ANUNCIAÇÃO DO SENHOR A
MARIA
Terça-Feira, 25 de
Março de 2014
Naqueles dias, 10 o Senhor falou com Acaz, dizendo: 11 “Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, quer provenha da profundeza da terra, quer venha das alturas do céu”. 12 Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o Senhor”. 13 Disse o profeta: “Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? 14P ois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel, 8,10 porque Deus está conosco.
Irmãos, 4é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. 8Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” — coisas oferecidas segundo a Lei — 9ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro sacrifício, para estabelecer o segundo. 10É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.
Naquele tempo, 26o
anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a
uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente
de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela
estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria
ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado
da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e
darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será
grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de
seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó,
e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço
homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o
poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer
será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta,
concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada
estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria,
então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua
palavra!” E o anjo retirou-se.
Através da cena da anunciação do
Senhor a Maria o evangelista Lucas nos mostra um Deus revolucionário e
libertador. A sua manifestação, nesta cena, não acontece no Templo, lugar
considerado sagrado, como aconteceu com o anúncio do nascimento de João Batista
e sim num lugar desconhecido: Nazaré. Deus é que faz um lugar importante.
Nazaré é um lugar jamais mencionado no AT. Esse Deus não se manifestou a um
sacerdote no templo durante o culto, como aconteceu com Zacarias, e sim no
cotidiano a uma pessoa simples, pequena, a uma mulher: Maria. Na opção de Deus
Maria se torna uma privilegiada.
A Virgem Maria, da perspectiva do
evangelista Lucas é uma mulher que aceita a proposta revolucionária de que Deus
possa nascer de seu ventre virgem, de seu corpo jovem, de seu coração feminino.
A mulher, naqueles tempos, não tinha acesso à Palavra escrita da Tora ou dos
profetas. Na época tinha um dito: “É melhor queimar a Bíblia do que entregá-la
nas mãos de uma mulher”. Agora Maria, uma mulher, tem em seu ventre materno a
mesma Palavra de Deus feita carne: o Emanuel, Deus-Conosco.
A mulher, que não podia conversar
com outro homem que não fosse seu marido, agora dialoga com sua consciência e
toma decisão de ser a Mãe do Senhor. A mulher que vivia dependente de uma
estrutura familiar rígida, agora escolhe, opta por ficar embaraçada ou grávida
milagrosamente. A mulher que tinha um acesso restringido ao culto, agora
dialoga diretamente, cara a cara, com Deus. A mulher que devia cuidar de sua
imagem de moralidade, sua virgindade até o matrimonio, agora decide enfrentar a
sociedade de seu tempo e o mais importante: quem decide é ela.
Por isso, não podemos imaginar que
Maria seja uma mulher passiva, imóvel e submissa. Ela é corajosa, valente e
revolucionária. E sua força vem de Deus. Ela se compromete a partir de sua
própria liberdade e libertação com a libertação de Deus. Ela é revolucionária
com o Deus revolucionário. Quem tem sua força em Deus, quem acredita
incondicionalmente em Deus tem força suficiente até mais do que suficiente para
encarar tudo na vida porque ele sabe que a palavra final é a Palavra de Deus e
não a do homem. Quem é devoto de Maria deve ser uma pessoa valente, corajosa e
revolucionária como Maria. “Para Deus e com Deus nada é impossível”.
A partir da cena da anunciação não
há que buscar Deus no ar, nas idéias, nos sonhos. Maria o encontra no seu
ventre, no seu coração. O Deus que está no coração de Maria transforma seu
corpo em instrumento para fazer Deus visível aos homens. Sua maternidade
aproxima Deus ao ser humano para compartilhar a experiência de salvação. Para
cada um de nós Maria quer mostrar que é possível ser instrumento para fazer
visível Deus aos outros através de cada um de nós. Para cada cristão trata-se
de uma missão a ser cumprida neste mundo: fazer Deus visível através de nossa
vida e de nosso modo de viver. “Vós sois a carta de Cristo”, relembra-nos São
Paulo.
