PAIZINHO
Primeira Leitura: Is 55,10-11
Isto diz o Senhor: 10
assim como a chuva e a neve descem do céu e
Evangelho: Mt 6,7-15
Naquele
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A Primeira Leitura nos apresenta a imagem viva da eficácia da Palavra, da qual Deus diz: " A Palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. O termo que se usa no AT para “palavra” é dabar (hebraico) que vem do verbo dibber: “falar”. “Dibber” é usado freqüentemente para denotar a atividade reveladora de Deus (cf. Gn 12,4;Ex 7,13;Lv 1,1;Nm 1,1;Am 3,8;Is 8,5;Jr 23,35.37;Ez 2,1ss;Os 1,2;etc.). Assim este verbo indica que Javé é o Deus que fala com seu povo. Ele não somente age, como também fala para seu povo. Isso indica seu poder, amor, e sua singularidade(os ídolos não falam). O que Javé diz Ele cumpre (cf. Gn 1,1ss;Is 55,10-11). Com uma simples palavra Deus criou o universo (cf. Gn 1,1ss). Sua palavra é firme, fonte de temor, ação e esperança. A Palavra de Deus é “a fonte que satisfaz a tua sede, não a tua sede que esgota a fonte”(São Efrém).
Deus se aproxima de nós para nos fecundar a fim de sermos mais produtivos na convivência com os demais, como a chuva que cai e rega as plantas, istoé, dá vida para as plantas. Quem se aproxima do Deus da fecundidade se transforma em pessoa fecunda e generosa. Da parte de Deus a produtividade, a fecundidade está garantida. A Palavra de Deus, intrinsecamente, é eficaz, isto é, tem a capacidade de ter efeitos favoráveis para quem a pratica. A sintonia com a vontade de Deus, vivendo conforme Sua Palavra, resulta na vida fértil e frutuosa. Quem se aproxima da Palavra de Deus torna-se fecundo e generoso para com o próximo. O generoso acaba com o reinado dos egoístas. A fecundidade acaba com uma vida estéril. Onde o egoísmo não sobre vive, pela presença da fecundidade e da generosidade, a abundância se torna realidade.
Vamos nos aproximar dessa imagem (palavra, chuva, neve) e descobrir seu sabor e sua força nutritiva. Neve e chuva "descem do céu". Elas pertencem ao âmbito do qual o homem não domina. Assim é também a Palavra de Deus. Chuva e neve "retornam" para o céu. Assim também a Palavra: vem a nós e de nós sai. Ela vem sozinha, mas não retorna sozinha, porque tornou possível o milagre do pão e da semente. A Palavra vem do céu como ensinamento e retorna ao céu como oração e como louvor. Em nossas súplicas de filhos e em nossa atitude de gratidão de redimidos a Palavra fala com a força de seus frutos. Há que “encharcar” a terra para fecundá-la. Assim também a Palavra faz o seu trabalho nos "encharcando", isto é: enchendo-nos internamente, penetrando-nos, enchendo nosso vazio interior. Quando permitimos isso, a Palavra nos fecunda e nos faz dar frutos.
A Palavra De Deus É Poderosa e Eficaz Para Quem Está Aberto Diante Dela
“Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”.
Para quem vivia no Oriente Médio tão seco, a chuva ou a água era um bem precioso. O povo desse lugar sabia muito bem da eficácia e do poder da água ou da chuva. O local seco ou deserto onde a chuva cai vira um lugar cheio de plantinhas. Basta jogar um balde de água numa terra seca, em poucos dias vai nascer uma variedade de plantinhas. A água ou a chuva como se acordasse as sementes escondidas de baixo da terra para se tornarem plantinhas e plantas. O local que era seco e deserto passa a ser um lugar verde cheio de vida. Quando a vida de Deus for derramada sobre qualquer pessoa aberta para a graça de Deus, ela se torna uma pessoa fecunda e generosa. A verdadeira vida vem de cima, isto é, vem de Deus, para fecundar tudo que está neste mundo. “Vir de cima” significa dom que deve ser recebido com gratidão.
O Deutero-Isaias (Is 40-55: os capítulos escritos durante o exilio na Babilônia em torno de século VI) compara o poder da Palavra de Deus com a chuva que cai do céu sobre a terra que irriga e fecunda a terra. A Palavra de Deus que entra no homem transforma este numa pessoa cheia de vida. Isto supõe que o homem, como a terra aberta para a chuva, deve estar aberto para a Palavra de Deus para torná-la eficaz e frutífera em sua vida.
