segunda-feira, 12 de novembro de 2018


14/11/2018
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VIVER EM CRISTO É VIVER COM RESPONSABILIDADE E GRATIDÃO
Quarta-Feira da XXXII Semana Comum


Primeira Leitura: Tito 3,1-7
Caríssimo, 1 admoesta a todos que vivam submissos aos príncipes e às autoridades, que lhes obedeçam e estejam prontos para qualquer boa obra. 2 Não injuriem a ninguém, sejam pacíficos, afáveis e deem provas de mansidão para com todos os homens. 3 Porque nós outrora éramos insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, dignos de ódio e odiando uns aos outros. 4 Mas um dia manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens: 5 Ele salvou-nos não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia; quando renascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito Santo, 6 que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de nosso Salvador Jesus Cristo. 7 Justificados, assim, pela sua graça, nos tornamos na esperança herdeiros da vida eterna.


Evangelho: Lc 17,11-19
Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, 13 e gritaram: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' 14 Ao vê-los, Jesus disse: 'Ide apresentar-vos aos sacerdotes.' Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16 atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então Jesus lhe perguntou: 'Não foram dez os curados? E os outro nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?' 19 E disse-lhe: 'Levanta-te e vai! Tua fé te salvou.'
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Respeitar As Autoridades Civis e Cumprir Os Deveres Sociais São Frutos De Nossa Fé Em Jesus Cristo


Continuamos a acompanhar a leitura  e a a reflexão sobre a Carta de são Paulo a Tito. No texto da Primeira Leitura de hoje lemos as recomendações de são Paulo a Tito e à comunidade cristã em Creta sobre os deveres sociais.


Nas recomendações de hoje são Paulo começa a fazer a distinção entre o “antes” e o “depois” da conversão à fé em Jesus Cristo. Antes, o panorama não é muito recomendável: “Éramos insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, dignos de ódio e odiando uns aos outros”.


Mas agora que cremos em Jesus Cristo deve mudar nossa imagem em meio da sociedade. Por isso, Tito deve recomendar aos cristaos de Creta, em primeiro lugar,  “que vivam submissos aos príncipes e às autoridades, e que lhes obedeçam” e que “estejam prontos para qualquer boa obra”. A obediência às autoridades é apresentada em Rm 13,1-7, onde se afirma que toda a autoridade vem de Deus. E em 1Tm 2,2 é recomendado que ore particularmente pelos constituídos em autoridade (Cf. também 1Pd 2,13-17). A autoridade era princípio da governabilidade seja numa família, na comunidade ou numa nação.


Na convivência com os outros, a recomendação de são Paulo para Tito  e a comunidade de Creta são as sequintes: que “não injuriem a ninguém”, mas que “sejam pacíficos, afáveis e deem provas de mansidão para com todos os homens”.


Em outras palavras, a vida de fé em Jesus Cristo se manifesta através de uma vida reta, de amor e de respeito aos demais. Através de nossa fé em Jesus Cristo e mediante o Batismo fomos regenerados, e libertados de nossa antiga condição de pecadores. Se isto é verdade, então devemos dar frutos de bondade. Então, Deus nos reconhecerá como seus e, junto a Cristo, seremos coherdeiros da vida eterna.


Façamos nossas as próprias palavras de são Paulo ao descrever a mudança que foi operada nele e que opera em todos aqueles que realmente conhecem a Cristo e O seguem. Em outra época, quando vivíamos e trabalhávamos movidos por interesses carnais, meramente culturais ou socioeconômicos, nossa perspectiva era muito limitada, condicionada pelo "homem exterior" que tem a si mesmo como centro de referência. E nessas circunstâncias, éramos iguais a muitos seres humanos que buscam se livrar de compromissos sociais, de trabalho honesto.


