terça-feira, 3 de novembro de 2020

06 de Novembro de 2020-SER FILHO DA LUZ

OS FILHOS DA LUZ VIVEM PARA EVANGELIZAR E VIVEM NA ESPERANÇA

Sexta-Feira da XXXI Semana Comum

BEM-VINDOS AO 2º DOMINGO DA QUARESMA! - ppt carregarÉ PRECISO CAMINHAR

 

Primeira Leitura: Fl 3,17-4,1

3,17 Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que vivem de acordo com o exemplo que nós damos. 18 Já vos disse muitas vezes, e agora repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. 19 O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas. 20 Nós, porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. 21 Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas. 4,1 Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor.

 

Evangelho: Lc 16,1-8

Naquele tempo: 1 Jesus disse aos discípulos: 'Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2 Ele o chamou e lhe disse: 'Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens'. 3 O administrador então começou a refletir: 'O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4 Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração'. 5 Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: 'Quanto deves ao meu patrão?' 6 Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinqüenta!' 7 Depois ele perguntou a outro: 'E tu, quanto deves?' Ele respondeu: 'Cem medidas de trigo'. O administrador disse: 'Pega tua conta e escreve oitenta'. 8 E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz.

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O Cristão Deve Viver Na Moralidade e Na Esperança

 

Continuamos a acompanhar a leitura e a meditação sobre a Carta de são Paulo aos Filipenses. O texto de hoje faz parte da exortação de são Paulo para a comunidade de Filipos.

 

Através do texto da Primeira Leitura de hoje, São Paulo quer motivar profundamente os cristãos de Filipos para viver como tais, a exemplo do próprio são Paulo, pois muitos membros da comunidade “se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas.

 

Um cristão, ao contrário, segundo são Paulo, deve ter consciência de que ele é “cidadão do céu”: “Nós, porém, somos cidadãos do céu”. consequentemente, um cristão deve ter o olhar fixo no futuro: “De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante a seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas”. O cristão sempre deve ter em perspectiva sua autêntica morada, o céu, que é também a morada dos seu Salvador, Jesus Cristo. Isto significa que o cristão nunca perde de vista que ele é um peregrino na terra de onde “aguarda” (espera) a vinda escatológica do Senhor. consequentemente, o cristão jamais fica desesperado diante de qualquer situação, por pior que seja, pois ele é uma pessoa de esperança por causa do Senhor Jesus Cristo que sempre está para vir.

 

A consciência da cidadania celeste traz outras consequências para qualquer cristão. Ser cristão não é somente questão de algumas rezas ou orações ou algumas práticas religiosas. O ser cristão afeta a maneira de viver ou conduta de cada dia.

 

São Paulo menciona duas direções concretas. A primeira é a moralidade dos costumes: nós cristãos não podemos ter “como deus o nosso estômago”. É a expressão que são Paulo usa em outra ocasião como uma vida “sob instintos”. Um cristão jamais se considera como deus, isto é, tomar-se a si mesmo como referência suprema, pois ele é apenas uma criatura. Mesmo que o mundo nos ofereça como critério primário da vida a satisfação de nossos instintos e o prazer dos sentidos, um cristão sabe que há outros valores superiores aos que o mundo lhe oferece. Não podemos ser “inimigos da cruz de Cristo” que nos salvou.

 

A segunda direção que são Paulo menciona é a atitude de esperança e vigilância  para o futuro. Um cristão tem memória: ele recorda o acontecimento pascal de Cristo através dos sacramentos. Em cada sacramento se manifesta e se comunica o mistério pascal de Cristo. Consequentemente, cada sacramento aponta para o futuro de Cristo. Nisto o cristão vive na esperança e aguarda a manifestação final do Senhor Jesus Cristo e sabe que todos nós, que cremos em Jesus Cristo, estamos destinados a uma transformação gloriosa, a ser semelhantes com Jesus Cristo que agora está em sua existência glorificada. Com esta esperança cada cristão é capacitada para encarar ou enfrentar qualquer dificuldade na vivência dos valores cristãos. Por causa da esperança entre o ontem e o amanha, um cristão vive o hoje com alegria, com coerência  e com vigilância para não transformar seus estômago em seu deus.

 

Portanto, mantenhamo-nos firmes no Senhor! Caminhemos atrás das pegadas do Senhor! Não podemos fabricar para nós deuses passageiros e continuar chamando a Deus como Pai. Não somos nós que salvam a humanidade, pois somos apenas servidores, com amor e fidelidade, daqueles que são confiados a nós. Por isso, temos que pedir ao Senhor que nos conceda a humildade necessária para trabalhar por seu Reino.

 

É Preciso Confiar Em Deus Para Ter a Sábia Sagacidade

 

Continuamos a acompanhar Jesus no seu caminho para Jerusalém, escutando atentamente suas ultimas e importantes lições para nossa vida de cristãos (Lc 9,51-19,28).

 

Por todo o seu evangelho Lucas revela preocupações quanto a atitude correta no uso dos bens materiais deste mundo, como encontramos em todo capítulo 16 deste evangelho. Na verdade podemos encontrar este tema já no capítulo 15 implicitamente sobre o filho pródigo que esbanja a riqueza numa vida desenfreada.

