27/12/2019
SÃO JOÃO, APÓSTOLO E EVANGELISTA
(+ final
s. I)
27 de Dezembro
1 Caríssimos, o que era desde o princípio , o que
nós ouvimos, o que
vimos com os nossos
olhos , o que
contemplamos e as nossas mãos tocaram da
Palavra da Vida
– 2 de fato ,
a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas ,
e a vós anunciamos a Vida eterna , que estava junto
do Pai e que
se tornou visível para
nós –; 3 isso que vimos
e ouvimos, nós vos
anunciamos, para que
estejais em comunhão
conosco . E a nossa
comunhão é com
o Pai e com
seu Filho ,
Jesus Cristo . 4 Nós vos escrevemos estas coisas
para que a nossa alegria
fique completa .
No
primeiro dia
da semana , 2 Maria
Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro
e o outro discípulo ,
aquele que
Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo , e não sabemos onde
o colocaram”. 3 Saíram, então , Pedro e o outro
discípulo e foram ao túmulo . 4 Os dois corriam juntos , mas o outro discípulo correu mais
depressa que
Pedro e chegou primeiro ao túmulo .
5 Olhando para
dentro , viu as faixas
de linho no chão ,
mas não
entrou. 6 Chegou também
Simão Pedro, que vinha
correndo atrás , e entrou no túmulo . Viu as faixas
de linho deitadas no chão 7 e o pano que tinha estado sobre a cabeça
de Jesus, não posto
com as faixas ,
mas enrolado num lugar
à parte . 8 Então entrou também
o outro discípulo ,
que tinha
chegado primeiro
ao túmulo . Ele
viu e acreditou.
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1. Jesus Para o Evangelista
João
Neste dia (27 de Dezembro) celebramos a festa
do evangelista São João. João, seu irmão Tiago e seu
amigo Pedro formavam o grupo predileto
de Jesus. Os três foram testemunhas diretas da ressurreição
da filha de Jairo (Mc 5,37), da transfiguração de Jesus no Tabor (Mc 9,2), de sua agonia em Getsêmani (Mc 14,33). Jesus teve tal predileção por João que este se assinalava a si
mesmo como
“o discípulo a quem
Jesus amava” (Jo 13,23). Na noite da última ceia
reclinou sua cabeça
sobre o peito
do Mestre (Jo 13,23). João é o único que é fiel a Jesus até
o último momento da Cruz .
Enquanto os demais
abandonaram o Senhor no momento
da Paixão e morte .
Judas vendeu o Senhor ,
Pedro o negou, João O acompanhava nos últimos momentos
de sua vida
terrestre , e como
prêmio recebeu Maria como
sua Mãe
e em seu
nome a Mãe
de toda a humanidade :
“Eis a tua Mãe !”
(Jo 19,25-27). Paulo, na Carta aos
Gálatas, fala de Pedro, Tiago e João “como as colunas ”
da Igreja (Gl 2,9).
A amizade
de João com Pedro foi de sempre . Conterrâneo
seu e companheiro
de pesca , os dois
foram encarregados por
Jesus para preparar a última
Ceia pascal
(Lc 22,8). E na manhã da ressurreição ambos
comprovavam juntos que
o sepulcro estava vazio ,
como relatou o evangelho
na festa de São
João, evangelista (Jo 20,2-8). Juntos aparecem também
na cura do paralitico por Pedro na frente
de um templo
e nos momentos
de prisão (At 3,1-11).
2. Quem é o Evangelista João?
No seu evangelho o evangelista João nos
apresenta que Jesus é a Palavra de Deus que se fez carne (cf. Jo 1,14); é o
Salvador do mundo por amor (Jo 3,16); é a Vida e a Ressurreição (Jo 11,25); é o
Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6); é o Bom Pastor (Jo 10); é o Pão da vida
que sacia plenamente a humanidade (Jo 6); é a Luz do mundo (Jo 8,12); é a Porta
pela qual o homem se salva (Jo 10,6); é a verdadeira Videira com a qual o homem
deve permanecer para produzir bons frutos (Jo 15,5) e assim por diante. Para o
evangelista Deus não permanece calado, mas se comunica conosco. Deus não se
revelou através de conceitos e doutrinas sublimes e sim se encarnou na vida
entranhável de Jesus a fim de que todos nós, inclusive os mais simples,
possamos entendê-Lo e nos comover diante do amor e da bondade de Deus (cf. Jo
3,16). Nos gestos e palavras de Jesus nos encontramos com o próprio Deus (cf.
Jo 14,7-11). Jesus é o grande revelador e, é o único que pode revelar o Pai.
Por isso, o evangelista nos diz que em Jesus “vimos Sua glória, glória de Filho
único do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).
3. O Evangelista João e a Veneração à Maria
A veneração por Maria já aparece no contexto
do Novo Testamento (NT). Não há dúvida de que Maria ocupe um lugar importante
na história da salvação. Obviamente o lugar central cabe ao Cristo.
No Evangelho de Mateus (cf. Mt
2,11.13.14.20.21) o evangelista se refere cinco vezes ao “menino e sua mãe”.
O evangelista Lucas, de modo especial,
testemunha esta veneração:
·
Lc
1,29: “Cheia de graça”, “encontraste graça diante de ti”.
·
Lc
1,42: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”.
·
Lc
1,43: “Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite”.
·
Lc
1,46-55: “Sim, doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”.
·
No
Magnificat Maria se coloca ao lado dos humildes, dos famintos, dos que temem a
Deus (Lc 1,46-55).
·
At
1,14: “Antes de Pentecostes, todos unânimes, eram assíduos à oração, com
algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus”.
