02/11/2018
DIA DE FINADOS E A FÉ NA
RESSURREIÇÃO
Jo 14,1-6
“Aqueles que nos deixaram não
estão ausentes e sim
invisíveis . Eles
tem seus olhos
cheios de glória ,
fixos em
nossos olhos
cheios de lágrimas ”,
(Santo Agostinho)
O mundo
secularizado divide a vida humana em duas realidades biológicas contrárias: a vida e a morte . Pretende extrair da vida o máximo rendimento
em êxito ,
poder , dinheiro e prazer . E diante da morte experimenta horror , espanto ,
pavor , desespero
e angústia . E inconscientemente ,
o mundo adota a atitude
de avestruz : silencia a morte
como se não
existisse. Como resultado ,
absolutiza-se a vida terrena e se recusa a morte .
A morte vira tabu e por isso , fala-se pouco
nela e dela.
A morte não se pode despojar de sentido . A partir da fé e da esperança
cristãs temos que responder
afirmativamente que
a morte tem sentido, pois o Senhor em quem acredita é
a Ressurreição e a Vida (Jo 11,25); Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo
14,6). Ao recordar hoje
todos os defuntos ,
e ao atualizar mais
uma vez no sacrifício
eucarístico a Paixão e a Morte
do Senhor , celebramos o Deus
da vida , o Deus
que salva ,
o Deus da Ressurreição .
Nosso Deus
não é um
Deus de mortos
e sim de vivos .
Por isso ,
do coração da morte
celebramos e proclamamos a ressurreição .
Superaremos o temor
da morte se nós
colocarmos nossa confiança
em Deus
e em Jesus que
é o Caminho , a Verdade
e a Vida : “Não
se perturbe o vosso coração .
Tendes fé em
Deus e tende fé
em mim
também . (...) Eu
sou o Caminho , a Verdade
e a Vida ”. Por isso ,
o Dia de Finados nos
recorda que somos peregrinos
para a casa
do Pai celeste ,
e que vamos caminhando até o nosso destino final como “cidadãos
do céu ”, e por
isso , não
temos aqui morada
permanente .
A missa
é uma confissão da fé
na ressurreição , pois
celebramos a ressurreição do Senhor e, portanto , o
nosso também ,
desde já .
Esta fé é que
nos reúne aqui
nesta celebração . A fé
na ressurreição é a fé
da Igreja . Esta fé
ilumina nossa vida ,
nossa experiência
de morte e ressurreição ,
de pecado e de graça ,
de morte e de vida .
Cremos no Deus da vida ,
o Único que
pode purificar nossas vidas
e nos levar à
assembléia dos santos .
Por isso ,
tem sentido de orarmos pelos defuntos :
é pôr nossa confiança em que o Pai do céu acrescentará, na sua
misericórdia , aos defuntos
o que lhes
faltava para chegar à bem-aventurança . E a partir dessa
confiança somos conduzidos também
pela mesma
misericórdia para
que possamos alcançar
a plenitude de vida ,
na comunhão eterna
com Deus .
Defrontar a morte nos leva a considerar a
vida com outros olhos, a nos engajar em sua transformação, transformando cada
momento em uma eternidade. A morte quando é refletida seriamente dá valor à
vida, à convivência, à amizade, à família, e a cada um de seus momentos. Aquele
que não aprende a morrer, não vive. Nós, como cristãos, somente podemos
iluminar o caráter misterioso da morte com a fé e com a luz que surgem deste
duplo acontecimento: Jesus morreu; Jesus ressuscitou.
Com efeito, a vida que temos aqui nesta terra
não é um caminho que nos leva para a morte e sim para a vida por causa de
Cristo ressuscitado. Crer em Deus significa crer no amor que está muito mais
além das debilidades humanas. Um amor que é vida para sempre, esperança que não
falha, confiança infinita. Um amor que é ressurreição, vida nova para sempre.
Por isso, a Eucaristia que celebramos hoje na
memória de nosso defuntos é um momento privilegiado de encontro com esse Cristo
que se faz dom e que vem ao nosso encontro para nos oferecer a vida plena e
definitiva. Quem acolhe esta vida que Jesus oferece torna-se um com ele.
Celebrar ou participar da eucaristia é aprofundarmos os laços familiares que
nos unem a Jesus, identificarmo-nos com ele, deixarmos que a Sua vida circule
em nós.
P.Vitus Gustama, SVD
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