quarta-feira, 15 de abril de 2020

17/04/2020
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CONTAR SEMPRE COM JESUS NOS NOSSOS TRABALHOS PARA TORNÁ-LOS FRUTÍFEROS  
Sexta-Feira Na Oitava Da Páscoa


Primeira Leitura: At 4,1-12
Naqueles dias, depois que o paralítico fora curado, 3Pedro e João ainda estavam falando ao povo, quando chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. 2Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam a ressurreição dos mortos na pessoa de Jesus. 3Eles prenderam Pedro e João e os colocaram na prisão até o dia seguinte, porque já estava anoitecendo. 4Todavia, muitos daqueles que tinham ouvido a pregação acreditaram. E o número dos homens chegou a uns cinco mil. 5No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém os chefes, os anciãos e os mestres da Lei. 6Estavam presentes o sumo Sacerdote Anás, e também Caifás, João, Alexandre, e todos os que pertenciam às famílias dos sumos sacerdotes. 7Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogavam: “Com que poder ou em nome de quem vós fizestes isso?” 8Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Chefes do povo e anciãos: 9 hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10 Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos, que este homem está curado, diante de vós. 11 Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. 12 Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.


Evangelho: Jo 21,1-14
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.  6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu uma roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. 8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. 11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.
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Para Ser Testemunha De Jesus Ressuscitado É Preciso Deixar-se Guiar pelo Espirito Santo


Com a cura do coxo de nascença e o testemunho de Pedro pela cura em nome de Jesus Cristo Ressuscitado começa então o conflito com o judaísmo oficial que tem como consequência a perseguição da primeira comunidade cristã de Jerusalém. O modelo desta perseguição é o próprio Jesus Cristo. Quem lê os discursos de despedida de Jesus no Evangelho de são João entende muito bem a predição de Jesus sobre o ódio do mundo contra os cristãos (Cf. Jo 15,18ss; 16,2).


Depois da cura milagrosa do paralítico que pedia esmola na porta do Templo de Jerusalém, Pedro tomou a palavra e anunciou o evangelho da ressureição de Jesus para uma multidão assombrada pelo que havia visto (a cura do paralítico). O milagre da cura do paralítico, por um lado, tem bons efeitos porque se convertem muitos (cinco mil) e por outro lado, há efeitos negativos porque Pedro e João são detidos na prisão por dirigir ao povo o discurso que lemos no dia anterior.


Segundo o relato, quando Pedro estava fazendo seu discurso, “chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam a ressurreição dos mortos na pessoa de Jesus”.


São mencionados três grupos: os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. O “chefe da guarda do Templo” era uma das maiores autoridades depois do sumo sacerdote. Ele era encarregado da organização do culto e de manter a ordem dentro do âmbito sagrado para o qual contava com um corpo policial integrado por levitas. Fala também do grupo dos saduceus que constituíam o partido aristocrata sacerdotal que negavam a ressurreição dos mortos. Por isso, o chefe da guarda deteve os apóstolos Pedro e João como causadores do tumulto. Pedro e João ficam na prisão “até o dia seguinte”. Não será única vez.


“No dia seguinte”, os apóstolos se encontram diante do Sinédrio (Sanhedrin) e Pedro fala pela primeira vez aos dirigentes de Israel. “Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes…”. O autor principal dos “Atos dos Apóstolos” é o Espirito Santo. Os apóstolos são homens que se deixam encher e guiar pelo Espirito Santo. Por causa do Espirito Santo eles se tornam homens extraordinários do Senhor Ressuscitado.


Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos, que este homem está curado, diante de vós.”. O Credo é ainda muito simples nessa época e o repete obstinadamente: Creio em Jesus Cristo, crucificado, ressuscitado e ativo hoje no mundo, certamente este é o núcleo de nossa fé. Pedro não responde à interrogação e sim anuncia o nome de Jesus de Nazaré “aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos”. Pedro dá testemunho pela primeira vez diante dos tribunais. Não esqueçamos que “mártir” significa o mesmo que testemunha. Aqui Pedro passa de acusado para ser acusador.


