Domingo de Ramos, 05/04/2020
DOMINGO DE RAMOS
O Domingo de Ramos é o último domingo da
Quaresma, que serve de pórtico para a Semana Santa. Do ponto de vista cristão,
a Semana Santa, denominada antigamente “Semana Maior” ou “Grande Semana”, é a
semana que comemora o mistério pascal de Jesus Cristo (Paixão, Morte e
Ressurreição). É o tempo de mais intensidade litúrgica de todo o ano. A Semana
Santa é a Semana das semanas do ano.
No Domingo de Ramos, a liturgia e a piedade
popular se unem na síntese deste dia, verdadeira celebração dominical da Paixão,
e, ao mesmo tempo, a comemoração da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O título
de domingo “de Ramos e de Paixão do Senhor” revela bem o caráter paradoxal e de
contraste que associa o triunfo da entrada com o drama da paixão (sofrimento).
A diferença de outros domingos, o Domingo de
Ramos tem um desenvolvimento original e pedagógica para introduzir na dinâmica do
mistério pascal: benção dos ramos, proclamação da entrada solene em Jerusalém,
procissão à igreja, leitura da paixão, para terminar na Eucaristia do Ressuscitado.
Como indicam as orações de benção, os RAMOS são
destinados, antes de tudo, a festejar a Cristo Rei e a aclamar o triunfo de
Cristo. Por isso, teria que ressaltar com algum gesto festivo, por exemplo,
levantando os ramos uniformemente em alguns momentos do canto, seu significado
de aclamação. O altar ou a cruz poderiam
estar ornamentados com alguns ramos.
I. A ENTRADA EM JERUSALÉM
DE UM REI HUMILDE QUE SALVA
Os evangelistas (Mt 21,1-11; Mc 11,1-11; Lc 19,28-38;
Jo 12,12-16)
entendem a entrada histórica de Jesus em Jerusalém como uma apresentação
pública, que Jesus faz de si mesmo como Messias, disposto a assumir sua missão
até o final aceitando a entrega e a própria morte de cruz. É uma entrada de
rosto triunfal e coração amargo, onde uns (os simples) o aclamam e acolhem,
enquanto outros (chefes do Sinédrio) o recusam e condenam.
A entrada de Jesus na cidade santa de
Jerusalém (cidade da paz) é um gesto simbólico que quer pôr em destaque o
caráter messiânico da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Jesus é Rei-Messias
anunciado pelos profetas e por isso, entra solenemente na cidade santa e é
aclamado pelo povo como Enviado de Deus.
Mas as características externas desta entrada
“triunfal” não tem nada de triunfalistas. Jesus não se apresenta como um
vencedor militar diante de um exército (militar) e sim como um rei da “gente
boa” do povo. Gente boa e gente simples tem poder de atrair qualquer pessoa,
pois no seu coração não há maldade.
Ao comemorar ritualmente este episódio da
vida de Cristo nós desejamos proclamar que Jesus é nosso Rei. Mas Sua realeza
não consiste na possessão do domínio universal e sim que foi conquistada ao
preço do sacrifício de sua própria vida. Ele chegou à realeza passando pela
humilhação. Ele chegou ao domínio total graças à obediência perfeita à vontade
do Pai. Nosso Rei é um Rei sofredor que conserva as cicatrizes gloriosas das
chagas. Penetrar no sentido deste paradoxo que é o sentido do mistério da
Páscoa é uma graça própria do domingo de Ramos.
Ele vem como Rei e Messias original, não em
poder e glória como vingador de inimigos e salvador de amigos e sim em
humildade e simplicidade, como Salvador dos pobres e empobrecidos, dos
marginalizados e excluídos, dos abandonados e dos oprimidos, dos discriminados
e dos desprezados, e assim por diante. Este Messias não responde às
expectativas políticas da tradição. Jesus sabe que somente aceitando a missão
sem engano nem mentira é que salvará os que o esperam cujo número é
majoritário, sem se esquecer dos minoritários que precisam ser salvos e das
ovelhas de outro rebanho (Cf. Jo 10,16). O triunfo de Jesus está selado com a
dor. Somente pela cruz se chegará à glória. A subida de Jesus a Jerusalém é um
peregrinar para a Páscoa, para cumprir até o fundo a missão.