Outros Pensamentos Para
Nossa Reflexão Nesta Solenidade
1. Na Anunciação, o Anjo de
Deus não chama Maria pelo nome, mas chama-a simplesmente de “Cheia de graça”. O
termo ‘graça’ significa benefício absolutamente gratuito, livre e sem motivo.
Também tem outro significado: um efeito do favor divino que torna alguém belo,
amável e encantador. A graça da criatura depende da graça de Deus, e não vice-versa.
As grandes promessas de Deus passam
pela mulher que é Maria. Por isso, ela faz possível a esperança. Quando o homem
sofre crises de morte, aparece uma mulher em estado da graça, como anúncio e
promessa.
Na graça reside a completa
explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria encontrou graça, isto
é, favor, junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o
mar, assim a graça preenche a alma de Maria. Maria é cheia de graça também em
outro sentido: ela é bela, daquela beleza que chamamos de santidade. Sendo agraciada,
Maria é também graciosa.
Esta graça, que consiste na
santidade de Maria, tem também uma característica que a coloca acima da graça
de qualquer outra pessoa. A Igreja latina expressa isso com o título de
“Imaculada” que significa a ausência de qualquer pecado.
Que significa para a Igreja, e para
cada um de nós, o fato de a história de Maria começar com a palavra ‘graça’?
Significa que, para nós também, no começo de tudo, está a graça, a livre e
gratuita eleição de Deus, o seu inexplicável favor, o seu vir ao nosso encontro
em Cristo e doar-se a nós por puro amor. Significa que a graça é “primeiro
princípio do cristianismo”. Cada um de nós tem a explicação de seu próprio ser
unicamente no amor com que Deus o amou e amando criou. A salvação, em sua raiz,
é graça e não resultado da vontade do homem, como diz S. Paulo: “É pela graça
que fostes salvos, mediante a fé. E isto não é a vós que se deve; é dom de
Deus” (Ef 2,8). Na fé cristã, antes do mandamento vem o dom. O dom que gera o
dever, não vice-versa. Não é a lei que gera a graça, mas é a graça que gera a
lei. A graça, de fato, é a nova lei do cristão, a lei do Espírito.
Maria lembra cada um de nós que
tudo é graça. A graça é a característica do cristianismo, que por ela se
diferencia de qualquer outra religião. A graça é a presença de Deus. As duas
expressões: “cheia de graça” e “o Senhor está contigo são quase a mesma coisa.
Esta presença de Deus no homem realiza-se agora em Cristo e por Cristo. De fato
ele é o Emanuel, o Deus-Conosco.
A primeira coisa que cada um de nós
deve fazer como resposta à graça de Deus é dar graças. A graça de Deus tem de
ser acompanhada pelo agradecimento do homem. Dar graças significa, antes de
tudo, reconhecer a graça, aceitar a gratuidade da mesma. Dar graças significa
aceitar-se como devedor, como dependente; deixar que Deus seja Deus. É preciso
fazer o possível para renovar cada dia o contato com a graça de Deus que está
em nós. Pela graça podemos manter, desde esta vida, o contato com Deus.
Precisamos crer na graça, crer que Deus nos ama, que nos é favorável de
verdade, pela graça fomos salvos.
2. Maria é a primeira
cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a humanidade
Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na
sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas
Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para
o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia
humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra
seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.
3. Maria é modelo de nossa
vocação cristã. Como ela, um dia, aceitou a Palavra de Deus e acolheu em si o
Espírito de Deus e gerou Cristo de sua carne, assim também cada um de nós,
seguidores de Cristo há de realizar sua vocação aceitando docilmente a Palavra
de Deus, acolhendo em sua vida o Espírito de Deus e continuando no tempo a
encarnação de Cristo. Cada um tem a missão de levar Jesus e dá-lo ao mundo,
pois o mundo espera pela salvação apesar de sua resistência.
O compromisso da vida cristã é
deixar-se fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de
Deus que vem por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas
forças, mas respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve
deixar-se encarnar pela Palavra de Deus.
P. Vitus Gustama,svd
2 comentários:
Gostei da postagem. Parabéns.
http://botefeamor.blogspot.com.br/
Abraços Fraternos
Obrigado. Deus a ilumine.
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