Deus ama", nem sequer que "o amor é Deus"! Por outras palavras: João não se limita a descrever o agir divino, mas procede até às suas raízes. Além disso, não pretende atribuir uma qualidade a um amor genérico e talvez impessoal; não se eleva do amor a Deus, mas dirige-se directamente a Deus para definir a sua natureza com a dimensão infinita do amor. Com isto João deseja dizer que o constitutivo essencial de Deus é o amor e, portanto, toda a actividade de Deus nasce do amor e está orientada para o amor: tudo o que Deus faz é por amor, mesmo se nem sempre podemos compreender imediatamente que Ele é amor, o verdadeiro amor.
Mas, a este ponto é indispensável dar um passo em frente e esclarecer que Deus demonstrou concretamente o seu amor entrando na história humana mediante a pessoa de Jesus Cristo, que encarnou, morreu e ressuscitou por nós. Este é o segundo momento constitutivo do amor de Deus. Ele não se limitou às declarações verbais, mas, podemos dizer, empenhou-se verdadeiramente e "pagou" em primeira pessoa. Como escreve precisamente João, "Tanto amou Deus o mundo (isto é: todos nós) que lhe entregou o seu Filho Unigénito" (Jo 3, 16). Agora, o amor de Deus pelos homens concretiza-se e manifesta-se no amor do próprio Jesus. João escreve ainda: Jesus "que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo" (Jo 13, 1). Em virtude deste amor oblativo e total nós somos radicalmente resgatados do pecado, como escreve ainda São João: "Filhinhos meus... se alguém pecar, temos junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo, pois Ele é a vítima que expia os nossos pecados, e não somente os nossos, mas também os de todo o mundo" (1 Jo 2, 1-2; cf. 1 Jo 1, 7). Eis até onde chegou o amor de Jesus por nós: até à efusão do próprio sangue para a nossa salvação! O cristão, detendo-se em contemplação diante deste "excesso" de amor, não pode deixar de reflectir sobre qual é a resposta obrigatória. E penso que sempre e de novo cada um de nós deve interrogar-se sobre isto.
Esta pergunta introduz-nos no terceiro momento da dinâmica do amor: de destinatários receptivos de um amor que nos precede e nos domina, somos chamados ao compromisso de uma resposta activa, que para ser adequada só pode ser uma resposta de amor. João fala de um "mandamento". De facto, ele refere estas palavras de Jesus: "Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei" (Jo 13, 34). Onde está a novidade à qual Jesus se refere? Ela consiste no facto de que não se contenta de repetir o que já era exigido no Antigo Testamento e que lemos nos outros Evangelhos: "Ama o próximo como a ti mesmo" (Lv 19, 18; cf. Mt 22, 37-39; Mc 12, 29-31; Lc 10, 27). No antigo preceito o critério normativo era presumido a partir do homem ("como a ti mesmo"), enquanto que no preceito mencionado por João, Jesus apresenta como motivo e norma do nosso amor a sua própria pessoa: "Como Eu vos amei". É assim que o amor se torna verdadeiramente cristão, levando em si a novidade do cristianismo: quer no sentido de que ele deve destinar-se a todos sem distinções, quer porque deve sobretudo chegar até às últimas consequências, tendo unicamente como medida chegar ao extremo. Aquelas palavras de Jesus, "como Eu vos amei", convidam-nos e ao mesmo tempo preocupam-nos; são uma meta cristológica que pode parecer inalcançável, mas são, ao mesmo tempo, um estímulo que não nos permite acomodar-nos no que podemos realizar. Não permite que nos contentemos do que somos, mas estimula-nos a permanecer a caminho rumo a esta meta.
Aquele texto áureo de espiritualidade que é o pequeno livro do final da Idade Média intitulado Imitação de Cristo escreve a este propósito: "O nobre amor de Jesus estimula-nos a realizar coisas grandes e a desejar coisas sempre mais perfeitas. O amor quer estar no alto e não ser aprisionado por baixeza alguma. O amor quer ser livre e separado de qualquer afecto mundano... de facto, o amor nasceu de Deus, e só pode repousar em Deus acima de todas as coisas criadas. Quem ama voa, corre e rejubila, é livre, e nada o retém. Dá tudo a todos e tem tudo em todas as coisas, porque encontra repouso no Único grande que está acima de todas as coisas, do qual brota e provém qualquer bem" (livro III, cap. 5). Qual melhor comentário do que o "mandamento novo", enunciado por João? Pedimos ao Pai que o possamos viver, mesmo se sempre de modo imperfeito, tão intensamente que contagiemos a todos os que encontrarmos no nosso caminho” (Audência Geral, 9 de agosto de 2006: Praça São Pedro-Vaticano).