Na sua entrada em Jerusalém, Jesus tem
necessidade de um JUMENTINHO. Os guerreiros montam o cavalo. No
antigo Oriente, a mula, e não jumento, era usado para os reis montarem e
pessoas nobres (Cf. 1Rs 1,33.38.44). O jumentinho ou asno era usado pelos
pobres para ser montado, e também pelos pessoas de paz.
Os evangelistas querem ressaltar o
significado pacifico, prioritariamente espiritual e interior da ação de Jesus
Cristo. Jesus não é o rei guerreiro que vem conquistar pela força nem um
libertador político rodeado de carros de guerra, e sim o Messias da paz que
traz a salvação, a vida em plenitude para os homens; uma vida que surge de seu
próprio interior como uma fonte (cf. Jo 4,14). Tal é o rei de Israel querido
por Deus.
A observação de Marcos e Lucas sobre o asno
ou jumentinho “que nunca montou pessoa alguma” (Mc 11,2; Lc 19,30) tem sua
importância. Mc e Lc querem sublinhar a dignidade de Jesus. Segundo os textos
do AT, tudo quanto se utiliza no serviço de Deus não deve ser usado antes (Nm
19,2; Dt 21,3). Com este detalhe os evangelistas nos mostram todo o respeito que
sentem pelo Mestre, e mostram também que Jesus é o Senhor ou Deus-conosco,
segundo evangelista Mateus (Mt 1,23; 18,20; 28,20).
Chama nossa atenção também que Jesus se
designa a si mesmo com “o Senhor”: “Se alguém vos disser qualquer coisas (sobre
o jumento), respondei-lhe que o Senhor necessita dele....” (Mt 21,3). Poucos
dias depois Jesus será humilhado e crucificado, estará maltratado com crueldade
humana. Mas agora nos é advertido, antecipadamente, que esse homem maltratado e
assassinado é realmente “o Senhor”.
II. DOMINGO DE RAMOS E SUA
DUPLA FACE
O Domingo de Ramos é o começo da Semana Santa
na qual se situa o Tríduo Pascal. É como um prelúdio ou um pórtico pascal que
anuncia a grande celebração do Tríduo.
No Domingo de Ramos são unidos os elementos
triunfais (procissão, entrada) e elementos dolorosos (paixão). A proclamação da
Paixão de Jesus indica claramente a intenção de unir desde o princípio as duas
faces do mistério pascal: fracasso e triunfo, morte e ressurreição, dor e
alegria.
Na liturgia do Domingo de Ramos a ordem é o
seguinte: primeiro, o triunfo (procissão, entrada solene) e logo, o fracasso
(paixão). É uma forma de Igreja atualizar o mistério sem divisão,
convidando-nos desde o princípio a seguir Jesus Cristo até a cruz para podermos
participar também de Sua ressurreição. A vida não fracassa quando é dada pelo
bem dos demais. Somente subindo à cidade (santa) e sentindo o grito simples das
crianças e dos pobres e olhando com os olhos da fé e o coração para Aquele que
vem num jumento é que poderemos compreender a grandeza da missão.
No cortejo triunfal Jesus caminha obediente
até a morte e morte de cruz. Ele assume sua missão totalmente e
definitivamente. Ele não se rebaixa nem foge de sua missão apesar de tudo. Esta
é a entrada de Jesus em Jerusalém que se realizou dentro de sua alma no umbral
da Semana Santa. Ele escuta o grito “Hosana” da multidão, mas seu pensamento
está fixado nas palavras de Joao Batista: Eis aqui Aquele que tira o pecado do
mundo.
Para qualquer seguidor de Jesus Cristo, a
partir do mistério do Domingo de Ramos, existe uma chamada e exigência a fazer
da vida e da missão como uma entrega por amor aos demais. É amar para salvar. A
“entrada interior” na missão se produz quando se assume radicalmente esta
missão em seu pleno sentido cristão e em suas verdadeiras repercussões humanas
e sociais, e se produz quando não nos deixamos abrigar nem fascinar pelo
triunfo externo e sim pela verdade interna; quando não nos deixamos vencer pela
dor e sim pelo amor; quando não buscamos a maneira de utilizar os demais em
nome de nossos interesses egoístas e sim de servir a todos.