Estes textos mostram que pelo ano 85 ou 90
depois de Cristo, já existia na Igreja uma veneração de Maria, seja que
aceitemos as palavras acima como históricas, seja que as aceitemos como fruto
das comunidades mateana, lucana ou joanina.
4. Primeira Leitura e Sua Mensagem: Estar Salvo É Estar Em
Comunhão Com Deus
O primeiro tema que o texto da Primeira Leitura nos
apresenta é o da comunhão com Deus: “... nós
vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho,
Jesus Cristo” (1Jo 1,3). Aos olhos do autor da Primeira Carta de
João, a finalidade e a razão de ser de seu ministério evangélico é esta comunhão
com Deus. E este tema aparece sob diversas formas nessa Carta: “Nascer com Deus”
(1Jo 2,29; 4,7), “permanecer na luz”, e essa luz é Deus (1Jo 2,8-11); “permanecer
em Deus” (1Jo 3,5-6; 4,16); “comunhão com Deus” (1Jo 1,5-7); “conhecer a Deus”
(1Jo 4,7-8).
Todas as exposições de João tendem para a
mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades (justiça, amor,
luz, etc.), e o cristão que atua em conformidade com essas
qualidades (pratica justiça, ama, caminha na luz), penetra numa determinada
relação existencial com Deus à que João designa aqui com o nome de comunhão. Mais
adiante, a Carta nos apresenta em que consiste essa comunhão: uma presença de
Deus no homem e uma presença do homem em Deus, por comunicação de vida realizada
plenamente em Jesus Cristo (1Jo 5,11-12; 2,5-6; 3,6.24; 4,13-16; 5,19). E essa
comunhão é também uma aliança pela qual Deus concede ao homem um coração novo
para conhece-Lo (Cf. Jr 31,31-34; Ez 36,25-28: Cf. 1Jo 5,19; 2,27).
Praticar justiça, amar (com o amor ágape),
andar na luz são sinais da comunhão com Deus.
O segundo tema importante da Carta de João e deu prólogo é
o do conhecimento
de Deus (1Jo 1,1). Este tema coincide mais ou menos com o da comunhão.
Para um semita como São João, o conhecimento não tem nada de intelectual. É essencialmente
concreto. Somente
conhecemos o outro, entregando-nos a ele e aceitando que ele se entregue a nós.
Trata-se de uma relação existencial. Não se conhece quando se cala ou quando se
afasta. Não chegamos a Deus como se fosse uma realidade abstrata, deduzida a
partir de provas silogísticas e sim como um ser que vive e que, agora, vive em
Cristo e permanece em nós com certas condições.
Portanto, para são João, a proclamação
missionária se situa nesse contexto de comunhão e de conhecimento. Os termos
com que se descreve essa missão são significativos: João fala de “testemunho”,
de “anúncio”, de “alegria” (1Jo 1,2.3.5). Para são João, a missão não é um
ensinamento e sim transmissão de experiências e de comunhão de vida.
Será que conhecemos a Deus e estamos em
comunhão com Ele?
5. Texto do Evangelho e Sua Mensagem
O evangelho ,
lido na festa de São
João Evangelista , nos
apresenta o que é fundamental
dos Apóstolos : eles
são seguidores
de Jesus, testemunhas da ressurreição , crentes
em Jesus Ressuscitado e em todo seu
caminho.
Na época de Natal, enquanto contemplamos o
Menino Jesus recém-nascido, somos convidados a viver esta mesma fé, a fé plena
que São João viveu e transmitiu para todos os seus leitores, inclusive, para
nós todos. João é testemunha daquilo que Jesus viveu e fez (1Jo 1,1-4). E, ao
mesmo tempo, nos convida a reconhecermos em Jesus a Palavra do Pai: “No princípio era Verbo e o Verbo era Deus. (...)
E o Verbo se fez carne e habitou entre
nós” (Jo 1,1. 14). Ele escreveu seu Evangelho “para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo
20,31). Em seus escritos João fala do amor-comunhão de Deus conosco e do amor
que temos de ter aos irmãos.
Todas as exposições de João, na primeira
leitura (1Jo 1,1-4), tendem para a mesma conclusão: Deus se revela através de certas qualidades: justiça, amor, verdade,
vida, luz etc., e o cristão que atua em conformidade com essas qualidades:
vive conforme a justiça, ama, caminha na direção da Luz, está do lado da
verdade etc., penetra em uma determinada relação existencial com Deus a qual
João designa aqui com o nome de comunhão. E essa comunhão consiste numa
presença de Deus no homem e numa presença do homem em Deus, pela comunicação de
vida realizada plenamente em Jesus Cristo (Jo 10,10). Essa comunhão é também
uma aliança através da qual Deus concede ao homem um coração novo para poder
conhecê-Lo (Jr 31,31-34; Ez 36,25-28; cf. 1Jo 5,19; 2,27). Mas quando se fala
do conhecimento não se trata de um conhecimento intelectual e abstrato, mas
trata-se de uma comunhão existencial.
Pedimos ao São João que tenhamos um pouco de
seu espírito de reflexão sobre os fatos e os acontecimentos de nossa vida para
entender seu sentido profundo; que tenhamos um pouco do seu amor pelo Senhor e
pelos irmãos para que possamos alcançar a comunhão com Deus de Amor; que
tenhamos um pouco de sua fé para que possamos captar os sinais de Deus na nossa
vida e para que sejamos perseverantes até o fim vivendo os ensinamentos de
Cristo no nosso cotidiano a fim de que um dia nosso nome seja escrito também no
Livro da Vida (Ap 3,5; 20,11-15). Que assim seja!!!
P. Vitus Gustama,svd
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