Neste discurso Pedro considera Jesus (“Jesus” significa “Deus salva”) como “Pedra angular”. O termo “pedra” pertence a um campo de linguagem de grande tradição bíblica que sempre tem a ver com: edificar, casa, templo e assim por diante. Os chefes do povo receberam de Deus um encargo concreto: edificar uma casa com pedras vivas. Mas os chefes não souberam o que fazer com uma dessas pedras que é Jesus de Nazaré que Deus destinou como pedra angular do edifício. Aqui Pedra equipara Jesus-Pedra e Jesus-Salvação única. As duas expressões são sinônimas. É preciso contar com Jesus em todos os momentos de nossa vida e de nosso trabalho, pois Ele é Deus que salva. Jesus é “pedra angular” de nossa vida, de nossa família, de nossa Igreja sem a qual tudo será desmoronado.


É interessante anotar que Pedro, porta-voz dos demais apóstolos, aproveita a ocasião para dar testemunho de Jesus Ressuscitado diante das autoridades, sem nenhum medo. Se antes os apóstolos eram vacilantes, agora, diante das autoridades, aparecem admiravelmente decididos e mudados. O amor que Pedro mostrava para Cristo em vida, mas com debilidade, agora se converteu em uma convicção madura e em um entusiasmo valente que o leva a suportar todas s contradições e, por fim, morrerá em Roma, para dar testemunho daquele a quem negou diante da criada. A força do Senhor Ressuscitado invade completamente a vida de Pedro a ponto de perder seu medo para dar seu testemunho sobre Jesus Ressuscitado. Jesus havia dito aos apóstolos que os levariam aos tribunais, mas seu Espirito lhes ajudará (CF. Lc 12,11-12). Aqui Lucas, o autor dos Atos, se encarrega a nos dizer que Pedro respondeu “cheio de Espírito Santo”.


Pedro sempre prega o mesmo: Cristo Ressuscitado. É de sua convicção e está vivendo e comunica este Jesus Ressuscitado aos demais.


Nós também cremos e celebramos sempre o mesmo: Cristo Ressuscitado. Cada ano celebramos a Páscoa, e cada semana celebramos a Eucaristia que á a Páscoa semanal. Não é rotina. É convicção, e é como o motor de toda nossa existência.


Para Ter Um Trabalho Missionária Frutífera É Necessário Contar Com Jesus e Vestir-se Do Espírito de Serviço


Depois que Jesus morreu, os discípulos voltaram à sua vida anterior como simples pescadores. Pedro foi pescar acompanhado por outros discípulos. Mas foi um fracasso total naquela noite. Nada apanharam. Peixe não pescado para um pescador significa uma ameaça para a sobrevivência, porque a vida deles depende dos peixes.


Creio que qualquer um passou por esse tipo de experiência triste, uma experiência de decepção no trabalho (frustração), no casamento, na educação dos filhos ou na vida em geral. Felizmente o Senhor conhece nossas decepções, por mais que tentemos escondê-las, e Ele quer se aproximar de nós, embora não reconheçamos sua presença porque não contamos ainda com ele nos nossos planos, conversas e atividades.


A pesca aqui é figura da missão. A noite, no contexto de atividade, significa a ausência de Jesus que é a Luz do mundo (Jo 8,12). A missão, a iniciativa de Pedro, não produz fruto, pois não conta com Jesus ou não trabalhou no espírito de Jesus.


Já tinha amanhecido e Jesus estava de pé na margem”, comenta o evangelista João. A luz da manhã coincide com a presença de Jesus, na praia, limite entre a terra e o mar, que representa “o mundo” onde se exerce a missão. Jesus fica na terra firme; sua ação se exerce por meio dos discípulos. Concentrados em seu próprio esforço inútil, não reconheceram Jesus.


A nova forma da presença de Jesus não vai por caminhos de brilho e de poder, nem sequer pelos caminhos de situações extraordinárias. No trabalho duro e infrutuoso de cada dia; na tarefa obscura e monótona (pescar de noite) também é possível encontrar o Senhor. Jesus se interessa pelos problemas de cada dia. A iniciativa de aproximar-se dos apóstolos parte de Jesus mostrando seu interesse pela vida cotidiana com seus problemas (pesca infrutuosa).

Os apóstolos viram Jesus que “estava de na margem” do lago. Ver o Corpo de Cristo ressuscitado não é para os apóstolos uma simples visão passiva de um objeto e sim é uma misteriosa chamada para uma missão: fazer Jesus efetivamente presente em todos os momentos e em todos os homens do mundo atual e futuro. Jesus está na margem do lago e nos chama. Jesus não deveria ter necessidade de nos chamar. Deveríamos nos dirigir até Jesus. Mas Jesus tem piedade de nossa debilidade e nos chama para ouvir suas orientações e para contarmos sempre com Ele em todas as nossas atividades para que elas produzam bons frutos.