 

O que se enfatiza no texto do evangelho de hoje é a sagacidade do administrador em procurar soluções para seus problemas. Diante dos problemas existentes ele não fica de braços cruzados, nem desesperado. Ele vai atrás das soluções. O que Jesus elogia é a capacidade do administrador em buscar a melhor saída possível para seus problemas existentes para que seu futuro não seja comprometido, e não a desonestidade do administrador. Jesus não elogia a desonestidade do administrador.

 

Ao lado da esperteza do administrador, Jesus censura o comportamento dos “filhos da luz”, os seus seguidores: “Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Jesus quer nos dizer: “Vocês como filhos de Deus devem aprender a viver muito melhor do que este administrador. Vocês como filhos e filhas de Deus não devem ficar desesperados diante dos seus problemas porque o Pai do céu vão ampará-los”.

 

Se este administrador que Jesus considera “filho deste mundo” que não acredita em Deus, não fica desanimado diante da situação crítica, os filhos da luz, aqueles que acreditam em Deus (todos nós), devem ser muito mais do que este. Porque a razão do ser de um filho de Deus é o próprio Deus que na sua misericórdia nos amou primeiro (1Jo 4,19) e nos salvou para si. Por isso, quem crê em Deus não é um otimista, pois ele não precisa do pensamento positivo. Quem crê em Deus também não é pessimista, pois ele não precisa da lógica da dialética negativa. Quem confia em Deus, sabe que Deus aguarda por ele, que Deus espera por ele, que ele está convidado para o futuro de Deus e tem em suas mãos, com isso, o mais maravilhoso convite de sua vida. Desespero é a doença mortal, doença do espírito, doença do eu (Kierkegaard), porque o desesperado não acredita mais em nada e em ninguém nem em Deus. Mas não adianta fugir; não adianta querer sumir diante da situação de ameaça e angústia. Tentar fugir é fugir da vida; fugir da vida é fugir de Deus porque Deus é a VIDA (Jo 14,6). E quem foge é porque não está livre.

          

Os cristãos são convidados a não fugir deste mundo, mas a viver no meio do mundo com critérios de generosidade e desprendimento diametralmente opostos aos habituais. Jesus nos chama a reconhecermos a nossa força porque a graça de Deus nos basta (2Cor 12,9). Jesus nos convida a termos coragem (Jo 16,33).  Mas devemos ter coragem com previdência, pois a coragem sem previdência é imprudência. Mas não basta ter somente previdência sem coragem, pois a previdência sem coragem faz a pessoa ficar escrupulosa. O cristão deve ser uma pessoa de esperança. Na angústia antecipamos o possível perigo, mas na esperança, a possível salvação. A lei do cristão é descobrir o apelo de Deus em cada momento, na confiança inabalável de que tudo tem sentido e tudo é abrigado por um sentido absoluto, acolhido no mistério da plenitude de Deus. O cristão tem motivos para afastar de si qualquer tentação de desespero. Jesus Cristo é o exemplo mais alto e mais indiscutível. Perante a iminência ameaçadora da morte, Jesus, com toda a serenidade, tomou o caminho para Jerusalém (Lc 9,51). Se Jesus Cristo morreu de braços abertos, nós não podemos ficar com os braços cruzados.

 

Nós devemos nos mostrar criativos na prática da caridade e da misericórdia em relação aos pecadores, na solidariedade com os pobres e excluídos, na disponibilidade para o perdão e a reconciliação, no empenho para criar um mundo mais humano e fraterno onde a dignidade de cada pessoa é respeitada. Para qualquer cristão existe sempre algo a ser feito, alguma iniciativa a ser tomada, visando o crescimento da amizade com Deus. Importa estarmos sempre em ação, pois nós desconhecemos a hora do encontro com Deus. Por isso, devemos usar de esperteza para sermos dignos de salvação. Jesus quer nos dizer que devemos estar atentos ao momento presente, porque hoje, não amanhã nem ontem, temos nas mãos as possibilidades reais de fazer algo para nossa salvação. O hoje é o único que temos. Temos que ter a sagacidade em praticar o bem, a justiça, o respeito pela dignidade dos outros e assim por diante.

 

Esta parábola quer nos dizer também que não somos “proprietários” das coisas e sim “gerentes” ou “administradores”. Nossa relação com as coisas não é a de propriedade e sim de uso. Tudo o que possuo: meus bens, minhas qualidades, minhas riquezas intelectuais e morais, minhas faculdades afetivas, os aspectos do meu caráter, de tudo isto Deus pedirá conta. Não sou mais do que o gerente de tudo isto que me foi confiado por Deus e tudo continua pertencendo a Deus. Não tenho direito de menosprezar os dons de Deus. Terei que prestar contas das riquezas que não foram desenvolvidas ou não foram multiplicadas para o bem dos necessitados. O Senhor pede que abandonemos nosso olhar egoísta e míope e abramos nossos olhos para trabalhar colaborando para que o Reino de Deus chegue aos que são aleijados dele ou vivem dominados pela maldade.

 

Nesta Eucaristia o Senhor nos reúne para encher-nos de sua Vida e de seu Espírito. Ele não limita sua entrega para nós. Ele se dá plenamente a todos e a cada um de nós em particular. A presença do Senhor em nós é como uma grande luz que se acende; mas essa luz não pode se acabar sem que ilumine todos ao redor. Quem comunga o Corpo do Senhor se converte em portador de seu amor salvador para os demais. Se não a Eucaristia se tornaria um ato mágico que careceria de sentido. Não podemos denegrir o nome do Senhor em nós através de nosso egoísmo.

P. Vitus Gustama,svd

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