ACREDITAR NA
Primeira
Leitura: Is 35,1-10
1 Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. 2 Germine e exulte de alegria e louvores. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. 3 Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. 4 Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. 5 Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6 O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. 7 A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d’água; nas cavernas onde viviam dragões crescerá o caniço e o junco. 8 Ali haverá uma vereda e um caminho; o caminho se chamará estrada santa: por ela não passará o impuro; mas será uma estrada reta em que até os débeis não se perderão. 9 Ali não existem leões, não andam por ela animais depredadores, nem mesmo aparecem lá; os que forem libertados poderão percorrê-la, 10 os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto”.
Evangelho: Lc 5,17-26
17
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A Conversão Nos Abre o Caminho De Volta Ao Paraíso
Durante a segunda semana do Advento leremos algumas passagens da segunda parte do livro de Isaías (Is 40-55). Seu autor é outro escritor sagrado, profeta também, denominado “o Segundo-Isaías” (Deutero-Isaías) e que, sem dúvida, foi discípulo do primeiro.
O poema, que lemos na Primeira Leitura de hoje, foi inserido na primeira parte do livro de Isaías (Is 1-39), mas que, na verdade, ele faz parte do Segundo-Isaías (Is 40-55). Por isso, foi escrita por um discípulo do profeta Isaías (e não pelo próprio profeta Isaías) ou talvez o Segundo-Isaías (Deutero-Isaías). Is 35 se opõe ao texto precedente, quase totalmente, cujo tom é apocalíptico que fala do regresso (do exílio, ou da diáspora) do povo de Israel para Sião.
A época do Segundo-Isaías não é menos dramática daquela que seu predecessor viveu (proto-Isaías). O Segundo-Isaias se encontra em pleno exílio em Babilônia. Jerusalém foi destruída, o Templo de Jerusalém foi profanado pelos exércitos inimigos. Todos os judeus aptos para trabalhar foram deportados para Babilônia onde estavam condenados a duros trabalhos forçados.
Diante dessa situação surgiu profeta que medita sobre o “retorno à Terra Santa”. Ele é iluminado por Deus para enxergar algo de esperança no meio de tanta sofrimento e dor. Por estar em contato permanente com Deus, um profeta tem condições de ver algo de esperanã no meio de qualquer problema ou tragédia. É assim aconteceu durante o cativeiro na Babilônia. O profeta se dirige aos cativos para anunciar uma vigorosa predição ou profecia de esperança: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. No texto da primeira leitura encontramos uma acumulação de imagens de alegria. Por isso, a segunda parte do livro de Isaías é chamada “o Livro da Consolação”. O profeta exerce aqui sua grande dom da consolação: animar a fé e o entusiasmo dos que, pelas circunstâncias adversas, caíram, mas que Deus não os abandona definitivamente. Deus é fiel a si próprio. E por isso, os cativos devem manter a fé neste Deus fiel.
Por isso, o fundamento desse ânimo é a certeza de que o Senhor está próximo, que Ele vem. Basta o homem viver fielmente os mandamentos do Senhor, a vitória final está garantida, cedo ou tarde, por pior que seja a situação e por maior que seja um problema. E o anúncio da aproximação do Senhor é para despertar os cativeiros (na Babilônia) da paralisia espiritual e faz que se ponham a caminho confiando novamente no Senhor. Nesse momento de grande alegria, até os coxos, levados pelo entusiasmo geral e pela ajuda dos demais, podem manter o ritmo da marcha. E todos os que até agora estavam cegos e surdos podem enxergar e compreender o que está acontecendo.
Sem dúvida, Deus suscita também em nossos dias gente deste estilo e por isso, precisamos ficar atentos. Todos os dias encontramos amigos, colegas e parentes, desorientados no mais essencial de sua existência. Sentem-se incapacitados para ir até o Senhor, e andam como paralíticos pela vida porque perderam a esperança ou nada enxergam de melhor na sua vida. Temos que guiá-los até a gruta de Belém, pois ali encontrarão o sentido de suas vidas.