5. Primeira Leitura e Sua Mensagem: Estar Salvo É Estar Em Comunhão Com Deus
O primeiro tema que o texto da Primeira Leitura nos apresenta é o da comunhão com Deus: “... nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1Jo 1,3). Aos olhos do autor da Primeira Carta de João, a finalidade e a razão de ser de seu ministério evangélico é esta comunhão com Deus. E este tema aparece sob diversas formas nessa Carta: “Nascer com Deus” (1Jo 2,29; 4,7), “permanecer na luz”, e essa luz é Deus (1Jo 2,8-11); “permanecer em Deus” (1Jo 3,5-6; 4,16); “comunhão com Deus” (1Jo 1,5-7); “conhecer a Deus” (1Jo 4,7-8).
Todas as exposições de João tendem para a mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades (justiça, amor, luz, etc.), e o cristão que atua em conformidade com essas qualidades (pratica justiça, ama, caminha na luz), penetra numa determinada relação existencial com Deus à que João designa aqui com o nome de comunhão. Mais adiante, a Carta nos apresenta em que consiste essa comunhão: uma presença de Deus no homem e uma presença do homem em Deus, por comunicação de vida realizada plenamente em Jesus Cristo (1Jo 5,11-12; 2,5-6; 3,6.24; 4,13-16; 5,19). E essa comunhão é também uma aliança pela qual Deus concede ao homem um coração novo para conhece-Lo (Cf. Jr 31,31-34; Ez 36,25-28: Cf. 1Jo 5,19; 2,27).
Praticar justiça, amar (com o amor ágape), andar na luz são sinais da comunhão com Deus.
O segundo tema importante da Carta de João e deu prólogo é o do conhecimento de Deus (1Jo 1,1). Este tema coincide mais ou menos com o da comunhão. Para um semita como São João, o conhecimento não tem nada de intelectual. É essencialmente concreto. Somente conhecemos o outro, entregando-nos a ele e aceitando que ele se entregue a nós. Trata-se de uma relação existencial. Não se conhece quando se cala ou quando se afasta. Não chegamos a Deus como se fosse uma realidade abstrata, deduzida a partir de provas silogísticas e sim como um ser que vive e que, agora, vive em Cristo e permanece em nós com certas condições.
Portanto, para são João, a proclamação missionária se situa nesse contexto de comunhão e de conhecimento. Os termos com que se descreve essa missão são significativos: João fala de “testemunho”, de “anúncio”, de “alegria” (1Jo 1,2.3.5). Para são João, a missão não é um ensinamento e sim transmissão de experiências e de comunhão de vida.
Será que conhecemos a Deus e estamos em comunhão com Ele?
6. Texto do Evangelho e Sua Mensagem
O
Na época de Natal, enquanto contemplamos o Menino Jesus recém-nascido, somos convidados a viver esta mesma fé, a fé plena que São João viveu e transmitiu para todos os seus leitores, inclusive, para nós todos. João é testemunha daquilo que Jesus viveu e fez (1Jo 1,1-4). E, ao mesmo tempo, nos convida a reconhecermos em Jesus a Palavra do Pai: “No princípio era Verbo e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1. 14). Ele escreveu seu Evangelho “para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,31). Em seus escritos João fala do amor-comunhão de Deus conosco e do amor que temos de ter aos irmãos.
Todas as exposições de João, na primeira leitura (1Jo 1,1-4), tendem para a mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades: justiça, amor, verdade, vida, luz etc., e o cristão que atua em conformidade com essas qualidades: vive conforme a justiça, ama, caminha na direção da Luz, está do lado da verdade etc., penetra em uma determinada relação existencial com Deus a qual João designa aqui com o nome de comunhão. E essa comunhão consiste numa presença de Deus no homem e numa presença do homem em Deus, pela comunicação de vida realizada plenamente em Jesus Cristo (Jo 10,10). Essa comunhão é também uma aliança através da qual Deus concede ao homem um coração novo para poder conhecê-Lo (Jr 31,31-34; Ez 36,25-28; cf. 1Jo 5,19; 2,27). Mas quando se fala do conhecimento não se trata de um conhecimento intelectual e abstrato, mas trata-se de uma comunhão existencial.
Pedimos ao São João que tenhamos um pouco de seu espírito de reflexão sobre os fatos e os acontecimentos de nossa vida para entender seu sentido profundo; que tenhamos um pouco do seu amor pelo Senhor e pelos irmãos para que possamos alcançar a comunhão com Deus de Amor; que tenhamos um pouco de sua fé para que possamos captar os sinais de Deus na nossa vida e para que sejamos perseverantes até o fim vivendo os ensinamentos de Cristo no nosso cotidiano a fim de que um dia nosso nome seja escrito também no Livro da Vida (Ap 3,5; 20,11-15). Que assim seja!!!
P. Vitus Gustama,svd
Nenhum comentário:
Postar um comentário