Mas quando conhecemos que Deus é Pai, amor, meta de nossa existência e que ele cuida de nós no caminho até Ele, tudo sofreu uma profunda transformação. Sabemos porquê e paraquê estamos neste solo, a partir do qual olhamos para os homens, a natureza e o céu, com olhos agradecidos, com mãos criativas colocadas a serviço dos outros, com uma capacidade aumentada de amar e sofrer, com firme esperança de voltar ao lar e ao coração de onde saímos: de Deus, Princípio e Fim de nossa existência. Consequentemente, não podemos converter nossa fé em buscar somente a satisfação de nosso interesses temporais, sejam econômicos, materiais ou de saúde.


Viver Como Cristãos é Viver Eucaristicamente, Isto É, Viver Na Gratidão Permanentemente


Continuamos a caminhar com Jesus para Jerusalém ouvindo e meditando suas ultimas lições para nós, seus seguidores (Lc 9,51-19,28), pois logo depois ele será condenado à morte (crucificado). Uma das lições que tiramos do texto de hoje é a de agradecimento através da cena dos dez leprosos em que somente um voltou para agradecer pelo beneficio recebido (cura). “A gratidão é o único tesouro dos humildes” (William Shakespeare). “A gratidão é a virtude das almas nobres” (Esopo). “Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida” (Sêneca). “A gratidão é um fruto de grande cultura; não se encontra entre gente vulgar” (Samuel Johnson). “Expresse gratidão com palavras e atitudes. Sua vida mudará muito de modo positivo” (Masaharu Taniguchi).

Os leprosos eram, na época de Jesus, os seres mais depreciáveis. Eles permaneciam isolados, pois a lepra era considerada, segundo o modo de pensar na época, como meio pelo qual Deus usava para castigar os grandes pecadores. Tocar num leproso causava a impureza cultual. Por isso, eles gritavam: “Lepra! Lepra!”, assim que as pessoas se aproximassem deles (CF. Lv 13, 45). Eles viviam em cavernas ao longo dos caminhos e comiam o que os peregrinos lhes davam. Por serem considerados “grandes pecadores” eles eram considerados como pessoas impuras não aptas para conviver com as demais pessoas na sociedade, muito menos para participar das atividades cultuais/religiosas. Praticamente não eram considerados seres humanos. Se houvesse a cura, eles se apresentariam aos sacerdotes que tinham autoridade para declarar quem era puro e quem era impuro.

Jesus permite que um grupo de leprosos se aproxime dele. Com este gesto Jesus rompe com a mentalidade segregacionista que divide o mundo em puros e impuros, sagrados e profanos, pois todos são filhos de Deus que necessitam do mesmo tratamento e da mesma proteção (cf. 1Jo 3,1).

O pedido dos leprosos é simples: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. Jesus os remete ao sacerdote que era a instituição encarregada de decidir quem era puro e quem era impuro. E no caminho todos ficaram curados. O que é condenável aos olhos do homem é redimido por Deus em Jesus Cristo.

Mas unicamente quem voltou para agradecer a Jesus era um samaritano, um estrangeiro. Aqueles que são considerados aparentemente como “adversários” de Deus é que sabem reconhecer a grandeza de Deus em Jesus Cristo que é capaz de transformar aquilo que é impossível em possível, um sonho impossível em um sonho realizado (cf. Lc 1,37; 18,27). Com isso o leproso curado, o samaritano, experimentou em sua vida o passo salvador de Deus em Jesus Cristo.

O leproso curado que voltou a Jesus sabe que Quem lhe deu a cura vale muito mais do que a instituição a qual deve se apresentar. Ele reconhece Jesus acima de outras instâncias de Israel. O leproso curado entende que Jesus o integrou à comunidade humana, não importa que como leproso e estrangeiro era um duplo marginalizado. Diante de Jesus ele se prostra e reconhece no Homem da Galiléia seu Redentor. A fé do homem enfermo e marginalizado é que lhe permite ser completamente redimido. Se os outros nove leprosos correram atrás de seus opressores, o samaritano curado foi atrás de seu Libertador, ao se jogar aos pés de Jesus.