2.1. RAMOS NA PROCISSÃO: FACE
TRIUNFAL
Nosso caminho de conversão se une hoje ao
caminho de Jesus através da procissão para aprender dele que o mais importante
da vida é pô-la ao serviço de uma causa digna. Se nos esforçamos por mudar de
atitude e afinar nossos sentimentos durante as semanas da Quaresma é
simplesmente para nos identificar melhor com este Jesus que hoje entra
triunfante em Jerusalém, e compreender que a alegria e a felicidade fazem parte
de nosso ser cristão. Mas também para saber compartilhar na intimidade e na
ternura familiar da Quinta-Feira Santa as emoções e a sensibilidade do irmão.
Para assumir com fortaleza e decisão as dificuldades que comportam nossa vocação
cristã de tantas Sextas-Feiras Santas de nossa vida. Para viver com esperança
os momentos de vazio e de aflição de tantos Sábados (santos) de solidão de um
túmulo onde Jesus foi sepultado. Para celebrar e viver mais autenticamente
unidos a Cristo Ressuscitado a nova vida que Ele nos oferece no Domingo da
Páscoa.
Nosso caminhar ao lado de Jesus ao longo
desta semana santa é a melhor escola que podemos frequentar para nossa vida de
cada dia. Triunfar (Domingo de Ramos), Amar (Quinta-Feira Santa), Morrer (Sexta-feira
Santa) e Ressuscitar para uma vida nova e renovada (Domingo da Páscoa) fazem
parte inseparável da vida cristã e são interconectados. Com a segurança de que
nosso caminho já não o fazemos sozinhos e sim com Jesus da Semana Santa e com
tantos irmãos e irmãs na fé que têm nossos mesmos gozos e esperanças, nossos
mesmos anseios e inquietudes. Hoje nos é ensinado a caminharmos juntos sempre
ao lado de Jesus para, no fim, triunfarmos com Ele. Jesus, os irmãos e eu
devemos caminhar juntos.
As palmas ou os ramos do Domingo de Ramos são
símbolos do martírio e da vitória.
A PALMA ou OS RAMOS são símbolo de
martírio.
Ao leva-los queremos manifestar a Cristo que estamos dispostos a dar-lhe
testemunho como os mártires, tanto com nossa vida como com nossas boas obras de
cada dia e com nossa luta incessante contra a injustiça, a corrupção, a
desigualdade e exclusão social e assim por diante.
Somente o evangelista Joao menciona os ramos
de palmeira/palmas (Jo 12,13). Mc e Mt falam de ramos de árvores. O uso dos ramos
palmas se associava à comemoração anual do triunfo de Macabeus que significava
a libertação de Jerusalém (1Mac 13,50-52; 2Mac 10,1-8). Ao mencionar os ramos,
João quer expressar que a multidão viu em Jesus Aquele que, unindo em si o
poder espiritual e o poder temporal, levará a feliz término a libertação
desejada ao estilo ocorrido em tempos de Macabeus.
Por isso, os ramos também são símbolos da
vitória. O ramo de palma é símbolo da vitória e se levava nos cortejos
triunfais (1Mac 13,51; Ap 7,9). Com os ramos nas mãos queremos manifestar que
vencemos o diabo, isto é, aquele que é causador da desunião e da divisão dentro
da pessoa e entre as pessoas. Unir e reunir é salvar. Dividir e desunir
significa ficar fora da salvação. Quando tudo for dividido e desunido, o
inimigo tem facilidade de dominar e de explorar e até de matar a comunhão, a
família, a amizade, a fraternidade e assim por diante. Para ser lógicos e
coerentes com nossa fé é necessário que a realidade se ajuste ao simbolismo. É
necessário que o que expressamos externamente seja uma manifestação do que
possuímos dentro de nós.
Participar na liturgia do Domingo de Ramos
(Domingo da Paixão) faz possível que façamos parte da multidão que acompanhou o
Senhor naquele dia. Vivamos a procissão de ramos como expressão de nosso desejo
e compromisso de viver em comunhão com o Senhor durante esses dias nos quais
somos convidados a participar nos Sacramentos pascais.