O profeta Isaias nos convida, através da primeira leitura (Is 55,10-11) a crermos firmemente na força salvadora da Palavra de Deuse a estarmos abertos a ela. Porque não somente fomos salvos pelo sangue e o sacrifício de Cristo na Cruz. É verdade que a maldade do homem levou Jesus Cristo para a ignomínia da Cruz. Mas a salvação nos veio pela Palavra de Deus, empenhada um dia e cumprida na plenitude dos tempos. Deus nos ama e nos perdoa em Seu Filho encarnado. A Palavra é poderosa e eficaz, mas também perigosa. Não podemos abusar da palavra para não nos destruir e destruir os outros. Ao contrário, temos que usar a palavra para o bem e a edificação da vida dos outros.
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Deus É Nosso Papaizinho, Nosso Abbá
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A Igreja, neste tempo da Quaresma, insiste na urgência da oração e na escuta da Palavra de Deus. Conversar, dialogar com Deus é uma fonte de luz e de força. Estar à escuta da Palavra de Deus é vital, exigente e comprometido. Nós cristão sabemos que a Palavra que Deus Pai nos dirige e propõe tem um nome próprio: Jesus Cristo (cf. Jo 1,1-3.14). Dialogar com Jesus é abrir-nos à verdade, à esperança e ao amor: à vida.
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Jesus quer que seus seguidores vivenciem a mesma experiência ao se dirigir a Deus na oração: “... orai assim: Pai nosso que estás nos céus...”. Jesus quer despertar em cada um de nós o espírito de filho, quer que cada um de nós fale com Deus com segurança, com afeto, com ternura e com confiança de filhos. Jesus quer que cada um de nós se abandone com alegria em Deus, nosso Papaizinho, pois ao chamar Deus assim todo medo desaparecerá e toda preocupação deixará de nos dominar. Deus é nosso Abbá, nosso Papaizinho que nos ama com amor incondicional e insondável e que “sabe de nossas necessidades antes mesmo de pedirmos” (Mt 6,8).
Mas devemos prestar bem atenção de que o Pai-Nosso, desde o começo até o fim, é rezado em plural: “Pai Nosso”, e não “Pai meu”. Deus é o Pai de todos nós. Ninguém deve ficar excluído. Não podemos nos apresentar diante de Deus só com os nossos problemas, alheios aos outros homens e mulheres. Rezar o Pai-Nosso é reconhecer a todos como irmãos e irmãs, é sentir-se em comunhão com todos os homens e mulheres, é ficar atentos para os problemas e necessidades dos outros, é não desprezar nenhum povo.
Mas ser filho deste Abbá não significa ser infantil. Jesus nunca foi débil e infantil. Não rezamos a Deus para que nos defenda da dureza da vida ou para que faça aquilo que devemos fazer ou para que resolva os problemas que nós mesmos devemos resolver. Pedimos, sim, ao nosso Papaizinho do céu para que saibamos atuar a partir de sua graça, de sua ternura, de sua bondade e de sua verdade e viver com responsabilidade na nossa liberdade de filhos e filhas.
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Vamos Meditar Mais Sobre Alguns Pensamentos do Papa Francisco sobre o Pai-Nosso do livro: PAI NOSSO (Editora Planeta, 2018)
1. A sensação que experimento é de segurança. Começo a partir daqui: o Pai-nosso me dá segurança; não me sinto afastado de minhas raízes, não tenho a sensação de ser órfão. Tenho um pai, um pai que me recorda a história, revela minhas raízes, cuida de mim, que me leva para a frente, e até mesmo um pai diante do qual em me sinto sempre uma criança, porque Ele é grande, é Deus, e Jesus pediu isso, que nos sintamos como crianças (p.20).
2. Dizer e ouvir o “nosso” do Pai-nosso significa entender que não sou filho único. Nós, cristãos, corremos o risco de nos sentirmos filhos únicos. Não, não: todos, até mesmo aqueles desprezados, são filhos do mesmo Pai (p.21).
3.
“Pai” é uma palavra conhecida por todos,
uma palavra universal. Ela indica uma relação fundamental cuja realidade é tão
antiga quanto a história da humanidade. Hoje, no entanto, chega-se a afirmar
que estamos em uma “sociedade sem pais” …. O problema dos nossos dias não
parece ser tanto a presença invasiva dos pais, mas sim a sua ausência, a sua
inoperância. Às vezes os pais se veem tão concentrados em si mesmos, no seu
trabalho e em suas realizações individuais que acabam até por esquecer a
família (pp. 23-24).
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