12/12/2019
NOSSA
SENHORA DE GUADALUPE
PADROEIRA DA AMÉRICA LATINA
12 de
Dezembro
Primeira Leitura: Gl 4,4-7
Irmãos, 4 quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho,
nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5 a fim de resgatar os que eram
sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6 E porque
sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que
clama: Abá – ó Pai! 7 Assim, já não és mais escravo, mas filho; e se és filho,
és também herdeiro: tudo isso, por graça de Deus.
Evangelho: Lc 1,39-47
39
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se,
apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e
cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou
no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito,
exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a
tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu
espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.
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No dia 12 de dezembro celebramos a festa de
Nossa Senhora de Guadalupe.
A história
do surgimento desta festa
foi contada da seguinte maneira. O índio Juan Diego, cujo nome asteca era Cuauhtlatohayc,
nasceu em 1471, perto da cidade do México, na aldeia de Cautitlán, pertencente
aos índios Mazehuales. Era então
Arcebispo da cidade do México, Dom Juan de Zumárraga, franciscano basco. Era
o segundo bispo da Nova Espanha.
Conforme a lenda e tradição, no Sábado, 9 de dezembro de 1531, pelas seis horas da
manhã, quando o índio Juan Diego se dirigia de sua aldeia para a de Tolpetlac
para assistir uma função religiosa na missão franciscana de Tratetolco, ao
chegar ao monte Tepeyac, às margens do lago Texcoco, viu uma jovem de uns 15 anos, que lhe ordenou
ir falar com o Bispo a fim de pedir-lhe que construísse um templo no vale
próximo.
No
mesmo dia, à tarde por volta das 17:00 horas, Juan Diego vê novamente a jovem, e
lhe relata a incredulidade do bispo e pede que escolha outro mensageiro. Porém
a jovem insiste em sua missão de ir ter novamente com o bispo e pedir a
construção do templo.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
No dia seguinte, Domingo 10 de dezembro, às 15 horas, Juan Diego fala novamente com o bispo. O bispo ainda não acredita e pede algum sinal. Pela terceira vez a jovem lhe "aparece" e ordena a Juan Diego que volte ao monte no dia seguinte para receber o sinal pedido pelo bispo. Entretanto, no dia seguinte, Juan Diego não vai ao monte devido a doença de seu tio Juan Bernardino.
Na madrugada do dia
12 de dezembro, terça-feira, devido a gravidade da doença de seu
tio, Juan Diego sai de sua aldeia para buscar um sacerdote, e rodeia o monte
para não encontrar a Virgem. Mesmo assim ela lhe "aparece" e fala que seu tio ficará
curado, e pede que vá ao monte buscar rosas que seria o sinal.
Ao seu regresso, a Virgem diz: “Estas diferentes flores são a prova, o sinal que levarás
ao bispo. Diga-lhe que veja nelas meu desejo, e com isso, execute minha vontade”.
Ao mesmo tempo que Juan Diego encontra a
jovem, ela
"aparece" também a seu tio doente e cura instantaneamente suas
enfermidades e manifesta seu nome: "Sempre Virgem Santa Maria de
Guadalupe".
No dia 12 de dezembro, após
a quarta "aparição", Juan Diego leva em seu poncho, como prova, rosas frescas
de Toledo (e isto em pleno inverno mexicano). Já na casa do bispo, por volta do meio dia,
na hora que abriu o poncho (ayate) onde estavam embrulhadas as flores, estava
estampada a imagem de Nossa Senhora: "A Virgem de Tequatlaxopeuh". A mesma que hoje se venera
na Basílica de Guadalupe, México. A imagem estampada é de 143 cm de altura. Durante 116
anos, de 1531 a 1647, a pintura esteve desprotegida e exibida em várias
procissões solenes. A pintura
resistiu à umidade e ao salitre, muito abundante e muito corrosivo naquela
região, antes de ter sido secado o lago Texcoco. O tecido da tela é de tão
má qualidade que deveria ter se desintegrado em questão de 20 anos, mas
resistiu até hoje. A veneração popular levou piedosos e doentes a que beijassem
as mãos e a face da pintura ou que fosse tocada com objetos cujo material
deveria ter deteriorado ou destruído o tecido e a pintura. Só Deus pode
explicar a razão de tudo isso. Somos obrigados e capazes de dizer: é um
milagre.