Jesus se aproxima dos discípulos com um termo de afeto: “Moços, tendes alguma coisa para comer?”. Conscientes de seu fracasso, eles contestam secamente: “Não!”. Mas depois que ouviu a Palavra do Senhor: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”, e seguiu a indicação de Jesus, a pesca se tornou imediata e abundante.


O Senhor se aproxima de nós quando planejamos nossa ação pastoral para nos convidar a escutarmos sua Palavra e a trabalharmos, não à margem dele e sim conforme Sua vontade. Somente assim poderá acontecer uma “pesca” abundante e totalmente firmes em nossa fé em Jesus Cristo, pois não trabalharemos para nosso brilho e sim para o brilho do Reino de Deus aqui na terra.


Diante do surpreendente resultado da pesca, o discípulo predileto logo reconhece Jesus: “É o Senhor!”. Pedro (cf. Jo 13,23; 18,15; 20,2), que não está ainda disposto a dar a vida com Jesus, não O reconhece. Para indicar a mudança de atitude de Pedro é utilizada aqui uma linguagem simbólica: a oposição entre desnudez-vestido e a ação de atirar-se para a água: “Pedro vestiu a roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar”. Para o primeiro simbolismo, a chave está na frase de Jesus no lava-pés: “Jesus levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido” (Jo 13,4-5). Essa toalha para Jesus significava seu serviço até a morte por amor (cf. Jo 13,1). Pedro estava nu. Isto significa que não tinha adotado a atitude de Jesus, não servia por amor e por isso, a missão não produz fruto. Com a frase “atirou-se ao mar”, Pedro agora mostra sua disposição a dar a vida como Jesus. Agora é que Pedro começou a entender o significado do lava-pés que ele não o entendia (cf. Jo 13,6-10). Jesus tinha dito a Pedro no lava-pés: “Agora não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás” (Jo 13,7). É agora que Pedro entendeu o significado do gesto de Jesus. Pedro é o único que se atirou ao mar, por ser o único que negou Jesus. Nessa narração Jesus, não responde ao gesto de Pedro, mas se dirige ao grupo.


Aqui aprendemos que Jesus chamou os apóstolos e conhece seus defeitos. Mas Jesus confiou neles e os formou com paciência e contou com o tempo para fazê-los idôneos para a missão que eles deviam desempenhar. Através do batismo também recebemos do Senhor a tarefa de levar adiante a missão de apresentar os outros para o Senhor apesar de sermos pessoas cheias de fraquezas e defeitos. Servir com amor e por amor cura nossas fraquezas e torna-nos mais amorosos para os outros. E o amor torna os outros bons. O Senhor continua contando com nossa colaboração. Cabe a nós ser bons canais pelos quais chega a graça de Deus para os outros e ser facilitadores da ação do Espírito Santo no nosso próximo. 


O grupo dos discípulos viu o fogo e a comida que Jesus preparou. Isto significa que Jesus é o pão da vida (Jo 6,51) para nossa vida. Sem ele nada poderemos fazer (Jo 15,5).


Na praia Jesus pede o fruto do trabalho: “Moços, tendes alguma coisa para comer?”. Há dois alimentos: aquilo que Jesus lhes oferece que é sua própria pessoa, sua vida: “Tomai todos e comei! Isto é o Meu Corpo!”, e aquilo que os discípulos oferecem a Jesus: o amor exercido na missão os leva ao dom de si que alimenta a comunidade. Cada um oferece sua qualidade em função da consolidação da comunidade e em função do bem de todos. Em cada Eucaristia devem estar presentes o dom de Jesus aos seus e o dom de uns aos outros. E “Todos nós recebemos da Sua plenitude graça sobre graça”, diz o prólogo de João (Jo 1,16).


Será que estamos com a veste de Jesus na nossa vida diária como cristãos? Ou precisamos “nos atirar ao mar da vida de Jesus, como Pedro, para que nossa vida se torne um bem para os outros? Será que contamos com Jesus nas nossas atividades pastorais e missionárias? Quem não contar com Deus é porque não sabe contar. Contar com Jesus nas nossas atividades e servir com amor e por amor torna nosso trabalho frutífero.
P. Vitus Gustama,svd

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