16/12/2019
DEUS
SE SERVE DE QUALQUER PESSOA PARA REVELAR SUA VONTADE PARA A HUMANIDADE
Segunda-feira
da III Semana do Advento
Naqueles dias, 2 Balaão levantou os olhos e viu Israel acampado
por tribos. O espírito de Deus veio sobre ele, 3 e Balaão pronunciou seu poema:
“Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem os olhos abertos; 4
oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, que vê o que o poderoso lhe faz
ver, que cai, e seus olhos se abrem. 5 Como são belas as tuas tendas, ó Jacó, e
as tuas moradas, ó Israel! 6 Elas se estendem como vales, como jardins ao longo
de um rio, como aloés que o Senhor plantou, como cedro junto das águas. 7 A
água transborda de seus cântaros, e sua semente é ricamente regada. Seu rei é
mais poderoso do que Agag, seu reino está em ascensão”. 15 E Balaão continuou
pronunciando o seu poema: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem
que tem os olhos abertos, 16 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, e
conhece os pensamentos do Altíssimo, que vê o que o Poderoso lhe faz ver, que
cai, e seus olhos se abrem. 17ª Eu o vejo, mas não agora; e o contemplo, mas
não de perto. Uma estrela sai de Jacó, e um cetro se levanta de Israel”.
Evangelho: Mt 21,23-27
Naquele
tempo, 23 Jesus voltou ao Templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os
anciãos do povo aproximaram-se dele e perguntaram: “Com que autoridade fazes
estas coisas? Quem te deu tal autoridade?” 24 Jesus respondeu-lhes: “Também eu
vos farei uma pergunta. Se vós me responderdes, também eu vos direi com que
autoridade faço estas coisas. 25 Donde vinha o batismo de João? Do céu ou dos
homens?” Eles refletiam entre si: “Se dissermos do céu, ele nos dirá: ‘Por que
não acreditastes nele?’ 26 Se dissermos: ‘Dos homens’, temos medo do povo, pois
todos têm João Batista na conta de profeta”. 27 Eles então responderam a Jesus:
“Não sabemos”. Ao que Jesus também respondeu: “Eu também não vos direi com que
autoridade faço estas coisas”.
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Deus
Pode Usar Como Instrumento Qualquer Pessoa para Se Revelar e Revelar Sua
Vontade
A liturgia deste dia nos apresenta dois casos
que mostram duas atitudes opostas: a do Balaão, o vidente, e a das autoridades
contemporâneas de Jesus.
A Primeira Leitura nos apresenta um dos quatro
oráculos de Balaão (cf. Nm 23,7-10; 23,18-24; 24,3-9; 24,15-19). O quarto
oráculo em Nm 24,15-19 onde se encontra a Primeira Leitura de hoje é um dos
poemas régios mais antigos de Israel onde se fala do futuro Messias: “Eu o vejo, mas não agora; e o contemplo, mas
não de perto. Uma estrela sai de Jacó, e um cetro se levanta de Israel”. A
imagem do CETRO
é evidentemente real (cf. Gn 49,10). Fala-se também de “UMA ESTRELA”. No Oriente a
aparição de uma nova estrela era considerada pelos magos como o prenúncio de um
nascimento real (cf. Mt 2,2). A profecia de Balaão evoca, sem dúvida, a dinastia
davídica.
Balaão era um vidente (adivinho) das margens
do Eufrates. No texto da Primeira Leitura ele é chamado por
Balac,
rei de Moab para
amaldiçoar seu
inimigo Israel (cf. Nm 22). No entanto,
por fidelidade à Palavra de Deus, ele abençoou Israel. A bênção se expressa em
termos de beleza, de abundância e de força, tomado do meio vegetal, do reino
animal e do mundo da guerra (Nm 24,5-9).
Balac,
rei de Moab, irado porque da boca de Balaão somente saíam bênçãos para Israel e
não maldições como eram seus desejos, bateu palmas em sinal de repulsa e
desprezo e mandou Balaão abandonar o país para voltar para sua terra natal sem
nada receber pagamento em função de seu oráculo (Nm 24,10-11). Mas Balaão
continua manter sua fidelidade à voz divina.
Quantas vezes, para nos afirmar, usamos os
outros para derrubar os nossos rivais profissionais, políticos ou sociais,
religiosos ou pastorais, como aconteceu com Balaão que foi usado pelo rei Balac
para amaldiçoar Israel a fim de que seu reino ficasse forte. Mas Balaão, como
um homem de Deus, não se deixou usar como instrumento da maldade. Balaão é fiel
à Palavra de Deus. Por essa fidelidade aos mandamentos de Deus, Balaão só
pratica o bem e mostra o bem para os outros: “Como são belas as tuas tendas, ó
Jacó, e as tuas moradas, ó Israel! Elas se estendem como vales, como jardins ao
longo de um rio, como aloés que o Senhor plantou, como cedro junto das águas”. São as surpresas de Deus, que não se deixam
manipular nem entram em nossos cálculos. Somos nós que devemos ver e escutar o
que Deus quer. Em resumo, não podemos usar os outros para praticar a maldade
nem nos deixemos usar pelos outros para praticar o mal. O mal e a maldade não
se encontram em Deus e por isso, eles não tem futuro. O bem e a bondade, o amor
e a misericórdia se encontram em Deus e podem se encontrar no homem, e, por
isso, eles têm futuro. Vale a pena investirmos no bem, na bondade, no amor, na
caridade, na solidariedade e assim por diante, pois trata-se de um investimento
que nunca falha, pois Deus é envolvido nisto tudo.
