ABBÁ: PAIZINHO NOSSO
QUE ESTÁ NO CÉU
11 de Março de 2014
Primeira Leitura: Is
55,10-11
Isto diz o Senhor: 10 assim como a
chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam
mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente,
para o plantio e para a alimentação, 11 assim a palavra que sair de minha boca:
não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e
produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la.
Evangelho: Mt 6,7-15
Naquele tempo ,
disse Jesus aos seus discípulos : 7“Quando
orardes, não useis muitas palavras , como
fazem os pagãos . Eles
pensam que serão
ouvidos por
força das muitas palavras .
8Não sejais como eles , pois vosso Pai sabe do que
precisais, muito antes
que vós
o peçais. 9Vós deveis rezar assim : Pai nosso que estás nos céus , santificado seja o teu
nome ; 10venha o teu Reino ; seja
feita a tua vontade ,
assim na terra
como nos
céus . 11O pão
nosso de cada
dia dá-nos hoje .
12Perdoa as nossas ofensas , assim como nós perdoamos a quem
nos tem ofendido, 13e não nos deixes cair em tentação , mas
livra-nos do mal . 14De fato , se vós perdoardes aos homens
as faltas que
eles cometeram, vosso
Pai que
está nos céus
também vos
perdoará. 15Mas , se vós não
perdoardes aos homens , vosso Pai também não
perdoará as faltas que
vós cometestes”.
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A Palavra
de Deus é palavra do Pai, do amigo, do confidente, do animador, do despertador
da consciência. Com a autoridade ela nos convoca, ilumina, fortalece
amorosamente. Ela não quebra liberdades nem aniquila personalidades. Ela grita
na nossa consciência. Ela é como alguém que está à porta de nossa casa: espera
a abertura para poder entrar. E “a palavra que sair de minha boca: não
voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e
produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”, assim diz Deus para nós.
O texto
do evangelho deste dia
faz parte do Sermão
da Montanha (Mt 5-7) onde podemos encontrar vários ensinamentos
fundamentais de Jesus para
nós , seus
seguidores . No evangelho
de hoje Jesus nos
dá seu conselho
sobre oração .
A Igreja, neste tempo da Quaresma,
insiste na urgência da oração e na escuta da Palavra de Deus. Conversar,
dialogar com Deus é uma fonte de luz e de força. Estar à escuta da Palavra de
Deus é vital, exigente e comprometido. Nós cristão sabemos que a Palavra que
Deus Pai nos dirige e propõe tem um nome próprio: Jesus Cristo (cf. Jo
1,1-3.14). Dialogar com Jesus é abrir-nos à verdade, à esperança e ao amor: à
vida.
Jesus, no seu
ensinamento sobre
a oração , quer
nos evitar
de uma noção mágica
de Deus : “Quando orardes, não
useis muitas palavras , como fazem os pagãos .
..., pois vosso
Pai sabe do que
precisais”. Deus é o melhor juiz de
nossas necessidades do que nós mesmos , e Suas prioridades podem não
ser iguais às
nossas. Por isso ,
o que Jesus quer
com o Pai
Nosso é que
confrontemos nossa vida
pessoal e comunitária
com seu
projeto original :
que com
nosso proceder
façamos que o Reino
de Deus aconteça.
“Vós ,
portanto , orai assim :
Pai nosso
que estás nos
céus ....”, diz nos
Jesus. De todas as revoluções
do Evangelho , a mais
profunda e a mais
radical é a revelação
de Deus como
Pai , e conseqüentemente
Deus como
amor , como
o Pai mais
carinhoso e entranhável. O Pai-Nosso não é
uma simples oração
apesar de ser
breve . O Pai-Nosso
é uma síntese de tudo
o que Jesus viveu e sentiu a propósito de Deus , do
mundo e de seus
discípulos .
“Vós ,
portanto , orai assim: Pai
Nosso...”. Em sua oração Jesus sempre se dirige a Deus chamando-O de Abbá.
Para Jesus Abbá é o nome próprio de Deus. Esta expressão aramaica é um termo
que era usado especialmente pelas crianças pequenas para dirigir-se ao seu pai.
O termo Abbá tem como tradução literal “papai” ou “papaizinho”. É um tratamento
de muita ternura. Ao chamar Deus de Abbá Jesus quer nos revelar sua relação
íntima que ele vive com Deus. A atitude de Jesus diante de Deus é a atitude de
uma criança cheia da confiança, do afeto e da ternura de uma criança. Diante do
Abbá são eliminadas as preocupações.
Jesus quer que seus seguidores
vivenciem a mesma experiência ao se dirigir a Deus na oração: “... orai
assim: Pai nosso que estás nos céus...”. Jesus quer despertar em cada um de
nós o espírito de filho, quer que cada um de nós fale com Deus com segurança,
com afeto, com ternura e com confiança de filhos. Jesus quer que cada um de nós
se abandone com alegria em Deus, nosso Papaizinho, pois ao chamar Deus assim
todo medo desaparecerá e toda preocupação deixará de nos dominar. Deus é nosso Abbá,
nosso Papaizinho que nos ama com amor incondicional e insondável e que “sabe de
nossas necessidades antes mesmo de pedirmos” (Mt 6,8).
Mas devemos prestar bem atenção de
que o Pai-Nosso, desde o começo até o fim, é rezado em plural: “Pai Nosso”, e
não “Pai meu”. Deus é o Pai de todos nós. Ninguém deve ficar excluído. Não
podemos nos apresentar diante de Deus só com os nossos problemas, alheios aos
outros homens e mulheres. Rezar o Pai-Nosso é reconhecer a todos como irmãos e
irmãs, é sentir-se em comunhão com todos os homens e mulheres, é ficar atentos
para os problemas e necessidades dos outros, é não desprezar nenhum povo.
Mas ser filho deste Abbá não
significa ser infantil. Jesus nunca foi débil e infantil. Não rezamos a Deus
para que nos defenda da dureza da vida ou para que faça aquilo que devemos
fazer ou para que resolva os problemas que nós mesmos devemos resolver.
Pedimos, sim, ao nosso Papaizinho do céu para que saibamos atuar a partir de
sua graça, de sua ternura, de sua bondade e de sua verdade e viver com
responsabilidade na nossa liberdade de filhos e filhas.
“Vós ,
portanto , orai assim :
Pai nosso
que estás nos
céus ....”. A oração
do Pai-Nosso é um
convite para estabelecer uma relação
de confiança e de intimidade
de uma dimensão comunitária
(Pai Nosso )
e em uma disposição
constante de perdão .
A partir desta dimensão
os cristãos são
chamados a construir espaços
de oração que
refletem o compromisso de construir o Reino de
Deus , onde
Deus é Pai
de todos nós
e nós somos filhos
e os filhos e irmãos
que vivemos em
comunidade e fraternidade .
“Pai-Nosso ” quer
enfatizar uma nova
relação dos cristãos
com Deus
que não
é somente individual ,
mas também
comunitária . São
os filhos , ou
cidadãos do reino ,
os que se dirigem ao Pai que é seu Rei .
P. Vitus Gustama,svd
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