Algumas lições que Jesus nos dá: Primeiro, os do povo eleito, os da Igreja, são os que menos sabem agradecer pelos favores de Deus, e por isso, vivem tristes e desorientados. Não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular e extraordinária. Pare e verifique! Agradecer é uma atitude própria de quem tem dignidade. Quem não sabe agradecer está mal preparado para conviver.

Segundo, Deus em Jesus Cristo se preocupa com a dignidade e a salvação do homem. Por isso, o próprio homem, especialmente os cristão e todas as pessoas de boa vontade devem se preocupar com a dignidade humana sem excluir nenhuma pessoa da convivência. Jesus acolhe os excluídos da sociedade, logo os cristãos devem fazer a mesma coisa, pois eles são “outro Cristo” neste mundo.

Terceiro, através da cura dos dez leprosos, Lucas quer nos mostrar que Deus tem uma proposta de vida nova e de libertação oferecidas a todos, mas sob uma condição: que o homem obedeça à Palavra de Deus, pois ela tem o poder libertador.

Quarto, a vida fundada sobre o egoísmo, sobre a exclusão, sobre a discriminação, sobre a arrogância ou prepotência, sobre o complexo de superioridade é precisamente o câncer que ameaça a convivência e ameaça a humanidade. Se levantarmos barreiras contra os outros, é porque nosso amor é ainda pequeno e bem frágil, pois nada é sem valor e ninguém é pequeno quando o amor é grande.

Quinto, os dez leprosos, os excluídos querem nos ensinar com sua vida e exemplo que jamais podemos ficar desesperados quando encontrarmos alguma dificuldade de qualquer espécie, pois a vida é de Deus e Deus está nela (cf. Gn 2,7). Uma sabedoria oriental diz: “Volta sempre teu rosto na direção do sol e, então, as sombras ficarão para trás”. Esse sol é Deus, e as sombras são nossas dificuldades.

Nós começamos nossa celebração eucarística com uma súplica parecida à dos leprosos: “Senhor, tende piedade de nós!”. Fazemos bem, porque somos débeis e pecadores e sofremos diversos tipos de “lepra”.

Mas será que sabemos também rezar e cantar dando graças a Deus por tudo na nossa vida? Há pessoa que nos parecem “aleijados” e que nos dão lições porque sabem reconhecer a proximidade de Deus, enquanto que nós, talvez pela familiaridade e pela rotina dos sacramentos, por exemplo, não sabemos nos alegrar pela cura de nossos pecados que Jesus Cristo nos concede através do sacramento da reconciliação. Jesus quer que saibamos cultivar em nós um coração que saiba agradecer por tudo de bom na nossa vida. Somente um coração grande é que sabe agradecer. Um coração mesquinho só sabe cobrar e reclamar. Como é fácil trabalhar com uma pessoa de grande coração porque ela tem capacidade de ver e de perceber o que é bom no outro e por isso, sabe agradecer. Precisamos procurar razão para agradecer e não motivos para reclamar e murmurar. Quem sabe agradecer tem uma vida leve e livre para ser vivida. Uma vida vazia de agradecimento é uma vida pesada para ser vivenciada e vivida.

Mas será que temos sido pessoas agradecidas? Somente o seremos quando, mediante nossa vida e nossas obras de caridade, nos convertermos em uma contínua glorificação do Santo Nome do Senhor através da vivência do amor fraterno. Verifique, se você também passou por uma experiência de "leproso" na sua vida: desespero, sentimento de desprezo e de abandono, ser excluído. Mas Deus também na nossa vida como Salvador. A Ele é que devemos dirigir nosso simples pedido: Tem piedade de mim, Senhor!

Se nos afundamos na dor humana, mais fundo estás Tu integrando as feridas. Se subimos no êxtase, ali te encontramos abrindo o instante a novas plenitudes” (Benjamin González Buelta: SALMOS: Para Sentir e Saborear As Coisas Internamente)
P. Vitus Gustama,svd

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