2.2. FACE DOLOROSA: PAIXÃO DE
JESUS CRISTO
O relato da Paixão de Jesus é muito rico em detalhes.
Por ser tão rico, escolhemos apenas alguns detalhes para a nossa reflexão ou
meditação. É impossível pregar todos os detalhes dentro de um tempo limitado.
Mas o caminho se abre para quem quiser aprofundar outros temas, pois o
evangelho é rico e o Espírito Santo sempre renova a nossa maneira de ler e
interpretar a Palavra de Deus dentro de nosso contexto, desde que estejamos em
sintonia com o Espírito de Deus, fonte de toda a inspiração, o próprio Autor da
Palavra de Deus.
2.2.1. A Traição de Judas
e Nossas Traições
Judas, que faz parte do pequeno círculo de
homens chamados por Jesus, é uma figura em grande evidência no relato da paixão
de Jesus. Ele trai o próprio Mestre para entregá-lo aos seus inimigos. As
autoridades planejam a eliminação de Jesus, mas Judas sugere a maneira de
executá-la.
A traição de um amigo esconde sempre um
engano. Mas escolher o beijo como sinal significa levar o engano ao extremo. O
beijo na mão ou na testa era um gesto de veneração e de amizade. Isto quer nos
dizer que Judas trai, fingindo um grande amor. O provérbio diz: “Os golpes do
amigo são leais, e mentirosos são os beijos do inimigo” (Pr 27,6).
Em relação a esta traição o evangelista Mateus
acrescenta ainda sobre o preço pago a Judas para que ele possa entregar o
Mestre, pois o próprio Judas pede algo em troca: “O que me dareis se eu o entregar?”
(Mt 26,15). O desejo pelo dinheiro (riqueza material) pode ser uma coisa
terrível. Este desejo pode fazer alguém cego para decência, honestidade e
honra. Ficará pior ainda se este desejo
dominar quem é chamado para formar o círculo de pessoas chamadas para estar com
Jesus.
O relato sobre a traição de Judas termina com
o relato sobre o abandono. Todos abandonam Jesus. No início da caminhada os discípulos
abandonaram o trabalho (Mc 1,18), a família (Mc 1,20), tudo (Mc 10,28). Por
Jesus, encontraram a coragem de abandonar tudo. Agora, no momento do perigo, o
seu abandono se inverte. Por medo, eles abandonaram Jesus. O medo vence
completamente a sua lealdade. Apesar disso, Jesus anuncia um novo reencontro:
“...Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir,
eu vos precederei na Galileia” (Mc 14,27-28).
A traição de Judas não deve nos levar a
condenarmos Judas, mas deve sim nos levar a fazermos uma reflexão séria, pois
no fundo do nosso coração mora um possível santo ou um possível traidor. Somos
convidados a fazer a revisão de vida pessoal e comunitária sobre a nossa
resposta ao amor imenso que nos precedeu, o amor de Deus visível em Jesus
Cristo.
2.2.2. A Negação De Pedro
Em Cesareia de Filipe, Pedro professou, sem
hesitação, que Jesus era o Messias (Mc 8,29). Aqui ele renega Jesus três vezes
repetidamente. No entanto, no relato, Pedro se distingue dos outros discípulos,
pois somente ele quem segue Jesus na sua Paixão, apesar de ele “seguir de
longe” (Mc 14,54). Encontramos aqui um paradoxo. A negação de Pedro não está
ligada ao abandono, e sim à tentativa de seguir Jesus. Pedro renega o Mestre
porque procura segui-Lo. Mas não é possível, efetivamente, um seguimento “de
longe”, pois este tipo de seguimento não admite compromissos. Não se pode estar
com Jesus e ao mesmo tempo colocar ao abrigo a si mesmo. Pedro tenta seguir a Jesus
também no momento da Paixão, mas com a pretensão de permanecer na sombra. Mas o
caminho do seguimento possui um só êxito, não dois. Por isso, exige-se do
discípulo um grande amor e uma imensa coragem ao mesmo tempo.