“A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d’água”, escreveu o profeta (Is 35,7). Nesta expressão se revela o poder de Deus que pode transformar o árido em lago. Quando se fala de lago, fala-se da água. Quando se fala da água, fala-se da vida. Onde há água, há vida. Por onde a água passa, surge vida. Nisto Deus é chamado de o Deus da vida. No Evangelho, especialmente no quarto evangelho (evangelho de João) Jesus se definirá como Vida (Jo 11,25; 14,6. E outros texto onde são embutidos a palavra “vida”). O deserto, com sua fertilidade, será a expressão do poder criador de Deus e um sinal que convidará Israel a confiar no poder de Deus para ter vida em plenitude.
O homem tem que começar a reconhecer seu deserto, pois o deserto é o lugar de encontro preferido de Deus. Deus sempre vem como um manancial de vida e de renovação. Além disso, é necessário que o homem reconheça que ele precisa ser salvo, e que seu pecado transformou o mundo de hoje em um deserto abandonado para demasiadas ferocidades.
“No deserto, é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E, no deserto, existe sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança». Em todo o caso, lá somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor, trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva. Não deixemos que nos roubem a esperança!”, o Papa Francisco nos relembra através de sua exortação (Evangelii Gaudium n. 86.
O poema de Is 35,1-10 tem como tema a volta ao Paraiso. Deus recriará o Paraíso. Tudo será bom outra vez! Haverá abundância para todos e os corações humanos voltarão alegres. A harmonia será reestabelecida. Isso é possível pela vinda do Messias. A vinda do Salvador transformará o deserto em paraíso (Is 35,1-2; cf. Is 41,17-20; 43,20; 48,21); todas as enfermidades serão curadas (Is 35,5-6) e a própria fadiga vai desaparecer (Is 35,3). O profeta anuncia que com a vinda do Salvador as maldições atribuídas à queda de Adão, por causa da desobediência ao mandamento do Senhor, serão abolidas. O Novo Adão, o Messias prometido, possibilita a conquista do Paraíso graças à sua obediência e à sua fidelidade até a morte ao Pai.
Graças a Deus, hoje vivemos no Kairós, no tempo da graça, pois o Senhor veio e se tornou um de nós para nós salvar. Ele nasceu nosso nascimento, viveu nossa vida, sofreu nossos sofrimentos, ressuscitou nossa ressurreição e por isso, nos prepara o caminho para o Paraíso. Somos chamados a seguir os passos do Senhor, se quisermos alcançar o Paraíso.
A primeira leitura quer nos relembrar que o Paraíso será conquistado novamente toda vez que voltarmos a depositar nossa fé em Deus e toda vez que vivermos de acordo com os mandamentos do Senhor resumidos no amor a Deus e ao próximo. O ódio, a vingança, as agressões, desunião e assim por diante fazem o Paraíso desaparecer de nossa vida e de nossa convivência. As disputas interesseiras e egoístas só causam sofrimentos. Ao contrário, o amor fraterno garante uma vida de paz e de harmonia, uma vida paradisíaca. Para voltar à paz social, temos que nos converter permanentemente. O pecado nos afasta do bem, dos outros e de Deus. A conversão nos aproxima de Deus e por isso, da paz, da felicidade, do Paraíso.
Dentro deste contexto podemos entender que a primeira missão de Jesus é tirar o pecado do meio da humanidade e de cada coração humano que causa tanta dor, tanta paralisia, tanto desespero! “Homem, teus pecados estão perdoados”. Temos que nos aproximar de Jesus para ouvir dele as palavras de misericórdia que elimina nossa miséria para que voltemos a viver a vida na alegria, no ânimo e na esperança sabendo que Deus está conosco e sabendo que temos outros irmãos da mesma jornada nesta vida. Não estamos sós!
Misericórdia Divina Elimina a Miséria Humana
Jesus está
“
A
O
O perdoa bíblico é o
É
Jesus
Quem não tem fé,
continua a pensar que os mais graves problemas da humanidade são: a saúde, a
economia, a gestão do poder, o subdesenvolvimento, os desequilíbrios
ecológicos… Somente quem tem fé reconhece que o mais grave problema do homem é
o pecado e a falta de amor. Daí provém outros problemas maiores na sociedade.
Na Bíblia o “pecado” não é somente a culpa de um indivíduo consciente, mas
principalmente uma estrutura. Esta estrutura é tirânica em relação aos homens.
P.
Vitus Gustama,svd
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