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“Quando se
completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher,
nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que
todos recebêssemos a filiação adotiva”, assim lemos na Primeira
Leitura de hoje (Gl 4,4-5).
Gl 4,4-7 constitui uma das altas teologias da
Carta aos Gálatas. Estes versículos devem ser lidos em conexão com Rm 8. Aqui
fala-se do “Filho”
aplicado principalmente a Cristo (embora possa ser aplicado aos cristãos). O
mistério de Deus que se faz presente em Jesus Cristo, o Filho, inclui também ao
Pai e ao Espírito.
O “Pai” aqui (Deus) é chamado “Abba”, “Paizinho”,
palavra carinhosa que São Paulo utiliza tanto na Carta aos Gálatas como aos
Romanos. “Abba” é a palavra que Jesus adotou com toda a espontaneidade para
expressar a sua confiança filial em Deus e a sua entrega total pela sua causa.
No texto é mencionado também o Espírito para
enfatizar que nossa filiação, como a de Cristo, não é de índole jurídica e sim
afeta ao mais profundo de nosso ser: de certo modo nos diviniza.
O Verbo de Deus se fez carne para nos
divinizar no Espírito Santo. Deus, em Jesus Cristo, entrou no tempo humano para
elevá-lo à eternidade. Jesus morreu e ressuscitou para que, seguindo a Ele e
vivendo conforme seus ensinamentos, possamos experimentar a vida eterna.
“Quando se
completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher,
nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que
todos recebêssemos a filiação adotiva”. O tempo da Lei foi um
tempo de espera da chegada do Messias, do Ungido. Consequentemente, na ausência
do Messias, d´Aquele que salvará, o tempo da Lei se tornou incompleto. Com a
chegada de Cristo o tempo se tornou completo ou pleno (plenitude). Com a
chegada de Cristo nosso tempo se tornou cheio de graça de Deus. Com Cristo
vivemos no tempo da própria graça de Deus. A palavra “completo” (se completou”) aqui tem o
sentido de plenificar ou levar à perfeição algo incompleto tanto no campo
material e antropológico como no campo espiritual.
O tempo de que se trata é determinado ou
estabelecido pelo Pai. No cristianismo há uma grande revelação em que entre
Deus e nós não há mais distância, pois Ele é o Pai nosso (Mt 6,9). Chamar Deus
de Pai é entrar na intimidade profunda em que as preocupações devem
desaparecer, pois estamos “em casa” com nosso Deus que é nosso Pai. Assim a
frase “Quando se completou o tempo
previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à
Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos
a filiação adotiva” é uma expressão de amor profundo por nós da parte de
Deus. Nosso Deus Pai jamais nos abandona por triste ou pior que seja nossa
situação. É preciso saber esperar o tempo de Deus, pois somente Ele é capaz de
estabelecer o quando deste tempo para nossa vida em particular, pois Ele nos
conhece completamente. É preciso manter nossa fé neste Deus Pai, pois o tempo
de Deus para nós vai chegar conforme a vontade do Pai. Deus é como o sol que
não se preocupa com aqueles que estão dormindo ou andando na escuridão, pois
ele vai nascer de qualquer forma. Ninguém pode acelerar a chegada do sol. Basta
esperar, e o tempo vai passando e o sol aparecerá.
O texto do Evangelho lido neste dia nos fala que Maria
atravessando Palestina de norte a sul com o Filho de Deus em suas entranhas, e
chegando à casa de Zacarias e provocando ali cenas de entusiasmo é uma imagem
muito sugestiva. Ao dizer sim, Maria aceitou ser fecundada pelo Espírito de
Deus (cf. Lc 1,38). Por isso, Maria é portadora da salvação e é fonte de
alegria por causa do Senhor que habita no seu coração. Maria se deixa
totalmente “invadir” por Deus: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra!”. Maria
se deixa levar pelo Salvador até a casa de sua parenta, Isabel.