Mas a história de Pedro não se fecha com a
negação, e sim com a “recordação” de uma palavra de Jesus: “Em
verdade te digo, hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante duas vezes,
três vezes me terás negado” (Mc 14,30) e com o “choro” (pranto) do
arrependimento. “Recordar” é um verbo religiosamente importante, pois significa
não apenas conservar, mas principalmente colocar em jogo o coração e não
somente a memória. A Palavra de Deus pronunciada no passado se torna viva,
contemporânea, salvífica e dirigida pessoalmente a cada um. Aqui, a memória e o
pranto mantém aberta a história de Pedro.
Pedro e Judas testemunham a fraqueza do homem
e, por conseguinte, o dever da vigilância. Testemunham também as duas faces do
mistério: a grandeza do perdão de Deus e a terrível possibilidade do Juízo.
Toda queda pode ser a última, diz o destino de Judas (Mt 27,5). Mas pode ser,
igualmente, o início de uma profunda conversão, diz a negação de Pedro. Pedro
reaparecerá para recomeçar. Como o Mestre, também ele percorrerá o caminho do
martírio. Além disso, o relato mostra dois homens que falham, mas cada um tem o
pecado de origem diferente: um é o pecado de avareza que odeia, o outro é o
pecado de debilidade que ama. E seu final é muito diferente: Judas desespera,
Pedro se arrepende. Naturalmente, quem ama, conhece melhor Jesus do que quem o
odeia.
Na Paixão encontramos dois homens que falham:
Judas e Pedro. Mas seu pecado tem origem diversa. O pecado de Judas é a avareza
que odeia. A avareza é um desvio do significado do infinito para o que é
relativo. O pecado de Pedro é a debilidade que ama. Por isso, o seu final é
diferente. Judas se desespera e suicida. Pedro se arrepende porque ele não
deixa o amor por Jesus morrer.
Temos sempre momentos de debilidade ou de
fraqueza que nos faz desviarmos do caminho do Senhor. Mas que nosso amor por
Jesus não morra como o amor de Pedro a Jesus. Esse amor nos devolverá a alegria
de viver e a força para continuar nossa luta de cada dia pelo bem.
2.2.3. As Mulheres Que
Acompanham e Dão Continuidade Ao Testemunho De Jesus
Encontra-se também no relato da Paixão do
Senhor um grupo de mulheres. São mulheres que acompanham Jesus no momento mais
atormentado e perigoso da vida de Jesus (Mc 15,41). A presença destas mulheres
junto da cruz é importante, porque são elas que farão a ligação entre o
acontecimento da cruz e o da ressurreição, e entre os discípulos que
abandonaram Jesus crucificado e o Jesus ressuscitado que quer reuni-los
novamente (Mc 16,1-8). Elas são justamente que dão continuidade ao testemunho
de Jesus no momento decisivo e conclusivo da sua vida: a cruz (Mc 15,40s), a
sepultura (Mc 15,47), e a ressurreição (Mc 16,1-8).
A atitude principal destas mulheres neste
três episódios e que faz uma ligação entre os três episódios é “olhar” (além de
dois outros verbos “seguir” e “servir”). “Olhar” caracteriza estas mulheres. As
mulheres tiveram a coragem de permanecer junto de Jesus. Mas apesar disto elas
demonstrarão mais adiante o medo: “E nada contaram a ninguém, pois tinham medo”
(Mc 16,8).
O que é que o relato sobre a presença das
mulheres quer nos transmitir? Para que sejamos discípulos verdadeiros e
autênticos exige-se seguir, servir, olhar e dizer (testemunhar). O dizer requer
coragem. Assim como pode existir o medo de seguir e servir e o medo de estar
presente para olhar e observar, pode também existir o medo de anunciar. Em que
etapa estamos?
Hoje Jesus quer também entrar triunfante na
vida dos homens, em cada coração, em cada família, na sua família, e quer que demos
testemunho dele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa
preocupação pelos outros, com nosso respeito pelos outros. Quer fazer-se
presente em nós através das circunstâncias do viver humano vividas na
simplicidade e na humildade. Deus criou tudo porque ele é generoso. E os mais
humildes costumam ser mais generosos. E a generosidade é uma forma de prolongar
o ato criador de Deus que criou tudo gratuitamente.
P.
Vitus Gustama,svd
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