Além disso, o testemunho
da presença de Deus
em nossa
história não nos
vem sempre através
de pessoas importantes
e notáveis . Outras pessoas
muito mais
simples , não
contadas pela sociedade ,
pessoas das quais
menos esperamos, mas
que nos
dão exemplo com
sua vida
de valores do evangelho ,
podem ser os profetas
que Deus
nos envia para
que entendamos as intenções
de salvação de Deus . Essas pessoas não
fazem muito barulho ;
são silenciosas na vida
cotidiana . Podem ser
adultos ou
jovens , homens
ou mulheres ,
leigos ou
religiosos , pessoas
de pouca cultura
ou grandes
doutores , crentes
ou distantes
da Igreja . A voz
de Deus nos
pode vir das direções
mais inesperadas, como
no caso de Balaão. Por
isso precisamos estar
atentos permanentemente .
O Espírito de Deus
sopra para
onde quer e por quem quer. Balaão, o vidente, sem pertencer ao povo de Israel e
sem ser ungido como profeta em Israel é capaz de ser voz da Palavra de Deus
para o próprio povo da Israel: “Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas
não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que fratura
a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira”, disse Balaão.
Quem
Não Tem A Autoridade Usa o Poder Para Ditar (Ser Ditador)
O contrário de Balaão são as autoridades ou
gerentes do povo da época de Jesus. Eles, preocupados pela ortodoxia, pela
verticalismo, pela segurança da autoridade competente, exigem de Jesus uma
prova de sua autoridade: “Com que autoridade tu fazes estas coisas? Quem te
deu tal autoridade?”.
As pessoas simples entendem a mensagem de
João Batista como também a mensagem de Jesus. Enquanto que os dirigentes do
Povo e os entendidos não querem entender. A pior cegueira é a cegueira
voluntária. É fingir não ver. Aquele que finge não é que vê mais do que os
outros. Aqui se cumpre mais uma vez o que Jesus dizia: os que se creem sábios,
não sabem nada. Somente são os simples e humildes que alcançam a verdadeira
sabedoria. Não sejamos ignorantes militantes em que achamos que sabemos, mas na
verdade não sabemos de nada.
Os dirigentes do povo não sabem que a
autoridade nem sempre está ligada ao poder, pois, dentro deste contexto, Deus
não se manifesta verticalmente e sim a partir dos pobres e excluídos pelas
mesmas autoridades (cf. Mt 11,25). O mesmo pensava Balac, rei de Moab que por
ter o poder, ele convocava o vidente Balaão para amaldiçoar o povo de Israel.
Mas o vidente Balaão é uma pessoa de coração puro e por isso, o Deus de Israel
se revelou a ele para abençoar o povo de Israel em vez de amaldiçoá-lo.
Nós sabemos que o Enviado de Deus, Jesus
Cristo, veio há mais de dois mil anos e como Ressuscitado continua a estar
presente na nossa vida (cf. Mt 28,20). O Deus de ontem é o Deus de hoje e o Deus de amanhã (cf.
Hb 13,8). Seu amor por nós não muda. Também
nós somos ontem, hoje e amanhã. Vivemos um pouco melhor hoje em função da aprendizagem
do que aconteceu ontem para ter o futuro melhor. Cada dia, ao longo da
jornada, nos pequenos encontros pessoais e nos acontecimentos de cada dia,
sucede uma continuada vinda de Deus à nossa vida para nos revelar algo e para
fazer algum(s) apelo(s) para cada um de nós. Cada dia devemos nos perguntar:
Qual é o apelo de Deus para mim hoje? O que Deus quer de mim através de tantos
acontecimentos que eu presencie e eu li nos jornais? Estejamos atentos para o
apelo de Deus diariamente. Não há dia sem o apela de Deus para cada um de nós.
Os sinais de Deus são numerosos diariamente. Não necessitamos pedir a Deus
algum sinal. Basta ler e interpretar os sinais acontecidos na nossa vida
cotidiana.
Jesus, no Evangelho
de hoje , nos
mostra que
não é a sabedoria
dos homens que
vence, e sim o auxílio do Espírito santo
(cf. Mt 10,19-20). Algumas vezes temos medo de enfrentar críticas de nossos
colegas de trabalho
ou saímos em
defesa quando
a Igreja for atacada ,
os sacramentos , a vida
espiritual e assim
por diante .
Recordemos que Jesus prometeu a assistência nos
momentos difíceis nos
quais se põe em
jogo nossa
vida cristã ou
a verdade . Aprendamos a confiar
na ação de Deus
em todo
momento sendo autênticos
em nosso
testemunho cristão .
Deus estará sempre
conosco (cf. Mt 28,20).
P. Vitus Gustama,svd
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