O sim de Maria para a entrada de Deus na sua
vida é radical. Quanto maior for a radicalidade de nosso sim a Deus, maior será
nossa fecundidade e numerosos terão filhos espirituais. Eu sou chamado a ser
“Pai” para ter “filhos espirituais” que salvam o mundo.
Além disso, para que sejamos fonte de alegria
para os outros temos que dizer sim ao plano de Deus e deixar que o Espírito de
Deus nos fecunde. Para que nossa presença se torne uma presença alegre temos
que deixar Jesus ocupar nosso coração, como Maria que se deixa para que seu ventre
seja habitado pelo Salvador do mundo, Jesus Cristo.
Na Anunciação o Anjo do Senhor “entrou” na
casa de Maria e a “saudou”. Nessa visita Maria fez a mesma coisa: ela “entrou”
na casa de Zacarias e saudou a Isabel. É a saudação da Mãe do Senhor para a mãe
do Precursor do Senhor. A saudação de Maria comunica o Espírito a Isabel e ao
menino. A presença do Espírito Santo em Isabel se traduz em um grito poderoso e
profético: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que
tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.
Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu” (Lc 1,42-45). Aqui Isabel fala como profetisa: se sente pequena e
indigna diante da visita daquela que leva em seu seio o Senhor do universo.
Sobram as palavras e explicações quando alguém entra na sintonia com o
Espírito. Maria leva no seu seio o Filho de Deus concebido pela obra do Espírito
Santo. E a presença do Espírito Santo em Isabel faz com que Isabel glorifique a
Deus. Por isso, o encontro entre Maria e sua prima Isabel é uma espécie de
“pequeno Pentecostes”. Onde entra o Espírito Santo, ai entra também paz,
alegria e vida divina.
A Mãe de Senhor que leva Jesus em seu seio é
a causa de alegria. Ou podemos dizer de outra maneira: o Senhor no seio de
Maria “empurra” Maria ao encontro dos outros. Quando estivermos cheios de Jesus
Cristo em nosso coração, a nossa presença traz alegria e a paz para a
convivência. A ausência de Cristo em nosso coração produz problemas e
inquietação na convivência.
A mulher de fé, Isabel, felicita Maria porque
crê e Maria responde com uma nova e solene afirmação de fé, proclamada em forma
de hino de alegria: o Magnificat. Podemos nos perguntar se nossa fé fica longe
da fé de Maria tanto em consistência como em conteúdo. Isabel felicita Maria
porque crê que Deus é capaz de atuar e salvar ainda que possa parecer
impossível (cf. Lc 1,37). Temos esta fé que Isabel felicita? Somos capazes de
acreditar em Deus até nas coisas impossíveis?
Pela fé, que se traduz na vivência do amor
fraterno, é que entramos em comunhão com Jesus e com seu Pai que o enviou para
nos salvar (cf. Jo 14,23-24). A fé, como foi dito, é o reconhecimento do
próprio desamparo, de um lado e a aceitação do poder salvador de Deus na nossa
vida, do outro lado.
O canto de Maria, o Magnificat, é algo mais
que uma proclamação social. Ele nos revela que somente Deus é a riqueza
verdadeira. Por isso, quem se encontra cheio de si e de suas coisas, na verdade
está vazio do essencial. Somente abrindo-se à profundidade de Deus e de seu
amor, ao receber a graça do perdão e ao estendê-lo para os outros, o homem
chegará a converter-se verdadeiramente em rico. O exemplo máximo é a figura de
Maria.
“QUE FIZESTE, MARIA
Para valer tanto diante de Deus?
Foi tua beleza, ou tua inteligência ou tua
bondade
Que venceu o Criador e Pai, a ponto de te
tornares participante direta e pessoal
De todos os mistérios divinos?
Quem não conhece a resposta cantada no Magnificat?
O Pai viu que ninguém seria tão simples
Continuaria tão humilde,
Sendo Cheio de Graça e Mãe de Deus”
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